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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM CRIMES AMBIENTAIS: JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF

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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM CRIMES AMBIENTAIS: JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF

Maranda Rego de Almeida

Bióloga. Especialista em Biociências Forenses, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.

marandabio@ymail.com

Francine Soares da Cunha

Especialista em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável - CDS/UNB

Resumo

Em virtude do relevante papel exercido por entes coletivos, o legislador pátrio se preocupou em ampliar a tutela penal do meio ambiente. No entanto a responsabilidade penal da pessoa jurídica só foi instituída no ordenamento jurídico brasileiro no art. 225 da Constituição Federal de 1988. Mesmo com a regulamentação do artigo pela lei de crimes ambientais (lei nº 9.605/98), nosso ordenamento jurídico ainda carecia de adequação das normas penais e processuais penais para a aplicação pena da responsabilidade criminal.

Coube então à jurisprudência tentar sanar lacunas deixadas pela lei. Esse trabalho baseia-se análise dos julgamentos dos tribunais superiores para elucidar as contribuições da jurisprudência sobre o tema.

Palavras-chave: Pessoa Jurídica; crimes ambientais; lei 9.605/98.

Abstract

Due to the significant role played by collective entities the constitutional legislator was concerned to extend the criminal protection of the environment. The criminal liability of legal entities was established in the Brazilian legal system in art. 225 of Federal Constitution of 1988. However, even with the regulation of Article by the Environmental Crimes Law (Law 9.605/98), our legal system still lacked adequate criminal and criminal procedure rules for the application of criminal liability. This work is based on analysis of the judgments of higher courts to elucidate the contributions of jurisprudence on the subject.

Keywords: Legal Entity, environmental crimes, law 9.605/98.

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1 Introdução

A responsabilidade penal decorre de uma violação a bens jurídicos de forma que na esfera penal a preocupação é a punição do autor do delito para a defesa da sociedade (Silva, 2004). Em contrapartida, é preciso lembrar que só cabe ao direito penal a tutela dos bens jurídicos mais importantes. Segundo Greco (2009), pelo princípio da intervenção mínima compete ao direito penal, ultima ratio, a proteção dos bens que os demais ramos do direito não forem capazes de atingir.

A Constituição Federal de 1988 traz em seu texto uma maior preocupação ambiental, destinando um capítulo exclusivamente para o meio ambiente. Ela prevê expressamente a tutela penal do meio ambiente assim como a civil e a administrativa. No entanto, a grande inovação da Carta Magna de 1988 é a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica no artigo 225.

O sistema jurídico brasileiro, de filiação germânica, é tradicionalmente baseado na irresponsabilidade penal da pessoa jurídica, também expressa no direito como societas deliquere non potest. Por isso o parágrafo § 3º do art. 225 carecia de regulamentação para sua eficácia.

Dez anos depois, o legislador infraconstitucional consagrou a responsabilidade penal dos entes morais com a edição da lei n° 9.605/98, que prevê requisitos e penas requisitos e penas para imputação de crimes ambientais a pessoas coletivas.

A alteração do sistema jurídico brasileiro acompanha outros países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, França, Venezuela, México, Cuba, Colômbia, Holanda, Dinamarca, Portugal, Áustria, Japão e China (STJ, REsp nº 564.960, 2005).

Ressalta Prado (2010) que a pessoa jurídica possui muita importância na criminalidade econômica lato sensu, incluindo os crimes ambientais. Apesar de muitas controvérsias na doutrina e na jurisprudência acerca do tema, observamos um número crescente de acórdãos do STJ e do STF a favor da responsabilidade penal desses entes. No entanto, uma mudança tão grande no ordenamento jurídico de um país leva tempo para que o Direito possa se adaptar às mudanças do mundo e às novas demandas sociais.

Por isso, o objetivo deste projeto como um trabalho de conclusão de curso é fazer uma revisão das decisões do STF e do STJ para compreender como está ocorrendo a

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inserção da responsabilidade penal da pessoa jurídica por crimes ambientais no ordenamento jurídico brasileiro e suas conseqüências.

2 Metodologia

Trata-se de uma revisão da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF). A busca por acórdãos foi feita nos seguintes sites,

respectivamente: http://www.stj.jus.br/SCON/. e

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp. Essa busca foi realizada nos mesmos parâmetros nos dias 30 de agosto de 2010, 9 de novembro de 2010, 9 de janeiro de 2011 e 2 de fevereiro de 2011, a fim de verificar a publicação de jurisprudência mais recente.

O termo utilizado para busca foi “pessoa jurídica crime ambiental”. A busca resultou em 11 acórdãos do STF e 34 do STJ. Devido ao tempo e limite de tamanho desse trabalho de conclusão de curso a pesquisa só envolveu acórdãos dos tribunais superiores.

As decisões dos outros tribunais não foram utilizadas pelo grande número de informações que inviabilizaria a análise para esse trabalho. As decisões monocráticas foram ignoradas pelo número que impossibilitaria sua análise. Os informativos foram desprezados por serem resumos de decisões proferidas por um órgão julgador, nesse caso os informativos relevantes para o tema eram referentes a acórdãos já inclusos na pesquisa.

