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A função social dos sindicatos no Brasil.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

MAYARA SOUSA GOMES

A FUNÇÃO SOCIAL DOS SINDICATOS NO BRASIL

SOUSA - PB

2010

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A FUNÇÃO SOCIAL DOS SINDICATOS NO BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS

da Universidade Federal de Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharela em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Professora Ma. Cecília Paranhos Santos Marcelino.

SOUSA - PB

2010

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A F U N Q A O S O C I A L D O S S I N D I C A T O S N O B R A S I L

T r a b a l h o m o n o g r a f i c o a p r e s e n t a d o ao Curso de Direito do C e n t r o de Ciencia J u r i d i c a s e Sociais d a Universidade Federal d e C a m p i n a G r a n d e , c o m o exigencia parcial d a o b t e n c a o do titulo d e Bacharel e m Ciencias J u r i d i c a s e Sociais.

Orientador (a): Prof.(a) Cecilia P a r a n h o s

B a n c a e x a m i n a d o r a : Data da aprovacao:_

Professor(a) Orientador(a): Cecilia P a r a n h o s

E x a m i n a d o r interno

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S o c o r r o de S o u s a (in memoriam) pelo s e u e x e m p l o de vida, forca e perseveranga que m e m o t i v a r a m a concluir este curso.

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A g r a d e g o ao S e n h o r J e s u s Crista, por dar sentido a m i n h a vida, d e m o n s t r a n d o s e u a m o r infindavel por m i m , ao ter morrido e m u m a cruz para que eu p u d e s s e ter livre a c e s s o ao Deus s u p r e m o , por intermedio do seu sacrificio. A g r a d e g o , por t o d a s as dificuldades enfrentadas; pois elas revelaram a m i n h a p e q u e n e z para superar obstaculos, e a T u a soberania e poder, para m e c o n c e d e r forga e sabedoria necessarias para alcangar a vitoria, e e n f i m , realizar u m s o n h o !

A g r a d e g o a m i n h a tia Socorro G o m e s por acreditar na m i n h a c a p a c i d a d e , m e apoiar e incentivar a prosseguir m e s m o diante das dificuldades, m e f a z e n d o acreditar que seria possivel. E minha avo Z u m i r a pelo s e u a m o r e fe incondicional, q u e m e e n s i n a r a m valores q u e nao se v e n d e m e m n e n h u m lugar!

A g r a d e g o ao m e u pai por nao medir esforgos para q u e e u alcangasse m e u s objetivos, m e p r o p o r c i o n a n d o s e m p r e a melhor e d u c a g a o . Pelos principios m e e n s i n a d o d e s d e o bergo e que m e f i z e r a m quern hoje s o u .

A g r a d e g o aos m e u s irmaos q u e tanto a m o , Mayrton e M a y r a , por s e r e m os m e l h o r e s irmaos do m u n d o . A voces agradego pelas alegrias, amor, carinho, brigas, respeito e confianga, que f a z e m a m i n h a vida ter cor.

A g r a d e g o a t o d o s os m e u s outros familiares, m e u porta seguro, pelas palavras de incentivo que s e m p r e m e d e r a m contribuindo para a m i n h a f o r m a g a o . A confianga d e v o c e s e m m i m foi f u n d a m e n t a l .

Por f i m , agradego e s p e c i a l m e n t e , a minha professora orientadora, Cecilia P a r a n h o s , por ter se portado c o m o u m a e d u c a d o r a e nao s i m p l e s m e n t e c o m o u m a professora; t e n h o por v o c e , u m a admiragao sincera. Muito obrigado, pela paciencia, dedicagao, esforgos e c o m p e t e n c i a durante a elaboragao d e s t e trabalho.

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p o r e m , l e v a m a penuria." Proverbios 14: 2 3

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Faz parte da natureza h u m a n a se associar para buscar interesses c o m u n s de subsistencia. Esse espirito de coletivismo fez c o m que operarios d e c i d i s s e m se organizar para lutar pelos s e u s direitos, alcangando varias conquistas e t o m a n d o consciencia do seu papel f u n d a m e n t a l no p r o c e s s o de p r o d u c a o . P o d e m o s observar o surgimento d e legislacao a m p a r a n d o entidades, q u e serviam de protecao a o s direitos trabalhistas. A associagao sindical d e u s e u s primeiros passos j u n t a m e n t e c o m o d e s e n v o l v i m e n t o industrial. E d e s d e a Revolugao Industrial, e s s a instituigao age e m favor de direitos coletivos e individuals do trabalho. A o longo d o s anos, a s organizagoes do trabalho e do sindicato p a s s a r a m por diversas m u d a n g a s para se a d e q u a r as n e c e s s i d a d e s d a s o c i e d a d e e m constante m o d e r n i z a g a o , e m busca de exercer a sua fungao social. A fungao social d o s sindicatos e d e f e n d e r os interesses dos s e u s a s s o c i a d o s perante os e m p r e g a d o r e s , efetivando a justiga social, e t r a z e n d o beneficios a c o m u n i d a d e . Os efeitos d a globalizagao, c o m o a terceirizagao e o d e s e m p r e g o tern se m o s t r a d o u m desafio ao c u m p r i m e n t o d e s s a fungao, por modificarem as relagoes de trabalho. C a b e aos sindicatos, se a d e q u a r e m a nova realidade, procurando solugoes ao efetivo c u m p r i m e n t o d o s interesses coletivos atraves da concretizagao d a sua f u n g a o social, para atender as n e c e s s i d a d e s da s o c i e d a d e hoje.

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It is part of h u m a n nature to associate to s e e k c o m m o n subsistence interests. This spirit of collectivism m e a n t that w o r k e r s decide to organize to fight for their rights, achieving several a c c o m p l i s h m e n t s and b e c a m i n g a w a r e of their f u n d a m e n t a l role in the production process. W e can o b s e r v e the a p p e a r a n c e of legislation bolstering organizations that served to protect labor rights. T h e trade union took its first steps along with industrial d e v e l o p m e n t . A n d since t h e Industrial Revolution, this institution is acting in favor of collective a n d individual w o r k rights. O v e r the years, labor and the union organizations w e n t t h r o u g h several c h a n g e s to suit the needs of society in constant modernization, seeking to exercise their social f u n c t i o n . T h e social function of trade unions is to d e f e n d the interests of their m e m b e r s before the e m p l o y e r s , effecting social justice, and bringing benefits to the c o m m u n i t y . T h e effects of globalization, like outsourcing and u n e m p l o y m e n t , has b e e n a challenge to fulfill this function by modifying the w o r k i n g relationship. It is up to unions to suit a n e w reality, seeking solutions to the effective fulfillment of collective interests t h r o u g h the implementation of their social function, to attend the needs in of t o d a y ' s society.

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1 I N T R O D U Q A O 10 2 M O V I M E N T O S I N D I C A L 12 2.1 E V O L U Q A O DAS R E L A Q O E S D E T R A B A L H O E A S L U T A S D E C L A S S E 12 2.2 S I N D I C A L I S M O N O M U N D O 15 2.3 S I N D I C A L I S M O NO B R A S I L 19 2.3.1 P r i n c i p i o s s i n d i c a i s d o B r a s i l 22 2.3.1.1 Liberdade sindical 22 2.3.1.2 A u t o n o m i a sindical 24 2.3.1.3 Unicidade 25 2.3.1.4 Interesse coletivo 26 3 E S T R U T U R A S I N D I C A L 28 3.1 D E F I N I Q A O D E S I N D I C A T O 28 3.2 6 R G A O S D O S I N D I C A T O 31 3.2.1 A s s e m b l e i a G e r a l 32 3.2.2 Diretoria 33 3.2.3 C o n s e l h o F i s c a l 1 34 3.3 G A R A N T I A S S I N D I C A I S 34 3.3.1 E s t a b i l i d a d e e i n a m o v i b i l i d a d e de dirigentes 35 3.4 N O R M A T I Z A Q A O DA O I T - O R G A N I Z A Q A O I N T E R N A C I O N A L D O T R A B A L H O 37 3.5 F U N Q O E S D O S I N D I C A T O 39 3.5.1 C o n s i d e r a c o e s e s p e c i a i s s o b r e a F u n g a o d e A r r e c a d a c a o 42 4 F U N Q A O S O C I A L D O S S I N D I C A T O S 44 4.1 J U S T I Q A S O C I A L 44 4.2 D E F I N I Q A O DE F U N Q A O S O C I A L 46 4 . 3 D E S A F I O S C O N T E M P O R A N E O S P A R A C O N C R E T I Z A Q A O DA F U N Q A O S O C I A L D O S S I N D I C A T O S 48 4.3.1 G l o b a l i z a c a o 48 4.3.2 T e r c e i r i z a c a o e flexibilizacao d a s r e l a g o e s l a b o r a i s 50

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4.4 A C O N S T R U Q A O DA F U N Q A O S O C I A L D O S S I N D I C A T O S 54

5 C O N C L U S A O 56

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1 I N T R O D U Q A O

A c h e g a d a das m a q u i n a s introduziu a substituicao da p r o d u c a o m a n u a l escrava pelo trabalho assalariado; p a s s a n d o a ser u m a a m e a g a a sobrevivencia individual: h o m e n s e m u l h e r e s e r a m s u b m e t i d o s a j o r n a d a s de trabalho exaustivas e m troca d e salarios infimos. Foi atraves d a Revolugao Industrial q u e surgiu a classe do proletariado, trazendo m u d a n g a s para a e c o n o m i a .

