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3. EQUILÍBRIO QUÍMICO

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3. EQUILÍBRIO QUÍMICO

3.1. Equilíbrios químicos relevantes em química analítica

a A + b B c C + d D

b a

d c

B A

D C

  K

Existe relação entre

o valor de K e a extensão do equilíbrio químico?

As constantes de equilíbrio têm ou não dimensões?

Nas expressões das constantes de equilíbrio:

► A concentração dos solutos é expressa em moles por Litro (mol/L)

► A concentração dos gases é expressa em atmosferas (atm)

► A concentração de sólidos puros, líquidos puros e solventes encontra-se omissa porque se consideram unitários

(2)

Em solução aquosa o tipo de equilíbrios químicos mais importantes, no contexto da química analítica são:

+ equilíbrios de ácido-base;

+ equilíbrios de precipitação;

+ equilíbrios de complexação;

+ equilíbrios de oxidação-redução.

3.2. Equilíbrio químico e termodinâmica

A constante de equilíbrio relaciona-se com as propriedades termodinâmicas das reações químicas

Entalpia – calor absorvido ou libertado na reacção Entropia – grau de desordem de reagentes e produtos

Variação de entalpia, H

se H < 0 a reação é exotérmica (é libertado calor) se H > 0 a reação é endotérmica

(é absorvido calor)

(3)

Variação de entropia, S

se S < 0 desordem dos produtos menor que a dos reagentes se S > 0 desordem dos reagentes

menor que a dos produtos

Geralmente: gases líquidos

sólidos

desordem

(+)

(-)

Variação da energia de Gibbs, G

É a grandeza termodinâmica que permite prever diretamente se uma reação química ocorre em grande extensão ou não

A reação é favorecida se G < 0

S T H

G    

As reações serão, então, favorecidas se:

H < 0 - reação exotérmica

S > 0 - maior desordem Questão:

Uma reação endotérmica (H > 0) ou uma reação com S < 0 podem ser muito extensas?

(4)

Relação entre K e G

G RT

e K

0

R – constante dos gases

Quanto mais negativo o valor de G

K maior

Princípio de Le Chatelier

De que modo se comporta um sistema em equilíbrio quando sujeito a uma perturbação externa?

Que perturbações podem ser introduzidas num sistema químico em equilíbrio?

+ variação da concentração das espécies em equilíbrio;

+ alteração da temperatura;

+ alteração da pressão (este efeito só é significativo se no equilíbrio estiverem incluídas

espécies no estado gasoso).

(5)

Exemplo de aplicação:

BrO3- + 2Cr3+ + 4H2O Br- + 2Cr2O72- + 8H+

Anião bromato

Catião crómio (III)

Anião brometo

Anião dicromato

11 3 2

3 2 8 7

2

1 10

Cr BrO

H O

Cr

Br  

 

Keq

(a 25º C)

Se: |H+| = 5,0 mol/L ; |Cr2O72-| = 0,20 mol/L ; |Cr3+| = 0,003 mol/L |Br-| = 1,0 mol/L ; |BrO3-| = 0,043 mol/L

(i) O sistema está em equilíbrio?

Considere:

    

2 11

8

10 0030 2

, 0 043 ,

0

0 , 5 20 ,

0 0 ,

Q 1  

 

> Keq

Quociente da reação

 Como Q > Keq em que direção a reação deverá decorrer para que Q = Keqe o equilíbrio seja atingido?

(6)

No sentido em que o numerador diminui e o denominador aumenta, ou seja

 deslocar-se-á no sentido dos reagentes (sentido inverso)

Exemplo de aplicação: Influência da temperatura no equilíbrio

Se: RT

T RTS RTH

S T RTH

G

e e e e

K

0 0 0

0 0

/ )

(

  

 O termo não depende da temperatura O termo

S R

e

0

H RT

e

0

Diminui com o aumento de T

se H0 for negativo (reação exotérmica) Aumenta com o aumento de T se H0 for positivo (reação endotérmica)