Também foi utilizada a solicitação de busca por e-mail em ambos os Tribunais no dia 9 de novembro de 2010. Para o preenchimento do formulário do STF (http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaEmail/criarSolicitacaoEmail.asp) foram utilizados para busca como assunto os termos “Direito Penal Ambiental” e

“Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica em Crimes Ambientais” no campo legislação pertinente “Lei 9.605/1998”.

O mesmo foi feito para o STJ

(http://www.stj.jus.br/webstj/Processo/Jurisp/pesqmail.asp?vPortalAreaRaiz=333&vPortal AraPai=459&vPortalArea=464) utilizando os mesmos termos “Direito Penal Ambiental” e

“Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica em Crimes Ambientais” no campo Solicitação do formulário do STJ. A busca por e-mail retornou acórdãos, decisões monocráticas e

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informativos. No total de 6 decisões para o STF e 11 para o STJ. O resultado da pesquisa por e-mail apresentou acórdãos previamente selecionados.

A partir do resultado das pesquisas, foi feita a leitura de cada decisão para selecionar somente os acórdãos pertinentes ao tema do trabalho. O total de decisões dos dois tipos de pesquisa foi de em 6 do STF e 24 do STJ (Anexo A).

O limite cronológico da pesquisa foi a vigência da lei 9.605/98, assim foram considerados julgamentos de crimes ambientais cuja conduta tenha ocorrido após a vigência da lei. Assim o intervalo da pesquisa ficou entre os anos de 2004 e 2010.

Para complementar o trabalho foram utilizados livros, todos aos quais tivemos acesso.

3 Discussão

Os tópicos e teorias abordados nesse trabalho foram identificados a partir da análise dos julgamentos selecionados na pesquisa para elucidar o posicionamento da jurisprudência sobre o tema.

Para entender melhor os fundamentos da responsabilização do ente moral e sua implicações no Direito é preciso antes estudar a natureza da pessoa jurídica. Várias são as teorias da doutrina, estudaremos as mais importantes.

3.1 A pessoa jurídica

Existem duas grandes teorias adotadas pelo direito para a natureza da pessoa jurídica: teoria da ficção e teoria da realidade. Atualmente a segunda é subdividida em teoria da realidade objetiva e teoria da realidade técnica.

A teoria da ficção elaborada por Savigny tem como base a idéia de que “só o homem é capaz de ser sujeito de direitos” (Shecaira, 1998). As pessoas jurídicas têm existência fictícia, de pura abstração sendo incapazes de delinqüir (Prado, 2010), pois nessa teoria a personalidade é característica exclusiva das pessoas físicas.

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A teoria permite que sejam atribuídos a entes morais alguns direitos e obrigações para que possam atender seus objetivos. No entanto, a pessoa jurídica ainda é uma criação artificial, cuja personalidade é fruto de uma ficção jurídica, pois suas vontades e ações não são reais, são frutos das decisões das pessoas físicas que a compõem. A ficção jurídica permite que as decisões de seus representantes sejam tomadas como suas (Shecaira, 1998).

Para essa teoria qualquer ilícito será imputado somente às pessoas físicas que lhe deram causa independente da sobreposição aos interesses do ente fictício, já que qualquer fato ilícito imputado ao ente moral será na realidade praticado por seus membros ou diretores (Prado, 2010). Essa teoria abrange o princípio societas deliquere non potest ou irresponsabilidade penal da pessoa jurídica. Dessa forma, para a teoria da ficção, entes fictícios não podem cometer crimes, pois são desprovidos de vontade própria ou culpa.

Shecaira (1998).

Para as duas teorias da realidade as pessoas jurídicas são dotadas de personalidade real e capacidade de agir, inclusive, praticando ilícitos penais (Prado, 2010). A diferença é que para a teoria da realidade objetiva a corporação tem existência distinta e inconfundível com dos indivíduos que a compõem.

No caso da teoria da realidade técnica, a pessoa jurídica também é dotada de personalidade, no entanto sua personalidade é fruto da técnica jurídica. Como define Sarai (2005) essa teoria reconhece a existência dos entes morais como “um mero expediente para resolver certos impasses surgidos das necessidades humanas”. Essa teoria equilibra as duas anteriores e é a adotada pelo Brasil no novo Código Civil, artigo 45, que dispõe:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

Ressaltamos que a responsabilização penal de corporações não depende apenas da teoria adotada. Pois, como explica Cruz (2008) é possível observar sistemas jurídicos que adotam a teoria da ficção e a responsabilidade coletiva como Inglaterra e Estados Unidos, assim como países do Civil Law com a teoria da realidade e irresponsabilidade da pessoa jurídica.

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3.2 Responsabilidade penal da pessoa jurídica na Constituição Federal de 1988

Antes de 1988, nunca foi admitida a responsabilidade penal da pessoa jurídica no ordenamento jurídico brasileiro. Entretanto, com a Constituição da República de 1988 ficou estabelecida a possibilidade de responsabilização dos entes morais no caso de danos ao meio ambiente (art. 225, § 3º).

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

(...)

