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Celebração da Santa Ceia com crianças: 20 teses sobre um tema controvertido

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Academic year: 2021

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20 teses sobre um tema controvertido

L o th a r C. Hoch

O b s e r v a ç ã o in ic ia l:

A p a rtic ip a ç ã o de crianças não c o n firm a d a s na c e le b ra ç ã o da Santa C eia é um te m a qu e só a g o ra com eça a ser d e b a tid o no â m b ito da Ig re ja E vangélica de C onfissão Luterana no Brasil (IECLB). Por ser um te ­ ma n o vo q u e co n tra ria a p rá tica v ig e n te nessa ig re ja desde os seus p ri­ m órdios, e le é n ecessariam e nte c o n tro v e rtid o . Precisa, p o rta n to , ser d e ­ b a tid o a m p la , p ro fu n d a e ca utelosa mas ta m b é m c o ra jo sa m e n te , pois é um a q uestão de g ra n d e a lca n ce te o ló g ic o -p rá tic o . In ic ia tiv a s com o, por e x e m p lo , a do DE N orte d o Paraná q u e se propôs a d iscu tir o te m a em c o n c ílio se constituem em sinais prom issores de um a re fle x ã o sa lu ta r p a ­ ra a IECLB.

Tese 1: T e o lo g ic a m e n te o B a tism o le g itim a q u a lq u e r pessoa a p a rtic ip a r

da Santa C eia. A inclusão das crianças na c o m u n h ã o e cle sia l já se dá p e ­ lo Batism o. N ão se ju stifica , p o rta n to , q u e , na p rá tica , essa c o m u n h ã o não se expresse e não se v iv e n c ie no m o m e n to em q u e a c o m u n h ã o ecle sia l e a co m u n h ã o com Cristo e n co n tra m a sua expressão m a io r, a saber, na c e le b ra ç ã o eucarística. Um a ig re ja qu e b a tiza in fa n te s mas ex- clue crianças da Santa C eia está in s titu c io n a liz a n d o um a séria c o n tra d i­ ção.

Tese 2: A nossa p rá tica a tu a l sugere qu e o Batism o se de stin e a crianças e

a Santa C eia a adu lto s. Um a d is tin ç ã o tão ríg id a no tocante aos d e s tin a ­ tários de cada um dos sacram entos nã o tem base te o ló g ic a . M esm o que seja im p o rta n te ser m a n tid a a e s p e c ific id a d e de cada sa cra m e n to , no to ­ cante a seu s ig n ific a d o d e ve m p re d o m in a r os aspectos q u e eles têm em com um . A saber,

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— que Jesus Cristo é o ú nico sa cra m e n to ;

— que Batism o e Santa C eia, com o p a la v ra visíve l, servem antes de m ais nada à p re g a ç ã o de Jesus Cristo;

— que os sacram entos não o fe re c e m o u tra d á d iv a a lé m d a q u e la q u e a p a la v ra p re g a d a tra n sm ite .

Tese 3: Se a m b o s os sacram entos são sinais visíveis da graça in c o n d ic io ­

nal de Deus q u e nos a tin g e , sendo nós a in d a pecado re s, e n tã o torna-se d ifíc il e x p lic a r co m o um a cria n ça um a vez a d m itid a ao Batism o (p e la fé dos pais e da c o m u n id a d e e na esperança d u m a fé p ró p ria no fu tu ro ), mais ta rd e , na m esm a c o m u n h ã o dos pais e da c o m u n id a d e , q u a n d o já estaria em condiçõe s de e n sa ia r os p rim e iro s passos da sua fé p ró p ria , f i ­ que e x c lu íd a d e p a rtic ip a r da C eia q u e o m esm o S enhor d o Batism o o fe ­ rece aos seus. Se no Batism o de in fa n te s se constrói espera n ço sa m e n te sobre a fé dos p a is /p a d rin h o s e da c o m u n id a d e , e n tã o é necessário que se a d m ita um a cria n ça à Santa Ceia em c o m u n h ã o de fé com seus pais e p a d rin h o s. Pois a Eucaristia é um m e io e fic a z de v ia b iliz a r o c u m p rim e n ­ to d o com p ro m isso a ssum ido por estes no Batism o de a c o m p a n h a r a cria n ça no d e s e n v o lv im e n to de sua fé . A adm issão de crianças à C eia é um a fo rm a de le v a r a s é rio o c o m p ro m is s o b a tis m a l. Um a ig re ja que re a liz a o Batism o de in fa n te s nã o tem a rg u m e n to s te o ló g ic o s com os q u a is pudesse sustentar a não adm issão de crianças à Santa C eia.