Assim, se considerarmos:

reagentes produtos + calor reação exotérmica

H0 < 0

Se temperatura aumenta o sistema em equilíbrio desloca-se no sentido de contrariar essa alteração

 deslocar-se-á no sentido dos reagentes (sentido inverso)

a constante de equilíbrio diminui

(7)

3.3. Ácidos e bases, força de ácidos e bases

As condições de pH de um meio reativo e as caraterísticas de ácido-base das espécies presentes num dado sistema químico em equilíbrio químico são fundamentais para se conseguir interpretar os fenómenos que têm lugar nesse sistema (em particular quando o solvente é a água)

Definições de ácido-base

 Teoria de Arrenhius: válida para reações em solução aquosa Ácido – substância que aumenta a concentração de H+ quando adicionada à água

Base – substância que aumenta a concentração de HO- quando adicionada à água

Teoria de Brönsted - Lowry: mais geral, baseada na permuta de protões (não implica, exclusivamente, as reações em água)

Ácido – dador de protões

Base – aceitador de protões

Exemplos: HCl (g) + H2O H3O+ (aq)+ Cl- (aq)

ácido base ácido partícula

neutra

HCl (g) + NH3 (g) NH4Cl (s)

ácido base sal

(8)

Teoria de Lewis: ainda mais geral, um ácido é um receptor de um par de electrões e uma base é um dador

de um par de electrões

Fe3+ (aq) + H2O [Fe(HO) ]+ (aq) + H+ (aq) Exemplo:

O que é um sal?

Sólido iónico - de um modo simples pode ser considerado como o o produto de uma reação de ácido-base

A dissociação dos sais em solução aquosa pode ou não ser completa

Dá origem aos equilíbrios de solubilidade

(9)

Ácidos e bases conjugados

Os produtos das reações de ácido-base também podem ser classificados como ácidos e bases

CH3COOH + CH3-NH2 CH3COO- + CH3-NH3+

Ácido acético

metilamina Anião

acetato

Catião metilamónio

ácido1 base2 base1 ácido2

pares ácido-base conjugados

Ácidos e bases conjugados estão relacionados entre si através do ganho ou perda de um protão (H+)

Forças de ácidos e bases

Ácidos

Bases Fortes…….Fracos…….Intermédios

Esta classificação depende da extensão da sua reação com o…..

solvente

Água (H2O)

 para dar origem a H+ (ácido) ou HO- (base) 

(10)

Ácidos fortes e bases fortes

Um ácido forte e uma base forte são assim classificados quando a reação com a água é completa

Exemplos: HCl (g) + H2O H3O+ (aq)+ Cl- (aq)

KHO (s) (+ H2O) K+ (aq) + HO- (aq)

Esta seta de sentido único significa que a reação ocorre unicamente num sentido

(não é uma reação de equilíbrio)

(11)

Ácidos fracos e bases fracas

Equação química que traduz a reação de um ácido fraco com o solvente (água)

HA (aq) + H2O H3O+ (aq) + A- (aq) Keq  Ka

constante de acidez

HA A H

Ka

Equação química que traduz a reação de uma base fraca com o solvente (água)

B (aq) + H2O BH+ (aq) + HO- (aq) Keq  Kb

constante de basicidade

B

HO BH

Kb

 Como se pode comparar a força relativa de dois ácidos?

se Ka (ácido1) > Ka (ácido2)  ácido1 é mais forte que o ácido2.

(12)

 E se forem bases?

se Kb (base1) > Kb (base2)  base1 é mais forte que a base2.

(13)

Ácidos e bases polipróticas

Ácidos e bases polipróticos são espécies químicas que podem ceder ou aceitar mais que um protão.

Exemplo:

anião hidrogenoxalato

Ka1 = 5,6 x10-2

Ka2 = 5,4 x10-5

C C O O HO OH

C C O O _O OH

(aq) H+ (aq) + (aq)

ácido oxálico

C C O O _O OH

C C O O _O O_

(aq) H+ (aq) + (aq)

anião oxalato anião hidrogenoxalato

Ka1 Ka2

constantes sucessivas de acidez

(cujo valor vai diminuindo)

……

(14)

Kb1 = 1,4 x10-2

Kb2 = 1,6 x10-7

Kb3 = 1,6 x10-7

Kb1

Kb2

Kb3

constantes sucessivas de basicidade

(cujo valor vai diminuindo)

……

(15)

Relação entre Ka e Kb

HA (aq) H+ (aq) + A- (aq)

HA A H

Ka

ácido1

base2 ???

