• Nenhum resultado encontrado

PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL"

Copied!
123
0
0

Texto

(1)

PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SERVIÇO SOCIAL

UNIASSELVI-PÓS

Autoria: Ma. Silvana Braz Wegrzynovski

Indaial - 2021 1ª Edição

(2)

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:

Carlos Fabiano Fistarol

Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jairo Martins

Jóice Gadotti Consatti Marcio Kisner

Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

W412p

Wegrzynovski, Silvana Braz

Planejamento e gestão em serviço social. / Silvana Braz Wegrzynovski.

– Indaial: UNIASSELVI, 2021.

123 p.; il.

ISBN 978-65-5646-197-7 ISBN Digital 978-65-5646-198-4

1. Projetos sociais. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vin- ci.

(3)

Sumário

APRESENTAÇÃO ...5

CAPÍTULO 1

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade

Contemporânea ... 7

CAPÍTULO 2

Planejamento Estratégico como Ferramenta da

Gestão Social e Novas Competências do Serviço Social ... 45

CAPÍTULO 3

A Avaliação do Serviço Social na Metodologia de

Gestão Social... 81

(4)
(5)

APRESENTAÇÃO

Caro pós-graduando, quando falamos em gestão dos serviços sociais, devemos compreender que estamos nos referindo a um conjunto de instrumentos que irão formular, organizar, financiar, gerenciar, executar, monitorar e avaliar as ações desenvolvidas nos âmbitos das políticas públicas, como na educação, na saúde, na assistência social, no sistema prisional, lazer, cultura, juventude, idoso e tantas outras que buscam a solidificação dos direitos humanos.

Esta área da gestão social, após a Reforma do Estado, teve um avanço significativo e acelerado por meio da promulgação e democratização da Constituição Federal de 1988.

O conceito de gestão social surgiu neste momento em que a sociedade estava passado por uma reforma de seus direitos, por meio de um debate sobre as novas maneiras de gestões das políticas públicas e de atendimento para essas demandas, em que deveriam envolver a participação popular nos mecanismos utilizados para desenvolver, em todas as etapas, os programas e projetos visando à efetividade dos resultados prestados à sociedade.

Na atual conjuntura, o termo gestão social é considerado um elo de vinculação de diversos níveis de contextos sociais, sendo diferentes comunidades, localidades, grupos, cidades e até mesmo as regiões metropolitanas, visando ao ambiente e realidade locais e globais, e considerando a diversidade cultural, econômica, política e outras afins.

O objetivo desta disciplina é contribuir para a meditação sobre os diferentes aspectos que envolvam as demandas da gestão social, em especial, atribuídas aos serviços sociais prestados à população, podendo ser citado, como exemplo, quais foram os impactos macroeconômicos causados pela Reforma do Estado no gerenciamento das políticas públicas, além de facilitar o entendimento de todos os processos que foram inovados nas demandas de gestão dos serviços sociais, e diagnosticar o papel do gestor perante essa nova atribuição.

Este livro didático está dividido em três capítulos, sendo assim estruturado:

O capítulo 1, O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea, vai fundamentar a importância da profissão como gestor das políticas sociais por meio da fundamentação teórica metodológica e avaliar os processos profissionais diante da Reforma do Estado.

O Capítulo 2, Planejamento Estratégico como Ferramenta da Gestão Social e Novas Competências do Serviço Social, foca o planejamento das políticas

(6)

sociais, suas determinações conceituais de plano, programas e projetos sociais, conceitua também planejamento estratégico como forma de planificar as ações a serem desenvolvidas com a participação popular neste processo.

O Capítulo 3, A Avaliação do Serviço Social na Metodologia de Gestão Social, realiza um resgate do processo histórico e teórico-metodológico no campo da avaliação na gestão social, visando a uma avaliação de políticas, programas e projetos sociais perante a atuação do profissional de Serviço Social, além de apresentar os indicadores utilizados para monitoramento e avaliação de políticas, programas e projetos sociais e quais os aspectos para análise e avaliação das políticas sociais.

Bons estudos!

Professora Ma. Silvana Braz Wegrzynovski.

(7)

C APÍTULO 1

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

• detalhar os impactos sociais e macroeconômicos das reformas do Estado e os reflexos sobre as políticas públicas;

• apresentar os processos de gestão pública nas políticas sociais;

• analisar as configurações colocadas mediante a Reforma do Estado que dizem respeito às políticas sociais em todos os segmentos da sociedade;

• discutir formas de atuação do Serviço Social na administração dos programas e projetos sociais.

(8)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

(9)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O presente capítulo consiste em apresentar uma reflexão crítica das atuais tendências da gestão social no âmbito das políticas sociais, levando em consideração o despeito que houve com a dispersão e generalização, na década de 1990, com o uso da expressão gestão social no país, através de uma visão multidisciplinar, em que esta passou a ser mecanismo de intervenção profissional do Serviço Social desde a gênese profissional durante a década de 1930, porém com formas de abordagens diferentes e de projetos societários contrários.

Sobre essa abordagem, Silva (2013, p. 33-34) cita o seguinte:

a) o conservadorismo católico sob a pretensa equidistância entre o liberalismo e o socialismo;

b) a consolidação da sociedade burguesa em diferentes estágios (o “espírito social” do empresariado das primeiras décadas do século XX, o controle social estado visa, o desenvolvimentismo, a modernização conservadora da ditadura militar, a reforma e a contra-reforma da década de 1980, o projeto neoliberal);

c) e a perspectiva de questionamento e ruptura com os modos dominantes de pensar a sociedade e suas influências na área profissional, buscando alternativas no âmbito de um projeto societário escorado em valores democráticos de horizonte socialista.

Um dos aspectos importantes a ser considerado para o Serviço Social, entre o período de 1930 e 1999, é a Reforma do Estado, considerado um marco nas mudanças que ocorreram paras as políticas públicas sociais.

As mudanças que ocorreram, refletiram diretamente na relação entre o Estado e a sociedade, na participação da população, nas relações internas de poder entre as classes sociais, atingindo a ação do profissional nas suas atividades diárias em sua atuação nas áreas sociais. Neste capítulo, será apresentada a redução da função do Estado diante das demandas sociais e quais são suas atribuições perante as desigualdades sociais.

A Reforma do Estado é caracterizada, acima de tudo, pela delimitação do Estado, administrativamente, e pelas suas responsabilidades, as quais acabam sendo expressas na diminuição da sua função e domínio institucional e na redução do seu papel diante da sociedade.

Desde então, a atuação do Estado mediante as políticas sociais é cada vez mais reduzida, porém abrem-se espaços para intervenções da iniciativa privada ou

(10)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

das organizações sociais sem fins lucrativos, levando a uma desresponsabilização do Estado diante das políticas sociais.

Esta ação estratégica do Estado é fundamentada nos ideários liberais e neoliberais, ou seja, o Estado transfere suas responsabilidades com as questões sociais para as organizações privadas.

Os impactos das reformas administrativas sobre as políticas públicas sociais se torna interesse de todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente no campo das políticas sociais, em especial, os que estão na linha da gestão social dessas políticas.