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

O referido parágrafo provocou uma discussão gramatical entre os doutrinadores. No fragmento “sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas” parte da doutrina afirma que o texto constitucional atribui as sanções penais às pessoas físicas e as administrativas às pessoas jurídicas (Luisi, 2010). O autor, no entanto ressalta que a análise da norma não pode ser literal, é preciso entendê-la como parte do sistema jurídico. Para Prado (2010) mesmo que o texto constitucional pareça ambíguo “a idéia deve prevalecer sobre o invólucro verbal” e o referido parágrafo expressa a vontade do constituinte em romper com o princípio societas delinquere non potest.

Parte da doutrina alega ainda a inconstitucionalidade do § 3º do art. 225 da Constituição Federal. Eles argumentam que a norma citada é contrária ao ordenamento jurídico brasileiro e aos princípios constitucionais que regem o direito penal, como princípio da personalidade das penas, da culpabilidade e da intervenção mínima (Prado 2010). Confrontando esses argumentos o Ministro Relator José Arnaldo da Fonseca concorda com o posicionamento do Ministério Público Federal no julgamento do habeas corpus nº 43.751 do STJ (2005):

Já no que toca à alegação de impossibilidade da responsabilidade penal da pessoa jurídica, ponderou com absoluta propriedade, que lhe é peculiar, a il.

representante do Parquet, Drª Helenita Caiado de Acioli (fls. 113/124):

(...)

17. Embora existam controvérsias a propósito da Possibilidade de penalização da pessoa jurídica, não se pode perder de vista a clareza do texto constitucional e o fato de que inexiste antinomia entre o inciso XLV do art. 5º e o art. 225, § 3º, da Constituição Federal.

(STJ, HC nº 43.751, 2005)

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Devido à impossibilidade de aplicar a teoria do delito tradicional à pessoa jurídica, o Ministro Gilson Dipp defende ser necessária uma modificação no nosso sistema jurídico para plena aplicação da responsabilidade penal de entes morais (STJ, REsp nº 610.114, 2005). Ressaltamos o entendimento de que o direito, em especial o penal, é dinâmico e deve acompanhar o momento histórico e a nova Constituição.

No mesmo julgado, o STJ justifica a responsabilização penal da pessoa jurídica em crimes ambientais como uma escolha política para ampliar a proteção ao meio ambiente e necessária pela dificuldade de determinação da autoria nesses delitos. Dessa forma, punir o ente moral que se beneficiou do ilícito é uma forma de garantir que o crime não permaneça sem punição (STJ, REsp nº 564.960, 2005).

3.3 A pessoa jurídica na lei nº 9.605/98

A lei de crimes ambientais de 1998 é a legislação infraconstitucional responsável por regulamentar a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Os requisitos para a responsabilização da pessoa jurídica estão descritos na parte geral da lei no art. 3º: a) existência de delito; b) delito cometido por decisão do representante legal ou contratual, ou órgão colegiado; e c) no interesse ou benefício da entidade.

Explica Luisi (2010) que a exigência de pessoas físicas intervindo em nome do ente moral é a garantia de culpabilidade para a teoria da responsabilidade por ricochete francesa. Nela os elementos objetivos e subjetivos da infração referentes a pessoas físicas, são atribuídos à pessoa moral (Prado 2010), fundamento para o sistema de dupla imputação.

Ainda na parte geral da lei, do art. 21 ao 24 estão previstas as penas aplicáveis a pessoas jurídicas por crimes ambientais (multa, restritivas de direito e/ou privativas de liberdade), discutidas posteriormente nesse trabalho. Porém a principal reclamação da doutrina acerca da lei nº 9.605/98 é que qualquer menção a entes morais está somente na parte geral da lei. Não há previsão expressa na lei dos crimes que podem ser imputados a pessoas jurídicas nem as respectivas penas. No tipo penal estão apenas descritas as penas atribuídas a pessoas naturais.

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A ausência de previsão expressa das penas dos entes morais no tipo penal é alegada como uma violação do princípio da estrita legalidade visto que a conversão em multa, restritiva de direito e/ou privativa de liberdade são feitas a critério do juiz (Luisi, 2010).

Mas a nossa jurisprudência possui posicionamento diverso pronunciado no julgamento do Recurso Especial nº 610.114 do STJ (2005), no qual o Ministro relator defende que “essa imprecisão técnica não é novidade no ordenamento penal brasileiro. Outras normas contam com o mesmo defeito, mas foram adaptadas e aplicadas eficazmente.”

3.4. Natureza da pessoa jurídica segundo a jurisprudência do STJ e STF

O sistema jurídico brasileiro foi criado sob o princípio do societas deliquere non potest, mas adotou posteriormente a teoria da realidade técnica expressa no Código Civil, como pode ser observado no posicionamento do parquet citado na jurisprudência do STJ:

“anteriores conceitos estabelecidos para os crimes praticados pelas pessoas físicas não atendem à nova ordem fundada, agora, na teoria da realidade, afastando-se da antiga concepção societas deliquere non potest” (STJ, HC nº 43.751, 2005).

