UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
JEYMYSON ALVES DE SOUSA
ESTUDO DO ALGORITMO ADAMF NA DETECÇÃO DE AFUNDAMENTO DE TENSÃO
JEYMYSON ALVES DE SOUSA
ESTUDO DO ALGORITMO ADAMF NA DETECÇÃO DE AFUNDAMENTO DE TENSÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Elétrica do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica.
Orientador:
Prof. Dr. Francisco Kleber de Araújo Lima
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
S697e Sousa, Jeymyson Alves de.
Estudo do algoritmo ADAMF na detecção de afundamento de tensão / Jeymyson Alves de Sousa. – 2017. 38 f. : il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Elétrica, Fortaleza, 2017.
Orientação: Prof. Dr. Francisco Kleber de Araújo Lima.
JEYMYSON ALVES DE SOUSA
ESTUDO DO ALGORITMO ADAMF NA DETECÇÃO DE AFUNDAMENTO DE TENSÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Elétrica do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Francisco Kleber de Araújo Lima (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Prof. Dr. Joacillo Luz Dantas
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFCE)
À minha família, que sempre foi a principal ra-zão de me manter na luta para concluir essa fase
da minha vida. A minha madrinha, cujo o su-porte foi imprescindível para que pudesse chegar
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Francisco Kleber de Araújo, por orientar essa monografia, e ter tido a paciência necessária para aguardar o longo tempo necessário para que este trabalho pudesse
estar pronto.
Aos colegas de trabalho do Laboratório de Aplicações de Eletrônica de Potência
Integração de Sistemas-LAPIS, Paulo , Joacillo , Mozart e Nailza, pelo convívio nesse ambiente de aprendizagem.
Aos membros da banca, Breno Bezerra e Joacillo Dantas, por terem aceitado a tarefa de avaliar esse trabalho.
Aos meus pais, Zélia Maria de Sousa Alves e João Simplício Alves, que me deram as forças para continuar até aqui.
Aos meus irmãos, Josiele Alves de Sousa e Jebnael Alves de Sousa, agradeço pelas brigas, pela conversas e acima de tudo pelo carinho que muitas vezes compartilhamos.
A minha madrinha, cujo o suporte e carinho foram essenciais para que pudesse chegar até aqui
Aos amigos da graduação, aqui representados principalmente por Ana Beatriz, Celina Morais, José Roberto e Matheus Roque , que foram companheiro fiéis nas lutas travadas nesses 7
anos.
A minha família de intercâmbio, Isabella, Maira, Priscilla, Rafael e Silvia, cuja a
amizade e companheirismo, fizeram com que um dos momento mais importantes da minha trajetória acadêmica ( o intercâmbio), fosse simplesmente memorável.
Ao meus Amigos de residência universitária e vida, Claudia, Cintia , Katia , Mayara , Evaneide , Ana Nery, Jorge Luiz , Marcos por terem me propiciado momentos inesquecíveis
durante todo esse tempo.
Ao meus amigos de longas datas que permanecem apesar do tempo, aqui
representa-dos por Raviel, Mara e Priscila.
Ao professores do DEE , por terem sido os mestres que direto ou indiretamente
RESUMO
Afundamento de tensão tem se tornado um ponto de importante atenção no que concerne a
qualidade de energia, principalmente devido ao crescimento de cargas sensíveis em nosso dia a dia. Pesquisa daElectric Power Research Institute-EPRI mostra que mais de 40% dos
eventos de qualidade de energia estão relacionado com afundamentos de tensão, e o volume de perdas financeiras causadas por esses fenômenos é considerável. As perdas financeiras no setor
industrial americano chega $114 bilhões todos os anos, os principais equipamentos atingidos são
equipamentos de Tecnologia da informação (TI) devido a sua alta sensibilidade.
Em face disso, esse trabalho visa fazer um estudo do algorítimo ADAMF para detecção de
afundamentos de tensão, e propor um ajuste para caracterizar o tipo de afundamento.
O algorítimo ADAMF estudado nesse trabalho, utiliza o conceito de valor agregado de tensão
no referencialαβ, a fim de detectar os eventos de afundamento. O mesmo consegue detectar rapidamente afundamentos simétricos e assimétricos devido a habilidade de monitorar de forma
independente a componente fundamental de cada uma das fases.
Para estudo desse algoritmo, foram realizados 6 cenários de simulação, compreendendo
afun-damento monofásico com distorção harmônica e sem, afunafun-damento bifásico com distorção harmônica e sem, e afundamento trifásico com distorção harmônica e sem. Os resultados
mostraram-se satisfatórios a medida que o algoritmo foi capaz de detectar o afundamento, bem como caracterizar o seu tipo. Foi possível ainda perceber a eficácia do algoritmo DSOGI (Double
Second Order Generalized Integrator), tendo em vista que o valor agregado da componente fundamental de cada onda, com ou sem a presença de harmônicas mostraram-se similares.
ABSTRACT
Voltage sag has become a remarkable concern in the field of power quality, mainly due to the
growth of sensitive loads connected to our power grid. Research conducted by Electric Power Research Institute-EPRI shown that more than 40 % of energy quality events are related to
voltage sag, and the amount of finacial loss caused by those events are considered.The financial loss in american industrial sector reachs every year $ 114 bilions.