No Brasil, a industria se d e s e n v o l v e u de f o r m a m a i s lenta e m relagao aos outros p a i s e s capitalistas e e c o n o m i c a m e n t e mais a v a n g a d o s e m razao de uma e c o n o m i a agricola p r e d o m i n a n t e .

E m toda a historia d a s lutas de classe, p o d e m o s identificar as transformagoes ocorridas nas relagoes de trabalho. Das diversas modificagoes surgiu a instituigao d o sindicato, c o m o intuito de suprir a n e c e s s i d a d e d a existencia de u m a entidade que viesse a representar a classe dos trabalhadores.

A reestruturagao produtiva desenvolvida pelo m u n d o do trabalho v e m m o s t r a n d o a queda do n u m e r o de trabalhadores m a n u a i s , f e n o m e n o e s s e c h a m a d o d e desproletarizagao. A l e m disso, a tendencia na realidade brasileira d a informalidade e a terceirizagao e m c o n s e q u e n c i a ao d e s e n v o l v i m e n t o tecnologico d e s e s t i m u l a m a b u s c a a sindicalizagao.

Neste sentido, nasce u m a tendencia de uniao d a classe t r a b a l h a d o r a , c o n h e c i d a c o m o m o v i m e n t o sindical, o qual constitui u m p l a n e j a m e n t o estrategico e tatico, de agoes e m d e f e s a d o s interesses d a categoria o r g a n i z a d a , para atender a nova realidade no a m b i e n t e laboral, incentivando a associagao d o s trabalhadores aos s e u s orgaos d e protegao: os c h a m a d o s sindicatos.

No presente trabalho, o c a m i n h o percorrido sera o seguinte: no primeiro capitulo, serao tragadas breves consideragoes do m o v i m e n t o sindical, d i s c o r r e n d o acerca d a evolugao das relagoes de trabalho e d a s lutas de classe; do sindicalismo no m u n d o e as fases de perseguigao e posteriormente aceitagao vivida pelos sindicatos; e por fim, d o sindicalismo no Brasil, analisando sua historia e os principios basilares de sua atuagao na atualidade, q u e sao eles, os principios da liberdade sindical, a u t o n o m i a , unicidade e interesse coletivo.

No s e g u n d o capitulo sera e s t u d a d a a estrutura sindical. Nele sera proposta u m a definigao d e s s a instituigao, c o m base e m varios conceitos ja firmados

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por doutrinadores do Direito Sindical. Sera c o m e n t a d o , d e f o r m a breve, a f o r m a c a o d o s orgaos dos sindicados, quais sejam a assembleia geral, a diretoria e o c o n s e l h o fiscal, explicando a c o m p o s i c a o e o papel de cada u m . C o m o t a m b e m , das garantias a s s e g u r a d a s hoje pelo o r d e n a m e n t o j u r i d i c o brasileiro, d a n d o d e s t a q u e a garantia d e estabilidade e inamovibilidade c o n c e d i d a aos dirigentes sindicais. C o m e n t a - s e acerca d a s normas da O I T - O r g a n i z a g a o Internacional do T r a b a l h o , que f o r a m ratificadas pelo Brasil, e b u s c a m garantir o livre exercicio d a atividade sindical. Por fim, t e m - s e ainda, u m a analise d a s f u n g o e s d e representagao, negociagao, assistencia e arrecadagao d o s sindicatos.

Ja no terceiro, sera feito c o m e n t a r i o s acerca do principio d a Justiga Social, presente no Estado Democratico d e Direito, e a definigao de fungao social na atual Constituigao. Diante d e s s a s consideragoes, sera proposto a possibilidade da fungao social d o s sindicatos e os desafios c o n t e m p o r a n e o s q u e esta entidade tern e n c o n t r a d o para a concretizagao d e s s a fungao.

Destarte, utilizando u m a metodologia pautada na pesquisa de d a d o s bibliograficos, atraves de u m a p e s q u i s a do tipo exploratoria, busca-se ao final deste trabalho m o n o g r a f i c o posicionar-se sobre a fungao social d o s sindicatos, atraves de c o m e n t a r i o s criticos acerca do estudo geral d o s d a d o s coletados e e s t u d a d o s , discorrendo sobre as m u d a n g a s e desafios atuais da classe de t r a b a l h a d o r e s .

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2 M O V I M E N T O S I N D I C A L

Inicialmente, para u m melhor e n t e n d i m e n t o e d e s e n v o l v i m e n t o d e s t e trabalho, apresenta-se a historicizacao d o s sindicatos atraves d a narrativa s o b r e alguns a s p e c t o s d a s lutas de classe do proletariado, sua atuacao e e v o l u c a o ao longo d a s t r a n s f o r m a c o e s no m u n d o e no Brasil, ate c h e g a r a instituigao c o n h e c i d a hoje, c o m o sindicatos, t e n t a n d o introduzir o leitor e m fatos historicos sobre o t e m a q u e se deseja abordar, b e m c o m o , d e s d e j a a p r e s e n t a n d o os principios que norteiam a materia sindical, de f o r m a a construir a ideia d a figura sindical e s u a s fontes g e r a d o r a s .

2.1 E V O L U Q A O D A S R E L A Q O E S D E T R A B A L H O E A S L U T A S DE C L A S S E

E m u m a analise geral d a historia muitas t r a n s f o r m a g o e s o c o r r e r a m no a m b i t o do trabalho; m u d a n g a s e s s a s , de c u n h o cultural, politico, social e e c o n o m i c o , contribuindo para a f o r m a g a o d e u m contexto singular, na seara d o s direitos d o s trabalhadores, q u e se inicia a tratar, e x p l i c a n d o u m pouco, sobre as lutas d e classe.

A s s i m , as tribos primitivas por s e r e m n o m a d e s , nao c o n h e c i a m a propriedade da terra, m a s s o m e n t e a propriedade de objetos, o trabalho, a p e s a r de a p a r e n t e m e n t e individual, era m a r c a d o pela busca de interesses c o m u n s de subsistencia; u m a n e c e s s i d a d e a qual o h o m e m tinha q u e se submeter, c o n f o r m e assevera Evaristo M o r a e s Filho:

Deixa o trabalho, desde os tempos primitivos de formagSo dos primeiros grupos humanos, de ser esforco meramente individual. Todo trabalho e, desde o inlcio e por definicao, uma caracteristica essencial. Uns dependem dos outros. (EVARISTO, 1960, p. 76 apud CHIARELLI, 2005, p. 25).

No s e g u n d o estagio da h u m a n i d a d e , c o m a m u d a n g a de estilo de vida e a fixagao e m u m lugar, d e s e n v o l v e n d o neste a atividade agricola e a m o r a d a

p e r m a n e n t e , surge a p r o p r i e d a d e privada (pertencente a familia) e a divisao d o trabalho, e m suas origens mais rudimentares.

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C a b e anotar q u e nesta e p o c a , a propriedade a p e s a r de ser c o n s i d e r a d a privada, e haver u m a divisao arcaica do trabalho, nao pode ser c o m p a r a d a c o m a divisao d o trabalho e c o m a p r o p r i e d a d e privada d a era capitalista, o n d e c h e g a r - s e - a m a i s a frente, e m m e a d o s do seculo X V I .

C o m o decorrer d o t e m p o , a p o s a s u p e r a c a o d e s s a fase primitiva, o h o m e m passa a deixar de lado o espirito do coletivismo. A s d e s c o b e r t a s territorials e a colonizacao m a r c a m , na historia das s o c i e d a d e s , o fim do coletivismo e o inicio do e s c r a v i s m o . A respeito, ensina Carlos Alberto Chiarelli, q u e :

O trabalho, desde o inicio dos tempos, foi para o homem uma necessidade a que se tinha de submeter. Era a lei da subsistencia. Dobrou-se as exigencias ambientais, mas, logo a seguir, dentro da ideia e que trabalho e esforco e sacrificio, tratou de imp6-lo a um semelhante - mais debil - para que o auxiliasse ou mesmo o substituisse na miss3o dificil de batalhar por sustento. Esse ser mais fragil deveria ser alguem que, semelhante a ele fizesse o que ele faria, agindo racionalmente, poupando-o do encargo.

Logo, o escravo tinha de ser outro ser humano. (CHIARELLI, 2005, p. 27).

Pode-se perceber q u e , o trabalho e s c r a v o esteve presente e m varios povos d a antiguidade: babilonicos, hebreus, egipcios, g r e g o s e r o m a n o s . T o d a v i a , c o m o d e s e n v o l v i m e n t o das civilizacoes, fatores c o m o a crise d o Imperio R o m a n o , a c h e g a d a do feudalismo e do cristianismo (forte influencia da Igreja Catolica), dentre outros, contribuiram para a f o r m u l a g a o de u m novo perfil societario e a d e r r u b a d a do regime escravo.

A q u e d a d a escravatura nao trouxe de volta a igualdade nas relagoes de trabalho. "O que se viu, nos primordios d a Idade Media, foi a f a s e crepuscular d a escravidao, surgindo, e m s e u lugar, outros regimes que m a n t i v e r a m a primazia de uns sobre os outros." ( C H I A R E L L I , 2 0 0 5 , p. 4 6 ) . A g o r a , o servo, por s e u trabalho, conquista u m pedago de terra; ele p a s s a a ser s u b j u g a d o a terra, d e f o r m a q u e , o senhor da terra se eximia de g a s t o s c o m o servo e garante u m nexo de s u b m i s s a o .

A partir do ano 1000 ate cerca de 1150 D.C., o f e u d a l i s m o entra e m declinio; c o m as C r u z a d a s q u e b r a - s e o isolamento d o f e u d o , o uso d a terra perde a sua forga e o c o m e r c i o renasce. O c o m e r c i o internacional c o m e g o u a se d e s e n v o l v e r c o m a criagao de m e r c a d o s e a n e c e s s i d a d e de produgao de bens e m maior q u a n t i d a d e exigiu u m maior n u m e r o de trabalhadores e materias-primas.

