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Repositório Institucional UFC: Para publicitário, o futuro da nossa propaganda está em sermos cearenses

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Academic year: 2018

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(1)

Para publicitário, o futuro da nossa

propaganda está em sermos cearenses

Entrevista com o publicitário Xyco Teophilo, dia 05/ 12/96 Texto de Abertura:

Ra m i r o A l m e i d a L o u t z

Produção:

J u l i a n a R o s a s Sa l o m ã o

Redação, edição e texto final: J u l i a n a R o s a s Sa l o m ã o e R a m i r o A l m e i d a L o u t z

Participação: A d r i a n o M u n i z . A l e t h é a M o u r ã o L e i t ã o , C h a g a s C u n h a , F e r n a n d a T e l e s, J o a n a Du t r a , J u l i a n a Sa l o m ã o , K i k o B a r r o s. P a o l a F o n se c a , Pa t r íc i a A r r u d a , Ra m i r o L o u t z , T a r c i a n o Ri c a r t o , V a l d é l i o M u n i z .

y * u g u s to d o s A n jo s p e rg u n ta v a : “ D e o n d e

. / / e la v e m ? !” A id é ia , e x p re s sã o d a in te li-

g ê n c ia e d a s e n s ib ilid a d e , o b je to d e in d a -

r ^ g a ç ã o d o p o e ta , m a té ria -p rim a d o s h o ­

m e n s d e p r o p a g a n d a . P a ra F r a n c is c o T h e o p h ilo o u a p e n a s X y c o , c o m o é tr a ta d o , as s o lu ç õ e s c ria tiv a s s ã o m a is d o q u e o g a n h a p ã o . S ã o a s lu z e s q u e ilu m in a m o s o lh o s , to d o s o s d ia s , q u a n d o c h e g a p a r a tr a b a lh a r n a T e rra ç o , s u a a g ê n c ia d e p u b lic id a d e . O e n tu s ia s m o é tã o e v id e n te , q u e se p o d e d iz e r q u e a v id a d e X y c o te m sid o u m a c ria ç ã o p e rm a n e n te . A fin a l, q u a n d o n ã o são c a m p a n h a s , e le c o lo c a to d a s a s s u a s e n e rg ia s e m u m a c ria tiv id a d e n ã o e x a ta m e n te p ro f is s io n a l: c ria n d o c aso s.

E m 1 9 6 8 , q u a n d o e n tr o u p a ra o c u rs o d e C o ­ m u n ic a ç ã o S o c ia l, n ã o d e m o r o u m u ito p a ra s e re m in v e n ta d a s as p rim e ira s re iv in d ic a ç õ e s . S o b a im i­ n ê n c ia d o A I-5 , X y c o e n v o lv e u - s e n a lu ta p o r u m a s e d e p ró p r ia p a ra o c u rs o . N a é p o c a , a C o m u n ic a ç ã o d iv id ia e s p a ç o c o m a L e tra s . N a c o la ç ã o d e g ra u , o u tro a fro n te . F o ra m c o n v id a d o s , e m p ro te s to c o n tr a a s fe s ta s d e fo rm a tu ra tr a d ic io n a is , seu M a n o e l e s e u C a b ra l p a ra p a tro n o e p a ra n in fo d a tu rm a . U m c o n tín u o e u m c a n tin e iro n ã o e ra m p r o p r ia m e n te a s e x p e c ta tiv a s d o s is te m a d a é p o c a p a ra o c u p a re m ta is f u n ç õ e s .

D a u n iv e rs id a d e , X y c o le v o u a fo rm a ç ã o h u - m a n ís tic a . O c u rs o te n d ia c la ra m e n te p a r a o j o r n a ­ lism o , a p e s a r d o d ip lo m a p o liv a le n te . M e s m o a s s im , a o p o rtu n id a d e d e s e r a lu n o d e A d ís ia S á, C a r lo s D ’A lg e , A le n c a r A ra rip e e o u tro s , fo rn e c e u a b a ­ g a g e m in d is p e n s á v e l p a ra q u a lq u e r á re a d a s c iê n c ia s

X y c o p o n tu o u a e n tre v is ta c o m e x p r e ss õ e s tip o “c a ra " e "r a p a z " n o s f i n a i s d e c a d a fr a s e , d a n d o flu ê n c ia e ritm o à e n tre v is ta e m fo r m a d e p a p o .

A e n tr a d a n a N o rto n P u b lic id a d e a c o n te c e u e m 1 9 6 9 , q u a n d o tin h a 2 2 a n o s . J á c o m u m a re ­ d u ç ã o m o to r a , n u n c a d e ix o u q u e a s d if ic u ld a d e s d e lo c o m o ç ã o fo s s e m u m o b s tá c u lo . P a ra c ria r, é p re ­ c is o b e m m a is d o q u e te r o s p é s n o c h ã o . X y c o u ti­ liz a v a o a m o r p e la a tiv id a d e e v o a v a n a s c a m p a n h a s. N a N o rto n , c o n h e c e u a s p e s q u is a s , a n e c e s s id a d e d o p la n e ja m e n to . A p r e n d e u , s o b r e tu d o , e rra n d o . O s e r r o s “ fo ra m ta n to s , q u e a g e n te p o d ia c o n v e rs a r 4 h o r a s ” . N a P u b lic in o r te d e T a r c ís io T a v a re s c o n h e c e u a lin g u a g e m d a c e a r e n s id a d e e fo rm o u a o p in iã o d e q u e o c a m in h o p a r a a p ro p a g a n d a d a te r ra e s tá n a re g io n a liz a ç ã o .

O v a r e jo d a P u b lic in o r te n ã o o p r e n d e u p o r m u ito te m p o . E m 7 3 n a s c ia a T e r ra ç o P ro p a g a n d a e M a r k e tin g , m a is ta r d e P r o m o ç õ e s e E m p re e n d i­ m e n to s C u ltu ra is L T D A , e X y c o to m a v a - s e “ e m ­ p re s á rio p o r d e s c u id o ” . T a lv e z p o rq u e , p a r a a d m i­ n is tra r , s e ja n e c e s s á ria u m a c e rta frie z a , q u e está lo n g e d e s e r u m a c a ra c te rís tic a . T h e o p h ilo , c o m o n a é p o c a d e fa c u ld a d e , é e m o c io n a l p o r c o m p le to , c o m o é p e c u lia r e m q u e m te m n a c ria tiv id a d e um e stilo d e v id a . N o c o m a n d o d a T e rra ç o , a p a re c e m s o n h o s in im a g in á v e is p a r a n ó s , h o m e n s c o m u n s , a c o s tu m a d o s c o m a r e a lid a d e , d e s p r o v id o s d e d e lí­ r io s fa n tá s tic o s . “ V o u v iv e r 113 a n o s ” .

X y c o fa z q u e s tã o d e d iz e r q u e a T e rra ç o j á fo i c o n h e c id a c o m o “ a g ê n c ia d a s id e o lo g ia s ” . D e n tre o s c lie n te s , j á e s tiv e ra m Ip r e d e , A s s o c ia ç ã o d o s D e fic ie n te s M o to re s , I n s titu to d o s C e g o s , In stitu to d o C â n c e r. A tu a lm e n te , e s tá a A F IC E (A s s o c ia ç ã o d a s E n tid a d e s F ila n tr ó p ic a s d o E s ta d o d o C e a rá ). T h e o p h ilo , o u a m ig o d e D e u s , ta lv e z te n h a e n c o n ­ tr a d o u m m o d o d e r e tr ib u ir a f o r ç a q u e re c e b e p a ra c o n tin u a r d e s e n v o lv e n d o s e u s p la n e ja m e n to s d e c o m u n ic a ç ã o . C o m o d u v id a r q u e e le s se ja m a m ig o s? N a o é E le o c r ia d o r m a io r?

(2)

E n tre v ista - P a r a a b ri r a entrevista, e u q u e r ia te f a z e r u m a p e r g u n t a . A

g e n te c o n v e rs o u c o m a J ú li a M i r a n d a (p r o fe ss o ra d o D e p a r ta m e n to d e C o ­

m u n ic a ç ã o e B ib l io t e c o n o m i a d a U F C ), su a c o le g a d e f a c u l d a d e . ..

X yco - A Juju... n ossa m usa ins- piradora.

E n tr e v is ta - E la d is s e q u e você, n a é p o c a d e fa c u l d a d e , n ã o f a l a v a d e

o u tr o fu tu ro p a r a v o c ê q u e n ã o tiv e s se a v e r c o m p u b li c id a d e e p r o p a g a n d a .

E u q u e r ia s a b e r q u a n d o f o i , e n tã o ,

q u e v o c ê d e c id iu f a z e r C o m u n ic a ç ã o Social.