For this reason, this work aims to make a study of the ADAMF algorithm for detection of voltage
sags, and propose an adjustment to characterize the type of sag.
The ADAMF algorithm, studied in this work, uses the aggregate value of the voltage in the
reference frameαβ, in order to detect the sags. This algorithm are able to detect symmetric and assymetric voltage sags, due its ability to independently monitor the fundamental voltage
componet of each phase.
Six simulation scenarios were carried out in order to validate the efficiency of this algorithm.The
results were satisfactory, as the algorithm was able to detect the sag, as well as characterize its type. Also, the DSOGI (Double Second Order Generalized Integrator) filter shown efficiency
as the aggregate value of fundamental voltage component in the presence of harmonics were similar to the aggregate value of fundamental voltage component without harmonics.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tipos de afundamentos a partir do tipo de conexão da carga e natureza da falta. 15 Tabela 2 – Características do afundamento, a partir do tipo de conexão do transformador. 16
Tabela 3 – Valores máximos e mínimos de tensão RMS Fase-Neutro e Fase-Fase. . . . 22 Tabela 4 – :Relação teórica entre X e Y para os diferentes tipos de afundamento. . . 22
LISTA DE SÍMBOLOS
T Período de uma onda
Vrms Valor RMS de tensão.
N número de amostras da onda.
Vpico Valor de pico da tensão
Vpnmin Valor mínimo de tensão RMS Fase-Neutro. Vppmin Valor mínimo de tensão RMS Fase-FAse. Vpnmax Valor máximo de tensão RMS Fase-Neutro. Vppmax Valor máximo de tensão RMS Fase-Fase. Va Tensão da fase A.
Vb Tensão da fase B. Vc Tensão da fase C. VaΠ
4 Tensão da fase A, atrasada em 1/4 do perido fundamental. Vaα,Vaβ Tensões do sistema monofásico no referencialαβ
Va+α Componente fundamental normalizada da tensão na fase A
Va+β Componente fundamental normalizada em quadratura da tensão na fase A VaMax Valor de pico normalizado.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . 11
1.1 Qualidade de Energia . . . 11
1.2 Afundamento de tensão . . . 12
1.3 Principais causas de afundamentos de tensão . . . 13
1.4 Tipos de Afundamentos . . . 14
1.5 Estruturação do trabalho . . . 16
2 TÉCNICAS DE DETECÇÃO DE AFUNDAMENTOS DE TENSÃO . . 17
2.1 Caracterização do afundamento através da magnitude da tensão . . . . 17
2.1.1 Abordagem do valor RMS. . . 17
2.1.2 Abordagem do valor de pico . . . 19
2.2 Caracterização do afundamento tensão a partir do tipo, e presença de componente de sequência zero. . . 21
3 METODOLOGIA . . . 24
3.1 Algoritmo ADAMF . . . 24
4 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO . . . 29
4.1 Caso 1: Afundamento monofásico. . . 29
4.2 Caso 2: Afundamento Bifásico . . . 32
4.3 Caso 3: Afundamento trifásico . . . 34
5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS . . . 37
11
1 INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir objetiva fazer um estudo da utilização doAlgorítimo de Detecção de Afundamento através do Monitoramento da componente Fundamental - ADAMF. O algoritmo
é proposto em Dantas (2016) para detecção de afundamentos de tensão, e utiliza o conceito de valor agregado da onda para esse fim.
Nas subseções seguintes, é apresentado uma breve explanação sobre a evolução do conceito de qualidade de energia, os desafios e a distribuição percentual dos principais fenômenos.
Em seguida e apresentado a definição de afundamento de tensão, seus impactos financeiros e causas. Por fim é apresentado a caracterização dos afundamentos em 7 tipos básicos (A, B, C, D,
E, F e G) conforme exposto em Bollen (2000).
1.1 Qualidade de Energia
A maneira como definimos qualidade de energia vem sofrendo modificações nos
últimos anos, a medida que a sensibilidade das cargas modificam-se. Para o IEEE-Institute of Electrical and Eletronic Engineers, a definição de qualidade de energia está ligado ao
con-ceito de fornecer e estabelecer a alimentação de um equipamento de forma adequada ao seu funcionamento (FERREIRA, 2010). Nas últimas décadas, o crescimento de cargas eletrônicas
em instalações residências e industriais, fizeram com que as preocupações com requisitos de qualidade de energia, que antes tinham maior enfoque em interrupções, passassem agora a
também considerar eventos de variação de tensão de curta duração, distorções harmônicas etc. De fato, atenção especial vem sendo voltada aos afundamentos de tensão,
princi-palmente devido ao seu percentual de ocorrência, quando comparado com outros fenômenos. (STAROSTA, 2017). A Figura 1 ilustra a distribuição percentual dos principais problemas de
12
Figura 1 – Típicos fenômenos de qualidade de energia.
Afundamentos de tensão 46% Variação de frequência 5%
Ruídos de linha 5% Harmônicas 5% Sobretensão 7% Subtensão 7% Surtos e transientes 10% Elevação de tensão 10% Outros 5%
FENÔMENOS DE QUALIDADE
Fonte: Adaptada do EPRI.
