CFA 08 – Deontologia Policial Pena de aposentação compulsiva
Caso n.º 7
Que, por despacho de (data) Sua Excelência o Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna aplicou a pena de APOSENTAÇÃO COMPULSIVA, ao Agente M/XXXXX (F), do Efectivo do Comando (Y)da PSP, por no processo disciplinar (n.º do processo), se ter provado que cometeu a seguinte infracção:
1º
"No dia (data), no período compreendido entre as 13H00 e as 19H00, o arguido, afecto à Esquadra Específica de Trânsito, foi incumbido, pelo Comandante daquela Esquadra, de efectuar “bloqueamentos” (com aparelho próprio para o efeito) das rodas das viaturas que estivessem estacionadas em locais onde fosse proibido fazê-lo, na área da referida Esquadra.
2º
Assim, devidamente uniformizado e no exercício das suas funções, no mencionado dia, a hora não concretamente apurada, o arguido bloqueou (com o referido aparelho), pelo menos duas viaturas que, junto do
Hotel (nome do hotel), sito nesta cidade, estavam estacionadas em local em que era proibido fazê-lo.
3º
Uma das viaturas tinha a matrícula AA-BB-CC pertencia a (F1), a outra era um “Fiat Punto”, de dois lugares (“comercial”) pertencente a (F2).
4º
Ao chegarem junto das suas viaturas, vendo-as bloqueadas, tanto (F1) como (F2) manifestaram o seu desagrado com a situação.
5º
Nessa altura, o arguido (que ainda ali se encontrava) aproximou-se e disse, dirigindo-se a (F1): “O que eu lhe posso fazer é o seguinte: paga-me os trinta euros e eu desbloqueio a viatura”.
6º
Relativamente a (F2), o arguido disse-lhe: “são trinta euros para desbloquear o carro”.
7º
Face à forma peremptória como o arguido fez as mencionadas afirmações, ao facto de, em ambos os casos, ter pedido a mesma quantia, ainda ao facto de relativamente a (F1) ter referido “os trinta euros” e relativamente a (F2) ter dito: “são trinta euros para desbloquear o carro”, tanto (F1) como (F2) pensaram que
aquele era o procedimento habitual e correcto, em circunstâncias semelhantes (tanto mais que o sistema de
“bloqueamento das rodas”, das viaturas estacionadas em locais proibidos, tinha sido implementado, nesta cidade, há pouco tempo).
8º
Assim, induzidas em erro pelo arguido, tanto (F1) como (F2), entregaram trinta euros ao arguido, (num total de sessenta euros), não suspeitando que este fosse ficar com o dinheiro para si.
9º
De facto, verificou-se que o arguido não deu conhecimento, na Esquadra Especifica de Trânsito, que tinha efectuado os mencionados “bloqueamentos”, não tendo também entregue, na referida Esquadra, os sessenta euros que recebera e que, assim, guardou para si, alcançando um beneficio patrimonial a que sabia não ter direito.
10º
Deste modo, o arguido, devidamente uniformizado e no exercício das suas funções, recebeu para si, mediante indução em erro de (F1) e (F2), sessenta euros, benefício patrimonial a que sabia não ter direito.
11º
Por estes factos foi o arguido julgado e condenado em (data), pela prática de um crime de concussão, previsto e punido pelo artigo 379º, n.º 1, do Código Penal, na pena de 90 dias de multa, à razão diária de 5 euros, no total de 450 euros de multa, taxa de justiça pelo mínimo, ¼ de procuradoria e 1% da taxa de justiça aplicável a favor do CGT, nos termos do artigo 13º, n.º 3, do Decreto Lei n.º 423/91, de 30 de Outubro, por Sentença proferida nos autos de Processo Sumário n.º XPTO, pelo Tribunal Judicial de (localidade) e Juízo - , transitada em julgado em (data).
12º
A falta cometida constitui infracção ao Principio Fundamental previsto no artigo 6º (conjugado com o artigo 379º, n.º 1, do Código Penal) e o dever de Isenção, estipulado no artigo 8º nºs 1 e 2, alínea b), o dever de Zelo, consignado no artigo 9º, nºs 1 e 2, alínea g), e o dever de Aprumo, previsto no artigo 16º, nºs 1 e 2, alíneas f) e m), todos do RD/PSP.
13º
Não beneficia de nenhuma das circunstâncias dirimentes previstas no artigo 51º, tendo a seu favor as circunstâncias atenuantes previstas nas alíneas b) g) e h), do n.º 1 do artigo 52º, e contra si as circunstâncias
agravantes previstas nas alíneas d) e f) do n.º 1 do artigo 53º, todos do mesmo Regulamento Disciplinar.
14º
À infracção cometida, que inviabiliza a manutenção da relação funcional, corresponde uma das penas de aposentação compulsiva ou de demissão, previstas no artigo 25º, n.º 1, alíneas f) e g), nos termos do artigo 47º, n.º 1, daquele RD/PSP”.