Xyco - R apaz, eu decidi fazer C o ­ m unicação Social p o r acidente, escu ­ tando um program a, P an o ram a U n i­ versitário, onde a A dísia (S á,om buds- m an do Jornal O Povo) com aquela ca- racterís tica dela d e atrair o jo v em ... N o Panoram a U niversitário, p ela T V C ea­ rá (antig a em issora d o s D iários A sso­ ciados), assim , u m as cin co e m eia da tarde, a gente se deslo can d o p ara o (cine) São Luís. T ín h am o s um hábito d e assistir três film es na sem ana no São L uís. E stávam os nos preparando, to m an d o um a sopinha, e a A dísia fazendo o Panoram a U niv ersitário, falando sobreojo m alism o. U m a coisa que nos atraiu sobretudo. Aí passam os na ACI (A ssociação C earen se de Imprensa) e nos apaixonam os pela A dísia, rapaz, p elo discu rso ... A A dísia se sentiu, assim ... D uas pessoas, era o B raz (H enrique, redator da Slogan P ropaganda), que hoje está naSlo gan, que o B raz é m eu am igo, m eu p rim o e m eu irm ão, porque nós fom os criados juntos. Braz H enriq ue M arçal T heophilo. O Braz intenciona va fazer cin em a e eu m e in- tencionava sem pre p o r p ropaganda. Sempre olhei propaganda com carinho, gostei m uito das cam panhas e gostava m uito de jin g les. T in ha m u ita atenção devotada m esm o p ara p u blicidade. E entrei nojom alism o com essa intenção. Subverti a ordem p o rq u e as cadeiras (disciplinas) eram tendencio sam ente voltadas p a ra o jo m a lism o . Os nossos professores todos eram oriundos de jo rn al, excetuando o L uís C am pos (professor apo sen tad o do D ep arta­ m ento de C om unicação e B iblioteco­ nom ia da UFC), q u e era um a pessoa de m arketing, e ra do gru p o M acedo (J. M acêdo, um dos p rin cip ais gru pos económ icos doC eará). Q uer dizer, era um a pessoa quenosinicioucom aquele “ 20 aulas d e p u b lic id a d e ” (titu lo do livro)do Eugênio M alanga. Q uer dizer, isso aí e ra a “b íb lia” d a p u b lic id a d e n a época. E a gente su b v erteu um pouco a ordem . C om o as discip lin as curricu­ lares eram m uito flexíveis, na época, a gente com eçou a aportar Fundam entos

C ientíficos d a C om unicação, Jo rn a ­ lism o C om parado, M arketing, que era um a M ercadolo gia... Fom os buscar o E m ílio R ecam one C apelo (professor de M arketing, apo sen tad o ), q u e era um a figura m aio r d o M arketing, na realidade, que era da Econom ia. Então, essas cadeiras p assaram a ser dadas pelo C entro d e C iências E conóm icas. A gente teve tam bém Sociologia Rural. Ai tev e um a série de coisas que nos in ­ teressaram sobretudo, m as co m um rcsquiciozinho m uito pouco de cultura pro fissio n al, de cu ltu ra publicitária, tam bém . A gente com o se in clinava m ais... Eu passei a leranúncio s. A nún­ cio p assou a ser um a... E com o entrei na faculdade em 6 8 , em 6 9 , a p ro p ria A dísia m e abriu a prim eira p o rta d es­ bravadora, que fo i a N orto n. E u até d i­ go q u e com ecei em p u b licid ad e p o r onde m u itag en te term ina, n a N orton. T ive a op o rtu n id ad e de estag iar na N o rto n , tive um b o m pro fesso r, que foi o N iv ald o R angel (d ireto r da rádio

“Sem pre olhei propaganda

com carinho, gostei m uito

das cam panhas e gostava

m uito d ejin g les. T inha

m uita atenção devotada

m esm o para p u b licid ad e.”

C B N d o C ariri), um cara vontadoso q u e abriu os m alo tes da N o rto n pra g e n te d ia lo g a rc o m N eil F erreira(ex - d ire to r de criação d a N orto n), q u e era o sonho. N a época, era o grande. Era a gran d e figura. A gran d e estrela da p ro p ag an d a era o N eil F erreira.

E n tr e v i s t a - X y c o . v o lt a n d o p r a u n iv e r s id a d e . P o r q u e v o c ê . m e s m o s a b e n d o q u e h a v ia u m a te n d ê n c ia d o

c u r s o p a r a o jo r n a li s m o , a p e s a r d e o d ip lo m a s e r p o li v a le n t e n a q u e la é p o ­

ca. f e z q u e s tã o d e f a z e r a u n iv e r ­

s id a d e ? N ã o e r a m a is n e g ó c io p r o c u ­ r a r e s ta fo r m a ç ã o n o m e rc a d o e e v ita r d e p a s s a r p e l a fa c u l d a d e , j á q u e e la d a v a p r i o r id a d e a o j o r n a l i s m o ?

X yco - R apaz, olha, eu acreditei, inclusive, no discurso da A dísia,quan­ do a A dísia falavanum a especialização. Q ue a faculdade era o jo m alism o , m as a tendência de transform ação... A gente p asso u a ter algum as leituras e a gente v iu q u e a tendência era ele form ar o p u b licitário , o relações públicas, o e d ito r, que era o u tra característica, tam bém . Foi p o r um acid en te d e p e r­ curso, tam bém ,queeu não fui desviado

d o m eu cam inho. A liás, tive duas ten ­ d ên cia s. S em p re gostei m u ito d e ler. E u acho que o insum o da com unicação tá n a leitura, é evidente. A gente p assa a escrev er q u an d o a g en te passa a le r m a is um p o u co . Passei a fazer, no O Povo, os segundos editoriais do O P o­ vo, os su elto s d o O Povo. O A raripe (Jo sé C am in h a A lencar A raripe, jo r ­ nalista, m em b ro da A C L - A cadem ia C earen sedeL etras)eram euprofessor, e ra um c ara q u e g o stav a m u ito d e en cam in h ar o p esso al p ra lá. E u fui re v iso r d o O P ovo. E screvi n o B alaio (S u p lem en to C ultural) d a G azeta d e N otícias (jornal j á extinto). Q uer dizer, a gente teve as oportunidades de tender p ara o jo rn alism o . D epois, m eu irm ão (C láudio A ugusto Theóphilo)colocou u m a gráfica. A prim eira gráfica indus­ trial daqui, que era a G ráfica Industrial S.A . (G rafisa). E n a época, eu cheguei j á no m eu quarto ano e disse pra ele: “ O lha, vou m e especializar po rq u e...” A gente chegava no quarto ano é q u e a gente se especializava. O u vai pra p ropaganda ou vai... não é? V oca­ cionava-se m ais pra gente disputar o m ercado de trabalho. Já era p ro ­ fissional, n a época, e perguntei se ele g o staria que eu m e especiali­ zasse em editoração, p ra tocar a editora d a G rafisa, que era u m a coisa q u e no C eará não tinha n e ­ nhum a editora, naquela época, de lastro, co m lastro industrial. M as não m e atrai m uito p ela proposta do irm ão, também . “Não, vou enve- redarm esm o pelapublicidadeque esse aqui é o cam inho”. E desviei o B raz. P o rq u e o B raz q u e ria irp a ra o cin em a. E u tive a m inha prim eira o portunidade d e trabalh o, que fo i na Scala. E u já tin h a um a redução m otora, jáandavade bengala. E, quando cheguei lá , vi a escada d a Scala. Im ensa rapaz! E u digo: “P ôxa, eu vou ter q u e subir e descer essa escada quatro vezes no dia, cara. N ão vai d a rp ra m im ” . E u já tav a levando alguns tom bos, j á tava caindo. A í subverti o B raz: “B raz, você vai p ra essa oportunid ade, p ra Scala”, que era um alargam ento d ad o p elo M aurí­ cio Silva (chargista do jo rnal D iário do N o rd este), q u e era m eu colega d e fa­ c u ld ad e , era o u tro g alin h a da turm a, tam bém . O M aurício de tudo fazia um apiada, um a charge. E já e ra d ire to r d e arte d a S cala, na época. S urgiu a op o rtu n id ad e do red ato r... Foi o B raz. A í entrei n a N o rto n e d ep o is d a N or­ to n... O A ssis S anto s (d ireto r-ex ecu ­ tivo da SG Publicid ade) foi p ra B ahia, saiu d a P u b licih o rte p ra B ahia. T inha o u tro colega d e faculdade, o L eitim , q u e era o Jo s é L eite S obrinho (colega falecido em 1992), que era o hom em de atendim ento d a Publicinorte. E ra m eu co m p an h e iro d e lides p o líticas estu­ dantis e de faculdade tam bém ... colega

X y c o T h e o p h i l o n a sc e u e m Fo r t a l e z a - C£ n o d i a 21 d e j a n e i r o d e 1 9 4 7 . É o p e n ú l t i m o d e u m a f a m íl i a d e se i s i r m à o s. M o r a c o m a e sp o sa e o s q u a t r o f i l h o s n a M a r a - p o n g a .

A p r i m e i r a v e z q u e Xy c o T h e o p h i l o v i u a r e vi st a En t r e vi st a, q u a n d o f oi v i si t a d o p e l a p r o d u ç ã o e m su a a g ê n c i a , p e r ­ g u n t o u : “ Po r q u e v o c ê s n ã o v e n d e m , c a r a ?”

(3)

A p r é- en t r e vi sc a, m a r ­ c a d a p a r a à s 11 h d a m a n h ã , só p ô d e se r r e a l i z a d a a s d u a s d a t ar d e . C o m t a n t o s c o m ­ p r o m i sso s, X y c o h a v i a n o s e sq u e c i d o e m su a a g ê n c i a .

A e n t r e v i st a c o m X y c o T h e o p h i l o f o i r e a l i z a d a n o D i a d o Pr o f i ssi o n a l d e M a r k e t i n g N o d i a an t e r i o r , c o m e m o r a v a - se o D i a M u n d i a l d a P r o p a g a n d a .

d e classe. A í o L eitim m e levou p ra su b stitu ir o A ssis S antos. E daí fo i u m cam in h o sem volta.

E n tr e v is ta - V o c ê fa lo u q u e a A d ís ia

S á f o i u m a p r e s e n ç a m a r c a n te n a s u a d e c is ã o .

X yco - Foi. M uito .

E n t r e v i s t a- V o c ê e s t á f a l a n d o d e u m a s é r i e d e p e s s o a s q u e m a r c a r a m

e s s a h is tó r ia d e f a c u l d a d e . E u q u e r ia q u e v o c ê f a l a s s e d e p r o f e s s o r e s q u e te o rie n ta ra m , q u e a c re s c e n ta ra m , n e ss a

á r e a d e p u b li c id a d e , a p e s a r d e a f a ­ c u ld a d e s e r d e jo r n a li s m o .