Qual a base conjugada do H+?

base1 ácido2

 Qual o Kb da base conjugada (A-)?

A- (aq) + H2O HA(aq) + HO- (aq) ácido1

base1 ácido2 base2

Qual o ácido conjugado da base HO-?

Kw Kb

Ka  

 

A

-

HO HA

HA A H

A

-

HO HA 

Kb

O produto:

Ou seja: ou

Kb KaKw

Ka

KbKw

(16)

 E para partículas polipróticas?

H2A (aq) H+ (aq) + HA- (aq)

HA- (aq) H+ (aq) + A2- (aq)

A H

HA H

2 1

Ka

- 2 2 HA

A H

Ka

e

A2- (aq) + H2O HO- (aq) + HA- (aq)

HA- (aq) + H2O HO- (aq) + H2A(aq)

- 1 2

A

HA HO

Kb

- 2 2

HA HO A

H 

Kb

As relações que se podem estabelecer entre os Ka’s e Kb’s são:

Kw Kb

Ka 1  2  Ka 2 1 KbKw

(17)

3.4. pH, cálculo de pH

As características ácido-base das espécies químicas são extremamente importantes na definição do comportamento e propriedades químicas das soluções onde estão presentes

As características ácido-base das soluções são essenciais para a definição de estratégias de análise química

A capacidade de controlar o pH das soluções, em particular de soluções aquosas, é essencial em Química Analítica

pH de soluções de ácidos fortes e bases fortes

Definição de ácido forte (ou base forte)

- Ácido (ou base) que reage completamente com a água (solvente) para dar origem a H+ (ou a HO-) e a uma espécie neutra

Exemplo: HCl (g) + H2O H3O+ (aq)+ Cl- (aq)

NaHO (s) (+ H2O) Na+ (aq) + HO- (aq)

Reação completa

(não é uma reação de equilíbrio) ácido

forte

solvente espécie

neutra

base forte

solvente espécie

neutra

(18)

 Como se calcula, então, o pH de uma solução aquosa de um ácido forte ou base forte?

Basta saber qual a concentração do ácido forte ou da base forte

Exemplo:

HCl H+ + Cl-

concentração resultante de H+

ácido forte

Qual o pH de uma solução de HCl 0,10mol/L?

i 0,1 ---- ---- f ---- 0,1 0,1

 0 , 1 1 , 0

log H

log

pH  

  

KHO K+ + HO-

concentração resultante de HO-

base forte

Qual o pH de uma solução de KHO 0,10mol/L?

i 0,1 ---- ---- f ---- 0,1 0,1

0 , 13 H

log pH  

Como: 13

1 14

10 0

, 101 0

, 1

10 0

, H 1

HO





KwH

(19)

 Mas este raciocínio será sempre válido?

Considere-se, por exemplo, uma solução de HCl 1,0 x 10-8 mol/L

1 , 0 108 , 0

log H

log

pH  

  

8

Uma solução de um ácido forte pode ter pH > 7

Ou seja, dar origem a uma solução alcalina??????

Onde estará o erro de raciocínio?

para soluções muito diluídas é necessário considerar a contribuição para o pH da auto-ionização da água.

 Nestes casos a resolução do problema necessita que se faça um tratamento sistemático dos equilíbrios químicos simultâneos (este assunto vai ser abordado num

capítulo próprio).