Todavia, a responsabilidade penal de pessoas coletivas demorou a ser admitida pelo Judiciário Brasileiro. A primeira decisão que gerou condenação de uma empresa por crimes ambientais foi a apelação criminal nº 2001.72.04.002225-0 proferida pelo TRF 4ª Região em 2003. O Tribunal julgou em grau de recurso a sentença do juiz da 1ª. Vara Federal de Criciúma/SC confirmando a responsabilidade da empresa penalizada na forma da lei nº 9.605/98.

O STJ em 2004 ainda proferiu uma decisão contra a responsabilização penal dos entes morais. No voto do Relator Ministro Felix Fischer ele defende a irresponsabilidade criminal do ente moral:

Com efeito, na dogmática penal a responsabilidade se fundamenta em ações atribuídas às pessoas físicas. Destarte a prática de uma infração penal pressupõe necessariamente uma conduta humana. Logo, a imputação penal à pessoas jurídicas, frise-se carecedoras de capacidade de ação, bem como de culpabilidade, é inviável em razão da impossibilidade de praticarem um injusto penal. (STJ, REsp nº 622.724, 2004)

Entretanto em 2005 o Tribunal passa a admitir a responsabilidade penal de pessoas jurídicas em crimes ambientais a partir do julgamento do Recurso Especial nº 564.960.

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Nesse processo, o Relator Ministro Gilson Dipp refuta uma série de argumentos contrários à responsabilidade penal do ente moral e o STJ estabelece a dupla imputação penal como exigência.

O STF só entra no mérito dessa discussão no julgamento do Habeas corpus n°

92.921-4 de 2008. Nesse acórdão, a Corte entende a responsabilidade penal de pessoas jurídicas como previsão constitucional expressa e corrobora a necessidade do sistema de dupla imputação.

3.5 Teoria da dupla imputação

A imputação simultânea da pessoa jurídica e seu representante legal ou contratual, estabelecida no parágrafo único do art. 3º da lei 9.605/98, também é requisito indispensável pra imputação penal da pessoa jurídica (STJ, RHC nº 19.119, 2006; REsp nº 847.476, 2008; REsp nº 969.160, 2009). O delito imputado somente à pessoa coletiva impede a instauração da persecutio criminis in iudicio (STJ, RMS nº 20.601, 2006).

A pessoa jurídica não pode responder sozinha porque é a pessoa física que age com elemento subjetivo próprio (STJ, REsp nº 564.960, 2005; REsp nº 889.528, 2007; REsp nº 989.089, 2009; REsp nº 800.817, 2010; AgRg nº 898.302, 2010). Ressaltamos também o entendimento do STJ em relação à importância da identificação da pessoa física envolvida no delito (seja pessoa com capacidade de decisão sobre a empresa ou simples empregado) porque permite avaliar se à pessoa jurídica será imputada com dolo ou culpa, recebendo penas menos severas no segundo caso (STJ, REsp nº 610.114, 2005).

Também é preciso ressaltar em relação ao art. 3º da lei que “o simples fato de ser sócio, gerente ou administrador não autoriza a instauração de processo criminal por crimes praticados no âmbito da sociedade” (STJ, RHC nº 24.239, 2010). É preciso estabelecer a efetiva participação da pessoa natural na infração penal para não caracterizar responsabilidade penal objetiva (STJ, HC nº 93.867, 2008).

Para os tribunais superiores ainda é fundamental que a conduta delituosa da pessoa física esteja relacionada às suas funções na empresa (STJ, HC nº 119.511, 2010). No julgamento do habeas corpus nº 71.071 de 2008, o STJ estabelece a mesma exigência para

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os chefes da administração pública na função de representantes legais de empresas públicas.

Entretanto, a atribuição do delito ao paciente pelo fato, tão-somente, de ele ser o chefe da administração municipal, sem a demonstração da forma pela qual participou na operacionalização dos atos administrativos afetos ao recolhimento e à destinação do lixo da cidade, significa impor-lhe o odioso instituto da responsabilidade penal objetiva. (STJ, HC nº 71.071, 2008).

A dupla imputação visa punir tanto a pessoa física que pratica efetivamente a infração quanto o ente moral que se beneficia da conduta criminosa, cuja responsabilidade é denominada social ou coletiva (STJ, HC nº 43.751, 2005).

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal também é clara no sentido de que não é válida a denúncia das pessoas físicas responsáveis pelo ente moral sem que haja um vínculo entre a conduta dessas e a prática ilegal (STF, HC nº 85.190-8, 2006). Mesmo para crimes societários, é necessária uma conduta delituosa dos mandatários da empresa para não violar o princípio da responsabilidade por culpa.

3.6 Denúncia genérica e denúncia geral

A denúncia é a peça inicial da ação penal pública e deve “conter a descrição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a definição da conduta do autor, sua qualificação ou esclarecimentos capazes de identificá-lo” (STJ, HC nº 54.211, 2007).

Pelo princípio da culpabilidade, não se admite no direito penal a responsabilidade objetiva. Para tanto a denúncia deve determinar a conduta individualizada e seu vínculo causal entre o comportamento dos acusados e a prática do delito (STF, HC nº 85.190-8, 2006; STJ, HC nº 71.071, 2008). Devido ao requisito da dupla imputação, para configurar a prática de crime ambiental por pessoa jurídica, faz-se necessário discutir duas modalidades de denúncia em crimes societários muito abordados na jurisprudência.