X yco - O lh a, na faculdade, p ra lh e falar a verdade, só m esm o o Luís C am ­ p os. Q uer dizer, a única figura que era d a área e ra o L uís C am pos. O resto era tudo... O F láv io Pontes (ex- secretário d e redação do O P ovo, falecid o) era jornalism o puro, na realidade. O A len­ c a r A rarip e e ra editor. E ra o ed ito r do O Povo na época. E ra d ireto r-ed ito r, tam b ém jo rn a lista . A p ro p ria A dísia, ta m b ém jo rn a lism o . Q u e r dizer, só tev e m esm o, d as figuras dos nove p ro fesso res, p o rq u e o curso só p o ssu ía n o v e p ro fesso res... M as n o c u rso nós tivem os um a o p o r­ tu nidade, q u e foi n a fo rm ação hu- m anística. N ó s tivem os um C urso num a época política. N ós entram os num a faculdadepolitizados. Quer dizer, nós entram os invadindo um p réd io , to m ando, fazendo um a p a sse a ta c o m o m aio r in telectual d esse E stad o (en fatiza), C arlos D ’A lg e (ex -d ireto r do D eparta­ m en to d e C o m u n icação da UFC, d ire to r cu ltu ral do c lu b e N áutico A tlético C earen se), à frente d e u m a passeata d e estudantes. E ra um a coisa extraordinária. P orqueo Carlos D ’A lge era um cara q u e tinha vindo p ra c á p ara o jo rn a l. E ra um erudito, um cara d e literatura e tu do. E u ach o que todos os pro fessores acrescentaram em nos d a r o s lastros. T iv e b o n s p ro fesso res de literatu ra. O p ró p rio C a rlo sD ’A lg e,o Jo ã o A lfredo M o n ten eg ro (aposenta­ do da S ecretaria d a F azen d a), na H is­ tó ria, o T arcísio L eite (so ció lo g o e advo g ad o ), n a Socio logia. O T arcísio tinhachegadodaF rança,com m il idéias. O p ró p rio é (gag u eja)... A ntô nio G o ­ m es P ereira (ex -v ice-reito r da U FC ), que era um a das figuras extraordinárias. O p ad re T arcísio S an tiag o (p ro fesso r uni versitário), q u e era nosso professor d e C iv ilização C ontem porânea. Q u er dizer, pôxa, eram cadeiras de um lastro (ên fase) e x trao rd in ário . O currículo n aq u ela ép o ca era riq u íssim o , rapaz.

E n tr e v i s t a - Q u a n d o v o c ê f a l a v a d e p u b l i c i d a d e v o c ê r e c e b ia a p o io

d e s s a s p e s s o a s ? C o m o e r a e s s a r e l a ­ ç ã o c o m a p u b li c id a d e ? E le s d i ­

z ia m : “N ã o e s s e n e g ó c io d e p u b l i c i ­

d a d e n ã o d á c e r t o. . . "

X y co-N ão. S óahistória da Adísia. A A dísia dizia: “Olha, você q u er tender m esm o p ra p u b licid ad e, p o is v á p ro ­ curar o N iv ald o R angel na N orton, que vocc vai te r u m a o p o rtu n id ad e de um estágio. É u m coisa p o u caq u e você vai iniciai'’. E eu já fui então com a indicação d a A dísia, q u e j á fo i e ssa p o rta, na realid ade, aberta.

E n tr e v i s t a - V o c ê ta v a fa l a n d o d o c lim a d a u n iv e r s id a d e , q u e v o c ê s e n ­ tr a r a m j á . . .

X yco - P olitizados, in v ad in d o , porque não tínham os prédio. N ó s éra­ m o s d a Filosofia. Q uer dizer, nós es­ távam os agregados à Filosofia, porque não tínham os espaço. A F ilo so fia era ali n o B enfíca u m a casa d e to dos, p o r­ que se v o c ê ... O u tinha a Faculdade de D ireito, q u e a lu ta p o lítica vin h a toda p a ra o s auditórios d a Faculd ade d e D i­ reito, ou então a gente ia p a ra o auditó­ rio da F ilo so fia, que era u m a co isa m enor. E nós ficam os agregados, com o

“ ...E a faculdade era o

p o n to de ebulição

p o lítica-cu ltu ral do

m o v im en to . A gente ia p ra

F acu ld ad e de D ireito, m as

v in h a todo m undo p ra

n o ssa arena.”

não tínham os espaço... Foi u m a o p o r­ tunidade q ue nós passam os, inclusive, a c o n h e c e r aq u ela h istó ria do P rojeto C am elo. P o rq u e nós já éram os, n é? O Jo rn alism o j á p erten cia às C iências Sociais. E ra a S ocio logia e a C o m uni­ cação. Aí n ó s invadim os o préd io , tom am os a b ib lio te c a do P ro jeto C a ­ m elo. Q u e r d izer, herdam os...

E n tr e v is ta - O q u e e r a e s s e P ro je to

C a m e lo ?

X yco - P rojeto C am elo era um pro jeto q u e ex istia n a F rança. T inha dedos de am ericanos tam bém . A s p es­ so as v in h am p ra cá lev ar fó sseis, c u l­ tura... T in h am m il in terrogações. A gen te n ão sab ia o que era. N aq u ele tem po eram in vasores. E ram conside­ rados, na realid ad e, in vasores. A luta p o lítica estu d an til era m uito b em arti­ culada, com andadapelo G enoíno (José G enoíno, d ep u tad o federal do PT ), q u e h o je é d eputado. O G enoíno é que era o n o sso p resid en te d e D C E (D ire­ tório C entral dos E stu dantes), n a épo­ ca. E o p esso al in v ad iu o p ro je to C a ­ m elo , jo g o u as c o isas fora... E nós da

C om unicação, G odofredo (P ereira de S ouza, professor universitário), o pes­ so al q u e foi apanhando aquela bib lio­ te c a fantástica... E levam os p ra nossa invasão. B o tam o s no chão, porque n ão tínham os prateleiras, nem nada. A Farm ácia ia deixando o prédio da Barão d o R io B ranco e o pessoal articulou: “ V am os in v ad ir a F arm ácia, a H istó­ ria ” . C om eçam os a articular. A W ânia (C y sn e) D u m m ar (jo rn alistad o O Po­ v o ), A n tônio C arlos A raújo S ouza (ju rista d o gru p o C id ad e de C om uni­ cação ). E ra u m a tu rm a politizada... S o u to P aulino (rin do). O (F rancisco) Souto P aulino (professor do D eparta­ m en to de C om unicação e B ib lioteco­ n o m ia da U FC ) era o p resid en te do C A T A n a época, que era o C entro A cadêm ico T ristàodeA thaíde. O Sou­ to fo i um a grande figura na invasão. Aí pronto. A rticulam os láem casa, porque eu fazia um a pontecom a W ânia, com o eu ainda, na época, não trabalhava. Foi o m eu prim eiro ano de faculdade. E eu fiz vestib ular com a W ânia. Eu fiz ves­ tib u la r d a prim eira vez. C heguei do

R io, resolvi fazer o vestibular, que fo i nessa hora e não passei em M a­ tem ática. B asta que se d ig a que eu tirei um cin co em Português e tirei um zero em M atem ática. Eu era um anulidadepranúm eros, na rea­ lidade! P orissoqueeudigoquesou em presário p o r descuido (rindo).

E n t r e v i s t a - Q u a n to a e s s a in v a s ã o , n ã o h o u v e n e n h u m a r e ­

s is tê n c ia ?

(4)

política-cultu-raldo m ovim ento. A gente iapra Facul­ dade de Direito, m as vinha todo m undo pra n ossa arena. Aí ficava ali no m eio e as galerias tom adas de pessoas. Era m uito bom .

E n tr e v i s t a - M a s h a v ia o p e s o d a

d ita d u r a m ilita r . C o m o f o i o p o s i c i o ­ n a m e n to d a fa c u l d a d e e v o cê , c o m o e s tu d a n te p o litiz a d o d e s s a fa c u ld a d e ,

p e r a n t e a d ita d u r a ?

X yco - A gente na ép o ca... C assa­ ram os diretórios. O Souto foi o últim o presidente do CATA. E u fui oprim eiro representante estudantil sucedendo, n a realid ade, o Souto. O que é que nós fizem os? P or exem plo, tinha a rep re­ sentação estudantil. A representação estudantil era m érito de notas escolares e co n sciên cia política. Foi quando eu ganhei o m eu X yco com xis. E u ganhei o m eu X yco com xis na m inha p ri­ m eira disp u ta política, d isputando o diretório, q u e não era diretório, era rep resen tação estudantil. Eram quatro F ranciscos disputando o diretório. A s pessoas p erg u n ta­ vam: “E m qual C hicoeu voto?” A gente: “ V ota no X yco com x is!” Aí pronto.

E n tr e v i s t a - E ss a j o g a d a f o i

s u a ? A i d é i a f o i s u a ?

X yco - Foi do M aurício , m i­ nha. A gen te já com eçou a p e n sa r n essa história. N ós éram os p ro ­ fissionais. Q uer dizer, o M aurício, o L eite, n ó s j á atu ávam os. O lha, nós éram o s 29 estudantes. V in te e q u atro estudantes dos 29 eram p ro ­ fissionais, ou do jo rn alism o ... A Juju j á era do jo rn al O Povo, a T elm a C osta (jornalista d a Coelce), o B aírton Sam ­ paio (jornalista do Senado Federal). O B aírton era ed ito r dc jo rn alism o da R ádio V erdes M ares. E era to do m un­ do... L icín io Furtado Sam paio (pro­ fissional de M arketing)trabalhava co- nosco lá na (agência) P ublicin orte, tam bém . E ram vinte e quatro p ro fis­ sionais.

E n tr e v is ta - D a v a te m p o c o n c ilia r e s s a lu ta p o l í t i c a c o m o tr a b a lh o ?