Inicia-se o p e r i o d o de d e s e n v o l v i m e n t o do capitalismo caracterizado pelo crescimento d a produgao, pelo e x o d o rural e pela concentragao de novas

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p o p u l a c o e s urbanas. Essa d e c a d e n c i a d o f e u d a l i s m o e a a s c e n s a o do capitalismo contribuiram para o s u r g i m e n t o d e d u a s classes s o c i a l m e n t e b e m distintas: proletariado e burguesia.

Para um icone desta teoria de divisao do trabalho - Marx - , a historia da h u m a n i d a d e seria m a r c a d a por u m a p e r m a n e n t e luta de classes; t r a b a l h a d o r e s estariam s u b o r d i n a d o s as ideologias d a classe d o m i n a n t e (burguesia). A s s i m , tais estudiosos d e f e n d i a m a inversao d e s s a piramide social, p o n d o no poder a maioria (proletariado), substituindo o capitalismo pelo socialismo, ideia essa presente na obra "O Manifesto C o m u n i s t a " q u e procurava estimular uma reacao contra o sistema vigente d e s p e r t a n d o a classe operaria ao associativismo, c o m o p o d e m o s observar e m :

O Manifesto, por sua parte, via na luta de classes uma constante marcha da histbria, servindo de impulso para que a classe obreira se dispusesse enveredar por urgente e ingerente 'guerra' contra a burguesia (...). O Manifesto tratava de char sindicatos revolucionarios e de orienti-los a praticas belicosas que conduzissem a conquista do Estado, nele (Manifesto) considerado sob dominacSo da burguesia. (CHIARELLI, 2005, p. 108-109)

C o m a c h e g a d a d a s m a q u i n a s , o h o m e m e d e s l o c a d o a u m a posicao de inferioridade, s e n d o substituido por elas, c o n d e n a d o a atividades d e trabalho p a u t a d a s e m longas j o r n a d a s e tarefas repetitivas. Neste contexto, h o m e n s , m u l h e r e s , e ate m e s m o criangas, e r a m s u b m e t i d o s a j o r n a d a s de trabalho exaustivas e m troca de salarios infimos. A c e r c a d e s s a d e s u m a n a situagao laboral na e p o c a do inicio do capitalismo e d a s lutas de classe, aduz A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o e m seu livro de Direito Sindical:

A indignidade das condicoes de vida do trabalhador evidencia-se pelo modo como o proletario exercia as suas atividades nas fabricas: jornadas diarias com durac3o ilimitada de resistencia do ser humano, utilizac3o de menores, com menos de nove anos nas fabricas e nas minas do subsolo, emprego exagerado da m§o-de-obra das mulheres, precariedade da protec§o da vida, da saude e da integridade fisica do operario, riscos de acidentes de trabalho sem controle juridico ou tecnico, salarios baixos e inexistencia de salarios minimos, de reajustes salariais coletivos, etc. (NASCIMENTO, 1991, p. 23).

Esta situagao de precarizagao d a atividade laboral provocou nos t r a b a l h a d o r e s u m sentimento e solidariedade q u e os impulsionou para a luta e m

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desperta na classe operaria o s e n t i m e n t o de manifestar-se para atenuar a exploragao inerente ao capitalismo industrial.

Atraves d a s lutas de classes surgiu o L u d d i s m o , m o v i m e n t o q u e culpava as m a q u i n a s pelos efeitos g e r a d o s d a industrializagao. O s integrantes desse m o v i m e n t o e r a m c o n h e c i d o s por q u e b r a r e m as m a q u i n a s d a s fabricas c o m o f o r m a d e defender-se d a m e c a n i z a g a o d o trabalho. Posteriormente, o L u d d i s m o foi s u p e r a d o ap6s u m a m a d u r e c i m e n t o de ideias. F o r a m a d o t a d o s m e t o d o s mais eficientes d e luta c o m o a greve e as corporagoes de m u t u a ajuda e defesa, f a z e n d o c o m que o m o v i m e n t o entrasse e m declinio. ( C H I A R E L L I , 2005)

E atraves da organizagao de trabalhadores e d a evolugao d a s lutas de classes q u e s a o d a d o s os primeiros passos, do q u e depois sera c h a m a d o de m o v i m e n t o sindical.

Entretanto, o sindicalismo so veio a nascer realmente c o m a Revolugao Industrial, m o v i m e n t o surgido na Inglaterra no alvorecer do seculo XVIII, materializando-se atraves d a constituigao d a s primeiras "coalizoes", q u e significam f o r m a s associativas passageiras. Foi u m prefacio d o s sindicatos, u m a fase d e organizagao associativa embrionaria q u e depois seria u m a instituigao estruturada c o m u m a identidade, regulada e r e c o n h e c i d a pelo Estado.

Neste sentido, o b s e r v a - s e q u e a influencia d a Revolugao Industrial foi m a r c a n t e para a criagao d o s sindicatos, por se tratar d e u m m o v i m e n t o f o m e n t a d o r do direito de associagao dos operarios, e m u m primeiro m o m e n t o d o d e s e n v o l v i m e n t o do Direito d o T r a b a l h o Coletivo, q u e hoje, c h a m a m o s d e direito sindical, no m u n d o e no Brasil.

2.2 S I N D I C A L I S M O NO M U N D O

O q u e hoje e c o n h e c i d o c o m o Direito Sindical foi inicialmente b a s e a d o nas teorias do sociologo a l e m a o Karl Marx c o m o proposta anticapitalista, ou e m outras palavras, c o m o u m a proposta c o m tendencia socialista. "Pode-se dizer que o bergo do sindicalismo foi a Inglaterra, o n d e e m 1720, f o r a m f o r m a d a s associagoes de trabalhadores para reivindicar m e l h o r e s salarios e condigoes de trabalho, inclusive limitagao d a Jornada de trabalho." ( M A R T I N S , 2 0 0 8 , p. 6 7 6 ) .

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A s s i m surgiu o sindicalismo c o m caracteres de m o v i m e n t o imediatista e m m e i o ao desenrolar d a Revolugao Industrial na Inglaterra e a situagao de exploragao e x t r e m a da forga de trabalho. C o n q u i s t o u maior credibilidade q u a n d o o Parlamento votou lei permissiva a livre associagao, criando as associagoes de m u t u a ajuda e defesa c h a m a d a s trade unions q u e seriam instituigoes m a i s m a d u r a s f o c a d a s s o m e n t e nas c a u s a s que e n v o l v i a m o Direito Sindical. C o r r o b o r a n d o tal afirmagao, aduz e m artigo Marcele Carine d o s Praseres S o a r e s :

Apesar do seu surgimento, o sindicalismo so adquiriu credibilidade a partir do seculo XIX, mais especificamente no ano de 1824, na Inglaterra, quando o Parlamento votou lei permissiva a livre associagao. Com a criacao das chamadas trade uinons (Uni§o Sindical), os trabalhadores passaram a contar com uma instituigao voltada especificamente a suas causas, abandonando definitivamente, a luta isolada contra as injusticas sofridas. (SOARES, 2010, p. 176).

Nao se pode deixar d e identificar as f a s e s d e s s e m o v i m e n t o c o m o b e m ressalta A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o , s e g u i n d o a classificagao feita por Ojeda Aviles, identificando de f o r m a peculiar cada f a s e vivida pelos sindicatos no decorrer de sua historia:

E correto identificar, como Ojeda Aviles, a fase da proibigao, a fase da

tolerancia e a fase do reconhecimento do direito sindical, esta ultima subdividindo-se em reconhecimento sob controle do Estado como no corporativismo e no sistema sovietico, e em reconhecimento com liberdade caracterizada pela vinculag3o entre a organizac3o sindical e o Estado, em maior ou menorgrau. (NASCIMENTO, 2001, p.788).

A s s i m , t e m - s e a f a s e de proibigao, a f a s e de tolerancia e a fase de r e c o n h e c i m e n t o . Na f a s e de proibigao, t a m b e m c o n h e c i d a c o m o f a s e de hostilidade, o u de repressao, pode-se destacar c o m o primeira manifestagao proibitiva o

liberalismo da Revolugao F r a n c e s a d e 1789. P r o p o n d o ideais d e fraternidade, igualdade e liberdade, a Revolugao Francesa considerava a associagao incompativel c o m a liberdade d o h o m e m . Carlos Alberto Chiarelli e m u m a visao critica a respeito d e s s a ideologia c o m e n t a :

A Revolug3o Francesa libertando, em termos tebricos e absolutos, o trabalhador e deixando o Estado fora da problematica laboral, dava a classe obreira a "vit6ria de Pirro". Concedia-lhe, como criticamente foi dito, o "direito de morrer de fome". (CHIARELLI, 2005, p.79).