Nesse tipo de crime muitas vezes não pode ser estabelecida a conduta de todos os envolvidos. Para esses casos os tribunais aceitam denúncias gerais. Em entendimento do STJ no Habeas corpus nº 61.199 de 2005, a Ministra relatora Jane Silva defende a possibilidade de aceitação da denúncia geral para os casos em que seja “impossível a correta delimitação das suas condutas, casos em que o acusador é obrigado a atribuir a todos os envolvidos uma única conduta, desde que entenda presente o acordo de vontades

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voltado para o mesmo fim” (grifo nosso), porque impossibilidade de individualizar condutas não pode ser um obstáculo à punição do delito.

Na denúncia genérica a conduta criminosa é atribuída genericamente à todos os denunciados sendo que “pode ser descrita a conduta de cada um dos envolvidos na empreitada criminosa, mas não o faz o acusador” (STJ, HC nº 61.119, 2007). Dessa forma os tribunais superiores têm entendimento estabelecido no sentido de não admitir denúncias genéricas, inviabilizando o contraditório e a ampla defesa (STF, HC nº 85.190-8, 2006;

STJ, RHC nº 24.055, 2010).

Evidencia-se, no entanto, duas exceções encontradas nos julgados utilizados nesse trabalho. No habeas corpus nº 61.119 do STJ de 2005 é discutida a possibilidade de denúncia genérica “em relação aos co-autores e partícipes, quando não se conseguir, por absoluta impossibilidade, identificar claramente a conduta de cada um no cometimento da infração penal”(grifo nosso). Para a Ministra Relatora Jane Silva a exceção não viola o princípio da ampla defesa. Concorda com ela o STF no julgamento do habeas corpus nº 94.842-1:

Registre-se que se tem admitido a denúncia genérica, em casos de crimes com vários agentes e condutas ou que, por sua própria natureza, devem ser praticados em concurso (quadrilha, por ex.), quando não se puder, de pronto, pormenorizar as ações de cada um dos envolvidos, sob pena de inviabilizar a acusação. O importante é que os fatos sejam narrados de forma suficientemente clara, possibilitando o amplo exercício do direito de defesa, como se verifica no caso sub judice, pois os acusados se defendem dos fatos e não da tipificação feita pelo Ministério Público. (STF, HC nº 94.842-1, 2009)

3.7 Culpabilidade

Entendemos que a responsabilidade possa até ser considerada objetiva para fins administrativos e civis (reparação do dano), entretanto para o Direito Penal a culpabilidade é essencial. Parte dos doutrinadores considera a culpabilidade apenas um pressuposto de aplicação da pena, no entanto, a doutrina majoritária considera a culpabilidade como necessária para configuração do crime (Greco, 2009; Nucci, 2009). Esse é o conceito analítico de crime ― fato típico, antijurídico e culpável ― adotado pelo Código Penal Brasileiro, assim como a jurisprudência do STF e STJ (STF, HC nº 83.554-6, 2005; STJ, RMS nº 16.696, 2006).

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Shecaira (1998) enumera os seguintes requisitos para reconhecimento da culpabilidade pela pessoa jurídica: a) infração ter sido cometida no interesse da pessoa jurídica; b) na esfera de atividade da empresa; c) pessoa física que praticar o ato deve ser uma pessoa responsável para agir em nome da empresa. Sendo que o primeiro requisito está expresso no art. 3º da lei 9.605/98 para responsabilidade de entes morais.

A pessoa jurídica não possui consciência e vontade no sentido psicológico da pessoa natural, assim a culpa da pessoa coletiva é presumida, visto que a responsabilidade da pessoa jurídica baseia-se na imputação do fato a seu órgão ou representante legal (Prado, 2010).

Na sua concepção clássica, não há como se atribuir culpabilidade à pessoa jurídica. Modernamente, no entanto, a culpabilidade nada mais é do que a responsabilidade social e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. (STJ, RESP nº 564.960, 2005; REsp)

Além de elemento do crime, a culpabilidade também é princípio previsto no art. 5°

da Constituição Federal no inciso LVII. O princípio da culpabilidade ou presunção de inocência determina a necessidade de reconhecimento da culpabilidade do acusado para condenação. No Direito brasileiro tanto a responsabilidade da pessoa física quanto da jurídica são regidas pelo princípio da responsabilidade por culpa impedindo a vigência do princípio da responsabilidade por risco (objetiva) para as pessoas coletivas (STF, HC nº 85.190-8, 2006). De acordo com o entendimento da suprema corte, não cabe ao acusado provar sua inocência, o ônus da culpabilidade é do Estado também para pessoas coletivas.

3.9 Aplicação do habeas corpus à pessoa jurídica

O habeas corpus é o instrumento utilizado para trancamento de ação penal, por exemplo, para os casos em que for comprovada: a) atipicidade de conduta; ou b) ausência de indícios de autoria ou provas de materialidade do delito (STF, RHC nº 19.119, 2006;

HC nº 101.851, 2010). No entanto só pode ser usado com este fim para defesa da liberdade ambulatória da pessoa natural.