X yco - T inha que dá. E ra o je ito , não tinha outra alternativ a. E éram os m uito ... E ra dispare porq u e éram os estu d an tes, representávam os o cole- giado. A gem e levava as p roposições doalunatoparaum colegiadocom posto de nove professores, com alguns adver­ sos. M as a gente tinha um A lcides Pin­ to (poeta, ex-p ro fesso r do D eparta­ m ento d e C om unicação e B ib lio teco­ nom ia d aU F C ), um a A dísia Sá, o p ró ­ prio Carlos D ’Alge, que era um a figura equilibradíssim a, né? O Faria G uilher­ m e (p ro fesso r aposentado d o D epar­ tam ento de C om unicação e B ib lio te­ conom ia) q u e tam bém , aqui e ali, c o ­

m ungava dosp ensam ento s estudantis, ap esar de a gen te ter tido alg um as contendas.

E n tre v ist a -X y c o , a J ú li a M ira n d a , q u e f o i s u a c o m p a n h e ir a d e m ilitâ n c ia ,

e la f a l o u d e u m X y c o T h e o p h il o b e m

p o n d e r a d o n a s lu ta s, n a s r e i v in d i c a ­ ç õ e s . D is s e q u e v o c ê s f o r m a v a m a té u m c a s a l q u e e r a p a i x ã o e ra z ã o . Q u a n d o e la ia s e e x c e d e r u m p o u c o ,

v o c ê ia lá e ... (r is o s d e T h e o p h il o ) V o c ê s e id e n tific a v a c o m e s s e p e r fil, n a é p o c a d a f a c u l d a d e ?

X yco - E u n u n ca fui agitador. Eu j á tin h a um a redução m o to ra m uito g ran d e. E u até b rin co e d ig o assim : “ Q u an d o eu ia p ara as p a sseatas, eu n ão tin h a força física p ara sa ir cam i­ nh an d o ” . N orm alm ente, e u ia dc jeep . A té brinco, dizendo que era garçom de p asseata, porq u e eu d istrib u ía os co- q u e té is m olotov (g arg alh ad as de to ­ dos). E u n ão tinha força física, aí jo

-“O s caras vin h am e

trancavam a faculdade,

trancavam as portas. Seis

p o rtas abertas co m um

b an d o de m ilitares (...) E a

g en te enfiado lá dentro

sem p o d er sair.”

g av a d o je e p , na realid ad e. M as fui sem pre... fui m ais m oderado, evidente. P o rq u e eu achava que a g en te podia fazersem pre as negociações. Eraaquela h istó ria do cara que in tuía vendas. Já m c considerava, na realid ad e, um ven d ed o r, porque a gente tinha razão. V ocê tinha razão. Aí você ia b u scar na tu a lu ta, a tu a ex p ressão da tu a razão, cara. Pôxa, você não vai chegar lá e m e suplantar. Qual o argum ento q u e você tem ? V ocê tá contra os estudantes? Os estu d an tes querem isso. Q u al é o fim d e um a faculdade? Q uer dizer, vam os p en sar n o alunato. C hegam os nas m o­ n ito rias, que eram pagas, e m u ito bem p ag as... N a o portunidade, eram oito m onito rias. Q ueriam dar seis m onito ­ rias p ra Sociologia e duas p ra C o m u ­ nicação. F izem os um b o ico te, lev an ­ tam os a faculdade. Fom os d evolveras m onitorias. T iv em os até d u a s figuras d a n o ssa classe, o Paulo T ad eu (S am ­ paio de O liveira, pesquisador, p ro fes­ so r d a U E C E ) e o T om ás (E dson, p ro ­ fesso r secundarista d a C N E C - C am ­ panha N acional de Ensino às C om uni­ dades), que se in surg iram e aceitaram a m o n ito ria. E houve um a p o sição do univ erso (tom enfático) m esm o. Todo m u n d o colocou p o r um b o m tem po ...

Fui p erseg u id o p ela P o líc ia F ederal, p o rq u e as p esso as m e d en u n cia ram com o um a figura q u e tin h a sido c o er­ citiva. E u tin h aim p ed id o q u co p esso al co ncorresse. N ão era n a d a , era um a posição do alunato, rapaz. T odo m u n ­ do decidiu: “O u parid ad e ou nenhum a m onitoria” . E conseguim os a paridade. E ram q u atro a q u a tro . E ra e ssa a p o n ­ deração que a gente fazia. N uncadeix ei q u e n in g u ém m e su b ju g asse, m e su b ­ m etesse a o ju g o d eles. A g e n te re p re - sentava u m a posição estudantil. A té o ponto do d ia q u e nós v o tam o s n a A dí­ sia e que o alu n ato p e d iu a o c o le g ia d o para falar, para declarar o voto , quando o voto, na realid ad e, tin h a q u e ser se­ creto. Foi um cacete d e d u as ho ras, ra­ paz. P o rq u e n in g u ém ad m itia... M as eu digo: “ O lha, m as n ó s fizem os o p le­ b iscito ” . E a A dísia tin h a g an h o p elo un iv erso d e v o to s a d o is. Q u e r dizer, era o gen ro do A rarip e, u m a p esso a ligada aele. E ram d u as pessoas... Q uer dizer, foi um m assacre (enfático), rapaz. Um a v o tação dem ocrática. N ós queríam os q u e a A d ísia fosse adiretorada faculdade. Eperdem os a ele ição. P erd em o s p o r cin co a quatro . P o r aí tu tira. Q u e r dizer, rep resen táv am o s o voto... T eve a eleição e saiu cin co a quatro.

E n t r e v i s t a - D i a n te d a d it a d u ­ r a m ilita r , e u q u e r i a s a b e r c o m o e r a a a tm o s fe r a d e n tr o d o c u r s o ? X yco - R apaz, e ra d e terror. N a facu ld ad e, às v e z e s, a gen te não tinha ch a n c e d e saída. Os caras vinham e trancavam a faculdade, trancavam as p o rtas. S eis p o rtas ab er­ tas co m u m b an d o de m ilitares e tudo. E a gen te enfiado lá d e n tro sem p o d e r sair, esperando q u e c h e g a sse um cara dc b o m sen so , tirasse o p e sso a l, para gente poder sair p ara casa. Ficávam os, às v ezes, num b a r v izin h o . O pessoal tinha um costum e m u ito b o m , co m o a aula eranotum a, de ficar tom ando um a cervejinha. B em ali a faculdade... A ni­ m ado e tu do. E ram se m p re as pessoas que diziam : “L á vem a p o líc ia , lá vem o E xército , lá v em n ão sei o q u ê” (rin­ do). Q uerd izer, tinha sem pre os avisos p ara você d esm o b ilizar o pessoal. E reunião d e co m u n istas é reu n ião em pé. A g en te fazia re u n iã o em p é, nas esquinas. P or isso q u e não tinha assim um a m esa (enfático) p ara v o cê delibe­ ra r d u ran te m uito tem p o . N ão tinha tem po, cara! P assav a u m a o rd em de com ando e... Buf! L a stre a v a isso aí. M as foi m uito difícil. E ra um a idiotice q u e assum iu o p aís, rap az. P erseguiu os jo v e n s, os id ealistas... E u v ejo p o r isso ai. M uito descaso. A d itad u ra m i­ litar tinha m uito descaso pela qualidade de v id a d as pesso as, p e la form ação cultural. Q u alq u er c o is a q u e v o cê se insurgia, o cara o lh av a, b o ta v a o dedo

D e p o i s d e 3 0 m i n u t o s d e a t r a so , a p r o d u ç ã o t e l e f o n o u p a r a X y c o T h e o p h i l o . El e d i sse q u e j á e st a v a d e sa íd a , m a s s ó p o d e r i a f i c ar at é às

17h .

O l o c a l e sc o l h i d o p a r a a e n t r e v i st a f o i o Si n - t íi b ar . Po r se r p r ó x i m o a su a a g ê n c i a , X y c o p r e ­ f e r i u d e i x a r o c a r r o n a g a r a g e m e 'i r r o l a n ­ d o ', c o m o e l e m e sm o d i z

(5)

N à o h a v i a r a m p a s n o Si n d i c a t o d o s J o r n a l i s­ t as. o q u e d i f i c u l t o u b a s­ t a n t e a l o c o m o ç ã o d e X y c o T h e o p h i l o . El e f az d u r a s cr ít icas à s e st r u ­ t u r a s m a l p l a n e j ad a s.

Q u a n d o Xy c o T h e o p h i ­ l o c h e g o u , u m a l u n o q u i s a p r e se n t a r o p r o ­ f e sso r Ro n a l d o Sa l g a ­ d o . X y c o f al ou : 'Q u e m n ã o c o n h e c e e ssa f i g u ­ r a, c a r a ?"

e m ris te e d iz ia assim : “ C o m u n ista!” A té um co n cu rso d e m ú sica, a gen te tin h a q u e su b m eter à P o líc ia F e d e ra l. N ó s tivem os um co n cu rso de canção u n iv ersitária e fom os nos in screver. F o n teles (José C av alcan te Fonteles, fun cio n ário p ú b lico federal), A urísio C a jazeiras (m úsico e co m p o sito r), o B raz, o próprio M aurício (Silva). C he­ g am o s na Polícia F ed eral, q u e era ali o n d e é h o je a F undação C ultural, na (rua) Pereira Filgueiras. Encontrei um a fig u ra co m rev ó lv er aq u i n o coldre, b em em baixo (aponta p a ra o local o n ­ d e a arm a estava), b em E lio tt N ess. C h eg u ei, assim , todo h u m ild e p ara o c a ra e p e rg u n te i: “ C om q u e m é q u e a g e n te faz a in scriçã o a q u i d a m ú sica univ ersitária, desse festival da canção u n iv e rsitá ria ? ” A i o c a ra disse: “ É c o m n ó s M -E -R -M -O ” . O lh a a e x ­ p re s sã o do cara! (riso s). A í e u d igo: “ P o rra, esse é que é n o sso c en so r, n é ? ” (m ais riso s) V o cê c h e g a r c o m n ó s m erm o... Aí pronto. E stam os las­ c a d o s (rindo).