(20)

pH de soluções de ácidos fracos e bases fracas

Definição de ácido fraco (ou base fraca)

- Ácido (ou base) que reage parcialmente com a água (solvente) para dar origem à respectiva base fraca conjugada (ou ácido fraco conjugado) e a H+ (ou a HO-)

Para estes equilíbrios é possível estabelecer as respectivas constantes de equilíbrio: o Ka (ácido fraco) ou Kb (base fraca)

A reação de um ácido fraco (ou base fraca) com a água (solvente) é uma reação de equilíbrio

(21)

HA (aq) (+ H2O) H+ (aq) + A- (aq)

HA A H

Ka

ácido fraco

reação de equilíbrio

solvente base fraca

conjugada

B (aq) + H2O HO- (aq) + HB+ (aq)

B HB HO Kb

base fraca

reação de equilíbrio

solvente ácido fraco

conjugado

Relação entre as constantes de acidez e basicidade de partículas conjugadas

Kw Kb

Ka  

A base conjugada de um ácido fraco é uma base fraca e o ácido conjugado de uma base fraca é um ácido fraco

Comparação entre as forças relativas de ácidos fracos e bases fracas

Forças relativas de ácidos fracos  Ka

Se Ka(ácido1) > Ka(ácido2)  ácido 1 mais forte que ácido 2

(22)

Forças relativas de bases fracas  Kb

Se Kb(base1) > Kb(base2)  base 1 mais forte que base 2

 Como serão estas relações em função de pKa e pKb ????

Relação entre partículas conjugadas

- Atendendo à relação

KaKbKw

Quanto maior a força relativa de um ácido fraco mais fraca será a partícula conjugada como base

Quanto maior a força relativa de uma base fraca mais fraca será a partícula conjugada como ácido

Exemplo:

Ka = 1,80 x 10-4

H C O

OH

ácido fórmico,

CH3 C O

OH

ácido acético, Ka = 1,75 x 10-5

(23)

O ácido mais forte é o ácido fórmico e, entre as bases conjugadas, o anião acetato será mais forte que o anião formiato.

 Qual o ácido mais forte?

Porquê?

Ka Força do

ácido Kb Força da

base

 Como se calcula, então, o pH de uma solução aquosa de um ácido fraco?

início CHA ---- ---- eq CHA - x x x

HA (aq) (+ H2O) H+ (aq) + A- (aq)

(24)

Hipótese simplificativa a participação da auto-ionização da água é desprezável

Pode ser considerada válida se a concentração de HA não for muito pequena

x C

x HA

A a H

HA 2

 

 

K

0 a

C a

x

x

2

K

HA

K

resolvendo a equação do 2º grau:

obtém-se o valor de x. Como |H+| = x então ficará:

x log

| H

|

log pH  

 

Fração de dissociação, 

A fração de dissociação de um ácido fraco HA, , corresponde à fração que se encontra na forma A-, ou seja:

HA

HA C

x x) (C

x

x HA

A

α A 

 

(25)

Ácidos fortes   = 1

Ácidos Ka

fracos

Exemplo:

Qual a fração de dissociação do ácido acético numa solução de CH3COOH 0,10 mol/L?

(Ka(CH3COOH) = 1,75 x 10-5)

início 0,10 ---- ---- eq 0,10 - x x x

CH3COOH (aq) H+ (aq) + CH3COO- (aq)

x 10 ,

0 x COOH CH

H COO a CH

2

3 3

 

 

K

0 10 1,75 x

10 1,75 xx

10 ,

0 10x 75 ,

1 2 5 6

2

5  

 

x = -0,00133

x = 0,00131

(26)

Então  será:

013 ,

10 0 , 0

00131 ,

α0  (ou 1,3 %)

A fração de dissociação, , numa solução de ácido acético 0,10 mol/L é de 0,013; tal significa que o ácido se encontra pouco dissociado (é um ácido fraco)

devido a este facto, quando a fração de dissociação é pequena, pode fazer-se uma simplificação na resolução da equação do 2º grau para o cálculo do pH. Pode assim considerar-se que: CHA – x ≈ CHA

A expressão simplifica para:

HA 2

HA 2

C x x

C x HA

A

a H 

 

 

K

fica, então:

a C x

a C x

0 a

C

x

2

HA

K    

HA

K  

HA

K

(27)

Este tipo de raciocínio permite obter as seguintes expressões para o cálculo de pH de soluções de ácidos fracos (1)

e bases fracas (2) monopróticas.