No agravo regimental do habeas corpus nº 88.747-0 do STF (2009) permanece o entendimento de que a pessoa jurídica não faz jus ao writ, porque não há ameaça à liberdade de locomoção uma vez que essas entidades não podem sofrer penas privativas de

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liberdade. Também é esse o posicionamento do STJ, o Ministro Relator Gilson Dipp (RHC n° 28.811, 2010) explica que até a possibilidade de a pessoa coletiva figurar no pólo passivo de uma ação penal é um fato excepcional já que isso só é possível por causa do sistema de dupla imputação.

Excepcionalmente, a jurisprudência do STJ aceita habeas corpus quando a pessoa jurídica compõe o pólo passivo da ação penal com pessoas físicas e trata-se de crime ambiental (RHC nº 24.933 e RHC nº 28.811 do STJ). A dupla imputação permite que o habeas corpus impetrado em favor das pessoas físicas acusadas tenha efeitos sobre o ente coletivo.

Todavia, não há como negar que, caso o writ seja procedente em relação aos demais pacientes, a ação penal não teria como subsistir unicamente em relação à citada pessoa jurídica, eis que os fundamentos contidos na impetração para trancá-la são os mesmos em relação a todos os pacientes, não havendo, portanto, razão para deixar a citada empresa de fora do âmbito da decisão. (STF, HC nº 61.119, 2007)

Em interpretação ainda mais ampla, o Ministro Ricardo Lewandowski defendeu a possibilidade de se impetrar o writ em favor da pessoa jurídica apenas (STF, HC nº 92.921- 4, 2008). O fundamento de seu voto foi justamente a falta de instrumento destinado a defesa do ente moral quando comprovada a ausência de indícios de autoria. No entanto seu voto foi vencido sob o argumento de que na hipótese em questão o melhor instrumento seria o mandado de segurança. Posicionamento também do STJ no recurso em habeas corpus nº 24.933 de 2009 e no agravo regimental em mandado de segurança nº 13.533 de 2008.

No presente Agravo Regimental, aduz a agravante que se está diante de situação excepcional, pois se trata de Mandado de Segurança para trancamento da ação penal instaurada contra pessoa jurídica, em razão de não ter havido concomitante denúncia da pessoa física condutora da atividade do ente fictício. Salienta, ainda, cuidar-se de Mandado de Segurança sui generis, decorrente do entendimento firmado da inviabilidade de utilização de Habeas Corpus quando o paciente for pessoa jurídica, em atenção à inexistência, em casos tais, da necessária ameaça à liberdade de locomoção. (STJ, AgRg nº13.533, 2008)

3.10 Penas da pessoa jurídica

As penas aplicáveis a pessoas coletivas por crimes ambientais estão previstas na parte geral da lei nº 9.605/98, dos art. 21 ao 24. Os tipos de pena são multa, restritivas de

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direitos e prestação de serviços à comunidade. Segundo o art. 21, as sanções podem ser aplicadas isolada, cumulativa ou alternativamente.

A impossibilidade de sofrerem penas privativas de liberdade ou medidas de segurança é um dos argumentos utilizados contra a responsabilidade penal desses entes.

Para o Ministro Felix Fischer, no julgamento do recurso especial nº 622.724 de 2004, em defesa da irresponsabilidade penal da pessoa jurídica, entendeu que as penas previstas na lei foram consideradas apenas medidas administrativas e civis aplicadas na esfera penal.

Entretanto, em julgamento posterior, o STJ muda seu posicionamento argumentando que as sanções penais previstas em lei são mais eficientes quando aplicadas pelo judiciário, além de dotadas de caráter preventivo:

O caráter preventivo da penalização, com efeito, prevalece sobre o punitivo. A realidade, infelizmente, tem mostrado que os danos ambientais, em muitos casos, são irreversíveis, a ponto de temermos a perda significativa e não remota da qualidade de vida no planeta. (STJ, Resp nº 564.960, 2005).

3.10.1 Princípios da individualização da pena e pessoalidade da pena

Pelo princípio da pessoalidade da pena expresso no art. 5°, XLV da Constituição Federal, a sanção penal deve recair apenas sobre os autores materiais do crime. Do ponto de vista desse princípio, ao se aplicar uma pena à pessoa jurídica, também são atingidas as pessoas naturais que a compõem. (Luisi, 2010). No entanto Shecaira (1998) defende que o efeito da penalidade sobre os acionistas de uma corporação é equivalente aos efeitos experimentados pela família de uma pessoa física condenada.

O STJ, no julgamento do Recurso Especial nº 564.960 (2005), alega que mesmo que a condenação da empresa afete os sócios, empregados, consumidores e fornecedores, não há violação do princípio da pessoalidade da pena, pois não se caracteriza a transferência da pena, mas apenas os efeitos normais de uma condenação que sempre pode atingir pessoas indiretamente ligadas ao autor do delito.