1.2 Afundamento de tensão
Afundamentos de tensão são casos particulares de variação de tensão, podendo ser
momentâneos ou temporárias. Afundamentos momentâneos são caracterizados por uma variação de amplitude de 0,9 p.u. a 0,1 p.u., com duração de 5 ciclos a 3 segundos, enquanto afundamentos
temporários são tidos como variações na amplitude de 0,9 p.u. a 0,1 p.u., e uma duração que varia de 3 segundos a 1 minutos (IEEE std 1159 - 2009).
O estudo desses distúrbios tem recebido uma atenção especial, principalmente devido aos altos impactos econômicos causados pelos mesmos. Pesquisas apontam que o volume de
gastos devido aos afundamentos em grandes industrias americanas podem chegar $114 bilhões todos os anos (WEB, 2017). A Figura 2 ilustra os níveis de perdas financeiras para setores de
industrias de processos contínuos, devido a ocorrência desse fenômeno.
A importância de um estudo aprofundado dos afundamentos está diretamente ligada,
entre outras coisas, a continuidade operacional, economia financeira de plantas industriais e comerciais e adequado funcionamento de cargas sensíveis.
O aumento de equipamentos eletrônicos e computacionais nas instalações, enfatiza a necessidade desse estudo, tendo em vista que essas cargas apresentam restrita tolerância, sendo
possível identificar falhas mesmo em variações de curtíssima duração (STAROSTA, 2017). Tais falhas podem significar a perda completa de equipamentos, que em sua maioria tem custos
13
Figura 2 – Volume de custos para os principais setores industriais, devido a afundamentos de
tensão.
Fonte: Adaptada de (CANGUÇU, 2006)
Para proteção contra distúrbios desse tipo, além de grupos geradores, locais com
grande quantidade de cargas sensíveis costumam utilizarUPS-Uninterruptable Power Supply, a fim de mitigar os efeitos destrutivos de afundamentos/elevações de tensão, bem como de
interrupções (STAROSTA, 2017).
1.3 Principais causas de afundamentos de tensão
Os afundamentos são causados principalmente por faltas (curto-circuitos) na rede
de distribuição e/ou transmissão, bem como por distúrbios na própria instalação. Distúrbios na própria instalação tem como causa principal a partida de grandes blocos motores. Para essa
última, o afundamento é dito ser de causa interna, e pode ser diferenciado dos demais pelo aumento no fluxo de energia reativa drenado da rede (STAROSTA, 2017).
De maneira semelhante as cintilações ou flicks, que são variações aleatórias do valor eficaz da tensão, os afundamentos podem também ter como causa a mudança na fonte
de alimentação. De uma maneira geral, estudos apontam que de fato a principal causa de afundamentos de tensão são as faltas no sistema elétrico, sobretudo devido a exposição de
milhares de quilômetros de linhas de transmissão e distribuição a todos os tipos de intempéries naturais (MOREIRA, 2008). Os curtos circuitos em subestações terminais e nos próprios sistemas
14
distribuições primaria e secundária, faz com que suas taxas de faltas sejam bem menores do que as de redes aéreas, tendo em vista que o isolamento dos cabos diminui os riscos de faltas
causadas pelo contato acidental de elementos externos com a rede (MOREIRA, 2008).
As faltas nas redes elétricas estão ligadas principalmente a incidência de descargas
elétricas sob essas linhas. Nos sistemas de distribuição os problemas com descargas são geral-mente mais críticos, por que estas não dispõe de cabos de guarda (MOREIRA, 2008). O cabo
guarda é um condutor conectado terra e instalado no topo da torre com o objetivo de atrair para si descargas atmosféricas que, na sua ausência, incidiriam diretamente nos condutores fase
ocasi-onando sobretensões superiores àquelas que a linha suporta. Outras causas para curto-circuito na rede aérea são queimadas em plantações, vendavais, contato por animais, contaminação de
isoladores, falhas humanas e etc (MOREIRA, 2008).
As faltas podem ser temporárias ou permanentes, dependendo da natureza do
fenô-meno. As faltas temporárias são comumente causadas por intempéries naturais, tais como descargas atmosféricas, ventanias, e podem ser contornadas através de religamento automático.
Já as faltas permanentes, estão comumente ligadas a danos físicos de algum elemento da estru-tura, por exemplo danos em equipamentos ou isoladores, o que requere a atuação da equipe de
manutenção (MOREIRA, 2008).
1.4 Tipos de Afundamentos
Existem diversos fatores que podem determinar as características de um afundamento
de tensão, entre eles o tipo da falta, características de impedância, características na conexão da carga e transformadores.
O tipo da falta é determinante para caracterização do tipo de afundamento. Afundamentos balanceados são causados por faltas balanceadas (FFF Trifásica, FFFT Trifásica
-Terra), enquanto faltas desbalanceadas (FT - Fase- Terra, FF - Bifásica e FFT - Bifásica - Terra) são responsáveis por afundamentos desbalanceados. Os afundamentos do tipo balanceados são
bem mais severos, no entanto a frequência de ocorrência é bem pequena, quando comparada com a ocorrência de afundamentos desbalanceados (MOREIRA, 2008). No geral, a composição dos
tipos de afundamentos apresenta um percentual de cerca de 75% de afundamentos monofásicos, portanto desbalanceados (MARTINEZ; MARTIN-ARNEDO, 2006).
