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Cosmologia portátil. Texto Miguel Seabra

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Academic year: 2021

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Dossier AstronomiA

Cosmologia portátil

A relojoaria é considerada como sendo descendente da astronomia — e, ao longo das últimas décadas, têm-se multiplicado obras-primas para o pulso capazes de replicar fielmente a dança dos corpos celestes. Desde uma simples lunação até ao cálculo da disparidade entre a hora solar real e a hora civil, há relógios de inspiração estratosférica que não deixam ninguém indiferente.

Texto miguel seabra

o ano que está prestes a terminar foi especial para todos aqueles que dedicam maior atenção ao que se passa no céu e também para os aficionados da relojoaria mais lunar. Em 2014, celebrou-se o 45.º aniversário sobre a primeira presença humana no satélite terrestre e verificaram-se três superluas — em três ocasiões, entre 12 de julho e 9 de setembro, a órbita da Lua colocou-a no ponto mais perto da terra, e, no dia 10 de agosto, a aproximação foi a maior dos últimos 20 anos, pelo que surgiu no céu 14% maior e 30% mais brilhante do que o normal. A ocorrência de três superluas em tão curto espaço de tempo é rara... e não deverá repetir-se antes de 2034.

A abóboda celestial tem fascinado a raça humana desde os seus primórdios. Perante o infinito incompreensível e rodeado de um ambiente hostil, o Homem começou por encontrar alguma lógica na passagem do dia para a noite e do

sol para a Lua, na disposição das estrelas e na configuração das constelações. Os primeiros ciclos de tempo estabelecidos para além do dia e da noite assentavam nas fases da Lua, nas marés, nas mudanças de estação. A necessidade de dominar o espaço e o tempo conduziu aos primeiros calendários da Antiguidade, baseados no movimento aparentemente cíclico dos corpos celestes. A maior proximidade da Lua e a sua influência em diversos aspetos da vida/natureza sempre intrigaram o Homem e cedo se tornaram objeto de análise.

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A Lua, objeto privilegiado de contemplação; e como

os relojoeiros tradicionais também são uma espécie

de poetas, há muito que conseguiram materializar a

atração lunar no mostrador de um relógio!

os relógios de grande porte até aos de mesa, com incidência especial nos modelos de pulso de há um século para cá. no ano em curso, houve uma colheita particularmente interessante de relógios de inspiração cósmica que começou logo com duas vedetas do salon international de la Haute Horlogerie, em janeiro: o richard Lange Perpetual Calendar ‘Terraluna’ colecionou galardões um pouco por todo o lado, o midnight Planétarium da Van Cleef & Arpels deu mais a conhecer o trabalho desse mestre relojoeiro tão especializado em complicações siderais que é Christiaan van der Klaauw e houve muitos outros modelos de destaque, para além das habituais peças dotadas de uma simples apresentação das fases da Lua. Marcos históricos

A Fundação de Alta-relojoaria promoveu, em 2013, uma exibição itinerante denominada Relojoaria,

Filha da Astronomia. A ligação é evidente, já que a

tentativa de compreender os astros sempre esteve associada à medição do tempo. A mais antiga reprodução da cúpula celeste para efeitos de contabilização do tempo que é conhecida remonta a 1600 a.C. e foi batizada nebra, o nome da região alemã onde foi encontrada em 1999. mostra o céu e 32 corpos celestes (incluindo o sol, a lua crescente e a constelação Plêiades) num disco de bronze com 32 centímetros que passa por ser o pai de todas as fases lunares na relojoaria.

Já a Máquina de Anticítera apresenta o mais antigo mecanismo assente em rodagens que é conhecido; tinha o objetivo de representar o cosmos e tanto efetuava cálculos astronómicos como contabilizava os calendários — combinando um planetário, um zodíaco e vários calendários. trata-se do mais antigo computador analógico conhecido e, como não podia deixar de ser, inspirou numerosas reproduções — levando a

Hublot a lançar o Antikythera em sua homenagem, há um par de anos (toda a história sobre a

Máquina de Anticítera pode ser lida numa reportagem própria, nesta edição).