O princípio da individualização da pena previsto no art. 59 do Código Penal também é aplicado a pessoas coletivas. Ele prevê que o juiz deve levar em conta vários fatores relacionados ao acusado para alcançar uma pena proporcional ao delito. Devido à

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dupla imputação penal, a atuação da pessoa física que representa a empresa é fundamental para o juízo de culpabilidade e dosimetria da pena:

A identificação da atuação das pessoas físicas é importante como forma de se verificar se a decisão danosa ao meio-ambiente partiu do centro de decisão da sociedade ou de ação isolada de um simples empregado, para o qual a pessoa jurídica poderia responder por delito culposo (culpa in eligendo e culpa in vigilando), recebendo penalidades menos severas daquelas impostas a título de dolo direito ou eventual, advindos da atuação do centro de decisão da empresa.

(RESP 610.114, STJ)

Na visão da jurisprudência brasileira a responsabilidade penal do ente moral não viola os princípios e garantias constitucionais, porém, para plena tutela do meio ambiente, o direito exige que as normas penais sejam reinterpretadas. Por mais que existam divergências na doutrina, a jurisprudência brasileira é pacífica em relação à responsabilidade de pessoas coletivas.

4 Considerações Finais

O potencial para causar danos ambientais dos entes coletivos é muito maior que o das pessoas físicas. Considerando que a degradação ambiental é de difícil recuperação e muitas vezes até irreversível, as sanções administrativas e civis sozinhas são incapazes de prevenir e reverter o dano de forma efetiva. Na esfera penal a punição é mais severa, porque a condenação de uma empresa por crime ambiental afeta negativamente a sua imagem, sobretudo em uma sociedade em que a responsabilidade social e ambiental do fabricante tem se tornado um critério de escolha para alguns consumidores de seus produtos.

A forma como a responsabilidade penal da pessoa jurídica foi instituída no sistema jurídico brasileiro apresentou muita ambigüidade e contrariou a tendência evolutiva do direito penal quanto à culpabilidade, a não possibilidade de responsabilidade objetiva, dentre outros tópicos abordados nesse trabalho. No entanto, a preocupação com o meio ambiente é uma demanda social e o direito deve se adaptar ao contexto histórico para atendê-la.

Dessa forma, restou à jurisprudência, com o apoio da formulação doutrinária, discutir as bases teóricas da sua admissão e a sua aplicação no caso concreto. A medida

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não deve ser encarada como violação ao direito penal clássico, mas como uma mudança benéfica do sistema jurídico brasileiro para defesa plena e efetiva do meio ambiente.

Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out 1988.

BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez 1940.

BRASIL. Lei Ordinária n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 fev 1998.

BRASIL. Lei Ordinária n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan 2002.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial nº 622.724/SC. 5ª Turma. Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 17 dez 2004. p. 592.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 564.960/SC. 5ª Turma. Relator. Min. Gilson Dipp. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 13 jun 2005, p. 331.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Embargos de Declaração em Recurso Especial n° 622.724/SC. 5ª Turma. Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 29 ago 2005, p. 403.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas corpus nº 43.751, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo. 5ª Turma. Relator Min. José Arnaldo da Fonseca. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 17 set 2005, p. 324.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 610.114/RN. 5ª Turma. Relator Min. Gilson Dipp. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 19 dez 2005, p. 463.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n°

16.696/PR. 6ª Turma. Relator Min. Hamilton Carvalhido. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 13 mar 2006, p. 373.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Habeas corpus n° 19.119, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. 5ª Turma.

Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 4 set 2006, p. 289.

(17)

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n°

20.601/SP. 5ª Turma. Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 14 ago 2006, p. 304.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 889.528/SC. 5ª Turma. Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 18 jun 2007, p. 303.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas corpus n° 54.211, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso. 6ª Turma. Relator Min. Hamilton Carvalhido. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 22 out 2007, p. 373.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas corpus n° 61.199, da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. 5ª Turma. Relatora Min. Jane Silva. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 22 out 2007, p. 321.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 847.476/SC. 6ª Turma. Relator Min. Paulo Gallotti. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 5 mai 2008.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental em Mandado de Segurança n°

13.533/SC. 3ª Seção. Relator Min. Napoleão Nunes Maia Filho. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 4 ago 2008.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas corpus n° 71.071, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. 5ª Turma. Relator Min. Arnaldo Esteves Lima. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 6 out 2008.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 24.933/RJ. 6ª Turma. Relator Min. Celso Limongi. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 16 mai 2009.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 969.160/RJ. 5ª Turma. Relator Min. Arnaldo Esteves Lima. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 31 ago 2009.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 989.089/SC. 5ª Turma. Relator Min. Arnaldo Esteves Lima. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 28 set 2009.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Habeas corpus n° 20.558, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. 6ª Turma. Relatora Min. Maria Thereza de Assis Moura. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 14 dez 2009.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial n° 800.817/SC. 6ª Turma. Relator Min. Celso Limongi. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 22 fev 2010.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Habeas corpus n° 24.055, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. 5ª Turma. Relator Min. Felix Fischer. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 19 abr 2010.

(18)

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Habeas corpus n° 24.239, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo. 6ª Turma.