E n t r e v i s t a - X y c o , u m a q u e s ­

t ã o q u e s e c o lo c a h o je p a r a o e s ­ tu d a n te n a u n iv e r sid a d e , e m re la ­ ç ã o à m ili tâ n c ia , é a d ific u l d a d e q u e e le te m e m c o n c il ia r o m e r ­

c a d o , q u e j á e s t á tr a b a lh a n d o , a u n iv e r s id a d e — c o m s u a s d is c i­

p l i n a s — e e s s e e s p a ç o d e m ilitâ n ­ c ia . V o c ê j à n o in íc io d o c u r s o e s­

ta v a e n tr a n d o p a r a N o rto n . C o m o é q u e f o i c o n c il ia r , e n tã o , a e x p e ­

riê n c ia d e tra b a lh o , a u n iv e r sid a d e c o m a m ilitâ n c ia ?

X yco - R apaz... N u m a form ação p ró p ria . V o n tad e própria, p o rq u e a gente ainda não tinha tido nem a cadeira d e m ercad o lo g ia, não tin h a nada. A g e n te tava em brionando. Foi no p ri­ m eiro ano. Eu entrei em 68... F oi em 69. E u estav a fazendo o terceiro s e ­ m estre na fa culdade, q u a n d o a gen te tev e a o p o rtu n id ad e de um trabalho, d e um espaço. A í aprendi co m a orien­ taçã o d as pesso as m ais experientes. P o r isso q u e eu digo q u e o N iv ald o R angel foi u m a escola, rap az. E ra um c a ra p acien te, d edicado, d ev o tad o à c a u sa da p u blicidade. M e d eu m uita chance d e leitura. A gente teve oportu- n id a d e d e ver cam p an h as,jo b s,p lan e­ ja m e n to s. Q u er dizer, é u m a coisa que nos atraia pro fundam ente. Passei a fa­ zer redação com os cacoetes d e redator novo, cheio de vícios... E ele corrigindo, fazen d o os ap o n tam en to s. Eu sou um a pessoa reconhecidaegrata... Acho q u e o N ivaldo foi u m a criatu ra p re ­ ponderante. C om o o T areisio T avares (diretor-executivo da T T Propaganda) n a Publicinorte. E u saí da N orton, que era lenta. A N o rto n era a ag ên cia do p lan ejam en to . U m a ag ên cia m ais e s ­ tru tu rad a. V ocê tinha m ais liberdade

p ra fazer... A té a gen te fa z ia o s textos do sistem a d e so m da M esb la, q u e era a única co isa que a gen te fa z ia — era o tablóide d a M esbla e o sistem a d e som . V ocê fazia um a coisa rápida e ele dizia: “N ão . S ente, vá p en sar e ta l” . Q u erd i- zer, n u n ca adm itia o prim eiro texto. Já na P u b licin o rte, fo i u m a situ a ç ã o in ­ versa. E ram oito cam p a n h as p o r dia. Só tin h a u m redator. E u fa z ia u m duo com o T arcísio , p o rq u e o T arcísio é que era o g ran d e criad o r. A í dizia assim : “C rie u m a cam p a n h a p ra P e r­ n am b u ca n a!” N ão e ra um te x to . Era: “C rie u m a cam p a n h a p a ra as C asas P ernam bucanas, p ara g e n te fa z e r da B ahia ao A m azonas” (enfático). Cara, e ra u m p a u , rapaz! V ocê às v ezes cria­ v a u m a cam panha de m anhã, p roduzi a a cam p an h a... P ro d u zir n o C eará era m uita dificuldade. V ocê p ren sav a ace­ tato de 78 ro tações p o r m inuto.’.. V ocê tin h a q u e p ren sar, g rav ar, c o rta r um acetato, porq u e o pessoal n ã o passava fita casse te n em nada. N ã o tin h a

car-“A prendi errando. A prendi

com as exp eriên cias

alheias (...) A v id a é um

rep o sitório de

inform ações, de

m ultiplicações. A prendi

m uito com as p esso a s.”

tu ch o n aq u ela época. E ra u m a ép o ca m uito d istan te,rap az. A g en te tinha... A tecn o lo g ia era outra. E ra m u ito d is­ tante. C hegava no final, tinham quatro (en fático ) m esas com acetato d a P er­ nam bucanas para você b o tar n o rádio. N a televisão co m slid e, p o rq u e n ão ti­ nha v t V ocê b o tav a o áu d io sin c ro n i­ zado com slide.

E n tr e v i s t a - S ó r e t o m a n d o a s u a

a tiv id a d e d e n tr o d o c u r s o . A lé m d a m ilitâ n c ia p o lí ti c a , v o c ê te v e u m a lu ta m u ito g r a n d e p a r a a s d is c ip l in a s

v o lta d a s p a r a a á r e a d e p u b l i c i d a d e e p r o p a g a n d a . Q u e d is c ip lin a s f o r a m e s s a s q u e v o c ê lu to u ?

X yco - Rapaz, eu lutei pela C ultura B rasileira, lutei p ela C iv ilização C on­ tem porânea, lutei p ela M ercadolo gia, p e la p u b licid ad em ais ex ten siv a, pelo estágio na publicidade p o rq u e o nosso estág io só era no jo rn alism o . A gen te não tin h a ch an ce da fazer e stá g io na p u b licid ad e. U m p o u co p elo q u e ti­ nha o alcance, né? N ào tinha ain d a um a fo rm ação específica, p o rq u e n ão ti­ nh am p ro fesso res. A g en te tin h a d ifi­ cu ld ad e d e en co n trar m estres. B asta q u e se d ig a q u e M ercad o lo g ia, com o

eu falei há pouco, era dada p ela Econo- m ia. O u você se deslocaria p ra E cono­ m ia, ou você d eslo caria o p ro fesso r p ra C o m u n icação , pra e le p o d er, no jo rnalism o, d a r a cadeira dele. M as era m uito difícil, porque você vinha... Che­ gava em outu bro, você esquem atizava o currículo do início d ooutro sem estre, rapaz, qu an d o v o cê ch eg av a lá, aí diziam : “O lh a, essa cad eira não deu p o r isso , p o r razõ es tais ta is” . Aí vi­ nh am as fam osas (en fático ) n eg o cia­ ções. A gente não ia fazer um a levante d e g reve, d iz e r q u e não aceitav a. A gen te tinha q u e to lerar p o rq u e tinha ainda q u e se form ar. M as o c u rs o já era p ara te r sido m a is en érg ico q u a n d o ... A té qu an d o h o u v e a d iu tu m ização , q u e era o u tra lu ta tam bém . O pessoal q u eria d iu tu m iz a r o curso. T irar do curso notu rn o , p ara o c u rso diu rno. N ós fizem os um finca pé (enfático), p o rq u en ó s éram os profissio nais. Não íam os te r ch an ce de trabalhar. De so b rev iv er d a p ró p ria p ro fissão . O p esso al já era jo rn a lista . C om o q u e ia p o d e r estudar d e m anhã? Ia tra b a lh a r q u e horas?

E n tr e v i s t a - M a s , n a q u e la

é p o c a , j á s e f a l a v a d e u m a h a b ili­ ta ç ã o e m p u b l i c i d a d e e p r o p a ­ g a n d a ?

X yco - M uito p o u co . M uito p o u co p o rq u e a ten d ên c ia era do jo rn alism o . Q u er dizer, qu em co­

m eço u a fa la r n isso foi o alu nato, rap az (en fático )... Q ue os alunos queriam : “ R apaz, vam os alargar, v am o s te r um a fo rm ação d e rela­ ções públicas” . O curso erapoli valente. E ssa era a característica... Não era um a form ação específica para o jornalism o. E le tin h a h orizontalidade. T inham outras profissões que estariam tam bém contem pladas, com o a editoração, como a propaganda. Q uer dizer, tender pra isso aí. (Pausa) E o jo rnalism o em si.

E n t r e v i s t a - X y c o , v o c ê f a l o u n o

in ic io q u e a s u a p a ix ã o p e l a p u b li c id a ­

d e c o m e ç o u p e l a s u a le itu r a . E u lh e p e r g u n t o q u a l f o i ta m b é m a r e la ç ã o c o m a c r i a ç ã o ?

X yco - C om eçou pela c uriosidade, v am os d iz e r assim . A gen te com eçou a ser p u b licitário p ela curiosidade.

E n tr e v is ta - N ã o te v e ta m b é m u m a p a i x ã o p e l a c r ia ç ã o , p e l o p r o c e s s o

c r ia ti v o ?

(6)

As equipes eram m uito m enores, tam ­ bém . V ocê tinha q u e se r p o liv alen te. V ocêparaplanejar, para executar, para planejar, criar, executar e vender, você tem que ter poli valência. Eu, nesse la­ do, éq u e a c h e iq u e a c ria ç ã o se ria m a is consequente, porque ninguém m elhor do que o cri adorpra vender sua própria idéia, não é verdade? Qual é o argumento que o cliente vai ter, se ele não p artici­ pou do p rocesso criativ o ? E n tão , é m uito m ais fácil a gen te v en d er um a cam panha, criando o u m u d an d o (en ­ fatiza). P orqueo cliente, aqui e ali, m u- d a o eixo de um acam p an h a inteira em um a apresentação.

E n t r e v i s t a - Q u a i s s ã o , e n tã o , a s

in flu ê n c ia s q u e v o c ê c o n s i d e r a m a r ­ c a n te s n e s s e s e u in íc io d e f a z e r p u b l i ­

c id a d e n a N o rto n , n a m a n e ir a d e f a z e r p u b li c id a d e h o je ?