Na sociedade contemporânea, a gestão social vem ocupando um papel de reprodução da vida social em todas as esferas da sociedade e respondendo às cobranças da esfera da produção do atual sistema econômico; considerando como foco a fornecimento de bens e serviços, destacando o equacionamento da maioria das demandas sociais e, consequentemente, opõe-se à lógica mercantil.

A gestão social é vista sob uma perspectiva de encontrar alternativas para a solidificação de uma sociedade igualitária e justa e a garantia dos direitos sociais.

Este capítulo tem a pretensão de mostrar quais são as linhas constitutivas e também quais são as tendências que a gestão social contemporânea intervém, buscando fundamentar o debate e as decisões que formulam as políticas públicas brasileira no contexto social.

Nesse sentido, o capítulo busca apresentar argumentos quanto à gestão social em relação ao serviço social como profissão no contexto das transformações societárias.

2 O SERVIÇO SOCIAL E GESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE

CONTEMPORÂNEA

Os diversos impactos das reformas administrativas no âmbito das questões sociais é foco de estudo de todos os profissionais que atuam diretamente A gestão social

é vista sob uma perspectiva de encontrar alternativas para a solidificação de uma sociedade igualitária e justa e a garantia dos direitos sociais.

(11)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

vasto conjunto de saberes e práticas profissionais, tornando um amplo campo de atuação profissional nas questões sociais emergentes na nossa sociedade, conforme discutiremos a seguir.

2.1 SERVIÇO SOCIAL: OS IMPACTOS SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DIANTE DAS REFORMAS DO ESTADO BRASILEIRO

Os precedentes históricos que apoiavam a ideologia neoliberal e sua erradicação no mundo, em especial na América Latina e no Brasil, são fundamentados em um exemplo de desenvolvimento econômico, onde predomina o fortalecimento do mercado através de um mercado livre e forte que abandona a influência do estado na economia, fortalecendo, no final da década de 1970, um cenário de recessão da economia.

Com esse cenário se apresentam muitos elementos da Reforma do Estado, em que esta precisava criar mecanismos e arranjos que conseguissem dar respostas ao novo modelo econômico, através de ações eficientes, eficazes e efetivas.

O modelo neoliberal se fortaleceu mundialmente no governo de Margaret Thatcher (1979 a 1990), na Inglaterra, e de Ronald Reagan (1981 a 1989), nos EUA, tendo uma maior adesão nos países que tinham seus fundamentos no modelo do Estado do Bem-estar Social.

De acordo com Oliveira (1998, p. 19-20), Welfare State:

[...] pode ser sintetizado na sistematização de uma esfera pública, onde a partir de regras universais e pactuadas, o fundo público em suas diversas formas, passou ao pressuposto do financiamento da acumulação do capital, de um lado, e do outro, o financiamento da reprodução da força de trabalho, atingindo globalmente toda população por meio de gastos sociais.

A sugestão neoliberal trazia promessas de liberdade econômica como também de prosperidade financeira, mesmo sendo contrárias às formas nacionalistas e desenvolvimentistas de governar.

(12)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

O “MILAGRE ECONÔMICO”

A década 1970 marca o início do período do chamado “milagre econômico brasileiro”. Empréstimos e investimentos estrangeiros alavancam o processo de desenvolvimento.

Novos empregos e inflação baixa trazem euforia à classe média e ao empresariado. Ao mesmo tempo, vive-se o auge da repressão, com censura à imprensa e violência contra a oposição.

É o momento da linha-dura no poder, que tem no presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, seu grande representante.

Em seu governo, a inflação anual ficou abaixo dos 20 por cento e o crescimento do PIB em 1970 foi de 10,4 por cento, chegando a 14 por cento em 1974.

A ênfase da presença do Estado na economia alinhava-se ao projeto Brasil Potência, que o governo militar vislumbrava para o país. Iniciativas econômicas grandiosas, somadas a uma propaganda competente, culminaram no governo Médici com o chamado “Milagre Econômico” (1968 a 1973). Seu principal artífice foi o economista Antônio Delfim Netto, que já tinha sido ministro da Fazenda no Governo Costa e Silva.

A crise internacional do petróleo, em 1973, levou a economia mundial a uma retração. O Brasil não seguiu essa orientação. Optou por manter sua política de crescimento. O presidente Ernesto Geisel também incentivou os megaprojetos, sobretudo no setor hidrelétrico.

Em 1975, assinou com a Alemanha um acordo nuclear de US$ 10 bilhões para instalar oito usinas atômicas no Brasil.

No começo da década de 1980, através da marca de instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional – FMI – e do Banco Mundial, os prazos de pagamento das dívidas externas que foram contraídas devido à crise fiscal e econômica acabaram sendo dilatados, e os países da América Latina, no caso, o Brasil, também tiveram que se adequar ao novo modelo econômico que estava sendo implementado.

(13)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

defeituosa. Além disso, em nada interessava, externamente, que o Brasil avançasse na área nuclear.

A decadência do regime militar esteve associada à crise econômica e à má administração dos governos Médici, Geisel e Figueiredo. A oposição ao sistema criticava a intervenção e as imposições ditadas pelo FMI. Depois disso, o alvo das oposições foi o imperialismo norte-americano – representado pelo governo e pelo empresariado.

As multinacionais eram acusadas de ser o escoadouro das riquezas do Brasil. As auditorias do FMI nas contas do país eram uma dura interferência na soberania nacional.

A transição para a democracia, com o governo José Sarney (1985 a 1990), em um período de caos econômico, antes de mais nada teve de recuperar a confiança nacional e internacional.

FONTE: Adaptado de <https://www.algosobre.com.br/historia/milagre- economico-o.html>. Acesso em: 15 maio 2020.

O ano de 1989 foi marcado, no Brasil, como sendo um ano da retomada de sonhos, onde se poderia construir um país democrático e com menos desigualdades sociais, pois a ditadura tinha acabado fazia quatro anos, com o término do último governo com um “presidente general”, este em seus discursos dizia “que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de gente”.

O ano de 1989 foi um ano marcado mundialmente por diversos acontecimentos que mudaram a conjuntura da época, e que refletem até hoje, como:

• a queda do Muro de Berlim;

• a morte de três mil pessoas na Praça Celestial da Paz, em Pequim;

• o Prêmio Nobel da Paz concebido ao Dalai Lama.

No início da década de 1990, o Brasil enfrentava alguns desafios e contradições que estavam centralizadas num modelo de regime à alta inflação e de incertezas referentes às condutas políticas diante do modelo econômico.

Nesse sentido, buscou-se uma maneira de igualar a situação econômica, consequentemente, abriu-se espaço para um novo modelo de acumulação de

(14)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

capital, a financeira. Perante esta conjuntura, o país passa a ser envolvido em uma nova etapa do capitalismo mundial.

Diante das novas formas e concepções de como gerenciar um Estado e qual é seu papel diante dessa nova realidade que foi imposta, a percepção de mundo vencedora derrubou as antigas bases políticas que compõem as áreas governamentais. Mediante um novo paradigma econômico, este se infiltrou com intensidade em todas as áreas das políticas e gerências públicas, em que foi possível apenas se adaptar à nova realidade.