HA 2 log

- 1 a 2 p

pH  1 K

  1 2 log B a

2 p 00 1 ,

7

pH   K

HB

(1)

(2)

 Estas expressões serão sempre válidas?

início CB ---- ---- eq CB - x x x

B (aq) + H2O BH+ (aq) + HO- (aq)

 Como se calcula o pH de uma solução aquosa de uma base fraca?

O modo de cálculo é similar ao de um ácido fraco

(28)

Hipótese simplificativa a participação da auto-ionização da água é desprezável

Pode ser considerada válida se a concentração de B não for muito pequena

x C

x B

HO b BH

B 2

 

 

K

0 b C b

x

x

2

K

B

K

resolvendo a equação do 2º grau:

obtém-se o valor de x. Como |HO-| = x então ficará:

x

log

|

HO

|

log

pHO  

 

Sabendo que pH + pHO = 14, ficará:

pHO 14

pH  

Fração de associação, 

A fração de associação de uma base fraca B, , corresponde à fração que se encontra na forma BH+, ou seja:

B

B C

x x

x) (C

x BH

B

α BH 

 

 

(29)

Bases fortes   = 1

Bases Kb

fracas

Exemplo:

Qual a fração de associação do amoníaco numa solução de NH3 0,10 mol/L?

(Kb(NH3) = 1,75 x 10-5)

início 0,10 ---- ---- eq 0,10 - x x x

NH3 (aq) + H2O NH4+ (aq) + HO- (aq)

x 10 , 0

x NH

NH b HO

2

3 4

 

 

K

0 10 1,75 x

10 1,75 xx

10 ,

0 10x 75 ,

1 2 5 6

5 2  

 

x = -0,00133

x = 0,00131

(30)

Então  será:

013 ,

10 0 , 0

00131 ,

α0  (ou 1,3 %)

Numa solução de amoníaco 0,10 mol/L em cada 1000 partículas de NH3 só 13 (1,3 em 100) reagiram com água para formar NH4+

3.5. Soluções tampão

Definição: Uma solução tamponada resiste a alterações de pH quando lhe são adicionadas soluções de ácidos ou de bases ou quando a solução é diluída.

A capacidade tampão de uma solução, para zonas de pH entre 2 e 12, é obtida através da criação de um par conjugado de ácido-base

Mistura de um ácido fraco com a sua base conjugada

REGRA GERAL: um ácido e a sua base conjugada não reagem entre si, ou seja, quando se adiciona numa

solução um dado nº de moles de um ácido e um dado nº de moles da sua base conjugada o nº de moles de cada espécie na mistura resultante é igual ao adicionado.

(31)

 Como se pode explicar este facto com base no Princípio de Le Chatelier?

Equação de Handerson-Hasselbalch

Ácido log Base

a p

pH  K

Equação de Handerson-

Hasselbalch

 equação fundamental usada para o cálculo do pH de soluções tampão (soluções que são constituídas por misturas de ácido e base conjugados)

 Mas, de onde provém esta equação?

HA A a H

K

Considere-se

Aplicando logaritmos fica:

HA logA

H HAlog

A logH

a log

 

K

(32)

Multiplicando por -1:

HA logA

H log a

log

K

pKa pH

HA log A

a p pH

-

K

Propriedades da equação de Handerson-Hasselbalch

Razão

|base|/|ácido|

pH

100:1 pKa + 2

10:1 pKa + 1

1:1 pKa

1:10 pKa - 1

1:100 pKa - 2

Solução com caraterísticas

de tampão

(33)

Resolução:

Passo1 – É preciso saber que a concentração da solução tampão indicada corresponde à concentração total das duas espécies conjugadas do tampão (|NH4+| + |NH3| = 0,500)

Passo2 – Usar a equação de Henderson-Hassebalch para calcular a concentração de cada um dos constituintes do tampão

4 3

NH logNH a

p pH K

Exemplo de aplicação: Efeito da adição de um ácido forte a uma solução tampão

Qual o efeito sobre o pH de uma solução tampão amoniacal 0,500 mol/L, com pH = 9,50, quando a 500 mL dessa solução se adicionam 10,0 mL de HCl 1,00 mol/L? (pKa(NH4+) = 9,24)

Passo3 – É preciso saber que o ácido forte (HCl) irá reagir completamente com a base conjugada para dar origem ao ácido conjugado Passo4 – Finalmente, usando as novas concentrações de ácido e base, resultantes da adição, calcula-se o pH usando, novamente, a equação de Henderson-Hassebalch.