Tese 4: A a rg u m e n ta ç ã o te o ló g ic a to m a um ru m o d ife re n te no m o m e n to

em q u e se q u e stio n a o Batism o de in fantes. Nesse caso, os a rg u m e n to s contra o Batism o de in fa n te s p o d e m sustentar ig u a lm e n te a a rg u m e n ta ­ ção co n tra a p a rtic ip a ç ã o de crianças na Santa C eia. Faço m e n çã o a esse fa to p e lo re sp e ito que te n h o por a q u e le s q u e , por p reocupa ções le g íti­

mas no to ca n te à p rá tic a b a tis m a l na IECLB, q u e stio n a m o Batism o de in ­ fantes. Para tais pessoas a rg u m e n ta r em fa v o r da p a rtic ip a ç ã o de c ria n ­ ças na Santa C eia a p a rtir do Batism o de in fa n te s p o d e rá ser e n te n d id o com o um a te n ta tiv a de ju s tific a r um a p rá tica c o n tro v e rtid a m e d ia n te um a outra p rá tic a ig u a lm e n te discutível.

Tese 5: As fo rm a s m ais com uns de c e le b ra ç ã o da Santa C eia na IECLB

n ão co rre sp o n d e m à riq u e z a d e asp e cto s te o ló g ic o s te ste m u n h a d a p e lo N o vo Testam ento. Um s in to m a disso é a ê n fa se d a d a na confissão e no p e rd ã o de pecados e na sa lva çã o in d iv id u a l em d e trim e n to , por e x e m ­ p lo , da d im e n s ã o da c o m u n h ã o dos santos. Entendo qu e na m e d id a em

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qu e fo r c o lo ca d a um a ê n fase m a io r na d im e n s ã o da c o m u n h ã o e u ca rísti­ ca, h a ve rá ta m b é m um a m a io r a b e rtu ra e disposição de to rn a r visível a c o m u n h ã o com crianças não co n firm a d a s.

Tese 6: A p a rtic ip a ç ã o de crianças na Santa Ceia p o d e rá nos a ju d a r a su­

p e ra r a atm o sfe ra fú n e b re qu e , não raro, ca ra cte riza a ce le b ra ç ã o e u ca ­ rística em nossa ig re ja . Para isso c o n trib u e m , po r e x e m p lo , as vestes p re ­ tas d o (a ) pastor(a), a fo rm a da ce le b ra ç ã o , os hinos, a lin g u a g e m pouco acessível das age n d a s, a expressão do rosto dos co m u n g a n te s e a re la ­ ção u n ila te ra l q u e se costum a e sta b e le ce r e n tre a Santa Ceia e a p a ix ã o de Cristo (esta re la ç ã o é c e n tra l mas não e x c lu s iv a !). A sim ples p a rtic ip a ­ ção de crianças na C eia não re so lve rá essa questão. M as as crianças p o ­ d e rã o nos a ju d a r a re d e sco b rir e a re in c o rp o ra r em nossa tra d iç ã o e u c a ­ rística a d im e n s ã o fe stiva da C eia, a a le g ria p ro lé p tic a do R eino q u e nela se expressa e a re la çã o q u e existe e n tre c re r e c e le b ra r. Parece qu e o Se­ nhor de fa to , "o c u lto u essas cousas aos sábios e e n te n d id o s e as re v e lo u aos p e q u e n in o s ” (M t 11.25).

Tese 7: Há sinais e v id e n te s de que a fo rm a c o n v e n c io n a l de c e le b ra çã o

da Ceia na IECLB não dá o p o rtu n id a d e a qu e os laços fa m ilia re s ch e ­ g uem a se expressar em toda sua p le n itu d e . Estamos d e ix a n d o para trás os tem pos em que os hom ens e m u lh e re s p a rtic ip a v a m s e p a ra d a m e n te da C eia. Está a u m e n ta n d o o n ú m e ro de casais q u e c o m u n g a m juntos. Precisamos de sco b rir a in d a a riq u e za da co m u n h ã o fa m ilia r q u e se e x ­ pressa no ato da fa m ília toda se re u n ir em to rn o da mesa do Senhor, sem d is c rim in a ç ã o dos seus m em bros m enores.