Através do reflexo das reformas que foram aplicadas ao setor econômico, será fundamentado como a ideologia neoliberal, e quais foram as razões desta se instalar no Brasil e na América Latina, ressaltando suas implicações diante das políticas sociais nos governos dos anos de 1990, enfatizando os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Este subtópico tem como objetivo apresentar a conformação do Neoliberalismo com a Reforma do Estado, enfatizando a participação dos segmentos não públicos nas demandas sociais.

De acordo com Boito Jr. (1999, p. 77), “a pobreza não é um dado natural com o qual se deparam os governos neoliberais; ela é produzida pela própria política econômica neoliberal, que reduz o emprego e os salários e reconcentra a renda”.

A América Latina foi considera como a terceira civilização a ser cenário das experiências neoliberais. Para adaptar a ideologia na América Latina, alguns ideólogos defendem que o modelo de governo utilizado é de ideologias nacionalistas e desenvolvimentistas.

Mesmo após ocorrer um imenso processo de privatização em massa, em especial nos países europeus, o continente latino-americano foi o primeiro a experimentar o modelo neoliberal sistemático do mundo. O Chile, apesar dos governos ditatoriais de Pinochet, foi o primeiro país a aderir, de maneira rigorosa, ao neoliberalismo.

A entrada do modelo neoliberal nesses países aconteceu através da renegociação das dívidas externas, pois estes foram obrigados a colocar em prática um ajuste fiscal a fim de quitar as dívidas com os países credores, ocorreu uma grande inserção financeira para os países que aderiram a este modelo.

As instituições financeiras multilaterais, como FMI – Fundo Monetário

(15)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

conjuntura, pois colocaram à disposição empréstimos com um prazo maior para o pagamento das dívidas, e os países acabaram cedendo às prescrições.

No Brasil, as políticas neoliberais foram criadas a partir do governo Collor. Somente a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso, e com o desenvolvimento do Plano Real, suas metas e diretrizes foram impostas ao Estado.

De acordo com Fiori (1997, p. 14), “FHC é que foi concebido para viabilizar no Brasil a coalizão de poder capaz de dar sustentação e permanência ao programa de estabilização do FMI, e viabilidade política ao que falta ser feito das reformas preconizadas pelo Banco Mundial”.

O modelo neoliberal e sua lógica foram aderidos, no Brasil, de maneira mais retardatária. A partir desse chamado “atraso” consegue-se apresentar um fator de grande importância na maneira de adiar a chegada do modelo neoliberal no país.

Para Filgueiras (2000), o aumento da frente política de oposição ao regime militar no momento final da crise desse regime, dos acordos para a eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney, estreitou as probabilidades da política econômica, como também a crescente mobilização social durante os anos 1970 e 1980 através da representação no Novo Sindicalismo, no Movimento dos Sem Terra e, em seguida, o Partido dos Trabalhadores, que fizeram oposição para que o projeto neoliberal não fosse implementado no Brasil, como foi na Argentina e no Chile.

No ano de 1989, o povo brasileiro, após muitos anos, voltou às urnas para eleger, por meio do voto direto, o presidente e o vice- presidente da República.

Nesse período da eleição, o povo brasileiro estava com um sentimento de frustação em relação ao governo Sarney, pois este havia fracassado em suas promessas repetidamente proclamadas, como o controle da inflação, a retomada do crescimento econômico e a distribuição de renda, a resolução da dívida externa.

Através de uma disputa bem acirrada, o candidato pelo Partido de Renovação Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello, o qual era desconhecido, teve sua imagem construída pelas grandes mídias e tendo o apoio eleitor destas, infiltrando-se em todos os setores mais elevados do capitalismo no país.

Para Brum (2002), o fracasso do plano econômico Brasil Novo 2 (Plano Collor) foi derrota da mudança econômica a qual era fundamentada no

No ano de 1989, o povo brasileiro, após muitos anos,

voltou às urnas para eleger, por meio do voto direto,

o presidente e o vice-presidente da

República.

(16)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Afinal, qual era a ideia?

Fernando Henrique Cardoso tinha como fundamentação a tese de uma “liberalização” dos cadeados corporativos que impediam o nascimento de um segmento de empresários mais dinâmicos. O sucesso da sua estratégia econômica, o Plano Real, o fez vencer as eleições em 1994, dando andamento aos seus projetos.

O Plano Real contava com uma série de medidas que objetivava a estabilização monetária e o fim de um regime de hiperinflação.

O foco desse plano era o ajustamento das economias periféricas, que estavam sob chancelas de órgãos internacionais como o FMI e Banco Mundial (FIORI, 1997).

A estratégia adotada por Fernando Henrique Cardoso tinha pensamento neoliberal e tinha como foco uma reorganização do desenvolvimento e do crescimento do Brasil, como também uma redefinição do papel do Estado.

Ou seja, tratava-se de pensamentos e ideias divulgadas por grande parte dos políticos e da burguesia em relação às necessidades do país com um “choque de capitalismo”.

O Plano Collor foi caracterizado por ser um programa de estabilização articulado a um projeto de mudanças estruturais, de longo prazo.

Como seu plano econômico não teve o desempenho esperado, em que a alta inflação foi mantida, Collor teve seu nome ligado a um processo de corrupção, em que o levou a ser retirado do cargo de presidente e, consequentemente, postergando a impetração do modelo neoliberal no país. Com o processo de impeachment concluído, seu vice- presidente, Itamar Franco, assumiu a presidência do país.

Itamar Franco tinha como orientação resgatar a ética na política e preparar o país para um novo plano econômico de estabilização. À frente desse projeto estava um grupo de economistas que foram comandados, na época, pelo Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.

O Plano Collor foi caracterizado por ser um programa de estabilização articulado a um projeto de mudanças estruturais, de longo

prazo.

(17)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

economia, junto à valorização das moedas nacionais, considerando uma evidência na necessidade de um ajuste fiscal; além da Reforma do Estado, em que estavam contidas as privatizações e a reforma administrativa, visando à desregulamentação dos mercados e liberalização comercial e financeira.

Sugerimos a leitura do seguinte livro: Crise do Socialismo e Ofensiva Neoliberal.

NETTO, José Paulo. Crise do Socialismo e Ofensiva Neoliberal. São Paulo: Cortez, 1993. (Coleção Questões de Nossa Época, 20).

FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41M25N81-

%2BL._SR600,315_SCLZZZZZZZ_.jpg>. Acesso em: 19 ago. 2020.

A Reforma do Estado é tema que vem sendo discutido nas agendas políticas internacionais desde as primeiras décadas dos anos 1980. A reformulação do aparelho estatal se tornou uma demanda quase que universal, como resposta à crise econômica que neutralizou econômica e politicamente os países nas últimas décadas do século XX.

Diante dessa conjuntura, formou-se um paradigma de Reforma do Estado, no qual o Brasil foi marcado por quatro grandes problemas diante desse processo de reformulação do Estado brasileiro:

Um problema econômico-político – a delimitação do tamanho do Estado; um outro também econômico-político, mas que merece tratamento especial – a redefinição do papel regulador do Estado; um econômico-administrativo – a recuperação

(18)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

da governança ou capacidade financeira e administrativa de implementar as decisões políticas tomadas pelo governo; e um político – o aumento da governabilidade ou capacidade política do governo de intermediar interesses, garantir legitimidade, e governar (BRESSER PEREIRA, 1998, p. 49-50).