Ao longo da história da relojoaria, sempre houve marcas que se destacaram mais pela reprodução do universo conhecido. A passagem para os relógios de pulso no início do século XX exigiu uma miniaturização apenas ao alcance das melhores manufaturas suíças e dos mais iluminados mestres relojoeiros que contribuíram para obras notáveis com a assinatura da Patek Philippe, da Vacheron Constantin, da Audemars Piguet, da Jaeger-LeCoultre, da Ulysse nardin (que relançou a moda nos anos 80 do século XX com o triunvirato de Ludwig oechslin formado pelo Astrolabium Galileo Galilei, o Planetarium Copernicus e o Tellurium Johannes Kepler) e de várias outras respeitadas manufaturas.

Dialética Terra-Lua

A dicotomia entre dia e noite provocada pela rotação da terra sobre o seu eixo foi naturalmente a primeira forma de estabelecimento do tempo junto das civilizações antigas. O calendário lunissolar foi reformado em 1582 sob as diretrizes do papa Gregório XIII, conduzindo ao estabelecimento do calendário gregoriano utilizado à escala global e sobretudo na chamada civilização ocidental. Em 1884, o Planeta foi dividido em 24 fusos horários — embora a medida ainda levasse algumas décadas até ser aceite como incontestada base do horário universal. A indústria relojoeira aproveitou para lançar modelos com um ou dois ponteiros suplementares da hora para os viajantes, sendo os relógios apetrechados com a função worldtimer (24 fusos horários) os mais sofisticados do ramo.

Essa vertente da relojoaria está sobretudo

associada à rotação terrestre. A que se inspira nos corpos celestes é mais complexa e a Lua, pela proximidade e consequentemente maior visibilidade, sempre foi a mais reproduzida. o luar guiou a Humanidade através de séculos de mudança, desde as primeiras gravações rupestres até às pegadas inaugurais na superfície lunar. A Lua sempre exerceu sobre o Homem um peso emocional equivalente à sua influência sobre a natureza, sendo simultaneamente fonte de adoração e inspiração; foi instrumento de navegação, fonte de iluminação noturna, cenário de episódios místicos e científicos. O movimento das marés, as percentagens de nascimento ou a falta de sono em noites de lua cheia são alguns desses fenómenos e mesmo simples atividades como cortar o cabelo, fazer tratamentos médicos, seguir práticas amorosas, arrancar ervas daninhas e plantar ou transplantar estão sujeitas aos insondáveis poderes ocultos do pálido satélite. Para além de haver todo um imaginário construído à volta do parceiro da Terra: o lunático, o lobisomem, a lua de mel, as serenatas ao luar, a conquista do Espaço...

E a Lua fica sempre bem num relógio de prestígio. Os primeiros modelos de pulso com uma janela lunar surgiram nos anos 20 do século XX, dando uma personalidade especial aos mostradores. iniciou-se então uma moda que teve o seu auge nos anos 40 e sobreviveu até aos nossos dias, revelando-se indissociável da relojoaria mecânica tradicional. A Lua colocada sobre um céu azulado visível através de uma janela em forma de semicírculo é inclusivamente um símbolo da relojoaria clássica. Depois de tantos milénios e mesmo após já ter sido pisado num « pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a Humanidade», o único satélite natural da terra continua a exercer um enorme

magnetismo e, aparentemente, a afetar as nossas vidas quase tanto como o sol. Desde que se conhece, o Homem tem convivido com dois astros alternadamente omnipresentes que o ajudaram na perceção do tempo. Cada qual com uma personalidade muito própria, sendo o sol mais óbvio e a Lua mais misteriosa...

Com a cabeça na Lua

o sol é o centro do seu próprio sistema e não tolera olhares insistentes; a Lua não passa de um satélite e pode ser mirada diretamente. mas o facto de iluminar o reino das trevas sempre lhe deu um papel muito especial — sobretudo porque sempre houve a consciência da sua maior proximidade relativamente a todos os outros corpos da abóbada celeste. E se o sol permitiu dividir o tempo em dias, a Lua ajudou a estabelecer as semanas e os meses...

Curiosamente, é o sol que contribui para a visibilidade da Lua. Como não tem luz própria, o único satélite natural da Terra reflete a luminescência solar de modo diferente segundo a posição em que se encontra — variações conhecidas por fases da Lua. As cambiantes, a luminosidade e a possibilidade de ser claramente vista a olho nu transformaram a Lua num objeto privilegiado de contemplação; não admira que tenha servido de inspiração a todas as culturas... e como os relojoeiros tradicionais também são uma espécie de poetas, há muito que conseguiram materializar a atração lunar no mostrador de um relógio! mesmo que o curso irregular do caprichoso astro noturno não lhes tenha facilitado a vida.