15
de distribuição geográfica, bem como seu arranjo em forma de malha, tendem a afetar um percentual maior de consumidores pelos afundamentos. Já falhas em rede de distribuição levando
em consideração sua concentração em pontos específicos, e sua organização radial, é percebida por um percentual menor de usuários (BOLLEN, 2000).
A literatura aponta para existência de 7 tipos básicos de afundamentos de tensão (A, B, C, D, E, F e G), cada um desses tipos pode ser caracterizados pelo tipo da falta que os causou,
bem como pela forma de ligação da carga (BOLLEN, 2000). A Tabela 1 traz a correlação entre o tipo de afundamento, o tipo de falta e a ligação da carga. A Figura 3, ilustra os diagramas
fasoriais para cada tipo de afundamento.
Tabela 1 – Tipos de afundamentos a partir do tipo de conexão da carga e natureza da falta.
Tipo da Falta Carga ligação estrela (Y) Carga ligação delta (∆)
FFF Tipo A Tipo A
FF Tipo C Tipo D
FFT Tipo E Tipo F
FT Tipo B Tipo C
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 3 – Tipos de Afundamento - Representação fasorial ( A, B, C, D, E, F, G).
Fonte: Adaptado de Kanasiro, Paulo.
A ligação elétrica dos transformados, pode mudar as características do afundamento. Por exemplo, um afundamento desbalanceado do tipo F, causado por uma falta bifásica-terra,
tem suas características modificadas para um afundamento do tipo G, quando a ligação do transformador é do tipo delta-estrela (D - Y) (BOLLEN, 2000). A seguir, a Tabela 2 traz os
16
Tabela 2 – Características do afundamento, a partir do tipo de conexão do transformador.
Conexão do transformador Tipo de afundamento de tensão
A B C D E F G
YN-yn A B C D E F G
YN-y, Y-yn,Y-y A D C D G F G
Y-d, D-y A C D C F G F
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.5 Estruturação do trabalho
No tópico 2 , algoritmos presentes na literatura para detecção/caracterização de
afundamentos de tensão, são apresentados.
No tópico 3, é apresentado o algoritmo ADAMF, e a metodologia utilizada durante
esse trabalho.
No tópico 4, são apresentados 6 cenários de simulação, e os resultados obtido em
cada um dos cenários.
Finalizando o trabalho, serão apresentadas todas as conclusões desse estudo, e
17
2 TÉCNICAS DE DETECÇÃO DE AFUNDAMENTOS DE TENSÃO
A magnitude de um afundamento pode ser determinada de diversas maneiras. A grande maioria das aplicações de monitoramento, utilizam a abordagem de utilização do valor
RMS da tensão. Entretanto isso pode mudar de aplicação para aplicação.
Nesse capítulo, busca-se fornecer uma visão geral das principais abordagens para
caracterização de afundamentos de tensão.
2.1 Caracterização do afundamento através da magnitude da tensão
Martinez (2006) propõe a caracterização do afundamento através do estudo da
magnitude da onda.
A Figura 4 ilustra um afundamento de tensão. É possível acompanhar nas seções
seguintes a determinação da magnitude desse afundamento utilizando-se abordagens diferentes.
Figura 4 – Afundamento de tensão.
0 2 4 6
−1 −0.5 0 0.5 1
Ciclos da rede
Tensão [pu]
Fonte: Adaptada de (BOLLEN,2000).
2.1.1 Abordagem do valor RMS
Para obtenção do valor RMS de uma onda senoidal, a equação (2.1) é utilizada.
Vrms =
r
1 T
Z
V(t)2dt (2.1)
18
T: Período da senoide V: Valor de tensão
Nota-se que para aplicações computacionais de determinação de valores eficazes, a discretização das senoides se faz necessária, portando, a determinação do valor RMS da senoide
pode ser obtida pela equação a seguir.
Vrms =
r
1
N
∑
V(t)2 (2.2)
Onde:
Vrms: Valor RMS da onda
V(t): Valores de tensão no tempo.
N: Número de amostras da onda
A Figura 5 representa a determinação da magnitude do afundamento da Figura 4, calculada sob uma janela de 1 ciclo (N =256).
Figura 5 – Afundamento de tensão, caracterizado através da determinação do valor RMS. N=256.
0 2 4 6
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo [ciclos]
Tensão eficaz [pu]
Fonte: Adaptada de (BOLLEN,2000).
Percebe-se que com essa abordagem, o valor RMS da tensão leva em torno de um ciclo para atingir o menor valor RMS de tensão. A demora deve-se ao número de amostras
utilizadas na janela. Na Figura 6, quando uma janela de meio ciclo (N= 128) é utilizada, percebe-se uma maior rapidez para percebe-se atingir o menor valor RMS durante o afundamento (BOLLEN,
19
Figura 6 – Afundamento de tensão, caracterizado através da determinação do valor RMS.N=128.
1 2 3 4 5 6
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo [ciclos]
Tensão eficaz [pu]
Fonte: Adaptada de (BOLLEN,2000).