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Muitas manifestagoes o c o r r e m no sentido de proibigao de corporagoes. Atraves d a Lei Le Chapelier de 1 7 9 1 , foi proibido as associagoes profissionais; o individualismo politico firmava raizes, para e m seguida ter g u a r i d a o liberalismo e c o n o m i c o . Em 1799, na G r a - B e t a n h a , u m a antiga elaboragao jurisprudencial d a comon law, considera contrario ao interesse publico todo pacto q u e v e n h a a limitar a liberdade de comercio individual por acreditar que a j u n g a o das garantias de liberdade sindical e empresarial seriam incompativel, o que interditou as coalizoes trabalhistas d e s e n c a d e a n d o no isolamento d o individuo na vida social. No m e s m o sentido, o Codigo de N a p o l e a o de 1810, previa o delito de coalizao q u e punia a associagao de trabalhadores, t a n t o q u e , para isto existia fiscalizagao severa c o m o garantia de que a norma e m vigor nao f o s s e infringida. E na Inglaterra, e m 1817, foi criada u m a lei q u e o considerava c o m o c r i m e de sedigao ou conspiragao, obstruindo o s u r g i m e n t o de entidades c o n g r e g a d o r a s d a s profissoes. ( N A S C I M E N T O , 2 0 0 1 )

Nesse sentido, Carlos Alberto Chiarelli conclui q u e :

N3o havia, nos diferentes pafses, inspiragao e fundamentagao identicas para a negativa a estruturag§o sindical; os franceses iriam faze-lo por amor ao liberalismo, responsavel pelo anticorporativismo; ja os ingleses, mesmo admitindo a liberdade associativa in genere, proibiam-na de validar-se quando congregasse trabalhadores, posto que - entendiam - estaria conflitando com liberdades maiores, relativas ao comerciar e ao industrializar etc. (CHIARELLI, 2005, p. 150).

Tais proibigoes e perseguigoes nao i m p e d i r a m a organizagao d o s trabalhadores, d e s a f i a n d o as leis d o Estado. C o m a Lei W a l d e c k - R o u s s e a u , o direito de associagao reaparece de m o d o fragil, e c o m isso, a s e g u n d a fase, c h a m a d a de fase de tolerancia o u aceitagao, d e s d o b r o u - s e por volta d o seculo XIX. "Nao se c h e g a r a , ainda, a considerar a sindicalizagao c o m o u m direito, m a s , pelo m e n o s , ja se Ihe permitia o livre exercicio, c a t a l o g a n d o - a no rol d a s liberdades d i s p o n i v e i s . " ( C H I A R E L L I , 2 0 0 5 , p. 151).

Na Inglaterra, e m 1824, por ato do Parlamento, deixa a coalizao de ser proibida a o s trabalhadores e as leis vigentes na G r a - B r e t a n h a f o r a m r e v o g a d a s . Essa tolerancia foi imitada pela Franga, e m 1864, pela reforma de N a p o l e a o III, s e n d o reconhecida a liberdade de coalizao e m 1884, e ainda por outros p a i s e s c o m o Italia (1890) e Holanda (1872). Nao se reconhecia ainda o direito d e greve, m a s foi

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c e s s a d a a perseguigao aos que se r e u n i s s e m e m defesa de s e u s interesses

comuns. (NASCIMENTO, 2001)

A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o ao c o m e n t a r tal m o m e n t o diz:

Os sindicatos surgiram sem apoio da lei, como entes de fato, de existencia sob o prisma da sociologia, embora sem o reconhecimento legal. Este veio depois, curvando-se a realidade que ja se institucionalizava e que nao poderia mais modificar. (NASCIMENTO, 1991, p. 26).

Para a Inglaterra, o direito de associagao propriamente dito so foi c o n q u i s t a d o e m 1871 c o m a c h e g a d a d a liberdade sindical para os p a i s e s d e m o c r a t i c o s e a independencia da profissao e m f a c e do Estado.

A p o s a f a s e de tolerancia, t e m o s a f a s e de r e c o n h e c i m e n t o , q u e seria a d e protegao ou garantia. N e s s e p e r i o d o foi a s s e g u r a d o a o s sindicatos u m a legislagao a d e q u a d a a fim de efetivar o direito de existir e d e ser reconhecido. Esse direito consolidou-se c o m o Trade Union Act e m 1 8 7 1 , q u e vetava a c o a g a o destinada a impedir a sindicalizagao, ou dificultar o trabalhador de retirar-se de u m d e t e r m i n a d o sindicato. ( C H I A R E L L I , 2 0 0 5 ) .

Em 1884, foi a p r e s e n t a d a na Franga a Lei W a l d e c k - R o s s e a u que tinha c o m o proposito assegurar u m a serie d e garantias tanto para o operariado, c o m o para o patronato, s e n d o , portanto a p r o v a d o pelo C o n g r e s s o Frances. O u t r o s Estados p a s s a r a m a chancelar tais direitos atraves de leis ordinarias o u constitucionais, c o m o por e x e m p l o , o Clayton A c t d o s E s t a d o s Unidos (1914); a Constituigao do Mexico (1917) e a Constituigao de W e i m a r d a A l e m a n h a (1019). ( N A S C I M E N T O , 2009)

P o d e - s e , a s s i m , afirmar que e e m meio a e s s e contexto q u e nasce o Direito do T r a b a l h o , c o m o u m direito coletivo, s e g u n d o afirma o doutrinador Sergio Pinto Martins, e m seu esbogo historico sobre o t e m a :

O Direito Coletivo do Trabalho nasce com o reconhecimento do direito de associagao dos trabalhadores, o que veio a ocorrer ap6s a Revolucao Industrial (seculo XVIII). As crises que importaram no desaparecimento das corporagdes de oficio acabaram propiciando o surgimento dos sindicatos. As corporagdes de offcio foram criadas como forma de reuniSo dos trabalhadores, objetivando melhores condigSes de vida. (MARTINS, 2008, p. 676).

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Enfim, c o m o r e c o n h e c i m e n t o dos sindicatos pelo Estado, solidificando as bases associativas, estava o Direito Coletivo do T r a b a l h o se delineado. O e n v o l v i m e n t o indireto do Estado nas relagoes contratuais trabalhistas o instigou a formulagao de normas de interesse coletivo, a s s u m i n d o u m a posicao de responsabilidade pela coletividade e nao mais, u m a posicao de a u t o n o m i a individual. Por isso, o d e s e n v o l v i m e n t o d a s relagoes de trabalho conduziu a u m constante progresso na organizagao e nas atividades sindicais. Hoje, existe u m a correlagao especifica e historica do sindicato c o m o Direito d o T r a b a l h o , o que se leva a o u s a r concluir q u e , u m nao existiria s e m o outro.

2.3 S I N D I C A L I S M O N O B R A S I L

O surgimento do operariado brasileiro remonta ao final do seculo XIX, q u a n d o m u d a n g a s significativas seriam introduzidas; cultura agropastoril, b a s e a d a , s o b r e t u d o no cultivo do cafe, e substituida por atividades industrials, e os e s c r a v o s substituidos pelos primeiros t r a b a l h a d o r e s assalariados, d a n d o inicio a o s g r a n d e s centros operarios. ( S O A R E S , 2 0 1 0 ) .

A s primeiras f o r m a s d e associagao f o r a m as S o c i e d a d e s de Socorro e Auxilio M u t u o , s e n d o sucedidas pelas Unioes Operarias, que a t u a v a m ainda c o m f o c o a p e n a s na obtengao de beneficio. O s primeiros C o n g r e s s o s Operarios no Brasil surgiram no inicio do s e c u l o XX, r e p r e s e n t a n d o o interesse por parte d o s trabalhadores d e se o r g a n i z a r e m , s e g u n d o confirma Marcele Carine dos Praseres Soares:

Seguindo os paradigmas internacionais, o sindicalismo patrio se desenvolvia com vistas exclusivamente a obtengao de beneficios trabalhistas imediatistas, referentes, sobretudo, a melhorias salariais, das condigQes de trabalho e redugao da Jornada desenvolvida. Surgiam os primeiros Congressos Operarios no inicio no seculo XX, demonstrando o interesse e a organizagao advindos dos trabalhadores. (SOARES, 2010, p.176).

O direito sindical brasileiro, s e g u n d o A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o , revela c l a r a m e n t e tres fases de distintas caracteristicas: o anarco-sindicalismo, o

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corporativismo sindical e o sindicalismo a u t o n o m o , esta ultima ainda e m d e s e n v o l v i m e n t o .

Desta f o r m a , a primeira fase, o anarco-sindicalismo trata-se de u m a doutrina politica revolucionaria, q u e t e v e larga divulgagao no Brasil no inicio do m o v i m e n t o sindical d e 1890 d e s a p a r e c e n d o e m m e a d o s de 1920. Foi trazida pelos imigrantes principalmente italianos e nas palavras de A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o centralizava-se e m ideias de c o m b a t e ao capitalismo, e v a n e s c e n c i a do Estado, d e s n e c e s s i d a d e d a existencia de leis juridicas para g o v e r n a r a s o c i e d a d e , o c o m b a t e ao g o v e r n o e a autoridade, a a c a o direta c o m o meio de luta. E m r e s u m o , u m a radical critica a tudo q u a n t o existe na o r d e m j u r i d i c a , politica e social. Seu declinio culminou devido a conflitos etnicos e reacao contraria, c o m a e x p u l s a o d o s estrangeiros de 1907 a 1 9 2 1 . ( N A S C I M E N T O , 1991).

A s e g u n d a fase, de maior duragao, foi iniciada e m 1930, m a r c a d a pelo intervencionismo. Em decorrencia d a estrutura legal e d a fidelidade aos principios politicos autoritarios, p a s s a n d o a interferir na organizagao e na agao d o s sindicatos. C o m a Nova Republica de Getulio V a r g a s , foi criado o Ministerio do T r a b a l h o , Industria e C o m e r c i o para administrar o p r o c e d i m e n t o de f o r m a g a o d o proletariado; a Lei d o s Dois Tergos para restringir a entrada de estrangeiros e m e m p r e s a s brasileiras; a Lei d o s Sindicatos (Decreto n. 19770/31) para, s e g u n d o Oliveira V i a n a :

[...] chamar o sindicato para junto do Estado, tirando-o da penumbra da vida privada, em que vivia para as responsabilidades da vida publica. Neste intuito, deu-lhe a representag§o da categoria - e lha deu duplamente: para efeitos juridicos e para efeitos politicos. Mais que isto: investiu-o de poderes de autoridade publica, transferindo-lhe prerrogativas pr6prias de pessoa do Estado. (VIANA, 1943 apud NASCIMENTO, 2001, p. 803).