As reformas do Estado no país iniciaram de forma tímida no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, inicialmente começou com algumas privatizações e muita discussão sobre os serviços públicos, que era considerado um dos principais problemas do Estado. Porém, foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que a Reforma do Estado teve ênfase como uma condição para o capital voltar ao crescimento econômico e dar continuidade à estabilização da economia brasileira.

Foi constituído o Ministério da Administração e Reforma do Estado – MARE – e era encabeçado por Luís Carlos Bresser Pereira, sendo este, o administrador de todo o processo de reformulação do Estado brasileiro.

Como uma das partes indispensáveis do processo que visava criar um novo modelo econômico baseado nos princípios neoliberais, e que foram estimulados a partir do Consenso de Washington, a reforma do Estado, de acordo com seus idealizadores, seria uma alternativa para potencializar e liberar a economia para uma nova fase de crescimento.

O Consenso de Washington trata-se de uma reunião sem caráter deliberativo que aconteceu em 1989, entre acadêmicos e políticos norte-americanos e latino-americanos com o objetivo de apresentar soluções que findassem a estagnação soberana por mais de vinte anos na América Latina.

Mesmo de formas diferentes, o alcance que houve em cada país e que estavam condicionadas às relações centro/periferia, a reforma passou por duas etapas. A primeira etapa aconteceu com a retomada ofensiva do neoliberalismo e que se estendeu até 1990.

Para Silva (2003, p. 12), “o Estado foi fortemente criticado pelo seu caráter intervencionista, exigindo-se a redução do seu ‘tamanho’

como uma condição ao livre funcionamento do mercado”.

Foi constituído o Ministério da Administração e Reforma do Estado

– MARE – e era encabeçado por Luís Carlos Bresser Pereira, sendo este, o administrador de todo o processo de reformulação do Estado brasileiro.

O Consenso de Washington trata-se de uma reunião sem caráter

deliberativo que aconteceu em 1989,

entre acadêmicos e políticos norte-

americanos e latino-americanos com o objetivo de apresentar soluções

que findassem a estagnação soberana por mais

de vinte anos na América Latina.

(19)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

mercados, das privatizações de empresas estatais. A segunda etapa foi marcada como uma provável alternativa ao fracasso das políticas neoliberais, considerando uma transformação parcial diante da situação socioeconômica.

Nesta segunda etapa houve outros objetivos, como a eficiência dos serviços públicos a ser alcançada através da otimização dos recursos humanos e financeiros, efetividade de democratização (SOUZA; CARVALHO, 1999).

Com o grande aumento da carestia oriundo de décadas e do desempenho pouco valorizado do social e do econômico, e com a orientação das políticas neoliberais de cortar investimentos com gastos públicos em determinadas políticas sociais, o problema da pobreza no Brasil se agravou mais ainda.

Nesse sentido, foi chamada a atenção para a promoção das políticas sociais, em destaque para o problema do desemprego, da pobreza e para a necessidade emergente de regulamentar o movimento do capital no país, onde alguns projetos de enfrentamento a essas demandas foram criados.

Um exemplo que pode ser estudado nesse contexto, entre política, programa e projetos é o Programa Fome Zero – que é uma proposta de Política de Segurança Alimentar para o país para enfrentar essa temática complexa, através de caminhos considerados analíticos e com ângulos diferentes em suas análises.

Ele pode ser considerado um projeto através de três aspectos: o significado político face à questão social brasileira; a gestão e as polêmicas de ordem técnica e política; e a lógica que o preside em tempos de neoliberalismo.

O Programa Fome Zero foi apresentado como uma proposta de Programa de todo o Governo Federal e que envolvia em suas ações estratégicas todos os ministérios, sendo que na época foi estruturado o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA) e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA). A proposta política do Programa Fome Zero era alinhar as políticas específicas e locais, com uma grande visibilidade pública efetiva.

Para saber mais sobre o Programa Fome Zero, acesse o site: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 12902003000100007&script=sci_arttext&tlng=pt.

(20)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Porém, esses enfretamentos não significaram uma crítica às ideias das políticas neoliberais, mas ao contrário, avaliou-se que foram insuficientes para realizar um novo ciclo de desenvolvimento socioeconômico no Brasil, sendo necessário melhorá-las.

Diante dos ideários neoliberais, um outro processo foi delimitado perante a atuação do Estado, que foi a terceirização dos setores governamentais para o setor privado, por meio de licitação pública e de contratos de serviços de apoio ou auxiliares. Um exemplo é a terceirização da merenda escolar em diversos municípios brasileiros, que antes era oferecida pelo poder público e passou a ser fornecida pela iniciativa privada.

Foi através do Programa Nacional de Publicização (PNP) que o Governo Federal passou para “o setor público não estatal”, terceiro setor, a produção e o gerenciamento de serviços considerados competitivos ou exclusivos do Estado, estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado e sociedade para seu financiamento e controle (BRASIL, 1995). Essa terceirização abrangeu também outras demandas, como os serviços de saúde (SILVA, 2003).

A Reforma do Estado, que ocorreu no governo de FHC, acabou manifestando medidas legislativas, regulatórias e ações governamentais para um novo redirecionamento estratégico da função do Estado.

O Estado deveria passar de impulsionador do desenvolvimento para impulsionador da competitividade da economia.

Porém, o que aconteceu foi a transferência do patrimônio público para o mercado privado, mudando toda a relação do Estado com o setor privado e sociedade, o Estado passou a ser um mecanismo complementar ao mercado privado. Ressaltando um aspecto essencial nesse contexto que é a política social, pois é considerada uma dimensão fundamental da efetivação da democracia nas sociedades modernas e pelo seu conceito estar interligado aos valores de equidades sociais.

No meio institucional, as políticas sociais fazem parte de um sistema de ação com uma dimensão muito complexa, que é o resultado de muitas causalidades e diferentes atores e áreas da ação social e pública, como: proteção contra riscos, combate à miséria, desenvolvimento de capacidades que possibilitem a superação das desigualdades e o exercício pleno da cidadania (IVO, 2004).

Considerando, assim, as políticas sociais como mecanismos e instrumentos O Estado deveria

passar de impulsionador do desenvolvimento para impulsionador da competitividade

da economia.

(21)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

um ser humano.

No Brasil, as políticas sociais começaram a se desenvolver a partir do século XX, durante um longo período de 80 anos, como um modelo de proteção social que foi modificado somente com a Constituição Federal de 1988.

Para Fleury e Fleury (2004), o modelo do sistema de proteção social brasileiro, que era vigente até o final da década de 1980, parecia um modelo de seguro social na área de previdência, incluindo a atenção à saúde, como um modelo assistencial para a população que não tinha vínculos trabalhistas formais.

A Constituição Federal de 1988 é considerada um marco institucional relevante por apresentar um novo modelo de seguridade social.