É importante salientar que qualquer janela com amostragem inferior a meio ciclo gerará oscilações e prejudicará o correto cálculo do valor RMS da tensão. Portanto, o valor RMS
das formas de ondas devem ser determinados sempre com um número de amostras múltiplas inteiras de meio-ciclo (BOLLEN, 2000).
2.1.2 Abordagem do valor de pico
Outra abordagem para determinação da magnitude de um afundamento, é através da
determinação do valor de pico da onda no tempo. O valor de pico, como função de tempo, pode ser obtido através da seguinte assertiva:
Vpico=Max|V(t−τ)| 0<τ<T (2.3)
Onde T representa a janela de amostragem utilizada, devendo essa ser múltipla inteira de meio-ciclo, eV é o máximo valor assumindo pela função dentro desse intervalo. O
gráfico da Figura 7 ilustra a caracterização do afundamento de tensão da Figura 4, através da abordagem de determinação de magnitude de afundamento pelo valor de pico.
É possível perceber que a abordagem por pico de tensão apresenta uma rápida queda aos valores mais baixos de tensão, e uma subida também instantânea. Ao se comparar os dois
métodos na Figura 8, os valores de tensão no método de pico de tensão tende a ser maior do que no método de RMS. Para a maioria dos monitoramentos são considerados os métodos
20
Figura 7 – Afundamento de tensão, caracterizado através da determinação do valor pico.
0 2 4 6
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo [ciclos]
Tensão [pu]
Fonte: Adaptada de (BOLLEN,2000).
afundamento, tendo em vista que alguns equipamentos falham imediatamente quando expostos a tensões inferiores a determinadothreshhold(BOLLEN, 2000).
Figura 8 – Afundamento de tensão: Comparativo entre a abordagem de valor de pico e valor
RMS.
0 2 4 6
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo [ciclos]
Tensão [pu]
21
2.2 Caracterização do afundamento tensão a partir do tipo, e presença de componente de sequência zero.
Em Thakur (2013), é apresentado um estudo sobre uma nova classificação de
afunda-mento de tensão baseado no tipo, características e presença ou não de componente de sequência zero. O autor ainda propõe um agrupamento da classificação desses afundamentos baseado na
avaliação de dois índices X e Y. A relação entre os índices X e Y são as mesmas para algumas classes de afundamento tais como D & F e C & G.
A abordagem de queda dos valores RMS de tensão são extremamente lentos, o que dificulta a diferenciação entre os afundamentos do tipo D F e C G . De fato, esses pares de
afundamento de tensão são bem similares, o que torna a diferenciação desses praticamente impossíveis. Por essa razão, a utilização de uma abordagem levando em consideração apenas a
tensão RMS, como descrita na seção 2.1, pode comprometer os resultados da análise, ao inserir erros nessa detecção (THAKURet al., 2013).
O algoritmo proposto, avalia ainda o afundamento sob a ótica dos equipamentos, onde o comportamento do mesmo depende basicamente da magnitude do afundamento, tipo e
presença ou não de componente de sequência zero.
Essa classificação, com base na avaliação dos indicadores X e Y, coloca os
afunda-mentos C e G no mesmo grupo de afundamento, e os afundaafunda-mentos D e F em outro grupo. O fluxograma a seguir, ilustra a lógica de classificação para o algoritmo proposto por
Thakur (2013).
Matematicamente, a determinação dos indicadores X e Y para essa classificação
podem ser obtidos através das equações a seguir:
X = Vpnmin
Vpnmax
(2.4)
Y = Vppmin
Vppmax
(2.5)
Os valores máximos e mínimos para os valores RMS de tensão Vpp e Vpn, são ilustrados nas Tabelas 3 para os diversos tipos de afundamentos. Com base nesses valores, os algoritmos de relação X e Y são apresentados na Tabela 4, com o respectivo agrupamento de
22
Figura 9 – Fluxograma de classificação de afundamentos.
Fonte: Adaptada de (THAKUR et al.,2013).
Tabela 3 – Valores máximos e mínimos de tensão RMS Fase-Neutro e Fase-Fase.
Tipo Vpnmim Vpnmax Vppmin Vppmax
A V V V V
B V 1.0 √0.66V2+0.66V+0.42 1.0
C √0.75V2+0.25 1.0 V √0.25V2+0.75
D V √0.25V2+0.75 √0.75V2+0.25 1.0
E V 1.0 V p
0.33(V2+V+1)
F V p
0.33(V2+V+1) √0.78V2+0.11V+0.11 0.33(V+2) G √0.78V2+0.11V+0.11 0.33(V+2) V p
0.33(V2+V+1)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 4 – :Relação teórica entre X e Y para os diferentes tipos de afundamento.
Classificação proposta Classificação (ABC) Natureza do Afundamento Relação (X,Y)
A A Trifásico Y=X=1
G1z B Monofásico. (C/sequência 0). Y=
√
0.33X2+0.5386
G1z0 D,F Monofásico. (S/sequência 0). Y =p(2X2+1)/(4−X2) G2z E Bifásico.(C/sequência 0). Y=X[0.33(X^2+X+1)]−0.5
G2z0 C,G Bifásico. (S/sequência 0). Y=p((4X2−1)/(X2+2))
Fonte: Elaborado pelo autor.