Tese 8: R e fle tir sobre a c o n v e n iê n c ia da p a rtic ip a ç ã o de crianças na San­

ta C eia im p lic a em re fle tir ta m b é m sobre as razões h is tó ric a s que le v a ­ ram os re fo rm a d o re s a ro m p e r com a p rá tica eucarística da época. Um a das p reocupa ções de Lutero fo i a de im p e d ir qu e a lg u é m participasse da C eia sem c o m p re e n d e r o seu re a l s ig n ific a d o . Eis p o rq u e se in tro d u z iu a catequese e p o s te rio rm e n te a C o n firm a ç ã o para assegurar um a p a rtic i­ pação m ais consciente e em fé da Eucaristia. A p re o cu p a çã o por um a p a rtic ip a ç ã o consciente e em fé da C eia a in d a h o je ju s tific a d a m e n te está presente nas ig re ja s lu te ra n a s e precisa ser le v a d a a sério.

Tese 9: A p re o cu p a çã o le g ítim a dos re fo rm a d o re s não fo i re s o lv id a a

c o n te n to através da in s titu c io n a liz a ç ã o da C o n firm a ç ã o e da v in c u la ç ã o fo rm a l e n tre a m esm a e a p rim e ira p a rtic ip a ç ã o na Santa C eia. Para m u i­ tos a dolesce ntes as circunstâncias q u e e n v o lv e m a sua p rim e ira p a rtic i­

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pação na C eia são antes de natu re za tra u m á tic a do qu e um e stím u lo p a ­ ra um a p a rtic ip a ç ã o e sp o n tâ n e a e s ig n ific a tiv a no fu tu ro . O a u to m a tis m o e a quase o b rig a to rie d a d e de p a rtic ip a re m da Santa C eia re su lta n te de um a pressão e x te rn a dos fa m ilia re s , dos d e m a is c o n firm a n d o s e, po r v e ­ zes, até m esm o d o (a ) p ró p rio (a ) pastor(a) cria m um a a tm o sfe ra in co m ­ p a tív e l com o e sp írito da Eucaristia. Juntem -se a isso os a tro p e lo s q u e e n ­ v o lv e m esse m o m e n to (a g ita ç ã o em to rn o da festa, da ro u p a a d e q u a d a , dos co n vid a d o s, das fo to g ra fia s ) e nós te re m o s um c o n ju n to de in g re ­ d ie n te s qu e to rn a m a C o n firm a ç ã o e a p rim e ira p a rtic ip a ç ã o na Santa Ceia antes um m o tiv o de p reocupa ções e um a questão de fo rm a lid a d e do q u e um a o p o rtu n id a d e de c o m u n h ã o e s p iritu a l e fa m ilia r m arcantes para o a d o le sce n te .

Tese 10: A co n o ta çã o de rito d e p a ssa g e m para a a d o le scê n cia qu e o ato

da C o n firm a ç ã o a d q u iriu ao lo n g o de nossa tra d iç ã o e cle sia l não fa v o re ­ ce um a co m p re e n sã o e um a ce le b ra ç ã o a d e q u a d a s da Santa C eia nesse contexto. Este fa to a lia d o aos m e n c io n a d o s na tese a n te rio r to rn a m a vin - cu la çã o a u to m á tic a e n tre C o n firm a ç ã o e a p rim e ira p a rtic ip a ç ã o na San­ ta C eia, em m uitos casos, p ro b le m á tic a .

Tese 11: A C o n firm a ç ã o e tu d o o q u e a e n v o lv e to rn o u -se um a c o n te c i­

m e n to por d e m a is fo rm a l e in a p ro p ria d o para se co n s titu ir num sinal que e v id e n c ie se um a d o le sce n te está ou n ã o h a b ilita d o a p a rtic ip a r respon­ s a v e lm e n te da Santa C eia.

Tese 12: A c e le b ra ç ã o de um ou m ais cultos com S anta C eia com os c o n ­ firm a n d o s e seus pais e fa m ilia re s já d u ra n te a ú ltim a e ta p a d o Ensino Con-

firm a tó rio se m ostrou, em a lg u m a s ig re ja s irm ãs o n d e essa p rá tic a fo i in tro d u z id a , com o um e v e n to m u ito p o sitivo . A c e le b ra ç ã o eucarística nessa o p o rtu n id a d e pod e fa v o re c e r um s a lu ta r d iá lo g o com e e n tre co n ­ firm a n d o s e seus fa m ilia re s sobre o s ig n ific a d o da Santa C eia. A co m ­ p reensão e o interesse p e lo assunto p ode a u m e n ta r s e n sive lm e n te q u a n ­ do se c o m b in a o estudo te ó ric o da te m á tic a com a c e le b ra ç ã o p rá tica da C eia m e d ia n te o acesso dos c o n firm a n d o s à m esm a. Isso c o n trib u irá para qu e se a liv ie a so b re ca rg a qu e p a ira sobre a c e le b ra ç ã o da Santa C eia por ocasião da C o n firm a ç ã o .