A p o s a "Revolugao de 1930", liderada por Getulio V a r g a s , e iniciado u m p r o c e s s o de modernizagao e consolidagao d e u m Estado Nacional, o q u e ligou o sindicato ao Estado e desfigurou as b a s e s sociais e politicas e m q u e e s s a instituigao s e desenvolvia. Nesta f a s e , visivelmente reconhecida pelas s u a s inovagoes, o s sindicatos p e r d e m o seu direito de a u t o n o m i a e criagao, t e n d o que se subordinar ao Ministerio do T r a b a l h o , Industria e C o m e r c i o ficando, a s s i m , d e p e n d e n t e d o r e c o n h e c i m e n t o pelo Estado. £ neste m o m e n t o que surge a figura d o sindicato unico e m cada base territorial, c o m o objetivo de ser mais b e m supervisionado pelo Poder

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S o b r e este t e m a , se p o d e m elencar alguns requisites no t o c a n t e a constituigao da r o u p a g e m sindical atual no Brasil. C o m o e x e m p l o , foi d a d o p e r m i s s a o aos seus interessados para que criassem as Federagoes e Confederagoes; ha exigencia de u m n u m e r o m i n i m o p a r a pleitear a criagao d e sindicatos; limitam-se os sindicatos a u m a fungao assistencial, proibindo qualquer agao politica; funcionarios publicos f i c a m impedidos de se filiarem a qualquer sindicato e os sindicatos i m p e d i d o s de se filiarem a qualquer organizagao internacional s e m autorizagao do Ministerio do Trabalho. Neste cenario nacional, se expressa Marcele Carine d o s Praseres Soares:

Assumia o poder Getulio Vargas, apos interveng§o, iniciando-se uma nova era para o sindicalismo brasileiro: controle estatal, vedagSo de utilizaceio de recursos financeiros para greves proibig§o de difusSo de atividades pollticas e ideolbgicas, dentre outras restrigoes. (SOARES, 2010, p. 176).

Depois d e s s a f a s e repressiva, s e g u e - s e a terceira f a s e c h a m a d a de sindicalismo a u t o n o m o , que t r o u x e u m novo r e l a c i o n a m e n t o entre sindicatos e Estado. Houve a d e m o c r a t i z a g a o d a s relagoes sindicais, e o incentivo pelo Ministerio do T r a b a l h o de negociagoes coletivas, c o m o f o r m a de primeira solugao para os conflitos.

A t r a v e s d o m o v i m e n t o sindical f o r a m criadas centrais sindicais, s e n d o elas: Central Unica dos T r a b a l h a d o r e s ( C U T ) q u e iniciou u m m o v i m e n t o contestativo do dirigismo do Estado e a Central Geral dos T r a b a l h a d o r e s ( C G T ) o r g a n i s m o de c u n h o nacional, s i m b o l o da luta sindical. A C G T depois se subdividiu e m : Uniao Sindical Independente (USI), entidade da categoria dos comerciarios, e a Forga Sindical (FS), entidade da categoria d o s metalurgicos. Essas entidades, e m conjunto, representam u m a t e n d e n c i a de reorganizagao d a estrutura sindical, c o m reflexos sobre as Federagoes e C o n f e d e r a g o e s , cujo papel, e m alguns c a s o s , ficou afetado pela maior projegao d a s centrais e pela vinculagao direta e e s p o n t a n e a . ( N A S C I M E N T O , 2001).

A p o s u m p e r i o d o de c r e s c i m e n t o , o golpe militar de 1964 trouxe u m a intensa repressao politica a classe trabalhadora. Explica Marcele Carine d o s Praseres Soares, essa nova trajetoria, e m m e i o a u m cenario de r e p r e s s a o e proibigao:

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Apbs um periodo de continuo crescimento, o movimento sindical, com o advento do Golpe Militar de 64, iniciava uma nova fase em sua trajetbria. A repressao as conquistas trabalhistas tornava-se intensa, mormente quando

da implantacao de um novo piano economico nacional, que desencadeou o

"arrocho salarial": proibic§o do direito e greve e fixacSo de indices de aumentos salariais pelo Estado, o que ate entao caberia a patrdes e empregados. Outra perda significativa dos trabalhadores foi a extingSo da estabilidade, instituindose o Fundo de Garantia do Tempo de Servico -FGTS, em substituicao aquela. (SOARES, 2010, p. 177).

A reacao ao autoritarismo militar veio por m e i o de greves. P o d e - s e destacar nesse periodo a criacao do M o v i m e n t o Intersindical anti-Arrocho (MIA) e m

1967, c o m a participacao de metalurgicos de Sao Paulo, Santo A n d r e , G u a r u l h o s , C a m p i n a s e O s a s c o , e e m 1968, a greve declarada pelos metalurgicos de O s a s c o . ( S O A R E S , 2 0 1 0 ) .

Foi no fim d o s a n o s 7 0 e inicio dos 80 que c o m e c o u a surgir u m novo sindicalismo e m c o n s e q u e n c i a d a s greves e do anseio d a m a s s a t r a b a l h a d o r a por m u d a n g a s . O m o v i m e n t o sindical no Brasil d a v a a matiz das lutas sindicais, f u n d a m e n t a n d o as s u a s ideologias e interesses e m favor d a classe trabalhista. ( A L V E S , 2 0 1 0 ) .

Neste contexto, constroi-se a figura do sindicato no Brasil, revestindo-se de caracteristicas especiais e peculiares a nacionalidade, q u e outrora se apresentava m a i s e n g a j a d o , e a t u a l m e n t e , p o d e m o s observar u m e n f r a q u e c i m e n t o d a sua figura, e n q u a n t o pilar da luta de classes e d a s conquistas trabalhistas.

2.3.1 P r i n c i p i o s s i n d i c a i s d o B r a s i l

Oriundo das lutas operarias, e c o m u m a ratificagao, nao a p e n a s constante na C L T - Consolidagao d a s Leis do T r a b a l h o , m a s t a m b e m na C F - Constituigao Federal, os sindicatos se f i r m a m c o m o figuras juridicas q u e p o s s u e m principios norteadores de s u a s c o n d u t a s e n o r m a s , balisando todo o t r a t a m e n t o da materia, no sentido de conferir protegao e justiga as relagoes de sindicais, o b s e r v a n d o e s p e c i a l m e n t e , a liberdade sindical, d a a u t o n o m i a , a unicidade sindical e o interesse coletivo.

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2.3.1.1 Liberdade sindical

No q u e diz respeito ao principio d a liberdade sindical, Sergio Pinto Martins o conceitua:

Liberdade Sindical e o direito de os trabalhadores e empregadores se organizarem e constituirem livremente as agremiacdes que desejarem, no numero por eles idealizado, sem que sofram qualquer interferencia ou i n t e r v e n e d do Estado, nem uns em relac3o aos outros, visando a promoc3o de seus interesses ou de grupos que irao representar. (MARTINS, 2008, p. 679).

A s s i m , e m linhas gerais, liberdade sindical seria o livre e x e r c i c i o d o s direitos sindicais, inclusive o direito d e ingressar, o u retirar-se d o s sindicatos. N o nosso o r d e n a m e n t o juridico, e o artigo 5 1 1 , caput, da C L T q u e preve a licitude do direito de associagao a t o d o s a q u e l e s q u e t e n h a m interesse profissional ou e c o n o m i c o .

A f a m o s a C o n v e n g a o n u m e r o 87 d a OIT, d e n o m i n a d a C o n v e n g a o sobre Liberdade Sindical e a Protegao do Direito Sindical veio a universalizar a liberdade sindical. T o d a v i a , nao foi ratificada pelo Brasil, t e n d o e m vista q u e a Carta M a g n a d e 1988, no seu artigo 8°, i m p e d e a criagao de mais de u m a associagao sindical na m e s m a b a s e territorial. ( M A R T I N S , 2 0 0 8 )

V a l e mencionar ainda a Declaragao Universal dos Direitos do H o m e m t a m b e m o a s s e g u r a q u a n d o e m s e u artigo 2 3 , n° 4, reza: "todo h o m e m tern direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para protegao d o s seus interesses."

Orlando G o m e s e Elson Gottschalk classificam a liberdade sindical e m u m triplice aspecto, e m face do individuo, d o grupo profissional e do Estado.

E m relagao ao individuo, ha liberdade de aderir, de nao se filiar ou de se demitir de um sindicato. Q u a n t o ao grupo profissional, a liberdade de: fundar u m sindicato; determinar o q u a d r o sindical na o r d e m profissional e territorial; estabelecer relagoes entre sindicatos para f o r m a r a g r u p a m e n t o s mais a m p l o s ; fixar regras internas, formais e de f u n d o para regular a vida sindical; liberdade entre sindicalizados e o grupo profissional e entre sindicato de e m p r e g a d o s e o de e m p r e g a d o r e s ; exercicio do direito sindical e m relagao a profissao e a e m p r e s a . Por ultimo, quanto ao Estado: a independencia do sindicato e m relagao ao Estado;

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conflito entre autoridades do Estado e a a c a o social e integracao d o s sindicatos no Estado. ( G O M E S ; O T T S C H A L K , 2 0 0 8 ) .