A classificação proposto na Tabela 4, é baseada no gráfico da Figura 10, que mostra
23
pertence.
Figura 10 – Curva de relação (X,Y) para classificação de afundamentos.
24
3 METODOLOGIA
Como discutido nas primeiras seções desse trabalho, existem diversas formas de caracterizar a ocorrência de um afundamento, e criar Algoritmos para identificação e alerta
quando esses fenômenos ocorrem. Nesse trabalho, o foco de estudo é o Algoritmo ADAMF proposto em Dantas (2016).
3.1 Algoritmo ADAMF
Seja um sistema trifásico composto por tensõesVa,VbeVc. Ao atrasar a tensãoVa em 1/4 do período fundamental T obtemos uma tensãoVaΠ
4. As tensõesVaeVaΠ4 constituem um sistema monofásico no referencialαβ . OndeVaα =Va(t)eVaβ =VaΠ4.
Desse modo, é possível utilizar oDual Second Order Generalized Integrator–Frequency
Locked Loop(DSOGI –FLL), um circuito de sincronização de rede que usa rastreamento
adapta-tivo de frequência para estimar as componentes de sequencia positiva e negativa de uma tensão
sob condições de desbalanceamento. O DSOGI-FLL, também atuará na atenuação dos efeitos de harmônicas (DANTASet al., 2016).
Aplicando-se as tensõesVaα eVaβ na entrada do DSOGI-FLL, é obtido uma saída
com 4 sinais : Va′α(t),qVa′α(t),Va′β(t)e qVa′β(t). A tensãoVaα está em fase comVa′α(t) e em
quadratura comqVa′α(t). Assim comoVaβ está em fase comV ′
aβ(t)e em quadratura comqV ′
aα(t).
Utilizando os sinais de saída do DSOGI, conforme indicado nas equações (3.1) e (3.2), é possível
extrair uma tensão emαβ, de valor de pico unitário.
Va+α =Va′α(t) +qVa′β(t) (3.1)
Va+β =Va′β(t) +qVa′α(t) (3.2)
25
O diagrama da Figura 11, ilustra a extração da componente fundamental normalizada para a fase A. O processo é similar para as demais fases.
Figura 11 – Diagrama de extração da componente fundamental normalizada da tensão.
Fonte: Elaborado pelo autor
Ondeq=ejπ2 , o operador de defasagem é π2 eω é a frequência da tensão trifásica rastreada pelo FLL. A divisão por √ 0.5
2VaRMS possibilita representar o valor de pico normalizado da
tensão, que éVaMax.VaRMS é o valor eficaz da tensão A. Os máximos valores para tensão B e C são respectivamenteVbMax eVcMax.
Para composição do algoritmo ADAMF estudado nesse trabalho, foi utilizado a
definição de valor agregado. Em uma situação ideal onde as voltagens são balanceadas, não há componentes de sequencia negativa ou zero na componente fundamental de tensão, e a mesma
está livre de harmônicos, o valor agregado instantâneo da tensão será constante. Devido a essa característica, é possível detectar afundamentos mesmo em presença de componentes harmônicas.
As equações a seguir ilustram a determinação do valor agregado para tensões do sistema (AKAGI et al., 2007).
Va+αβAgg=qVa+α(t)2+Va+β(t)2 (3.3)
Va+αβAgg= q
26
Va+αβAgg=VaMax+ (3.5)
Os valores agregados das tensões normalizadas das demais fases, pode ser calculados
similarmente através das equações a seguir.
Vb+αβAgg=qVb+α(t)2+Vb+β(t)2=VbMax+ (3.6)
Vc+αβAgg=qVc+α(t)2+Vc+β(t)2=VcMax+ (3.7)
Para as tensões nominais da rede elétrica, temos queVaMax+ =VaMax+ =VaMax+ =1p.u..
Dessa forma, quando algum distúrbio ocorre no sistema, o valor agregado da tensão assumirá valores menores que 1pu, podendo assim facilmente indicar a ocorrência de um afundamento.
A Figura 13, indica o circuito lógico proposto nesse trabalho para detectar e caracterizar os afundamentos desse estudo. A leitura será feita através de um leitor digital VSD, que indicará a
ocorrência de afundamento e o tipo, conforme indicado na Tabela 5. A saída do caracterizador é um número binário de 7 dígitos.
Figura 12 – Bloco para caracterização dos afundamentos.
27
O bloco de caracterização apresentado na figura anterior, é composto pelo circuito lógico da Figura 13. Os sinais Sag Va, Sag Vb e Sag Vc, representam o comparativo entre
os valores agregados de tensão de cada uma das fases e o limite de inicio do afundamento. Ocorrendo distúrbios em qualquer uma das fases, o sinal comparativo para essa fase assumirá o
valor unitário, em situação sem distúrbios, o sinal assumirá valor 0. A partir dessas entradas no circuito lógico, foi possível propor o circuito para caracterização.
Figura 13 – Circuito lógico utilizado para detecção e caracterização dos afundamentos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
28
dígito menos significativo e 7 o dígito mais significativo. A tabela a seguir relaciona a saída do circuito caracterizador, e os respectivos afundamentos detectados. Cada tipo de afundamento
será representado por um número binário único de 7 dígitos, facilitando desenvolvimento de mecanismo de caracterização e alerta.