Tese 13: U m a ig re ja q u e b a tiza in fa n te s, qu e insiste em e s tim u la r a e d u ­

cação cristã de crianças no lar e na ig re ja (culto in fa n til, escola d o m in i­ cal, p a rtic ip a ç ã o em cultos n o rm a is, p u b lic a ç ã o de lite ra tu ra e sp e cífica )

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está im p lic ita m e n te a d m itin d o qu e as crianças sejam capazes de e n te n ­

d e r o E va n g e lh o à sua m a n e ira . C onstitui-se num contrasenso se e la in ­

siste, a o m esm o te m p o , na p rá tic a da adm issão à Santa C eia de a co rd o com o c rité rio do a tin g im e n to de um a certa id a d e , no caso, de 13 ou 14 anos. N ão há razões p lausíveis capazes d e e x p lic a r p o rq u e um a pessoa som ente seja capaz de c o m p re e n d e r o q u e seja a Santa C eia em um a d e ­ te rm in a d a e ta p a de sua v id a (W õ lb e r).

Tese 14: H oje p odem os a v a lia r m e lh o r d o q u e no passado a im p o rtâ n c ia

de e x p e riê n c ia s d e fé p recoces na v id a d u m a pessoa. Essas e x p e riê n ­ cias, m esm o q u e sejam de c a rá te r in tu itiv o , p o d e m m arcar a v id a de fé de a lg u é m m ais p ro fu n d a m e n te d o qu e descobertas posteriores, a in d a q u e estas sejam m ais conscientes e m e lh o r fu n d a m e n ta d a s p e la razão.

Tese 15: A e x p e riê n c ia v iv id a na in fâ n c ia é o hum us o rig in a l de to d o sa­

ber (C. B off). N ih il in in te lle c tu q u o d p riu s non f u e r it in se n s ib u s , a firm a ­ vam os escolásticos (" n ã o há nada no in te le c to q u e antes não te n h a esta­ do nos s e n tid o s "). Isso s ig n ific a q u e o c o n h e c im e n to m ais a p ro fu n d a d o e ra c io n a l, ta m b é m das questões d e fé , costum a passar p e la p e rce p çã o in ­ tu itiv a e sensorial. E xiste m e s tá g io s da fé .

A Santa C eia, p e la riq u e z a de sua s im b o lo g ia e p e lo fa to d e e n ­ v o lv e r diversos sentidos s im u lta n e a m e n te , se a p re se n ta co m o um in stru ­ m e n to bem m ais e fic a z de p re g a ç ã o do E vangelh o para o e stá g io de fé d u m a criança do q u e a sim ples p a la v ra o ra l. P rivá-la dessa e x p e riê n c ia s ig n ific a d esprezar um a o p o rtu n id a d e ím p a r de p re g a ç ã o do E vangelho às crianças.

Tese 16: A d m itir crianças a o cu lto e à Santa C eia s ig n ific a e m p e n h a r-se

em e la b o ra r um a litu r g ia e u c a rís tic a q u e re s p e ite a c ria n ç a . Torna-se necessário e n c o n tra r fo rm a s litú rg ica s cria tiva s qu e e x p lo re m a riq u e za de sím bolos e fig u ra s co n tid a s na C eia. Cantos, gestos e m o v im e n to s se­ rã o in g re d ie n te s ig u a lm e n te indispen sáveis. S im p le sm e n te a d m itir c ria n ­ ças às cele b ra çõ e s c o n v e n c io n a is sem qu e estas fossem m e lh o r d ire c io ­ nadas para crianças não re p re s e n ta ria n e n h u m ava n ço . Os cultos e as ce­ lebrações eucarísticas a b e rto s às crianças p o d e ria m ter o ca rá te r de c u l­ tos de fa m ília .

Tese 17: Os cultos de fa m ília com ce le b ra ç ã o da Santa C eia a b e rta a

crianças nã o têm o in tu ito de a c a b a r com os cultos n o rm a is v o lta d o s es­ p e c ific a m e n te aos ad u lto s. Eles serão um a m o d a lid a d e de c u lto ao la d o

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de outras m o d a lid a d e s co n h e cid a s e p ra tica d a s na ig re ja . Tais cultos se­ ria m c e le b ra d o s em espaços de te m p o qu e a p ró p ria c o m u n id a d e , suas lid e ra n ça s e o (a ) pastor(a) ju lg a re m c o n v e n ie n te , re sp e ita d a a sua situ a ­ ção e sp e cífica . Os cultos e as ce le b ra çõ e s eucarísticas ab e rto s às crianças ta m b é m não visam a ca b a r com o cu lto in fa n til/e s c o la d o m in ic a l q u e é um a in ic ia tiv a já consagrad a em m uitas co m u n id a d e s. Eles visam tão so­ m ente a b rir um espaço a m ais para a cria n ça , ou seja, a o p o rtu n id a d e de c e le b ra r o cu lto e o sacram ento em c o m p a n h ia dos seus pais.