Xyco - (B ebe água) O lha, naquele tem po, a lite ra tu ra e ra m u ito m enor. N ão tinha n ad a, rap az. O s livro s eram em Inglês. O u você se virava pra acessar o A d v ertisin g Age, que era o jo rn al d a época, que era todo em In glês... E u n u n ca so ube porra nenhum d e lín g u as, rapaz! L ia em F rancês, p o rq u e a gente herdou o Projeto C am elo, a biblioteca. E os livros da C om uni­ cação eram em F rancês. E ntão, a gente tinha que ler. E ra rato de li­ vraria, tam bém . A gente tinha que fazer um a leitura decom preensão. A í, Inglês era ru ço. E n em tin h a o p o d er aquisitiv o p ra g en te com ­ prar, tam bém . P orque o s liv ro s a m e­ ricanos eram m uito m ais caros do que os livro s brasileiros. N ào tinha im ­ prensa especializada. A g en te tin h a m uito pouco. C om o v o c ê h o je tem o (jornal) M eio & M ensagem , tem a (revista) A bout, tem a re v ista P ro p a­ ganda, a revista M ark etin g . N aq u ela época não tinha q u ase nada disso. M uito difícil. E ntão, a literatu ra era m uito escassa, rapaz. R ealm ente, era m uito escassa. H oje não. A tu rm a tem a Internet, c a ra ! V ocê está na época da Internet! T em interação, tem tudo.

E n t r e v i s t a - V o c ê c o n s id e r a v a a lite r a tu r a e sc a s sa . V o c ê d ir ia , e n tã o ,

q u e tu d o q u e v o c ê a p r e n d e u f o i n a

p rá tic a ?

X yco - Nào. Eu aprendi em outros livros. A prendi len d o ,ap ren d i fazen ­ do massa crítica (enfatiza) de anúncios. Porque eu o lhava o an ú n cio , aí dizia: “ O lha, esse tipo fica m elh o r assim ” . Participando do b o d y c o p y d ele, do co rp o do texto, reescrev en d o , g o z a n ­ do, fazendo ironia, p o rq u e isso era o papel.

E n tr e v i s t a - M a s v o c ê n ã o a c h a q u e m u ita c o is a v o c ê a p r e n d e u n a s e x ­

p e r i ê n c i a s q u e t e v e d e n tr o d a s a g ê n ­ c ia s?

X yco - (E nfatizando cad a um a das palavras pausadam ente) Foi. Evidente. C oncordo. A prendi errando. A prendi c o m a s ex p eriên cias alh eias. Q u erd i- zer, c a d a dia a g e n te ... A v id a é um re­ positó rio d e in fo rm açõ es, d e m ultipli­ cações. A prendi m uito com aspessoas. Já tiv e slo g an s de grandes cam panhas q u e se to m aram nacio nais, criadas pe­ lo s clientes. E u ten h o um caso feno­ m enal. Fui fazer um a cam panha sobre raiva canin a p ra S ecretaria d e Saúde. E chegou o veterinário, que era da Cerne, o d ire to r da C ern e (C en tral d e M edi­ cam ento s), o B rito. E u d isse: “D r. B ri­ to, m e c o n c e itu e o q u e é ra iv a , rapaz? Eu q u ero saber! C om o é q u e eu vou criarum a coisa, se a gente não conhece, cara?” A í o B rito fez um flo read o so­ bre raiva. Eu sem pre insistindo: “Sim... e raiv a m esm o, o q u e é q u e é ra iv a ,n a

“M in h a m aio r em oção foi

quando eu ganhei o m eu

título de P u b licitário do

A n o e recebi o troféu

E d u ard o B rígido

M onteiro, q u e tin h a sido

m eu p atrão e m eu ídolo.”

re alidade?” (rindo) E le chega e diz as­ sim : “X yco, olh a, rai va é u m a coisa tão ruim n o ç ã o , p o rq u e a raiv a m a ta ” . Eu digo: “ Ô D r. B rito , criou o slo g an da cam panha. A g en te estava precisando de um eix o p a ra nav eg ar. T aí, a raiva m ata” . E n ão é um a característica m aior? A raiv a h um ana não m ata tam ­ bém ? S e v o cê tem raiv a e tudo, você acaba m o rre n d o n u m a tran sação des­ sas. A h istó ria d a “R aiv a M ata” foi um a cam panha q u e se nacionalizou. O M in istério d a S aúde fez a cam p an h a (v acin ação can in a ) em to d o o país. O A ld em ir M artin s (p in to r cearense)... T ín h am o s fe ito um lo go (logotipo) com a cam p an h aq u e e ra u m sabre, que era o “I ” d a raiv a, na realid ad e. O Al­ dem ir M artins m andou p e g a r600 car­ tazes aq u i e e sp alh o u p ara o s am igos em S ão P aulo . E o s caras botavam atrás dos carros. A s p esso a s b u zin a­ vam , ai tava lá. Q uando você buzinava, b uzinava, q u e o lh av a, aí d iz ia assim : “A R aiva M ata” (rindo). V o c ê já tirava o dedo d a b uzina. T rabalho extraordi­ nário.

E n t r e v i s t a - X y c o , e u q u e r i a q u e v o c ê fa la s s e u m p o u c o d o s e u in g re sso

n a N o r to n . V o c ê f a l o u q u e t e v e a re ­

c o m e n d a ç ã o d a A d is ia . C o m o è q u e

f o i ? V o c ê fi c o u n e r v o s o ?

X yco - (F ala baixo, pensativo) R a­ paz, não. P o rq u e, eu não estou lh e d i­ zen d o , cara. Eu tiv e um a receptivi- d ad e extraordinária do N iv ald o, rapaz. Foi um cara profúndam ente (enfático) paciente. E u acredito que na concepção do N ivaldo... E u era m uito m ag ro n a época, andava com am inhabengalinha, j á tinha m in h a red u ção m o to ra e tudo. E u acho que no m eu conceito, o Nivaldo d e v e te r d ito assim : “E u vou a ju d ar esse desg raçad o (risos). V ou en cam i­ n h á-lo n a v id a (rin d o )” . E p ro n to , ra ­ paz. A largou as op o rtu n id ad es. C on­ v ivi co m C atu n d ão (W alter C atunda, ex-d ireto r de arte na N o rto n e Publici- no rte, j á falecid o), q u e era um a figura fan tástica d e p ap o , um g ran d e artista.

E n tr e v i s t a- V o c ê f a l o u q u e a p re n ­

d e u e r r a n d o . D á p a r a f a l a r d e u m e r ­ r o d e s s e s ?

X yco - H ein? M as aí é... (risos) F oram tan to s, rapaz, q u e nós v a­ m os ro la r q u atro h o ras d e en tre­ vista (rindo). M as a gente ia erran­ do e quando vem um a m ão condu­ tora, q u e às v ezes é o p ró p rio an u n cia n te, é a estru tu ra d e m ar­ k e tin g d o c lie n te — q u e aqui n ão era tão efe tiv a — , a g en te, afinal, ia p ara o cam inho certo. A s vezes, era o d ed o in d icad o r de D eus: “Olha, vai poracolá,q ueocam inho não é esse não, cara” (rindo). V ocê co m eç an d o a refletir tam bém , b u scar o pensam en to ... A cho q u e houve m u ita ajuda. O C atundão foi um a figura ex trao rd in ária, tam bém . E le ach av a... A s v ezes, dizia: “O lh a, essa frase ficaria m elh o r co lo ca d a de u m a o u tra fo rm a” .

E n t r e v i s t a - A l é m d a c o n v iv ê n c ia

c o m a s p e s s o a s , e u q u e r i a q u e v o c ê

m e f a l a s s e o q u e é q u e v o c ê le v o u d a N o rto n ? Q u a n d o v o c ê s a iu d a N o rto n , o q u e é q u e v o c ê a p r e n d e u ?

X yco - O lha, eu aprendi n a N orton a fazer um a coisa que ap u b licid ad e do C eará não fazia com m uita n aturalida­ d e , q u e era p lan ejam en to . A g e n te só faziacriação d e textos. Q uer dizer, vo­ cê cria r um te x to é um a co isa m uito sim ples, n a realid ad e. M as v ocê p la ­ nejar, você em b asar tu a inform ação... A N orto n era m uito exigente nisso. E la te recheava u m jo b p ra você falarsobre um a p ro m o ção , sobre um produto. Q uer dizer, ela te dava m uito s elem en­ tos. E u aprendi a p esquisar na N orton. O c a ra d izia: “ O lh e, nunca fala sobre um assu n to sem antes v o c ê te r u m a fu n d am en tação ” . Q u er dizer, te r um lastro que p o ss a te levar a u m a criação conseqiiente. E u ach o que e sse foi o b o m eixo. U sei isso de um a form a tão esp o n tân ea qu e, q u an d o saí da P

ubli-F o r m a d o e m C o m u n i ­ c a ç ã o So c i a l peJa U FC, Xy c o T h e o p h i l o se au t o- i n t i t u l a j o r n a l i st a p o r f o r m a ç ã o , p u b l i c i t á r i o p o r v o c a ç ã o e e m p r e ­ sá r i o p o r d e sc u i d o .

Xy c o T h e o p h i l o e n t r o u e m 6 8 n a f a c u l d a d e . F o r m o u - se e m 71 . É b a c h a r e l e m C o m u n i ­ c a ç ã o So c i a l p e l a Fa c u l ­ d a d e d e Ci ê n c i a s So c i ­ a i s e Fi l o so f i a d a U FC.

(7)

Em 6 8 , q u a n d o X y c o e n t r o u n o c u r so d e C o ­ m u n i c a ç ã o . a c a l o u r a - d a a i n d a n ã o exist ia. Pa r t i c i p o u d a p a sse a t a d o s b i c h o s, ú l t i m a p e r ­ m i t i d a p e l e g o v e r n o m i ­ lit ar.