Tabela 5 – Saídas do VSD
VSD Tipos de afundamento
1000000 Afundamento monofásico na fase A 0100000 Afundamento monofásico na fase B 0010000 Afundamento monofásico na fase C 0001000 Afundamento bifásico na fase A e B 0000100 Afundamento bifásico na fase A e C 0000010 Afundamento bifásico na fase B e C 0000001 Afundamento trifásico
29
4 RESULTADOS DA SIMULAÇÃO
As simulações desse trabalho foram executadas no software MATLAB/SIMULINK. Os casos de estudo abordados aqui serão apresentados na Tabela 6.
Os valores de afundamento podem ser representados pelo valor percentual de queda de tensão ou pelo valor percentual de tensão remanescente (DANTASet al., 2016). Esse trabalho
adota o valar percentual da tensão remanescente para termos clareza quanto a profundidade do afundamento.
Tabela 6 – Estudos de caso
Caso Tipo Profundidade Duração THD
1 Afundamento monofásico 0.6 6,0 - 6,4 0% /11,57% 2 Afundamento bifásico 0.6 6,0 - 6,4 0% /11,57% 3 Afundamento trifásico 0.4 6,0 - 6,4 0% /11,57%%
Fonte: Elaborado pelo autor
4.1 Caso 1: Afundamento monofásico
Para simulação do caso de estudo 1, aplicou-se um afundamento de 0.6 p.u. na fase A, entre os instantes 6,0-6,4 s. A distorção harmônica total (THD-Total Harmonic Distortion) da
onda foi de 11,57%. Na Figura 14, é possível perceber um comparativo entre o valor agregado da tensão na fase A, antes e depois do filtro DSOGI.
Figura 14 – Afundamento de tensão monofásico: Comparativo entre a tensão normalizada antes e depois do D-SOGI.
5.95 6 6.05 6.1
x 105 −1 −0.5 0 0.5 1 Tempo(ms) V1a Vaa+
6.12 6.13 6.14 6.15 6.16 6.17
x 105
−0.5 −0.4 −0.3 −0.2 −0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 Tempo(ms) V1a Vaa+
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A comparação das formas de ondasVa1 eVaa+, deixa clara a atuação do DSOGI nesse algoritmo, no qual claramente percebe-se a distorção da onda antes de passar pelo filtro, e o
resultado de saída do DSOGI. Devido a essa característica presente no algoritmo ADAMF, cons-tatamos que o mesmo é capaz detectar afundamentos mesmo em situações de desbalanceamento
das ondas.
Ac Figuras 15 e 15 ilustram respectivamente o comportamento do valor agregado da
tensão A e a resposta emitida pelo sistema no vsd, a fim de caracterizar o tipo de afundamento.
Figura 15 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento na presença de harmônicas
5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8
x 105 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.01 6.02 6.03 x 105 0.6
0.7 0.8 0.9 1
Fonte: Próprio autor
Figura 16 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
5.98 5.99 6 6.01 6.02 6.03 6.04 6.05
x 105 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 X: 6.005e+05 Y: 0 Tempo(ms) Sag Va Va Agg Vb Agg Vc Agg
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Partindo do cenário anterior, sem aplicar distorções harmônicas, repetiu-se a simula-ção do afundamento monofásico na fase A. O resultado da simulasimula-ção é apresentado nas Figuras
17 e 17.
Figura 17 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento com harmônicas
5.9 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7
x 105 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.01 6.02 x 105 0.6
0.7 0.8 0.9 1
Fonte: Próprio autor
Figura 18 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
5.99 5.995 6 6.005 6.01 6.015 6.02 6.025
x 105 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 X: 6.005e+05 Y: 0 Tempo(ms) Sag Va Va Agg
VbAgg VcAgg
Fonte: Próprio autor
Ao comparar os valores agregados de ambos os experimentos, é possível perceber que não há grande diferença no valor agregado da fase A na presença de harmônicos e no valor
agregado da fase A quando não há harmônicos, o que demonstra mais uma vez a eficácia do
32
Figura 19 – Comparativo entre o valor agregado da tensão A com harmônica e sem harmônicas
5.995 6 6.005 6.01 6.015 6.02 6.025 6.03
x 105 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 Tempo(ms)
VaAgg sem harmônica VaAgg com harmônica
Fonte: Próprio autor
4.2 Caso 2: Afundamento Bifásico
Para a simulação do estudo de caso número 2, aplicou-se um afundamento nas fases A e B, entre os instantes 6,0-6,64 s. As distorções harmônicas simuladas para esse experimento
correspondem a 10% de 5 harmônica , 5 % de 7 harmônica e 3 % 11 harmônica, perfazendo um THD total de 11,57 %. A profundidade do afundamento nas fases foi de 0.6 pu, conforme
descrito na Tabela 6.
Figura 20 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento na presença de harmônicos
5.9 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8
x 105 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.02 6.04
x 105 0.6
0.7 0.8 0.9 1
33
Figura 21 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
Fonte: Próprio autor
Em seguida, usando os mesmos parâmetros do cenário bifásico com presença de
harmônicas, repetiu-se a simulação, dessa vez desconsiderando a distorção.