Neste sentido, a seguridade social procurou romper com as noções de cobertura restrita a setores que estão inseridos no mercado formal e diminuir os vínculos entre contribuições e benefícios, gerando instrumentos mais redistributivos e solidários entre contribuintes.

Os benefícios passaram a ser vistos a partir da ótica das necessidades, com fundamento nos princípios da justiça social, o que tornou compulsória a extensão da cobertura da população (FALEIROS, 2004).

Esse modelo estruturou a organização e o formato da proteção social no Brasil em busca da universalização e da consagração dos direitos sociais.

Segundo Fleury e Fleury (2004, p. 113), “A inclusão da previdência, da saúde e da assistência no âmbito da seguridade social introduziu a noção de direitos sociais universais como parte da condição de cidadania. Antes, esses direitos eram restritos à população beneficiária da previdência”.

Dessa maneira, esse novo padrão constitucional de política social se diferenciou pela universalização da cobertura e, sobretudo, pelo reconhecimento dos direitos sociais, afirmação do Estado perante as políticas sociais, submissão das ações privadas à regulação do estatal diante da função de grande importância pública das ações e serviços prestados nessas áreas.

O novo modelo de seguridade social estava submisso a dois outros componentes essenciais: a participação da sociedade e a descentralização político-administrativa.

Esse modelo estruturou a organização e o formato da proteção

social no Brasil em busca da universalização e da consagração dos

direitos sociais.

O novo modelo de seguridade social

estava submisso a dois outros componentes essenciais: a participação da

sociedade e a descentralização

político- administrativa.

(22)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Para a cientista política Sônia Draibe (2003), mesmo acontecendo o fortalecimento de algumas áreas das políticas públicas, como saúde e assistência social, o modelo do sistema de proteção que se aquiesceu no período posterior, teve as mesmas características de momentos anteriores, sendo assim, o mesmo modelo de sistema historicamente constituído desde à década de 1930, através de uma base com conceitos categorial e meritocático.

Draibe (2003) afirma ainda que essa medida se tornou uma forma foi retórica dos ideólogos neoliberalistas, quando assumiram o poder presencial na metade da década de 1990, de disseminar a ideia de que o modelo estatal era ineficiente e necessitava de algumas reformas que colocasse o país na rota do crescimento econômico e diminuiria as desigualdades sociais existentes no Brasil.

O assessor da área social, Sérgio Tiezzi, do governo de Fernando Henrique, descreve a medida anteriormente citada:

O sistema de proteção social consolidado ao longo do tempo acabou se caracterizando por um esforço de gasto relativamente elevado (cerca de 18% do PIB), grande centralização administrativa, escasso controle democrático, grandes ineficiências operacionais e por uma estrutura de benefícios com baixo conteúdo distributivo. (...) Neste sentido, era absolutamente indispensável assegurar as condições de estabilidade macroeconômica, realizar a reforma do Estado (TIEZZI, 2004, p. 49-50).

Porém, a correlação de forças políticas que na época favorecera a promulgação da Constituição de 1988 era outra. As ideias neoliberais, vindas do grupo conservador que apoiava a candidatura de Fernando Collor de Mello, ganharam força e espaço no contexto político e econômico, minando dessa forma os avanços sociais que estavam propostos pela Constituição.

Um exemplo a ser citado é o da Seguridade Social, pois foi um dos alvos privilegiados dessa ofensiva conservadora. Ao mesmo tempo que no país instituíam-se mecanismos políticos e democráticos de regulação do modelo capitalista, no campo político e econômico, em todo o mundo, esses mecanismos estavam perdendo sua validade e prestes a serem trocados pela ideologia neoliberal, visando à desregulação, flexibilização e privatização, sendo esses objetos, essências para a globalização do capital.

O início do ano de 1995 foi marcado por um governo controlado O início do ano

de 1995 foi marcado por um governo controlado

pelo grupo de centro-direita e, consequentemente,

a reforma do sistema de proteção

social passou a ser discutida

(23)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

Para Draibe (2003), mesmo em outro ambiente intelectual e valorativo, e diante às restrições fiscais que estavam junto ao programa de estabilização e as reformas pró-mercado, um novo ciclo de transformações chegou para mudar a fisionomia do sistema brasileiro.

A estratégia de desenvolvimento social do Executivo Federal, que foi apontado em 1996, visava a mudanças e que estavam estruturadas em três eixos centrais: “O reforço dos serviços básicos de caráter universal; a ênfase nos programas de trabalho, emprego e renda; o destaque a programas prioritários, voltados para o combate à pobreza, porém concebidos com a mescla entre políticas universais e políticas focalizadas” (DRAIBE, 2003; TIEZZI, 2004).

Essas definições apresentadas pelos autores citados anteriormente foram realizadas por meio da classificação das dificuldades sociais que existiam na época. Um aspecto decisivo para a efetivação da estabilização da economia e da Reforma do Estado estava envolvida como sendo a reforma administrativa, fiscal e da previdência, sem esquecer os serviços básicos universais, sendo eles:

educação, saúde, previdência social, assistência social.

O foco dessa reestruturação e a reforma de todas essas políticas públicas necessitavam da extinção de desperdícios, do aumento das eficiências destas, de promover a descentralização e a universalização, sempre que necessário, e quando fosse legítima, focando na melhoria da qualidade e na reestruturação dos benefícios e dos serviços para gerar um aumento do impacto redistributivo. E, por fim, os programas de curto prazo, que são considerados as ações e os programas relevantes para afrontar os assuntos mais dramáticos, como por exemplo, a redução da mortalidade infantil (TIEZZI, 2004).

Neste sentido, Boito Jr. (1999) percebe que as políticas públicas de cunho social acabaram sendo permeadas pela falta de recursos, pela descentralização participativa e pela focalização dos serviços públicos, como também a terceirização dos serviços públicos para o setor privado.

Essas ideias foram oriundas e levadas pelas agências internacionais, como o Banco Mundial e o FMI, as quais poderiam fazer da política social neoliberal um mecanismo para o fortalecimento e erradicação da pobreza em toda a América Latina, pois as fundamentações são decorrentes do neoliberalismo.

Durante o governo FHC, pontuar as políticas públicas sociais na visão neoliberal era questionar qual a amplitude desses setores e responsabilidade do Estado nas áreas sociais.

Durante o governo FHC, pontuar as políticas públicas sociais na visão

neoliberal era questionar qual

a amplitude desses setores e responsabilidade do

Estado nas áreas sociais.

(24)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Ao utilizar o processo de terceirização dos serviços públicos para os setores privados ou para as Organizações Não Governamentais – ONGs –, sendo que o governo FHC via como fundamental o aspecto competitivo no setor social, essas políticas públicas acabaram sendo vistas como mercadoria.

O caráter de direito social fica confuso nesse processo, pois estava disponível somente para quem possuísse condições e recursos econômicos e financeiros para adquiri-los. Com as políticas sociais sendo focalizadas através do racionamento dos custos e dos gastos, com a redução da responsabilidade do Estado como provedor dos direitos sociais para a população, as políticas neoliberais foram o resultado da negação de uma política social inclusiva, resultando em uma população miserável e dependente cada vez mais das políticas sociais que não atendiam às demandas necessárias.