As indicações astronómicas têm marcado presença em todos os sistemas de medição de tempo desde tempos imemoriais. os calendários da Antiguidade eram empíricos e respeitavam uma certa lógica: cada lua nova determinava

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Dossier AstronomiA

o início de um mês e cada quarto indicava o começo da semana — ao longo da sua trajetória, a Lua apresenta diversas fases (lua nova, quarto crescente, lua cheia, quarto minguante e retorno à lua nova) em função das posições relativas da própria Lua, do sol e da terra. A duração de uma revolução lunar é atualmente de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,8 segundos — surgindo como sendo de 29 ou 29,5 dias nas indicações de fases da Lua em mostradores de relógios mais convencionais. A diferença acumulada redunda num dia suplementar a cada três anos, tornando necessário um ajustamento manual das fases da Lua nesses modelos relativamente simples. Nos relógios lunares mais sofisticados, a correção só é necessária a cada 122 anos e 46 dias — e depois há algumas obras-primas excecionais que conseguem manter o cálculo das variações durante mais de mil anos. muitas vezes associadas a calendários perpétuos.

Para além da mestria técnica assente numa pre-cisão excecional das fases da Lua, há também que considerar a interpretação estilística — e, nesse âmbito, o relojoeiro finlandês Stepan Sarpaneva é aquele que mais intrinsecamente associa a sua coleção ao satélite da terra, depois de os mestres martin Braun e Paul Gerber terem granjeado fama pelas suas complicações lunares. A Linde Werdelin utiliza uma reprodução fotorrealística no seu oktopus moon de mergulho e algumas marcas apresentam as fases da Lua vistas a partir dos dois hemisférios (há mesmo modelos com fases da Lua duplas) ou especializaram-se na reprodução esférica — como a De Bethune, que em vez do disco lunar usa uma lua tridimensional no mostrador.

na apresentação tradicional, o grande mérito estético reside na qualidade da tinta ou da laca utilizada no disco (os tons azulados para o céu

ou dourados para os astros variam bastante) e no modo artístico como a Lua e as estrelas são desenhadas. o formato da abertura da janela e a sua colocação no mostrador também contribuem decisivamente para a elegância e a eficácia do modelo.

sol e equação do tempo

Se a Lua sempre suscitou um fascínio diferente pela sua coabitação com as trevas e se tornou mais enigmática aos olhos do Homem, o sol sempre foi encarado mais como um companheiro diário e ajudou os pré-históricos a medir o tempo através dos chamados gnómones — os ancestrais dos relógios de sol. Uma órbita completa da Terra à volta do Sol define o ciclo das estações e, dependendo da estação e por causa da órbita elíptica da Terra à volta do Sol, o tempo solar pode estar até cerca de quinze minutos em avanço ou em atraso relativamente ao tempo civil mostrado nos relógios; essa discrepância pode ser calculada nos modelos que apresentam a chamada equação do tempo.

Uma equação do tempo indica a diferença, em minutos, entre o tempo convencional estipulado e o tempo solar real. Essa diferença pode mesmo ser de mais de 30 segundos de um dia para o outro, enquanto os relógios ‘normais’ não calculam essas flutuações e dividem matematicamente o tempo em horas, minutos e segundos. Durante quatro vezes por ano, os dois tempos coincidem, mas no resto do ano as diferenças podem ir desde menos 16 minutos e 23 segundos a mais 14 minutos e 22 segundos relativamente à hora legal — e os relógios dotados de equação do tempo apresentam esse cálculo com o recurso a rodas dentadas que trabalham harmoniosamente entre si para oferecerem um grau de precisão absoluta, mas o segredo reside numa única peça. Foram

anotadas diariamente as diferenças entre o dia solar verdadeiro e o dia solar médio e obteve-se aquilo que se apelida de analema da equação do tempo; esse analema foi transposto para um came de raio variável entre 2,86 mm e 0,926 mm que a cada dia vai incidir sobre as rodagens do mecanismo que permitem ao relógio indicar as diferenças entre os dois valores.