2.3.1.2 A u t o n o m i a sindical

O principio d a a u t o n o m i a sindical, imprescindivel para a plenitude d a liberdade sindical, tern por objetivo assegurar a entidade o direito d e autogovernar-se, e esta previsto no artigo 8 ° , inciso I d a Constituigao Federal de 1988, q u e reza:

Artigo 8°. E livre a associac3o profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei n§o podera exigir autorizac§o do Estado para fundac3o de sindicato, ressalvado o registro no orgao competente, vedadas ao Poder Publico a

interferencia e a intervengao na organizagao sindical;

[...]. (grifo nosso).

A s s i m , a a u t o n o m i a sindical garante a m e n o r intervencao possivel do Estado e m sua atuacao, s e n d o e s s a a t u a c a o no ambito administrative, negocial e organizacional. Este principio sustenta a livre estruturagao interna do sindicato, garantindo sua atuacao externa, s e m interferencias empresariais ou d o controle politico-administrativo do Estado.

N e s s e d i a p a s a o , c o m e n t a Carlos Alberto Chiarelli:

No conceito amplo da autonomia sindical deverfamos incluir: a franquia concedida ao organismo profissional de elaborar seu estatuto interno, a forma de escolha de seus dirigentes as tarefas que Ihes caberiam, bem como a entidade; isto e, agoes que se desenvolveriam na tecnica de contratag£o, no encaminhamento e solugSo de conflitos, na proposta e implementag§o de obras sociais, no tragado estrategico da sua politica associativa etc. No contexto desta ultima, destacar-se-ia a possibilidade dada a instituigao de afiliar-se a associagdes mais amplas, tanto no pais, como no cenario internacional. (CHIARELLI, 2005, p. 196)

V a l e salientar q u e a a u t o n o m i a sindical d e v e estar a s s e g u r a d a t a m b e m diante de terceiros, no sentindo d e que n i n g u e m d e v e tentar desvirtuar, m e d i a n t e fraude, a razao primordial da instituigao, direcionando-a contra os legitimos interesses da categoria que deveria representar.

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2.3.1.3 Unicidade

No Brasil, por forga do artigo 8°, inciso II da Carta M a g n a vigente, inexiste a possibilidade d a criacao de m a i s d e u m a organizagao sindical. O sindicato e unico, nao p o d e n d o ter base territorial inferior a u m municipio, c o n f o r m e c o m p r o v a o citado artigo:

Artigo 8°. [...]

II - e vedada a criacao de mais de uma organizagao sindical, em qualquer grau, representative da categoria profissional ou econdmica, na mesma base territorial que sera definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, n£o podendo ser inferior a area de um Municipio. (grifo nosso).

A unicidade sindical e o s i s t e m a e m q u e os proprios interessados se u n e m para a f o r m a c a o d o s sindicatos, e feito pela propria v o n t a d e d o s interessados. A estrutura sindical brasileira esta b a s e a d a no regime corporativo d e M u s s o l i n e , e m que so e possivel o r e c o n h e c i m e n t o de u m unico sindicato e m c a d a base territorial; os lideres sindicais e r a m n o m e a d o s e os sindicatos n a s c i a m por imposigao do Estado. ( M A R T I N S , 2 0 0 8 ) .

Esse principio limita o direito de liberdade sindical e e t e m a de d i s c u s s a o a reforma sindical. A reforma d e f e n d e a modificagao d a Constituigao, para permitir o r e c o n h e c i m e n t o d a pluralidade sindical, ou seja, c a d a u m poderia construir os sindicatos livremente. E m linhas gerais, a pluralidade consiste na nao-delimitagao do n u m e r o de entidades profissionais da m e s m a categoria e no m e s m o e s p a g o fisico. Esse sistema e a d o t a d o e m p a i s e s c o m o Franga, Suiga e Italia. S o b r e essa d i s c u s s a o acentua Orlando G o m e s e Elson Gottschalk a respeito d a s v a n t a g e n s e d e s v a n t a g e n s do plurissindicalismo e d o sindicato unico:

Os defensores do plurissindicalismo veem nele a melhor forma de defesa das liberdades individuais; os que preconizam o sindicato unico argumentam que o sistema encerra em si uma contradig3o, qual seja, a de supor que os interesses profissionais s§o uma soma de interesses individuais, e n§o uma sintese. [...] a evolug§o hist6rica do fenomeno demonstra que, toda vez que a formagSo profissional se fez representar por varios organismos, as lutas decorrentes dessa situagSo acabaram por enfraquecer e fragmentar o sindicalismo. (GOMES e GOTTSCHALK, 2008, p. 556)

(27)

Neste diapasao, d i s c o r r e n d o acerca da criacao de sindicatos e a restricao referente a unicidade sindical, c o m e n t a na Revista de Direito do T r a b a l h o , o ex-ministro do T S T , Marcelo Pimentel, e m u m j u l g a d o sobre a criacao d e sindicatos e a unicidade sindical:

A dita liberdade sindical, realmente, n§o e absoluta! Ha condicionamento de ordem constitucional que nao da direito a associacSo realmente livre, que s6

v i n a com a pluralidade sindical. Por esta ou aquela circunstancia a

Constituigao Federal deu com uma m§o e tirou com a outra, usando frase apropriada de outrem ao analisar, a hipotese, porque manteve o registro, a unicidade e a organizagao confederativa, Iimitag6es sempre presentes na formagao de um novo sindicato, parametros que n§o podem ser ultrapassados. Consagrado o Estado de Direito em que vivemos, n§o ha como legitimar um atropelo a ordem juridica prevalente, restritiva desta liberdade, ate que a lei disciplina a quest§o. A liberdade total s6 existiria se passasse uma esponja sobre toda a legislagSo existente e partisse do zero absoluto da materia, para se char algo no alvedrio de quern quer que seja. (PIMENTEL, 1994, 86-87)

C o m os c o m e n t a r i o s aqui transcritos, pode-se perceber que a representagao de u m a categoria por muitos sindicatos, nao e s i n o n i m o de u m a maior qualidade. Pelo contrario, c o m o ressalta Orlando G o m e s e Elson Gottschalk, ao longo d a historia, a criacao de varias e n t i d a d e s para representar u m a m e s m a profissao, a c a b o u por enfraquecer e f r a g m e n t a r o sindicalismo.

A l e m disso, c o m o e x p o s t o a c i m a pelo ex-ministro, a C F / 8 8 c o n c e d e u a almejada liberdade sindical, todavia, m a n t e v e o principio da unicidade.

Portanto, a p e s a r de toda a polemica, nao se pode ignorar o que esta previsto na Constituigao, por e s s a f o r m a , o d e s m e m b r a m e n t o so podera dar-se dentro do proprio sindicato, respeitando o principio d a unicidade sindical.

2.3.1.4 Interesse coletivo

O interesse coletivo c o m o principio sindical, pela propria consistencia do t e r m o , nos traz a ideia de interesse geral, para t o d o s , ou seja, o interesse d a categoria de trabalhadores o r g a n i z a d o para atender u m fim c o m u m , que v e n h a a ser salutar no tocante a protegao dos direitos d e s t e s .

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A s s i m , Francesco Santoro-Passarelli, define interesse coletivo c o m o :

[...] o interesse de uma pluralidade de pessoas por um bem idoneo a satisfazer as necessidades comuns. N3o e a soma de interesses individuas, mas a sua combinacSo, e e indivisivel, no sentido de que vem satisfazer n§o diversos bens destinados as necessidades individuais, mas um unico bem apto a atender as necessidades de uma coletividade. (SANTORO-PASSARELLI, 1995 apud NASCIMENTO, 2001, p.821).

Este principio, nao se c o n f u n d e c o m interesse publico, se refere a u m a coletividade no sentido de q u e vincula as pessoas, s e n d o d e natureza privada. A l e m disso, a garantia do interesse coletivo dos g r u p o s f u n d a m e n t a - s e o principio d a a u t o n o m i a privada coletiva. ( N A S C I M E N T O , 1991). O u seja, q u a n d o se fala de interesse coletivo, se esta referindo as q u e s t o e s mais sindicais.

(29)

3 E S T R U T U R A S I N D I C A L

Para u m a melhor c o m p r e e n s a o d a instituigao p r o p r i a m e n t e dita, do "Sindicato", insta-se necessario u m a r e f e r e n d a a sua estrutura geral, a b o r d a n d o s e u f u n c i o n a m e n t o , sua c o m p o s i g a o e as garantias sindicais previstas atualmente na legislacao brasileira, c o a d u n a n d o para o c o n h e c i m e n t o de t o d a a estrutura sindical, d e f o r m a m a i s tecnica, d e t a l h a n d o os contornos que esta instituigao adota no Brasil, e que permeia a organizagao sindical para as categorias d e trabalhadores, a t u a l m e n t e .

3.1 D E F I N I Q A O D E S I N D I C A T O

A palavra sindicato deriva do frances "syndicsf, t e r m o e s s e , d e s i g n a d o por aqueles que se e n c o n t r a v a m vinculados a u m a "syndic". O t e r m o "syndic" e d e o r i g e m grega, e p o d e ser e n t e n d i d o c o m o "procurador". E m italiano, sindicato, e c h a m a d o d e "sindacato"; e m e s p a n h o l , "sindicato"; e m a l e m a o , "arbeitwerein e/ou gesellchafts"; e e m ingles, titulam-se "trade unions". ( C H I A R E L L I , 2 0 0 5 ) .