O Brasil, como toda a América Latina, durante a década de 1990 aderiu aos programas compensatórios como solução para as vulnerabilidades sociais decorrentes do modelo capitalista e do modo de produção. Neste período, esses programas sociais compensatórios eram deliberados através de critérios políticos e partidários, por meio das emendas parlamentares, de transferência de recursos financeiros para o Estado e municípios, resultando em ações pontuais.

São essas ações que a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS – procurou enfraquecer.

Com a transferência gradual das execuções das políticas públicas federais para os estados e municípios, começaram a aparecer pilares que deram sustentabilidade a essa nova forma descentralizada de governar, com aspectos legais, disposições institucionais e mecanismo de instrumentos de gestão.

Como aspectos legais podemos citar as leis complementares que instituem e regulamentam as políticas públicas e as suas descentralizações, sendo algumas:

a Lei nº 8080/90, que institui o Sistema Único de Saúde – SUS, a Lei nº 8.742/93, que foi alterada pela Lei nº 12435/11, ou a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que instituem o Sistema Único de Assistência Social, e também da Lei

(25)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

portarias e as normas operacionais.

Os arranjos institucionais são propostos para a prestação de serviços públicos, como acontece a organização dos serviços em cada esfera governamental, são as secretarias, as coordenadorias, diretorias, nos programas de cada região, além da participação popular por meio dos conselhos setoriais, entre outros.

Por fim, os mecanismos e os instrumentos de gestão que envolvem os planos para cada setor, consórcios intermunicipais ou regionais, entre outros.

Ao que se refere à Assistência Social, merece um destaque, pois sua consolidação enquanto política pública na Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã, assim conhecida, foi o resultado da organização e da luta dos movimentos sociais e das categorias dos profissionais organizados.

O artigo 203 da Constituição Cidadã (BRASIL, 1988, s.p.) refere-se à Assistência Social da seguinte maneira:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:

I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

(26)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Na LOAS está evidenciado, nos seus artigos, a fundamentação de organização das ações socioassistenciais em um Sistema Único de Assistência Social – SUAS, sendo este cofinanciado e executado por todos os entes federados.

Esse processo deu início a uma intensa regulamentação dos instrumentos e até mesmo dos conceitos de gestão da Assistência Social de forma universal.

1) As ideias neoliberais estão fundamentadas em um modelo de desenvolvimento socioeconômico baseado no fortalecimento do mercado e do que ele gera, ou seja, a lei de oferta e procura.

O pensamento neoliberal afirma a necessidade de um mercado livre e forte, não sendo necessária a intervenção do Estado para o crescimento econômico. Perante este fundamento, descreva como esse modelo interferiu na efetivação das políticas sociais.

2.2 O SERVIÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO NOS PROCESSOS E METODOLOGIAS DE GERENCIAMENTO

O Serviço Social, na sua trajetória histórica como profissão, dedica-se à implementação das políticas públicas sociais em todas as esferas governamentais, resultando numa relação entre o Estado e suas demandas sociais.

Desde o surgimento da profissão, o Serviço Social se fez presente na maioria das áreas onde possuía intervenção do Estado, sendo mediador e executor das políticas sociais, que são desenvolvidas e implementadas visando ao enfrentamento e ao controle das desigualdades sociais no Brasil.

O assistente social, como profissional em âmbito governamental, sempre interviu às demandas sociais em diferentes áreas do poder público, como nas políticas sociais de saúde, de assistência social, educação, habitação, entre

(27)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

O Estado brasileiro, no que se refere ao enfrentamento das desigualdades sociais, sempre legitimou as instituições, as políticas sociais e profissionais, dentre elas, os assistentes sociais, sendo reconhecido como profissional que está apto para intervir nas demandas sociais e na atuação da gestão de tais políticas públicas acima citadas, e isso ocorre em todos os níveis governamentais.

Nesse sentido, o Estado é o maior empregador de profissionais do Serviço Social, constituindo-se um espaço privilegiado de contratação de assistentes sociais. De acordo com Iamamoto (2009, p. 119), o:

O setor público tem sido o maior empregador de assistentes sociais, sendo a administração direta a que mais emprega, especialmente na esfera estadual, seguida da municipal.

Constata-se uma clara tendência à municipalização da demanda, o que coloca a necessidade de maior atenção à questão regional e ao poder local.

As demandas se interiorizam nos municípios, pois estes são os implementadores das políticas públicas sociais, com isso, os governos municipais contratam mais assistentes sociais para realizar a implementação à gestão dos programas e projetos sociais relacionados a essas políticas.

Conforme a Constituição Federal de 1988, a descentralização político- administrativa das políticas públicas para âmbito municipal define uma nova dimensão de ações profissionais para o assistente social. Com o aumento considerado dos espaços sócio-ocupacionais, decorrentes da responsabilização que os municípios têm no que diz respeito aos provimentos dos serviços prestados aos usuários de tais políticas sociais, os assistentes sociais acabam desenvolvendo uma função fundamental na implantação, no desenvolvimento, na operacionalização e na gestão das políticas públicas sociais.

A atuação do assistente social, mediante a gestão das políticas públicas sociais, vem se destacando cada vez mais na implantação das políticas públicas sociais. Porém, a complexidade das demandas estatais requer um profissional de serviço social que tenha uma atuação a mais que só a execução dos programas e projetos alocados nos serviços públicos, que estes atuem junto à formulação, ao planejamento, à avaliação e, em especial, à gestão dos programas, dos projetos e dos serviços sociais ofertados para a população usuária.

Para Lewgoy (2010, p. 198), o momento atual necessita de um profissional que:

[...] saiba planejar, avaliar, implantar e executar os serviços incutidos nas políticas sociais. Que também se evidencie na esfera dos planos, programas e projetos sociais e na prestação

(28)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

de serviços no âmbito de benefícios e serviços sociais, nas habilidades de elaborar, implementar, organizar, administrar, pesquisar, encaminhar, coordenar e assessorar.

O desenvolvimento de competências técnicas e habilidades gerenciais, voltadas à realização do trabalho profissional na esfera da gestão pública das políticas sociais, contribui para a substituição do agente subalterno e executivo por um profissional competente e qualificado para as novas funções requisitadas ao assistente social.

Nesse sentido, as novas competências técnicas e habilidades gerenciais, focadas na efetivação da atuação profissional no contexto da gestão das políticas sociais, cooperam para a requisição de um profissional qualificado e competente para atender a essas novas ações e funções que são solicitadas ao serviço social.

Essas novas modificações nas funções do assistente social é consequência das novas formas que requer dos profissionais do serviço social novas configurações de concretizar sua atuação profissional.

Ponderando a afinidade constituída mediante as transformações contextuais analisadas no modelo de organização dos mecanismos de produção e de reprodução da vida social e material, e nas áreas que acontece a inserção da atuação do assistente social, vai requerer e exigir um profissional que esteja articulado com as formas de organização e gestão do trabalho que estão surgindo para a profissão.