A precisão dos modelos dotados de equação do tempo pode durar para (quase) sempre: normalmente, estão também dotados de um calendário perpétuo com um indicador de fases da Lua tão preciso que não precisam de nenhuma correção manual antes de um século.

Cosmos e estratosfera

o Homem desde sempre procurou meios que pudessem fazê-lo compreender as leis que dirigem o Universo — ou seja, a totalidade das galáxias que se vão desenvolvendo no espaço e no tempo. Primeiramente, cingiu-se àquilo que podia ser percetível a olho nu; depois, com a ajuda de instrumentos que prolongaram a visão humana e que se foram aperfeiçoando ao longo dos tempos — até aos poderosos telescópios hoje existentes ou às imagens captadas por satélites periodicamente lançados na imensidão do Espaço.

A astronomia é mesmo considerada a mais antiga das ciências e, ao longo dos últimos séculos, inspirou muitos relógios ultracomplicados capazes de reproduzir um planetário através da reprodução do movimento dos planetas à volta do sol. o sol, a Lua, os planetas, as estrelas, os cometas e os mais variados fenómenos celestes exerceram, desde sempre, um fascínio que também aguçou o engenho das mentes mais iluminadas. os génios relojoeiros não são exceção, tendo passado os últimos séculos a apresentar instrumentos do tempo que, por via da

micromecânica e graças a intrincados cálculos, conseguem replicar em mostradores toda a fabulosa dança cósmica.

A Graham estabeleceu recentemente uma nova linha vocacionada para complicações astronó-micas e no ano transato elevou a fasquia com o tourbillon orrery, que celebrou os 300 anos sobre a apresentação do orrery — o primeiro sistema solar mecânico, concebido por George Graham e apresentado em 1713 a Charles Boyle, quarto Earl de orrery, que passou a dar nome a todos os planetários. o Geo.Graham tourbillon orrery é um planetário para o pulso com a terra a dar a volta ao sol em cerca de 365,25 dias, e a Lua a dar a volta à terra ao cabo de 29,45 dias, tal como marte dá a volta ao sol em 400 dias — enquanto vão dando a volta à gaiola central do turbilhão. o mostrador heliocêntrico também inclui uma escala do zodíaco com os 12 signos astrológicos e o calendário gregoriano.

o mais recente orrery é o midnight Planetarium da Van Cleef & Arpels, idealizado pelo atelier Christiaan van der Klaauw Astronomical Watches, fundado há 40 anos e o único totalmente dedicado a desenhar e produzir relógios astronómicos. o mestre holandês, que este ano celebrou o seu 70.º aniversário, passou dos relógios astronómicos de parede/mesa para os de pulso há 20 anos, e mantém-se como a grande autoridade na matéria.

Um relógio astronómico comprova a competên-cia técnica de uma marca. na idade média, as cidades competiam entre si apresentando os melhores relógios astronómicos nos campanários ou nas torres das suas principais praças de Veneza a Praga. Agora, a competitividade situa-se ao nível do pulso... muitas vezes com preços astronómicos condizentes!

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DAnieL reinTjes, Christiaan van der Klaauw Astronomical Watches CEO e Diretor artístico A Christiaan van der Klaauw comemora 40 anos de relojoaria dedicada à astronomia. Porquê esta obsessão celestial?

Um relógio com uma complicação astronómica torna-se uma obra de arte técnica e com uma história inteligente para contar. temos uma tradição em complicações astronómicas e continuamos a ser o único atelier relojoeiro especializado no design e na produção manual de relógios astronómicos. Quais as caraterísticas obrigatórias num relógio astronómico? e as mais complexas? Baseamos as complicações em fenómenos recorrentes no espaço; sendo recorrentes, são mensuráveis. Complicações astronómicas visíveis sem ou através do telescópio. O maior desafio é a precisão. o real moon 1980 tem a Lua em 3D, indicação da declinação do sol eindicação de eclipses solares e lunares. E o Planetarium inclui o mais pequeno planetário heliocêntrico do mundo, com a órbita dos seis planetas visíveis em tempo real... saturno dá a volta em 24,46 anos e diz-se que é o mais lento componente móvel jamais integrado num relógio mecânico.

A marca idealizou o Midnight Planétarium para a Van Cleef & Arpels. o que o torna um relógio excecional?

o movimento tem 396 partes separadas e o planetário está ligado ao calendário na parte de trás. A combinação do calendário com o rotor tornou a execução ainda mais complexa.