Relator Min. OG Fernandes. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 1 jul 2010.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus n° 83.554-6, do Superior Tribunal de Justiça. 2ª Turma. Relator Min. Gilmar Mendes. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 28 out 2005.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus n° 85.190-8, do Superior Tribunal de Justiça. 2ª Turma. Relator Min. Joaquim Barbosa. Diário da Justiça da União, Brasília, DF, 10 mar 2006.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus n° 92.921, da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. 1ª Turma. Relator Min. Ricardo Lewandowski. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, nº 182, 25 set de 2008.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus n° 94.842-1, do Superior Tribunal de Justiça. 2ª Turma. Relator Min. Eros Grau. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, nº 148, 06 ago 2009.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Habeas corpus n° 88.747-0, do Superior Tribunal de Justiça. 1ª Turma. Relator Min. Carlos Britto. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, nº 204, 28 out 2009.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus n° 101.851, da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. 1ª Turma. Relator Min. Dias Toffoli. Diário de Justiça Eletrônico, Brasília, DF, n° 200, 21 out 2010.

BRASIL. Tribunal Regional Federal (4ª Região). Apelação Criminal n°

2001.72.04.002225-0. Apelantes: A. J. Bez Batti Engenharia Ltda.; Aroldo José Bez Batti.

Apelado: Ministério Público. Oitava Turma, Relator Élcio Pinheiro de Castro. Porto Alegre, 06 de agosto de 2003. Diário da Justiça da União, Brasília, DF. 20 ago 2003, p.

801.

CRUZ, Ana Paula Fernandes Nogueira da. A culpabilidade nos crimes ambientais. São Paulo: Editora Revista do Tribunais, 2008. 287 p.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal ‒ Parte geral. Volume 1. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2009. 790 p.

LUISI, Luiz. Notas sobre a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. In: PRADO, Luiz Regis; DOTTI, René Ariel. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 27-42.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado ‒ Versão compacta. São Paulo:

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PRADO, Luiz Regis. Responsabilidade penal da pessoa jurídica: fundamento e implicações. In: PRADO, Luiz Regis; DOTTI, René Ariel. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 125-156.

(19)

SARAI, Leandro. A doutrina da desconsideração da personalidade jurídica e alguns de seus reflexos no ordenamento jurídico brasileiro: Lei nº 8.078/90, Lei nº 8.884/94, Lei nº 9.605/98 e Lei nº 10.406/02. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 615, 15 mar. 2005.

Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/6440>. Acesso em: 30 mar. 2011.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica de acordo com a Lei 9.605/98. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1998. 163 p.

SILVA, Américo Luís. Martins da. Direito do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais.

Volume 1. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004. 784 p.

(20)

Anexo A

Tabela 1. Acórdãos dos tribunais superiores sobre responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais.

Tipo de acórdão Número Estado Julgamento Publicação

STF

Habeas Corpus 83.554-6 PR 16/08/2005 28/10/2005

Habeas Corpus 85.190-8 SC 08/11/2005 10/03/2006

Habeas Corpus 92.921-4 BA 19/08/2008 25/09/2008

Ag. Reg. No Habeas Corpus 88.747-0 ES 15/09/2009 29/10/2009

Habeas Corpus 94.842-1 RS 26/05/2009 07/08/2009

Habeas Corpus 101.851 MT 03/08/2010 22/10/2010

STJ

Recurso Especial 622.724 SC 18/11/2004 17/12/2004

Recurso Especial 564.960 SC 02/06/2005 13/06/2005

Edcl no Recurso Especial 622.724 SC 02/08/2005 29/08/2005

Habeas Corpus 43.751 ES 15/09/2005 17/10/2005

Recurso Especial 610.114 RN 17/11/2005 19/12/2005

Recurso em Mandado de Segurança 16.696 PR 09/02/2006 13/03/2006 Recurso em Mandado de Segurança 20.601 SP 29/06/2006 14/08/2006

Recurso em Habeas Corpus 19.119 MG 12/06/2006 04/09/2006

Recurso Especial 889.528 SC 17/04/2007 18/06/2007

Habeas Corpus 54.211 MT 11/09/2007 22/10/2007

Habeas Corpus 61.199 BA 04/10/2007 22/10/2007

Recurso Especial 847.476 SC 08/04/2008 05/05/2008

Habeas Corpus 93.867 GO 08/04/2008 12/05/2008

AgRg no Mandado de Segurança 13.533 SC 23/06/2008 04/08/2008

Habeas Corpus 71.071 MG 28/08/2008 06/10/2008

Recurso em Habeas Corpus 24.933 RJ 19/02/2009 16/03/2009

Recurso Especial 969.160 RJ 06/08/2009 31/08/2009

Recurso Especial 989.089 SC 18/08/2009 28/09/2009

Recurso Especial 800.817 SC 04/02/2010 22/02/2010

Recurso em Habeas Corpus 24.055 RS 09/02/2010 19/04/2010

Recurso em Habeas Corpus 24.239 ES 10/06/2010 01/07/2010

Habeas Corpus 119.511 MG 21/10/2010 13/12/2010

Recurso em Habeas Corpus 28.811 SP 02/12/2010 13/12/2010

AgRg no Recurso Especial 898.302 PR 07/12/2010 17/12/2010

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