Diante das transformações analisadas acima, e com o crescimento efetivo dos espaços sócio-ocupacionais que estão surgindo dentro do Estado, em que necessita atuação profissional do assistente social no que se refere à gestão das políticas sociais, os profissionais enfrentam desafios que estão sendo propostos para a Reforma do Estado.

Com o objetivo de enxugar a máquina pública, no que consiste à contratação de mais servidores públicos e nos cortes das políticas sociais por meio da diminuição dos serviços sociais públicos ofertados para população, vem tornando novos desafios para os assistentes sociais.

Com todas essas transformações que vêm acontecendo na sociedade brasileira e na máquina, e/ou aparelho estatal, requer que o profissional não seja Essas novas

modificações nas funções do assistente social

é consequência das novas formas

que requer dos profissionais do serviço social novas

configurações de concretizar sua atuação profissional.

(29)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

É necessário ser um profissional qualificado na execução, gestão e formulação de políticas sociais públicas, com uma postura crítica e ao mesmo tempo, criativa e propositiva, ou seja, um profissional que possa responder com ações qualificadas que detectem tendências e possibilidades impulsionadoras de novas ações, projetos e funções, rompendo com atividades rotineiras e burocráticas (SARMENTO, 1999, p. 100).

Com isso, para a efetivação do trabalho do assistente social no quesito da gestão pública, é fundamental que o profissional tenha, como base de ação, um planejamento organizado com as diretrizes das políticas sociais e esteja fundamentado com um conhecimento teórico-prático, que seja amplo e crítico sobre a gestão do seu trabalho como profissional nas políticas sociais. Contribuindo, assim, para direcionar a atuação profissional, muito além das ações de execução final das políticas públicas sociais.

Os assistentes sociais que atuam nas políticas sociais deverão transcorrer à inquietação dessas novas configurações de trabalho e das probabilidades que a gestão oferece, superando as práticas conservadoras e minimalistas que até então eram instrumentos de ação profissional.

Segundo Sarmento (1999, p. 100), as novas configurações de gestão que são verificadas no campo das políticas sociais “vem exigindo um nível de conhecimento técnico bem mais amplo, tanto para a compreensão crítica das condições políticas em que estas exigências são colocadas, principalmente no que se refere ao desmonte das políticas sociais por parte do Estado – como da fragilização dos direitos sociais”.

Esse processo de assimilação de novos conhecimentos sobre os contextos de gestão requer conhecimento e capacidade técnica do profissional de serviço social para realizar as atividades gerenciais que foram propostas no seu campo de trabalho, devendo sempre considerar a conjuntura real que cerca a realização das suas ações diárias como assistente social.

Contribuindo, assim, para direcionar a atuação profissional,

muito além das ações de execução

final das políticas públicas sociais.

Os (as) assistentes sociais trabalham com as mais diversas expressões da questão social, esclarecendo à população seus direitos sociais e os meios de ter acesso a estes.

(30)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

O significado desse trabalho muda radicalmente ao voltar-se aos direitos e deveres referentes às operações de compra e venda. Se os direitos sociais são frutos de lutas sociais, e de negociações com o bloco do poder para o seu reconhecimento legal, a compra e venda de serviços no atendimento às necessidades sociais de educação, saúde, renda, habitação, assistência social, entre outras, pertencem a outro domínio – o do mercado –, mediação necessária à realização do valor e, eventualmente, da mais-valia decorrente da industrialização dos serviços.

Historicamente, os assistentes sociais dedicaram-se à implementação de políticas públicas, localizando-se na linha de frente das relações entre população e instituição, ou, nos termos de Netto (1993), sendo executores terminais de políticas sociais. Embora esse seja ainda o perfil predominante, não é mais o exclusivo, sendo abertas outras possibilidades.

O processo de descentralização das políticas sociais públicas, com ênfase na sua municipalização, requer dos assistentes sociais – como de outros profissionais – novas funções e competências. Os assistentes sociais estão sendo chamados para atuar na esfera da formulação e avaliação de políticas e do planejamento, gestão e monitoramento, inscritos em equipes multiprofissionais.

Ampliam seu espaço ocupacional para atividades relacionadas ao controle social à implantação e orientação de conselhos de políticas públicas, à capacitação de conselheiros, à elaboração de planos e projetos sociais, ao acompanhamento e avaliação de políticas, programas e projetos.

Tais inserções são acompanhadas de novas exigências de qualificação, tais como: o domínio de conhecimentos para realizar diagnósticos socioeconômicos de municípios, para a leitura e análise dos orçamentos públicos, identificando seus alvos e compromissos, assim como os recursos disponíveis para projetar ações; o domínio do processo de planejamento; a competência no gerenciamento e avaliação de programas e projetos sociais; a capacidade de negociação, o conhecimento e o know-how na área de recursos humanos e relações no trabalho, entre outros. Somam-se possibilidades de trabalho nos níveis de assessoria e consultoria para profissionais mais experientes e altamente qualificados em determinadas áreas de especialização. Registram-se, ainda, requisições no campo da pesquisa, de estudos e planejamento, entre inúmeras outras funções.

(31)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

IAMAMOTO, Marilda. O Serviço Social na Cena Contemporânea.

CFESS, ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. CEAD/UnB. Brasília, 2009.

Os assistentes sociais que estão inseridos na gerência das políticas sociais, em especial, da Política de Assistência Social, precisam realizar suas ações profissionais nos princípios, diretrizes e ética que norteiam a profissão. A temática gestão das políticas sociais, e todo o seu aporte teórico-metodológico, é inserida dentro de recomendações e normas técnicas, pois vem de uma área de administração pública.

Para Paiva (1999, p. 90):

A conceituação de noções como eficiência, eficácia e efetividade; o detalhamento das diferentes funções gerenciais, planejamento, organização, direção e controle; a caracterização dos diferentes níveis organizacionais – estratégicos, tático, operacional – encontram na bibliografia pertinente uma série de orientações, análise e exercícios que podem ser úteis e facilitadores da organização do projeto de intervenção do assistente social, que desempenha a função de gestor na área social, dependendo do uso que se faça deles.

Nesse contexto, é necessário entender que a administração se concretiza como uma técnica essencial a qualquer ação que abranja recursos e que tenha um objetivo para se chegar. Pode-se concluir que gestão é todo processo que tem como objetivo a eficiência e a eficácia das ações realizadas.

A administração e/ou a gestão incide em uma ação que não pode ser realizada separadamente de qualquer atividade que envolva pessoas, recursos e que tenha um objetivo-fim.

Na área administrativa, esse processo é compreendido em cinco funções essenciais para que uma entidade ou organização consiga chegar em seus objetivos-fins, sendo eles: planejamento, organização, direção e controle.

O planejamento tem função de determinar e constituir ações e situações futuras e almejadas, considerando os recursos necessários para realizar a ação proposta, com detalhamento definido, através de responsabilidades

A administração e/ou a gestão incide em uma ação que não pode ser realizada separadamente de qualquer atividade

que envolva pessoas, recursos

e que tenha um objetivo-fim.

(32)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

para a efetivação e distribuição dos recursos disponíveis. A função de direção compreende o processo como forma de mobilizar e acionar os recursos tanto material quanto humano para efetivação dos objetivos-meios.