Tese 18: O fa to de se a d m itir e e s tim u la r a p a rtic ip a ç ã o in d is c rim in a d a

de crianças em tais cultos de fa m ília não s ig n ific a q u e se d e va d a r acesso in d is c rim in a d o de c ria n ça s d e q u a lq u e r id a d e à Santa C eia. Esta d e v e ria p e rm a n e c e r restrita às crianças qu e te n h a m m a n ife s ta d o o de se jo de fa z ê -lo e qu e d e m o n stre m ter um a certa co m p re e n sã o d o qu e estão fa ­ zendo. Trata-se de crianças com as q uais já se d ia lo g o u a re sp e ito da Santa C eia, seja na fa m ília , seja no c u lto in fa n til ou em encontros espe­ c ia lm e n te o rg a n iz a d o s p e la c o m u n id a d e com o p ro p ó sito de d ia lo g a r com os p a is /re s p o n s á v e is e com as crianças a re sp e ito do assunto. A id a ­ de de 7 anos p o d e ria ser um a m arco re fe re n c ia l ú til, ta n to d o p o n to de vista p s ic o -p e d a g ó g ic o , com o ta m b é m p e la e x p e riê n c ia q u e ig re ja s ir­ mãs já têm fe ito com a questão.

Tese 19: A c o m u n id a d e qu e p re te n d e in tro d u z ir a p rá tica de a d m itir

crianças à Santa Ceia precisa ser cautelosa no tra to da questão. Precisa- se ter consciência de q u e isso fe re um a tra d iç ã o p ro fu n d a m e n te a rra ig a ­ da na ig re ja . H averá pessoas qu e v e rã o na adm issão de crianças um a b a g a te liz a ç ã o do s ig n ific a d o da Santa C eia. H averá, por o u tro lado, c o m p re e n sã o po r p a rte de outras, qu e há te m p o sentem um a espécie de co n s tra n g im e n to cada vez qu e vê e m seus filh o s sendo e xclu íd o s da Euca­ ristia. A q uestão e x ig e m u ito d iá lo g o . N ão é re c o m e n d á v e l a d m itir c ria n ­ ças à C eia sem o co n s e n tim e n to p ré v io ou m esm o à re v e lia dos p a is /re sp o n sá ve is. Só na m e d id a em qu e as resistências fo re m sendo vencidas é q u e surgirá um c lim a p ro p íc io para um d iá lo g o sa lu ta r e n tre pais e filh o s sobre o assunto.

Tese 20: A adm issão de crianças à Santa C eia é um te m a de g ra n d e r e le ­ v â n c ia e c u m ê n ic a . A Ig re ja O rto d o xa sem pre a d m itiu crianças, m esm o

as bem peque nas, à C eia d o Senhor. A Ig re ja C a tó lica A p o s tó lic a Rom a­ na têm e x p e riê n c ia secular com a c h a m a d a P rim eira C o m u n h ã o , a tu a l­ m e n te o fe re c id a a crianças com id a d e em to rn o de 7 a 9 anos. Igrejas protestantes da Europa e Estados U nidos estão c o lh e n d o e x p e riê n c ia s

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en-riq u e ce d o ra s nessa á re a há m ais de 20 anos. As ig re ja s de tra d iç ã o batis­ ta, por o u tro la d o , têm um a posição d ife re n te a re sp e ito do assunto. Em to d o o caso, será im possível re fle tir sobre a q uestão da p a rtic ip a ç ã o de crianças na Eucaristia fo ra da perspectiva e cu m ê n ica .

O b s e r v a ç ã o f i n a l :

C o n sid e ra n d o a re le v â n c ia do assunto em p a u ta , seria o p o rtu n o q u e , por re co m e n d a ç ã o do C onselho D iretor ou das Com issões T e o ló g i­ cas R egionais, e le fosse a m p la m e n te d is cu tid o nas c o m u n id a d e s e d is tri­ tos da IECLB.

As teses a q u i expostas não p re te n d e m ser m ais do q u e um a p ri­ m e ira a p ro x im a ç ã o ao assunto e visam fo m e n ta r o d e b a te e a re fle x ã o sobre á questão.

B ib lio g r a f ia

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Referências

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