E m linhas gerais, sindicato e u m a associagao de e m p r e g a d o r e s de u m a m e s m a categoria profissional, c o m o objetivo de d e f e n d e r interesses e c o n o m i c o s e laborais c o m u n s e assegurar direitos previstos na legislagao. Nas palavras de Sergio Pinto Martins: "Sindicato e, a s s i m , a associagao de p e s s o a s fisicas ou juridicas que tern atividades e c o n o m i c a s ou profissionais, v i s a n d o a d e f e s a d o s interesses coletivos e individuais de s e u s m e m b r o s ou da categoria." ( M A R T I N S , 2 0 0 8 , p. 6 9 3 ) .

No m e s m o sentido, conceitua A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o q u e : "Os sindicatos sao unidades de b a s e na organizagao sindical, representantes de u m a coletividade de trabalhadores ou de e m p r e g a d o r e s " ( N A S C I M E N T O , 2 0 0 9 , p. 2 1 2 ) .

C o n c e i t u a , ainda, Leoncio Martins Rodrigues os sindicatos c o m o :

OrganizagSes permanentes de trabalhadores assalariadas formalmente destinadas a tentar obter vantagens para seus associados ou para o conjunto dos trabalhadores mediante negociagOes com as empresas e com

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o Estado, pressSes politicas e outros meios de atuacao. (RODRIGUES, 1999, p. 296 apud SOARES, 2010, p. 176)

O o r d e n a m e n t o juridico brasileiro nao traz u m a definigao do sindicato, m a s o artigo 5 1 1 , caput d a C L T esclarece:

Artigo 5 1 1 . E licita a associagao para fins de estudo, defesa e coordenag§o dos seus interesses economicos ou profissionais, de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores aut6nomos ou profissionais liberals, exergam, respectivamente, a mesma atividade ou profissao ou atividades ou profissdes similares ou conexas.

P o d e m - s e observar neste sentido, q u e os sindicatos sao e n t i d a d e s de protegao a categorias, que a t u a m no sentido de intermediar s e u s interesses junto ao Estado e as e m p r e s a s , atraves da f o r m a pacifica de negociagao e d e aquisigoes de beneficios. Os interesses d e f e n d i d o s sao de o r d e m coletiva, nos c a s o s de negociagoes coletivas ou m e s m o d e f o r m a individual, q u a n d o pleiteado junto ao judiciario direito de a l g u m a s s o c i a d o .

R e u n e m p e s s o a s fisicas ( e m p r e g a d o s ) ou juridicas ( e m p r e g a d o r e s ) , q u e d e v e m obrigatoriamente exercer atividade e c o n o m i c a o u profissional, o que o diferencia de outras entidades.

Nao se c o n f u n d e sindicatos c o m as ordens profissionais, associagoes ou cooperativas. No sindicato, a filiagao e facultativa, diferente do que ocorre nas ordens profissionais, c o m o por e x e m p l o , a O r d e m d e A d v o g a d o s do Brasil-OAB, o n d e a filiagao e obrigatoria. Difere d a s associagoes, p o r q u e d e f e n d e a categoria e nao s o m e n t e os a s s o c i a d o s . E por ultimo, difere das cooperativas, por estas t e r e m e m vista a prestagao de servigos a o s s e u s associados, e n q u a n t o ele tern por objetivo a defesa de interesses individuais e coletivos, j u d i c i a l m e n t e e extrajudicialmente.

Nas palavras d e Sergio Pinto Martins acerca d e s s a s distingoes, expoe:

Distancia-se o sindicato das ordens profissionais, como a dos advogados ou dos musicos, que tern por objetivo a fiscalizag§o e sao pessoas juridicas de direito publico, na modalidade de autarquias. O sindicato n£o disciplina a classe, defende-a. [...] Difere o sindicato da associagao. Esta representa os associados. O sindicato representa os associados e tambem a categoria. [...] Distingue-se, ainda, os sindicatos das cooperativas, pois estas visam a prestag§o de servigos seus associados, de distribuigao da produgao, por exemplo. (MARTINS, 2008, p. 693)

(31)

Portanto, e importante ter e m m e n t e que o sindicato e u m orgao diferenciado, investido de poder de representacao (sujeito coletivo) d a s categorias e de prerrogativas proprias.

Em relagao a organizagao sindical, e m 1908 foi f u n d a d a a C o n f e d e r a g a o Operaria Brasileira que e c o n s i d e r a d a a primeira experiencia de criagao de u m a central. Depois dela, outras tentativas o c o r r e r a m , m a s t o d a s de curta duragao. E m 1943, foi e l a b o r a d o a Consolidagao d a s Leis Trabalhistas - C L T , q u e p o s s u i a caracteristicas totalitarias, e m razao d a e p o c a de s e u s u r g i m e n t o , m o m e n t o pos-guerra e de d o m i n a g a o de m o v i m e n t o s d e e s q u e r d a , a p e s a r de possuir u m a serie de direitos q u e favoreciam a classe operaria.

E m q u e pese, o m o m e n t o de s u r g i m e n t o d a C L T , junto c o m sua criagao n a s c e r a m e f o r a m o r g a n i z a d a s a Central Unica dos T r a b a l h a d o r e s ( C U T ) ; a C o n f e d e r a g a o Geral dos T r a b a l h a d o r e s ( C G T ) e a Forga Sindical, q u e s a o hoje c o n s i d e r a d a s as tres mais importantes centrais e m f u n c i o n a m e n t o no pais.

V a l e mencionar ainda, q u e as entidades sindicais de o r d e m superior q u e s a o as federagoes e as confederagoes. Federagoes s a o as e n t i d a d e s sindicais (de grau superior a c i m a dos sindicatos) o r g a n i z a d a s nos E s t a d o s - m e m b r o s , constituidas de u m n u m e r o nao inferior a cinco sindicatos, r e p r e s e n t a n d o a maioria absoluta d e u m grupo de atividades ou profissoes identicas, similares ou c o n e x a s . Ja as confederagoes, sao entidades sindicais d e grau superior de a m b i t o nacional, q u e se f o r m a m por ramo de atividade industrial, c o m e r c i a l , de transportes, etc., a e x e m p l o , a Confederagao Nacional d e Industria e a Confederagao Nacional d o s t r a b a l h a d o r e s no C o m e r c i o . ( M A R T I N S , 2 0 0 8 ) .

A C L T a d o t o u no q u e diz respeito a e s s a s e n t i d a d e s o principio d a c o m p l e m e n t a r i e d a d e , c o n f o r m e reza o s e u artigo 6 1 1 , § 2°:

Artigo 6 1 1 . [...]

§2° As federagSes e, na falta destas, as ConfederagQes representativas de categorias econdmicas ou profissionais poder§o celebrar convencSes coletivas de trabalho para reger as relacdes das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em sindicatos, no ambito de suas representagSes.

Diante do citado artigo p o d e - s e e n t e n d e r q u e e dada legitimidade a o s sindicatos para fazer c o n v e n g o e s coletivas de trabalho. E m c o m e n t a r i o , d e s t a c a A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o , no seu livro " C o m p e n d i o do Direito Sindical" q u e :

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Diante de tais regras, em nosso sistema legal n§o e funcSo principal das FederagSes e C o n f e d e r a t e s negociar convengoes coletivas. Essas associag6es sindicais aparecerao nas negociagoes para suprir lacunas sindicais, cobrindo os espagos representatives em aberto no quais n§o ha sindicato constituido. Essa restrigSo dificulta negociagoes em nfveis mais elevados da organizagao sindical. (NASCIMENTO, 2009, p. 211).

Por isso, q u a n d o nao ha sindicatos de u m a atividade, ou profissao, a federagao tera poderes para atuar, m a s se existir pelo m e n o s u m na b a s e territorial, a este c o m p e t e o m o n o p o l i o d a negociagao.

A p r e s e n t a m - s e ainda c o m o associagao sindical as Centrais Sindicais. Trata-se de u m a rede de organizagoes sindicais operarios, nao s e n d o u m a entidade sindical d e grau superior p r o p r i a m e n t e dita. A s s i m , traz Luciano Martinez c o m o definigao:

As centrais sindicais s£o entidades associativas de direito privado compostas por organizagoes sindicais de trabalhadores e que tern o objetivo de coordenar a representagSo operaria e de participar de negociagdes em foruns, colegiados de orgaos publicos e demais espagos de dialogo social que possuam composigSo tripartite, nos quais estejam em discussao assuntos de interesse geral dos trabalhadores. (MARTINEZ, 2010, p. 648).

Atraves d a Lei n° 11.648 de 2 0 0 8 , as centrais sindicais f o r a m reconhecidas c o m o entidades associativas, alterando os artigos 5 8 9 , 590, 591 e 593 d a C L T . E hoje, f u n c i o n a m c o m o a maior unidade representativa de t r a b a l h a d o r e s na organizagao sindical.

3.2 6 R G A O S D O S I N D I C A T O

O sindicato e c o m p o s t o de tres o r g a o s : a A s s e m b l e i a Geral, Diretoria e C o n s e l h o Fiscal. Sao estes os c h a m a d o s orgaos constitutivos d o s sindicatos, garantidos pela liberdade de organizagao presente e m nosso pais, atraves da C F e C L T . C o m base nessa liberdade, fica a criterio de c a d a associagao sindical a constituigao d e s s e s tres o r g a o s , que p o d e m ter n o m e n c l a t u r a variada.

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3.2.1 A s s e m b l e i a G e r a l

A A s s e m b l e i a Geral e a fonte d a s d e c i s o e s , s e n d o a s s i m , o orgao s o b e r a n o . Tern por objetivo principal tracar as diretrizes do sindicato e sua f o r m a de a t u a c a o ; e ela q u e elege, na f o r m a d o s estatutos, os m e m b r o s d a Diretoria e o C o n s e l h o Fiscal.