Já a função do controle tem como foco a garantia da realização dos objetivos, podendo identificar se existe a necessidade de mudanças no decorrer das ações.

O controle, normalmente, surge das avaliações contínuas que influenciam o desenvolvimento do trabalho dos profissionais e de outras pessoas envolvidas no processo, visando a uma melhor qualidade nos resultados desejados.

A administração é considerada uma ciência organizada através de várias teorias, que são fundamentadas em conceitos que versam diretamente as pessoas em sua totalidade. Essas teorias que são o alicerce teórico e fundamentam a administração evidenciam que as funções de gestão poderão serem realizadas por qualquer pessoa capacitada e responsável por alguma ação organizada no seio organizacional.

O assistente social nessa diretriz se torna um agente que interfere absolutamente em todas as relações e contextos sociais. O profissional tem uma certa autonomia para planejar e formular as suas ações de trabalho.

O profissional de serviço social necessita de competências e habilidades para elaborar modalidades de intervenção profissional no seu cotidiano, com isso precisa estar apto para adquirir novos conhecimentos voltados às competências e habilidades na área de gestão, pois se torna um instrumento de atuação e de domínio do assistente social.

Os instrumentos usados na gestão das políticas sociais podem se tornar instrumentos de competência e de habilidade para a Política de Assistência Social, analisando que estes podem ajudar na elaboração das ações de trabalho na efetivação dessa política. Ressaltando que o assistente social deverá estar aberto para congregar os princípios da gestão no cotidiano de seu campo de trabalho.

Esse processo de apropriação da gestão das políticas sociais requer a necessidade de aperfeiçoamento dos conhecimentos em relação aos conceitos e princípios que dão fundamentação para essa ação profissional. Faz-se necessário ter uma determinada competência de forma crítica para distinguir as exigências burocráticas exclusivas dessas funções de gerenciamento das ações das políticas.

(33)

O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea O Serviço Social e Gestão Social na Sociedade Contemporânea Capítulo 1

1) A metodologia utilizada para a formulação e implementação das políticas sociais é considerada um campo privilegiado de atuação do assistente social, além de ter suas práticas profissionais fundamentadas em conceitos e princípios teóricos e práticos da gestão de tais políticas, contribuindo dessa forma desde o início da formulação e implementação dos serviços públicos que atendem às demandas do serviço social. Perante essa afirmação, descreva algumas ações de gestão que você conhece em sua atuação profissional.

O trabalho do assistente social é constituído por particularidades que requerem uma atitude crítica e comprometida com a garantia dos direitos sociais e não somente com a execução burocrática dos programas e projetos na área pública.

Os assistentes sociais precisam desenvolver funções gerenciais que deverão estar alinhadas aos princípios e valores descritos no Projeto Ético-Político profissional, fundamentado sempre em prerrogativas legais que regulam a profissão de assistente social, buscando retirar das suas abordagens cotidianas ações funcionalistas ou então apenas executivas.

O trabalho do assistente social é constituído por particularidades que requerem uma atitude crítica

e comprometida com a garantia dos direitos sociais

e não somente com a execução

burocrática dos programas e projetos na área

pública.

2.3 GESTÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ADMINISTRAÇÃO DOS PROGRAMAS E PROJETOS SOCIAIS NO BRASIL

O Serviço Social no Brasil tem suas atribuições e competências em diversos espaços sócio-ocupacionais, orientadas pelos princípios, direitos e deveres que estão inseridos nos seguintes documentos: Código de Ética Profissional de 1993, Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº 8.662, de 7 de junho 1993) e nas Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) (1996).

(34)

Planejamento e Gestão em Serviço Social

Os documentos anteriormente citados se tornam instrumentos essenciais e legais na inserção do profissional de serviço social nos espaços de gestão, planejamento, execução e avaliação de políticas e programas sociais, considerando sempre as diretrizes do Projeto Ético-Político da profissão.

Nesse sentido, vale destacar a atuação do assistente social na área de gestão e avaliação das políticas sociais em algumas políticas públicas sociais, como nas áreas de Assistência Social, Educação e Saúde.

Na Política de Assistência Social, a atuação do Serviço Social requer atribuições nas atividades de gestão, planejamento, avaliação e execução diretamente dos programas, projetos e serviços aos usuários dessa política, dessa forma, potencializa o atendimento aos direitos de cada cidadão.

Os assistentes sociais contribuem com a Política de Saúde através do planejamento, gestão, avaliação e execução de programas e projetos dessa área, visando à inserção da população usuária e dos trabalhadores que atuam nessa política, no que diz respeito às deliberações e participação social na gestão.

Já na Política de Educação, o profissional de Serviço Social atua diretamente com os estudantes e famílias, além dos órgãos de deliberação, como por exemplo, os conselhos deliberativos. Os assistentes sociais, nesta política de forma coletiva, intervêm junto aos movimentos sociais em prol de uma educação pública e de qualidade.

Os profissionais de Serviço Social visam, neste sentido, à inserção da profissão nos espaços democráticos e que buscam o controle social da Política de Educação.

As atribuições do assistente social no processo de gestão e avaliação das políticas sociais, em especial nas três áreas citadas anteriormente, são exemplos de gestão social. Para Carvalho (2014, p. 33):

[...] significa a concepção de um Estado social de direito e, portanto, comprometida com a cidadania de todos os cidadãos de uma nação. Ancora-se em princípios constitucionais que dão forma e conteúdo às políticas, aos programas e aos serviços públicos, reconhecendo o Estado como autoridade Nesse sentido, vale

destacar a atuação do assistente social na área de gestão

e avaliação das políticas sociais em

algumas políticas públicas sociais, como nas áreas de Assistência Social, Educação e Saúde.

Os profissionais de Serviço Social

visam, neste sentido, à inserção

da profissão nos espaços democráticos e que

buscam o controle social da Política de

Educação.

Referências

Documentos relacionados

d) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo... Conforme o Estatuto do Servidor Público do Município de Francisco Beltrão, a penalidade aplicável ao

Fundamentando-se na teoria das representações sociais, em especial a abordagem estrutural proposta por Abric (1994, 1998, 2003), os resultados obtidos demostraram que

CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS INICIAL DESATIVADA 542 RIO DO ANTÔNIO IBITIRA REGISTRO CIVIL COM FUNÇÕES NOTARIAIS INICIAL DESATIVADA 543 RIO DO ANTÔNIO SEDE REGISTRO

– Linguagens fracamente checadas precisam de alguma forma de “garbage collection” (podem impactar o tempo de execução). – Mas são mais fáceis de escrever programas

Tecnologia e mercado global: perspectivas para soja.. O SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SOJA NO MERCOSUL: PASSADO, PRESENTE E

A Pró-Reitora de Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), no uso de suas atribuições legais, torna público o presente edital de abertura

Operação e funções mais usadas Guia do usuário do Synergy Resection Quando o usuário pressiona o botão de troca novamente, o pedal retorna o controle para a peça de mão no

Sendo assim, utilizando-se de métodos comparativos, esta pesquisa baseia-se na compreensão de como cada região aborda o estudo da Moda e do Têxtil no Brasil, além de fornecer