(34)

Dados iniciais: tampão amoniacal (NH4+/NH3) 0,500 mol/L, pH = 9,50

|NH4+| + |NH3| = 0,500 (mol/L)

4 3

NH log NH a

p pH K

|NH4+| + |NH3| = 0,500

4 3

NH logNH 24

, 9 50 , 9

Após resolução do sistema de equações

|NH4+| = 0,177 mol/L

|NH3| = 0,323 mol/L

Reação de NH3 com a solução de HCl (reação completa) (Vtotal = 0,500 + 0,0100 = 0,510 L)

início 0,323 x 0,500 1,00 x 0,0100 0,177 x 0,500

(nº moles inicial) 0,162 0,0100 0,0885

fim 0,162 – 0,0100 --- 0,0885 + 0,0100

(nº moles final) 0,152 0,0985

NH3 (aq) + H+ (aq) NH4+ (aq)

(35)

Cálculo do pH da solução resultante

4 3

NH log NH a

p pH K

43 , 9 19 , 0 24 , 9 V

0985 ,

0 V

152 ,

0 log 24

, 9

total

total   

Variação de pH observada pH inicial = 9,50

pH final = 9,43

- 0,07

Mas, uma solução tampão resistirá sempre à adição de um ácido ou de uma base sem que o pH da solução seja muito alterado?

Porque é que a reação entre um ácido forte e uma base fraca ou um ácido fraco e uma base forte pode ser considerada completa? Mostrar que tal é válido em função do valor da constante de equilíbrio dessa reação.

(36)

Como se prepara uma solução tampão

1 Selecionar um par ácido-base conjugado cujo valor de pKa seja próximo do valor de pH pretendido (|pH – pKa| < 1)

2 Estabelecer qual a concentração do tampão (concentração total: a + b) e o valor a preparar

3 Obter (por pesagem ou medição de volume) o nº de moles de um dos componentes do tampão (do ácido ou da base,

conforme o que for mais conveniente)

4 Dissolver num goblé contendo água até cerca de 75% do volume final

5 Colocar um elétrodo de pH na solução resultante

6 Adicionar uma solução concentrada de um ácido ou base forte, consoante o componente do tampão presente

7 Diluir até ao volume final com água

(37)
(38)
(39)

em que dCB e dCA são, respectivamente, o nº de moles de base forte e ácido forte que são necessários para provocar a variação de uma unidade de pH a um litro de solução tampão

Capacidade tampão

Capacidade tampão, , mede a capacidade de uma solução resistir a alterações de pH devidas à adição de ácidos fortes ou bases fortes.

dpH dC dpH

β  dC

B

 

A

A capacidade tampão é máxima quando

A escolha do sistema tampão deve ser feita de tal modo que o pH pretendido deve ser próximo do pKa do ácido do sistema

pH = pKa

a = b

(40)

O sistema tampão só apresenta capacidade tampão apreciável se pH estiver compreendido entre pKa  1.

Fora desta zona a quantidade de base (ou ácido) do tampão não é suficiente para resistir à adição de ácidos ou bases fortes.

Tampões constituídos por ácidos fortes ou por bases fortes

Atendendo à definição de solução tampão verifica-se que soluções de ácidos fortes (pH < 2) ou de bases fortes (pH > 2) também resistem bem quer à adição de ácidos quer à adição de bases fortes

Podem, por isso, ser consideradas soluções com elevada capacidade tampão

(41)

 Como se pode interpretar este facto?