Figura 22 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento
5.9 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8
x 105 0.4
0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1
Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.01 6.02
x 105 0.6
0.7 0.8 0.9 1
34
Figura 23 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
5.985 5.99 5.995 6 6.005 6.01 6.015 6.02 6.025 6.03 6.035 x 105 0
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
X: 6.005e+05 Y: 0
Tempo(ms)
Sag Va−Vb VaAgg VbAgg VcAgg
Fonte: Próprio autor
4.3 Caso 3: Afundamento trifásico
Para simulação do estudo de caso número 3, considerou-se um afundamento trifásico de 0.4, entre os instantes 6,0-6,64 s. As distorções harmônicas simuladas para esse experimento
correspondem a 10% de 5 harmônica , 5 % de 7 harmônica e 3 % 11 harmônica, perfazendo um THD total de 11,57 %. As Figuras 23 e 24, representam respectivamente o comportamento dos
valores agregados das fases, e a resposta do sistema de caracterização vsd.
Em seguida, utilizando os mesmos parâmetros do cenário anterior, desconsiderando
35
Figura 24 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento
5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7 7.2
x 105 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.02 6.04
x 105 0.4
0.6 0.8 1
Fonte: Próprio autor
Figura 25 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
5.98 5.99 6 6.01 6.02 6.03 6.04
x 105 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 X: 6.005e+05 Y: 0 Tempo(ms)
Sag Va−Vb−Vc VaAgg VbAgg VcAgg
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Figura 26 – Valor agregado da tensão no momento do afundamento sem a presença de harmônicas
5.9 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.9
x 105 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 Tempo(ms)
Valor agregado da fase A Valor agregado da fase B Valor agregado da fase C
6 6.02 6.04
x 105 0.4
0.6 0.8 1
Fonte: Próprio autor
Figura 27 – Sinal vsd para caracterização de afundamento
5.96 5.98 6 6.02 6.04 6.06
x 105 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 X: 6.005e+05 Y: 0 Tempo(ms)
Sag Va−Vb−Vc Va Agg Vb Agg Vc Agg
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5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
O algoritmo ADAMF mostrou-se eficaz na detecção de afundamentos de tensão. Para os casos de estudos apontados na seção anterior, percebeu-se que o algoritmo foi capaz de
detectar os eventos de afundamento, mesmo na presença de harmônicas.
O circuito de caracterização proposto nesse trabalho mostrou-se capaz de indicar os
tipos de afundamentos como era esperado. A saída do circuito lógico contendo 7 saídas, uma para cada tipo de afundamento ( Afundamento monofásico em Va, em Vb e em Vc, afundamento
bifásico Va-Vb, Va-Vc e Vb-Vc, afundamento trifásico), mostrou-se eficaz a medida que indicou corretamente o tipo de afundamento.
Para o caso de estudo 1, onde as formas de ondas possuíam uma taxa de distorção harmônica total de 11,57 %, ainda foi possível perceber que o algoritmo DSOGI foi capaz de
atenuar as distorções da onda. A capacidade de filtragem das distorções da onda permite que algoritmo seja utilizado mesmo em situações de desbalanceamento. A eficácia do filtro fica
ainda mais clara quando comparado os valores agregados da componente fundamental da fase A, com e sem a presença de harmônicas. Nesse comparativo é possível perceber a similaridade das
ondas pós filtragem do DSOGI.
Para o caso de estudo número 2, onde o evento foi aplicado entre os instantes 6,0
- 6,64s, com uma magnitude de afundamento de 0.7 pu, foi possível perceber a estabilização do valor agregado em 0.7, logo depois do instante 6.01s. No gráfico do sinal VSD, é possível
perceber a subida do sinal que indica o afundamento das fase Va-Vb, quase que imediatamente. Para o caso 2, dois cenários também foram conduzidos, um cenário com THD de 11,57% e um
outro cenário com 0%. Em ambos os cenários os resultados mostraram-se satisfatórios, a medida que foi possível detectar e caracterizar o tipo de afundamento.
Para o caso de estudo 3, foi aplicado um afundamento mais severo de 0.4 pu, no mesmo instante dos cenários anteriores. É possível perceber a estabilização do valor agregado das
3 formas de ondas, no entorno do instante 6.02 s. O sinal que indica a ocorrência de afundamento trifásico, é nitidamente acionado instantes depois do início do evento, instante 6,005s. Para esse
caso, também foram conduzidos 2 cenários, com e sem a presença de harmônicos. Em ambos os cenários, foi possível detectar e caracterizar o afundamento.
Em conclusão, o algoritmo mostrou-se capaz de detectar eventos de afundamento de tensão. O sistema VSD com números binários de 7 dígitos representando cada tipo de
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O circuito DSOGI, utilizado na proposição do algorítimo, mostrou-se eficaz na filtra-gem das distorções harmônicas, possibilitando identificar com rapidez todo tipo de afundamento,
balanceado ou desbalanceado, mesmo em condições de rede elétrica com distorções.
Para trabalhos futuros, fica a proposta de coleta de resultados experimentais do
39
REFERÊNCIAS
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2015 IEEE 13th Brazilian. IEEE, 2015. p. 1-6
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