A f o r m a t u r a d e su a t ur ­ m a f u g i u a o s m o d e l o s t r ad ic io n ai s. Pa r a p a t r o ­ n o e p a r a n i n f o f o r a m e s c o l h i d o s o Cab r al , c a o t ineir o. e o Ma n u e l , f u n ­ c i o n á r i o d o c u r so

c inorte, q u e fundei a T erraço ... C riei em 73 um a ag ên cia q u e n in g u ém (en ­ fatiza) no p aís falava em Com unicação e M ark etin g . As ag ên cias eram D PZ, q u e era D u alib i, P etit, Z arag o sa. E ra M PM . M afu s, P e trô n io e M acedo. JM M ... Q uer dizer, eram as siglas dos caras. A í e u p eg u ei, fiz u m a agência: T erraço (ên fase), u m a ag ên cia d e c o ­ bertura. Criei um a agênciapra trabalhar p ara as o u tra s ag ên cias, p o rq u e com o era um cara oriundo da criação e achava q u e a cria ç ã o era m u ito fragilizada... Porque as pessoas aqui faziam textos... e textos em cim a das p ern as p ra po d er g rav ar u m com ercial. N ão tinham uito tem po. E ra um a co isa m u ito rápida. V ocê não tinha nem chance de pesqui­ sar, de v e r se o slo g an q u e você tav a criando não j á existia. Q uer dizer, você não fazia u m a busca d e nada disso. V o­ c ê botava n o ar e testava. E nesse p o n ­ to a Publicinorte m e deu u m a agilidade m en tal in crív el. A N orton, a gente já levava a bagagem . E ntão, a h istó ria d a criação d a co m u n icação e do m arke­ ting... “O lh a, o cam in h o v ai se r esse: acom unicaçãom ercadológica” . Vamos en v ered ar p o r aqui e vam os fazer um a co isa que eu tav a de saco ch eio na Publicinorte, que era varejo. O va­ rejo não e ra o m eu feitio.

dor... O carism a (en fático ) do D udu M onteiro (E duardo B rígido M onteiro, um dos fu n d ad o res, ju n tam en te com T arcísioT avares,daP ublicinorte, 1910 -1 9 7 3 ), q u e foi um d ecan o d a p u b li­ cidade, rapaz. A m inha m aio r em oção foi q u an d o eu g anhei o m eu títu lo de P u b licitário do A n o e re cebi o tro féu E duardo B rígido M onteiro, q u e tinha sido m eu p atrão e m eu ídolo. O D udu era um a fig u ra fan tástica, rapaz.

E n tr e v i s t a - V o c ê c o n s id e r a r ia q u e to d a e s s a e q u ip e d a P u b lic in o r te e r a m a l a p r o v e i ta d a ?

X yco - E ra. N ão era, m as, p o r exem plo, e ra jo g a d a às traças (en fáti­ co), p o rq u e a g e n te tin h a que d a r um v o lum edeprodução incrível. E a gente dizia: “R apaz, ch eg o u a h o ra do salto qualitativo, querdizer, vam os ver quais são os clientes q u e têm rentabilid ade” . A gente com eçou a falar nessas coisas.

E n tr e v is ta - F a lta v a p la n e ja m e n to , e n tã o ?

X yco - N ão tínham os tem po. N ão tín h am o s tem p o p ra gen te fazer um planejam ento, um apesquisa. E ram uito

E n t r e v i s t a - V o c ê f o i p r a P u ­ b li c i n o r t e f a z e r v a r e jo ?

X yco - Fui, fui. A Publicinorte era um a agência varej ista. E u b rin­ cav a m u ito c o m o m eu p atrão , o Tarcísio (T avares). O T arcísio che­ gava ed izia assim : “A Publicinorte s ó tem 102 c lie n te s” . E e u dizia: (en fático ) “N a (rua) G uilherm e R ocha” (risos). E le se danava com essas c o isa s. P o r q u e é q u e eu deixei a Publicinorte? E u deixei porque o T arcísio tin h a as m aio res contas pu b licitárias d o C eará. E ra p ra se r a agência m ais extraordinária do N orte e d o N o rd este, p o rq u e o T arcísio tinha um elen c o de p ro fissio n ais com o p o u cas agências. E ra o cara q u e m ais investia em equip e, rapaz. O Souto era o nosso d ire to r d e m ídia. O Z é L eite Sobrinho, q u e fazia um duo d e E cono­ m ia... A g e n te escrev ia a p ág in a de E conom ia do S ab ó ia (co rreto r de in ­ v estim en to s, p re c u rso r d a B o lsa de V aloresdo C eará), que era um co n eto r d e valores daqui, queeraquem pagava. E a gente fazia um a p ág in a n o (j ornai) O Povo. U m a p á g in a d e E conom ia. Q u e r dizer, o L eite era m eu parceiro n e ssa p ág in a , tam bém . E ra um cara fantástico (en fático ). U m h o m em de aten d im en to co m o p o u c a s pessoas, tam bém eg re sso d a C om u n icação . O p ró p rio T arcísio , o M an in h o B rígido (E duardo B ríg id o M o n teiro Filho, d ireto r-ex ecu tiv o d a ag ên cia N ovo T em p o ), q u e era um g ran d e v en d e­

“O p esso al achava q u e o

que v en d ia no varejo era o

grito. E u tin h a u m a tese

contrária. E u ach av a que

o que v en d ia n o varejo era

a b arg an h a, era o p re ç o .”

difícil, rapaz. M uito difícil! N ós fom os lan ça r a G ellati, q u e era o so rv ete, le ­ vam os aW ân ia que tinha um a em presa de p esq u isa co m o G odofredo. F ize­ m os um estudo p ra lançarm os a G ellati e tu d o . Q uando ch eg am o s na d ecisão do Sérgio Philom eno (S érgio M oreira Philom eno G om es, em presário faleci­ do), aí o S érgio P h ilom eno d esv io u o cam inho inteiram ente. C olocou a A íla M aria (cantoracearense) com o a garota pro paganda. O cam inho da G ellati era ou tro , m as a A íla M aria era a g ran d e estrela na época, aí ele: “N ão, eu quero a A íla M aria”. Pronto.T em pos d epois fom os lan ça r a m arg arin a S alu tar. Já p esq u isam o s a ten d ên cia, da m esm a form a a p esq u isa, p o rq u e o p esso al não co m ia m argarina, s ó com ia m a n ­ teiga. O E liseu (P ereira, fabricante d a M argarina S alu tar) é q u e ia la n ç a r a M argarina Salu tar. L evam os tam bém a p esq u isa... F oi o u tro d esap o n ta­ m ento, porq u e ele co ntinuou dizendo: “ Eu quero é a A íla M aria” . Q uerdizer, eu p ag o um cachorro pra latir pra você,

v o c ê q u er latir pelo cach o rro e b o ta r o cach o rro c o m e n d o p ip o ca, cara! (ri­ so s ) N ão tem cab im en to u m n eg ó cio desse. V ocê aponta um cam inho d ife­ rente, cientifícam ente conduzid o, né? B aseado num apesquisa m esm o. Tinha u m a base, q u e era a p esq u isa, m os­ trando qual era a tendência. A m argarina se ria um co n su m o a prio ri de pobres. O pessoal reprovava, rejeitava m erca­ do de pobre. M ercad o d c p o b re era u m a heresia. V ocê m eter na cabeça de u m in d u strial q u e d ev eria p ro d u zir p ara atender a um a m assa, que era 90% da população, q u e era pobre, cara. V o­ cê te r um p ro d u to p riv ileg iad o p ra c o n d u z irp ra 9 0 % d a s p e sso a s... E de­ p o is ela v in h a co m o um sucedâneo do b o lo , que a p esq u isa in d icav a isso.

E n t r e v i s t a - A P u b lic in o r te . n a é p o c a , f o i u m a g r a n d e in o v a d o r a d e

lin gu a ge m , d e r e s g a te d a c e a re n sid a d e , j á q u e t e v e u m a é p o c a a q u i n a p u b l i ­ c id a d e c e a r e n s e q u e e r a d o m in a d a p o r s a l a s d e a g ê n c ia s d e f o r a . E u q u e ­

r i a q u e v o c ê f a l a s s e d e s s e r e s g a te d a c e a r e n s id a d e .j à q u e v o c ê p a r e c e q u e

te m u m a o p in iã o m u ito f o r t e q u a n to a r e g io n a liza ç ã o .

X yco - E u dig o até q u e a p ro ­ p ag an d a do C eará é m u ito sisuda. N ó s so m o s u m p o v o aleg re, g a li­ nha, descontraído. U m exem plo é esses h u m o ristas q u e estão a í. De tudo a gen te faz um a piada. A p ró ­ pria m iséria d a gente, a gente goza. Então, faltavam uito hum or, rapaz. E n a é p o ca, n ó s tín h am o s um g a ­ roto p ro p a g a n d a aqui q u e era n o ­ tável (enfático), que era o T oim . O Antônio M endes (falecido). O cara que tin h a um im p ro v iso , um re­ p ente. N ó s n ã o tín h am o s vt, cara. N ã o pod íam o s gravar. A gen te fazia o co m ercial a o v iv o . E ram seis sets na T V C eará. V ocê saia do s e tp ra outro, d o s e t p ra o u tro , do set p ra o u tro set, p ara o p rogram a d o Flávio C avalcante (jo rn alista e a p resen tad o r da antiga T V T upi, dos D iários A ssociados), que era o d etentor da grande audiência. E n tão to do m u n d o tav a lá. O Paulo L im av erd e (rad ialista c earen se), que era um g aro to p ro p ag an d a notável, em pinado p e la Publicin orte, que tinha um program a d ej u ventude, q ue era um p ro g ram a q u e a g en te lan çav a m ito s, h eró is, g alãs. A li era um laboratório fantástico, q u e o T T (Tarcísio Tavares) se d iv ertia m uito .

E n t r e v i s t a - Q u a is o s tr a ç o s q u e s u r g ir a m d e s s a c e a r e n s id a d e n e s s a

n o v a f o r m a . .. A i ! M e a tr a p a lh e i to d

i-n h a ... i-n e s s a i-n o v a f o r m a d e f a z e r p u ­ b lic id a d e ?

(8)

b e las, indígenas. N ós tem os essas fi­ guras n ativ as e tudo. Q uer d izer, nós tem os um a beleza plá stica c o m p le ta ­ m ente diferente das alem ãs, das italia­ nas, d as inglesas, que o p esso al trazia lá de fora, tam bém .