Solução de ácido forte

Adição de pequena quantidade de base forte – o pH variará pouco devido à existência de elevado nº de moles de ácido (elevada reserva ácida)

Adição de pequena quantidade de ácido forte – o pH variará pouco porque o aumento global no nº de moles de ácido devido à adição será pequeno

Solução de base forte

Adição de pequena quantidade de ácido forte – o pH variará pouco devido à existência de elevado nº de moles de base (elevada reserva alcalina)

Adição de pequena quantidade de base forte – o pH variará pouco porque o aumento global no nº de moles de base devido à adição será

pequeno

Validade da equação de Henderson - Hasselbalch

O cálculo do pH de uma mistura de ácido-base conjugados

usando a equação de Henderson - Hasselbalch não é válida se:

 os constituintes do tampão estiverem muito diluídos

 o pH resultante for muito baixo ou muito alto

(42)

Exemplo:

Qual o pH de uma solução constituída por mistura de 0,0100 moles de HA e 0,0100 moles de A- em um litro de solução?

(considerar que: pKa(HA) = 2,00)

início 0,0100 ---- 0,0100 eq 0,0100 - x x 0,0100 + x

HA (aq) H+ (aq) + A- (aq)

 

102,00

x

0,0100 x

0,0100 x

HA A

a H

 

 

  K

mol/L 0,00414 x

2,38 x

log H

log

pH  

Neste caso em que o ácido tem um valor de pKa baixo, o que significa que o fator de dissociação, , é considerável, a aproximação |HA|equil. = |HA|inicial não é válida.

Ou seja, o valor de pH previsto pela equação de Henderson – Hasselbalch é 2,00 mas, o valor efetivo é de 2,38

(43)

3.6. Equilíbrios ácido-base de espécies polipróticas

Espécies polipróticas: espécies que podem ceder ou dar mais do que um protão (H+)

Ácidos e bases dipróticos

 Relembrando os equilíbrios de protonação

H2A (aq) H+ (aq) + HA- (aq)

HA- (aq) H+ (aq) + A2- (aq)

A H

HA H

2 1

Ka

- 2 2 HA

A H

Ka

e

A2- (aq) + H2O HO- (aq) + HA- (aq)

HA- (aq) + H2O HO- (aq) + H2A(aq)

- 1 2

A

HA HO

Kb

- 2 2

HA HO A

H 

Kb

As relações que se podem estabelecer entre os Ka’s e Kb’s são:

Kw K

K a

1

 b

2

K a

2

K b

1

Kw

(44)

 Como se calcula o pH de uma solução aquosa de H2A (ácido diprótico)

Hipótese simplificativa desde que Ka2 < 1/10 Ka1 pode desprezar-se a contribuição da 2ª protólise

O cálculo pode ser efetuado como se de um ácido monoprótico se tratasse

 Como se calcula o pH de uma solução aquosa de A2- (base diprótica)

Hipótese simplificativa desde que Kb2 < 1/10 Kb1 pode desprezar-se a contribuição da 2ª protólise

O cálculo pode ser efetuado como se de uma base monoprótica se tratasse

 Como se calcula o pH de uma solução aquosa de HA- (espécie anfiprótica)

A espécie HA- pode comportar-se como ácido (cedendo um protão) ou como base ácido (captando um protão)

(45)

HA- (aq) + H2O HO- (aq) + H2A(aq) HA- (aq) H+ (aq) + A2- (aq)

Os equilíbrios que se estabelecem são:

Ka2 Kb2

O pH desta solução pode ser obtido através da seguinte expressão simplificada:

p a

1

p a

2

2

pH  1 KK

De acordo com a equação anterior, o pH de uma solução de uma espécie anfiprótica corresponderá à média dos valores de pKa1 e pKa2 e é independente da concentração inicial dessa espécie

Tampões com ácidos dipróticos

Os tampões preparados a partir de ácidos dipróticos (ou polipróticos) têm caraterísticas idênticas aos preparados a partir de ácidos

monopróticos. A diferença essencial reside na existência de mais zonas de pH com capacidade tampão

(46)

H2A

Zona H2A/HA-

Zona HA-/A2-

A H logHA a

p pH

2 - 1

K

- - 2

2 HA

logA a

p

pH K

Exemplo:

Qual o volume de KHO 0,800 mol/L que deve ser adicionado a 500 mL de uma solução que contém 3,38 g de ácido oxálico, para que o pH seja igual a 4,40?