A s s i m , m e n c i o n a A m a u r i M a s c a r o N a s c i m e n t o , c o m b a s e na C L T :

A assembleia e a fonte de decisoes, e sera geral ou extraordinaria, dela participando os associados do sindicato nas suas votacoes, para d e l i b e r a t e s vitais, como a deflagracao de greve, a autorizac3o a diretoria para fazer negociagdes coletivas, a escolha de listas de representantes sindicais nos 6rg§os do Estado, as eleic6es sindicais de diretoria etc. (NASCIMENTO, 2001, p. 852).

Portanto, e n t e n d e - s e q u e a a s s e m b l e i a geral e u m orgao f o r m a l m e n t e responsavel por resolucoes, s e n d o por isso, a fonte de d e c i s o e s . E ele q u e delibera sobre greve, autorizagao para n e g o c i a g o e s coletivas, escolha de lista de representantes, dentre outros.

£ u m orgao q u e nas s u a s atividades ordinarias ou extraordinarias, nas palavras de J o s e A u g u s t o R o d r i g u e s Pinto, e definido c o m o a "Alma d o s Sindicatos", e por isso, s u a s fungoes s a o deliberadas c o m soberania.

Sobre suas atribuigoes, d e s c r e v e J o s e Catharino:

A assembleia, 6rg§o supremo do sindicato, conhece, discute, delibera, e e eleitoral. Conhece, discute e delibera sobre: contas da diretoria, aplicacao do patrimonio, penalidades e associados, negociagSo e dissidios coletivos, referendo da nomeag§o de empregados do sindicato. (CATHARINO, 1977. p. 137 apud PINTO, 2002, p. 156).

Neste sentido, se pode observar u m a g r a n d e parcela de atividades conferidas as A s s e m b l e i a s , b e m c o m o o grau d e importancia destas para o f u n c i o n a m e n t o do sindicato. T o d a v i a , o poder d a s a s s e m b l e i a s nao tern sido utilizado d e f o r m a responsavel pelos s e u s integrantes, t e n d o e m vista q u e nao tern c u m p r i n d o efetivamente seu papel de luta pela classe t r a b a l h a d o r a , se c o n t e n t a d o a estar subordinada a negociagoes "apaziguadoras" (e n e m s e m p r e mais v a n t a j o s a s para os e m p r e g a d o s ) proposta pelos e m p r e g a d o r e s .

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3.2.2 Diretoria

A Diretoria e u m orgao a d m i n i s t r a t i v e i n c u m b i d o de representar o s sindicatos na pratica de s e u s atos. Por ser o brago executivo do sindicato, e a Diretoria q u e d a c u m p r i m e n t o as d e c i s o e s d a A s s e m b l e i a Geral. A s s i m , aduz J o s e A u g u s t o Rodrigues Pinto a respeito d a s atribuicoes da Diretoria:

As atribuicoes da diretoria, comuns as de qualquer criatura associativa, s3o voltadas para o cumprimento de seus fins especificos. No caso do sindicato, e apenas a tltulo exemplificativo de alguns das mais relevantes, mencionam-se a representag3o do 6rg§o perante os poderes constituidos e nas negociagoes coletivas e dissldios coletivos; a gest3o do patrimdnio social; a fixagSo das diretrizes da politica trabalhista a ser implementada em favor da categoria, ressalvadas as d e l i b e r a t e s de Assembleia Geral etc. (PINTO, 2002, p. 159)

E c o m p o s t o por no m a x i m o sete e no m i n i m o tres m e m b r o s , entre os quais sera eleito o presidente. C a b e a este, a r e p r e s e n t a c a o e a d e f e s a d o s interesses da entidade perante o P o d e r Publico e as e m p r e s a s . O s d e m a i s m e m b r o s , c o n f o r m e disposicoes de c a d a estatuto o c u p a r a o os c a r g o s de tesoureiro, secretario etc.

Existe u m a polemica relacionada ao n u m e r o de dirigentes sindicais, o u seja, o n u m e r o de representantes sindicais junto as e m p r e s a s . O e m p r e g a d o investido nas f u n c o e s da diretoria g o z a d e estabilidade sindical, c o n f o r m e previsto no artigo 8°, inciso VIII d a C F / 8 8 . E ainda, tera outros p r i v i l e g e s relacionados c o m a ausencia justificada ao trabalho para participagao e m e v e n t o s de interesse d a categoria. C o m o s a l d a , p r o p o e a i n d a J o s e A u g u s t o R o d r i g u e s Pinto: "A s o l u c a o do problema d e v e residir, e s s e n c i a l m e n t e , no b o m senso. Este d e v e ser c o b r a d o , e m primeiro lugar, ao proprio sindicato, limitando-o ele m e s m o ao m i n i m o razoavel para proporcionar-lhe a operabilidade". ( P I N T O , 2 0 0 2 , p. 158)

Portanto, se a lei preferiu deixar a regularizacao do n u m e r o de dirigentes, ou representantes, a criterio dos sindicatos, d e v e - s e buscar, e n f i m , u m a harmonizagao, d e i x a n d o de lado as n e c e s s i d a d e s individuais e f a z e n d o p r e d o m i n a r o "bom senso", e m n o m e d a coletividade.

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3.2.3 C o n s e l h o F i s c a l

Por ultimo, o C o n s e l h o Fiscal, tern c o m p e t e n c i a limitada a fiscalizacao d a gestao financeira d o sindicato, ou seja, c a b e a ele a a p r o v a g a o das contas d a Diretoria. Sera c o m p o s t o por tres m e m b r o s e tres suplentes, eleitos pela A s s e m b l e i a Geral, na f o r m a d o estatuto, e terao o m a n d a t o de tres anos. ( G O M E S ; G O T T S C H A L K , 2008)

Neste diapasao, anota, Luciano Martinez, e m c o m e n t a r i o ao artigo 522, §2°, d a CLT, a respeito do C o n s e l h o Fiscal:

O conselho fiscal, nos termos do § 2° do art. 522 da CLT, e o 6rgao responsavel pela fiscalizacao da gestao financeira da entidade sindical. A ele cabe o controle dos atos administrativos da entidade sindical, mas n§o propriamente a direcSo desta. (MARTINEZ, 2010, p. 639)

Logo, se pode anotar que e s t e e u m orgao q u e nao tern u m perfil diferenciado, pois, d e s e n v o l v e as m e s m a s atividades d e fiscalizacao d e gestao financeira que u m orgao executivo cumpriria e m qualquer organizagao societaria. ( P I N T O , 2 0 0 2 )

O C o n s e l h o Fiscal podera instituir delegacias ou segoes para melhor protegao dos s e u s a s s o c i a d o s e d a categoria e c o n o m i c a ou profissional liberal que esta s e n d o por ele representado. Os d e l e g a d o s sindicais p o d e r a o representar a entidade perante o poder publico e as e m p r e s a s .

3.3 G A R A N T I A S S I N D I C A I S

No que diz respeito as garantias sindicais, p o d e - s e observar q u e as m e s m a s sao s i m b o l o do avango d o direito sindical no Brasil, u m a vez q u e proporciona seguranga juridica nas relagoes entre classes, r e s g u a r d a d a s por u m a perspectiva constitucional. Sobre o t e m a , assevera Mauricio G o d i n h o Delgado, e m

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c o m e n t a r i o aos principios para a efetiva atuacao d o s sindicatos c o m o sujeitos d o Direito Coletivo d o Trabalho:

Os principios da liberdade associativa e da autonomia sindical determinam a franca prerrogativa de criac3o, estruturac§o e desenvolvimento das entidades sindicais, para que se tornem efetivos sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho. Os principios, como se sabe, s3o comando juridicos receituarios idealisticos e os programaticos. Por isso, esses dois principios do Direito Coletivo do Trabalho determinam ao ordenamento juridico que confira consistencia ao conteudo e objetivo normativos neles enunciados. Ou seja, que a ordem jurfdica estipule garantias minimas a estruturagSo, desenvolvimento e atuac§o dos sindicatos, sob pena de estes n§o poderem cumprir seu papel de real expressSo da vontade coletiva dos respectivos trabalhadores. (DELGADO, 2008, p. 1345)

Portanto, e s s e s dois principios d a liberdade associativa e da a u t o n o m i a sindical sao principios q u e d e t e r m i n a m as garantias m i n i m a s de direito coletivo conferido aos sindicatos para a sua atuacao.

A s garantias sindicais e s t a o r e s g u a r d a d a s na C L T e na C F , e p r e v e e m garantias q u e dizem respeito ao licenciamento para a realizagao d a atividade sindical recebimento de honorarios equivalentes a r e m u n e r a c a o profissional e a inamovibilidade temporaria e estabilidade provisoria. ( M A R T I N E Z , 2010)

V a l e destacar q u e ha garantias previstas e m diversas c o n v e n g o e s d a Organizagao Internacional do T r a b a l h o - OIT, ratificadas pelo Brasil, q u e t a m b e m f i x a m diretrizes no sentido de garantir a estabilidade provisoria do dirigente sindical, sua inamovibilidade dentre outras garantias, a s s e g u r a n d o a s s i m , aos sindicatos e s u a s entidades superiores direitos tanto no setor publico c o m o no privado, possuindo o m a x i m o respeito pelo judiciario e m razao de ferir n o r m a s constitucionais.

3.3.1 E s t a b i l i d a d e e inamovibilidade d e dirigentes

No tocante as garantias sindicais, reza o artigo 8° no s e u inciso VIII d a Constituigao Federal de 1988:

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