E n tr e v i s t a - E s s a r e g io n a liz a ç ã o d a li n g u a g e m p u b li c it á r i a f a c i l i t a o a p e lo p u b li c it á r io ?

Xyco - Sim. Pela identi ficaçâo. V o­ cê tá se identificando com o povo. O pessoalchegavamuitochiando. Quantos atores nós preparamos, quantos garotos propaganda e garotas propaganda? E era um a briga etem a, porque o pessoal achava que pra ser garota pro paganda tinha que chiar (risos). Ai a gente b rin­ cava dizendo: “D eixepra chi ar quando eu fo r lhe ofertar o cachê. Aí você chia! (risos). Tem todo o direito d e chiar. Agora, aqui não”. Q uer dizer, pôxa! Nós tem os um a vozeantada, arrastada, m ansa e tudo. Para que chiar? A fetar... O cara chegar e afetar. Eu tinha brigas eternas, rapaz.

E n tr e v i s t a - V o c ê c o n tin u a

a c r e d ita n d o n e s s e p e r fil? X yco - A cho que sim. Eu acho q u e isso o portuniza m ercad o de trabalh o. Q uanto s fo tógrafos e s ­ tão desem pregados com os bancos de foto que estão chegando dessas em presas am ericanas, invadindo e o cara vendendo um crom o? T á certo... P utam ente p roduzido p o r 450 reais a um m il reais. E você podendo fazer um crom o desse aqui p o r 2 0 0 ,2 3 0 , com o n o sso sol, co m a nossa beleza, com a nossa g ente, com o nosso fotógrafo. Q u er dizer, c o m o talento. Então, você tá desem pregando m uita g em e, rapaz.

E n tr e v i s t a - C o m r e la ç ã o à q u e s ­ tã o d a r e g io n a liz a ç ã o d a lin g u a g e m

p u b lic itá ria , n ã o v a id e e n c o n tro , a tu a l-m e n te , a e s s a c o is a d a g lo b a l iz a ç ã o ?

D e q u e u m a d o le s c e n te a q u i é u m a d o ­

le s c e n te e m S ã o P a u lo , é u m a d o ­ le s c e n te e m L o n d re s . N ã o te m e s s a

m e n s a g e m ?

Xyco - T em um com panheiro que é fantástico, ra p a z — na B ah ia— , que ele disse o seguinte: “S er regional é o m elhor cam inho para você se r univer­ sal” . Pôxa, não tem coisa m elh o r do que isso. R apaz, nós d ev em o s p ro ­ pugnar.

E n tr e v i s t a - Q u e m f o i q u e d is s e ? X yco - R odrigo Sá M enezes (p u ­ blicitário), que fez essa fam osa frase. Olha, a gente precisa da nossa regiona­ lização, porque senão acabou, rapaz. A gente só vai carregaropiano. S eag en te com eçaradeixarqueopessoal invada... C om oopessoaldo Sul reclam ou m uito dos enlatados am ericanos.

E n tr e v i s t a - M a s e u tô f a l a n d o n a

r e g io n a liz a ç ã o d e m e r c a d o . X yco - S im , cu tô falando é que, p o r exem plo, a regionalização im plica um aabrangência, um a universalidade m aior. E la vai d ar op o rtu n id ad e pra m anutenção d as falas, dos tipos carac- terísticos, do m ercado pro fissio n al, dos outros envolv im entos, q u e r dizer, da terceirização q u e você v ai u sa r no próprio m ercado, alargando o trabalho. Isso é extraordinário, rapaz. N ó s não já tem os isso na nossa m úsica? P o rq u e é q u e a gente vai colocar um jingle que, ap esar de se r um a m elodia e o j in g le... Q ual é a tendência? P or q u e é q u e a B ahia tem m ais característica? Porque os baianos investiram firm e na m úsica baiana. E lapassou aserm oda. H oje ela ditaoscam avaisbrasileiros. Q uer dizer, tem um com portam ento m ais firm e de p reservação da cultura. Eu ach o que é p o r aí.

E n tr e v ist a - V oc ê e stá c o n se g u in d o

a p li c a r e s s a s s u a s id é ia s d e r e g i o n a- li s m o n a T e r r a ç o ?

X yco - N em sem pre, nem sem pre.

E n tr e v i s t a - P o r q u e n ã o ? X yco - N em sem pre po rq u e... O lh a, eu com entei há p o u co e ss a h is­ tó ria aqui da raiv a. N a época d a raiva, a intuição da g e n te — apesar de não ter tido o esp aço p ra p esq u isa — n o s d i­ zia q u e o cão v ad io , q u er dizer, o cão da ru a tá... A cria n ç a do su b ú rb io , p o r características, tem a têz m ais escura. E la é m ais escurin ha. N ós criam os um livrinho,um ahistorinhaem quadrinhos p ra dissem inar a educação sanitária. E n ó s criam os o “M aria e as T ran ças do V alente” . E ra um am en in azin h a e um garotinho negro. E um cachorro vinha e m o rd ia o c ach o rro negro (quis s e re­ ferir ao garoto negro). M e cham aram d e filho da puta, n a época. C om o é q u e você vai m an d ar um cachorro m o rd er um negro, n a realid ad e? M as o negro era a figura m ais evidente d o subúrbio, qu em co n v iv ia m ais com o cachorro, qu em criav a m ais o c ach o rro vadio , qu em soltava o cach o rro co m aquele esp írito de apego ao anim al, p ra ele ir co m er n a ru a, p o rq u e não tin h a nada pra d ar em casa, na realidade. F oi um

tete-a-tete d o s m ais d a n a d o s (rin do). Os caras m e esculham bando porq u e o cach o rrin h o m o rd eu o n e g rin h o que tava na ru a m ais sujeito.

E n tr e v i s t a - X y c o . e u q u e r i a q u e v o c ê v o lta s s e u m p o u c o o te m p o . E u q u e r ia q u e v o c ê f a l a s s e o q u e le v o u

v o c ê a f u n d a r a T e r r a ç o . C o m o f o i o p r o c e s s o ?

X yco - E u ach o q u e o v arejo não era na real idade o m eu espelho. Eu não gostava. Eu fazia o varejo... P o rq u e o varejo não te dava tem po d e pesquisar, de fazer um a coisa m ais m oderna, um a coisa diferente. O d o n o d o n egócio o pinava m uito , ele só q u e ria a oferta. O p esso al ach av a q u e o q u e v en d ia no varejo era o grito . E u tin h a u m a tese contrária. E u achava que o q u e vendia no v arejo era a b arg a n h a , e ra o preço. V ocê p o d ia v en d er o p re ç o , falando silenciosam ente, fazendo um a criação diferenciada. Aí fo i qu an d o achei q u e aq u ilo n ão m e atraía. E u tav a m e cansando. Eu trab alh av a doze ho ras p o r d ia, criav a o ito c a m p a­ n h as p o r dia. Isso e ra estafan te (en fático ), rapaz. V o cê p ra m eter um jo b n a agência... D e o ito jo b s p o r m ês, e u rev erto a o rd em lá na m in h a agência, cara. P o rq u e o p esso al diz: (im ita) “ Isso é um assom bro. V ocê q u e rn o s m atar e ta l” . E lá não ex istia n enhum a ch an ce p ra isso. E n tão , q u an d o a g en te reso lv eu fu n d ar a T erraço, e u disse: “V am o s tra b a lh a r p ara in d ú stria e p ara o serv iço . V am o s fa­ zer m ark etin g in stitu cio n al, vam os fazer m ark etin g eleito ral, m ark etin g governam ental”... Q ueninguém queria. O pessoal só queria fazer varejo. M as, olh a, isso é um cam in h o p ró p rio . Eu vou navegar p o r aqui. D eu m uito certo, rapaz, p o rq u e in stitu i u m a agência bem sedim entadano m arketing. Passei a fazer o que a N o rto n tin h a m e en si­ nado, q u e era p lan ejam en to , q u e eu n ão tin h a tem p o d e fa z e r n a Publici- norteporque... V o c ê c ria r oito cam pa­ nhas! V ocê criav a tex to s (e nfático).

E n tr e v i s t a - M a s n ã o d e u u m c e rto

m e d o f u n d a r u m a a g ê n c ia n e s s e e s tilo

n o m e r c a d o c e a r e n s e ?

X yco - N ão. E u até b rin q u ei com o T arcísio (T av ares) n a ép o ca, p o r­ que... E u d iz ia até assim : “ E u era o m aior salário d e p ro p ag an d a, n a ép o ­ ca”. E u resolvi so frerp o r conta própria, cara. V ou so frer p o r c o n ta p ró p ria e fazer o que m e apraz. E pronto. C om e­ cei p o r aí.

E n tr e v i s t a - M a s v o c ê ti n h a u m r e s p a ld o d e c lie n te s ? P o r q u e , d e r e ­ p e n te , v o c ê s a i u d a P u b lic in o r te , q u e e r a ta lv e z a m a io r a g ê n c ia d a é p o c a ,

p r a f u n d a r a T e rra ç o , q u e ia c o m p e tir

“ A histó ria da T erraço é

aquilo que eu com ecei a

falar (...) A gente p en so u

em fazer u m a agência de

cobertura, um a agência

p ra trab alh ar pras outras

agências.”

Em 76 . X y c o r e c e b e u o p r é m i o d e Pu b l i c i t á r i o d o A n o . N o m e sm o an o . a T e r r a ç o g a n h o u o Pr é m i o Re g i o n a l d o s Co í u n i st a s Pu b l i c i t á r i o s d o Br asil .

A d e c o r a ç ã o d e su a a g ê n c i a n ã o f o g e a o s p a d r õ e s. Em c a d a p a ­ r e d e u m a p e ç a p u b l i c i - t á n a. Em su a sal a. c a r ­ t a z e s e f o l d e r s e st ã o d i s­ p o st o s e m u m g r a n d e p a i n e l .

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