C C O O HO OH

ácido oxálico (H2Ox)

Mr = 90,03 pKa1 = 1,25 pKa2 = 4,27

Resolução:

O pH pretendido fica próximo do valor de pKa2, então o par ácido-base conjugado presente na solução será: HOx-/Ox2-.

Deste modo teremos que adicionar uma quantidade de HO- suficiente para transformar completamente o H2Ox em Hox- e ainda mais um pouco para transformar parte do Hox- em Ox2-.

(47)

Reação total de H2Ox com a solução de KHO (reação completa)

início 0,0375 0,0375

(nº moles inicial)

fim --- --- 0,0375

(nº moles final)

H2Ox (aq) + HO- (aq) HOx- (aq) + H2O

 Volume de KHO para transformar todo o H2Ox em HOx-

 

mol

 

L 0,0469L46,9mL

0,800 mol 0,0375

Parte do HOx- tem de se transformar em Ox2- para obtermos a solução tampão com pH = 4,40 (reação de equilíbrio)

início 0,0375 x

(nº moles inicial)

fim 0,0375 - x --- x

(nº moles final)

HOx- (aq) + HO- (aq) Ox2- (aq) + H2O

x

0,0375 logx

27 ,

HOx4 logOx

a p pH

- 2

2

K

s

0,0216mole x

(48)

 Volume de KHO que contém 0,0216 moles

 

mol

 

L 0,0270L27,0mL

0,800 mol 0,0216

Volume total de KHO necessário = 46,9 + 27,0 = 73,9 mL

Ácidos e bases polipróticos

Exemplo de aplicação: Ácido fosfórico, H3PO4

 Equilíbrios de protonação

H3PO4 (aq) H+ (aq) + H2PO4- (aq)

e

H2PO4- (aq) H+ (aq) + HPO42- (aq) HPO42- (aq) H+ (aq) + PO43- (aq)

PO43- (aq) + H2O HO- (aq) + HPO42- (aq) HPO42- (aq) + H2O HO- (aq) + H2PO4- (aq) H2PO4- (aq) + H2O HO- (aq) + H3PO4 (aq)

Ka1 Ka2

Kb1 Ka3

Kb2 Kb3

(49)

As relações que se podem estabelecer entre os Ka’s e Kb’s são:

Kw K

K a

1

 b

3

Kw K

K a

2

 b

2

Kw K

K a

3

 b

1

 Como são consideradas as diferentes espécies em termos ácido-base?

 H3PO4 é tratado como um ácido monoprótico fraco, Ka1

 H2PO4- é tratado como uma espécie anfiprótica de um sistema diprótico (H3PO4 , H2PO4- , HPO42-)

p a1 p a2

2

pH 1 KK

 HPO42- é tratado como uma espécie anfiprótica de um sistema diprótico (H2PO4- ,HPO42-, PO43-)

p a2 pa3

2

pH1 KK

 PO43- é tratado como uma base monoprótica fraca, Kb1

(50)

Forma que predomina para um dado valor de pH

Exemplo:

Qual a forma de ácido acético que predomina a pH = 8,00, sabendo que pKa(CH3COOH) = 4,75?

Se pKa = 4,75 então, de acordo com a equação de Henderson- Hasselbalch:

 a pH = 4,75 |CH3COOH| = |CH3COO-|

 a pH = 5,75 |CH3COOH| = 1/10 |CH3COO-|

 a pH = 6,75 |CH3COOH| = 1/100 |CH3COO-|

 e a pH = 8,00?

Como

Ácido log Base

a p pH K

ficará

Ácido logBase

75 , 4 00 ,

8

então 3,25Base10Ácido

Ácido

logBase 3,25

ou seja CH3COO1,78x103CH3COOH

A espécie que predomina é o anião acetato (CH3COO-)

(51)

 Para um sistema monoprótico, HA e A-

Espécie predominante

A- pH > pKa HA pH < pKa

|A-| = |HA| pH = pKa

 Para um sistema poliprótico, H2A, HA- e A2-

Espécie predominante

A2- pH > pKa2

|HA-| = |A2-| pH = pKa2

HA- pKa1 < pH < pKa2

|H2A| = |HA-| pH = pKa1 H2A pH < pKa1

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