© Van Cleef & Arpels

Entrevista completa em espiraldotempo.com

© C hr ist ia an v an d er K la au w

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jAeger-LeCouLTre Duomètre sphérotourbillon Moon ref Q608 65 20 cordamanual Platina Ø 42 mm

MArC-AnDrÉ sTrAHM, jaeger-LeCoultre Especialista em relojoaria antiga

Quais os relógios astronómicos de referência na história da jaeger-LeCoultre?

A Jaeger-LeCoultre criou os seus primeiros relógios astronómicos antes do século XX. Dois modelos, em especial, serviram de referência na história da manufatura: o relógio de bolso Grande Complicação, de 1895, e o relógio de bolso com calendário perpétuo, de 1934. Ambos são dotados de um calendário perpétuo com fases da Lua. mais recentemente, lançámos a linha Hybris Mechanica, que agrupa as criações dotadas de complicações com calendário: master Gyrotourbillon — calendário perpétuo e indicação da equação do tempo; Duomètre à Grande sonnerie — calendário perpétuo e master tradition Grande Complication que dá prioridade às indicações astronómicas.

na coleção atual, qual é o relógio astronómico mais complexo?

É o reverso Grande Complication à triptyque. Oferece três dimensões do tempo expressas em três mostradores. O verso do relógio é dedicado à observação astronómica do Universo, revelando um calendário zodiacal, a equação do tempo, o nascer e o pôr do sol. Visível através de uma abertura oval no mostrador, um disco ajustado sobre o hemisfério boreal ou austral, mostra o deslocamento angular dos corpos celestes mais afastados e das constelações. O terceiro mostrador indica o tempo perpétuo sob a forma de

um calendário perpétuo alojado na base. Fotografia

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CHrisTiAn seLMoni, Vacheron Constantin Diretor artístico

Que importância é que a Vacheron Constantin dá às complicações astronómicas?

temos na nossa história um número consequente de relógios de exceção com complicações astronómicas, desde célebres relógios de bolso como o Fouad e o Farouk, dos anos 20-30 do século XX, até ao famoso Tour de l’Île, de 2005. Foram produzidos sete exemplares deste relógio por ocasião dos 250 anos da marca. trata-se de uma peça dotada de uma carta celeste que representa o céu do hemisfério norte na parte de trás da caixa. Simplificando, podemos dizer que, na Vacheron Constantin, temos três grandes famílias de complicações: as astronómicas, as que medem tempos distintos (cronógrafos simples ou com rattrapante), e as acústicas — muitas vezes em combinação com complicações astronómicas. na coleção atual da Vacheron Constantin, qual é o relógio astronómico mais complexo e quais as complicações que o tornam tão relevante? Diria que é o maître Cabinotier Astronomica, apresentado no passado mês de setembro, por ocasião da exposição Watches and Wonders, em Hong Kong. Dotado de 15 complicações, é um relógio excecional com repetição de minutos, turbilhão e várias complicações astronómicas: carta celestial, hora sideral verdadeira, equação do tempo, nascer e pôr do sol, calendário zodiacal e indicação das estações.

Fotografia © Vacheron Constantin

Entrevista completa em espiraldotempo.com

VACHeron ConsTAnTin Maître Cabinotier Astronomica

80174/000G-9995

cordamanual

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CHrisTiAn Bresser, iWC schaffhausen mestre relojoeiro

Kurt Klaus é um nome relevante na história da iWC e inventor do calendário perpétuo da marca...

numa altura em que os relógios de quartzo domi-navam, Kurt Klaus pensou: como poderei tornar a relojoaria mecânica mais atrativa, a iWC mais relevante? teve a ideia de inventar um sistema que fosse mais simples de ajustar a partir da coroa, com todas as indicações de calendário ligadas a partir daí, quando nos outros calendários perpétuos faltava alguma coisa ou havia demasiados botões para acertar. Ainda por cima, estava acompanhado de um cronógrafo, e o movimento era alimentado por um sistema de corda automática. naquele tempo, era algo de transcendente. o relógio podia funcionar 122 anos até ser necessário ajustar a Lua, e só a Lua, por um dia.

Quais as complicações astronómicas mais emblemáticas da iWC?

Em 2004, lançámos o Portuguese Perpetual Calendar e melhorámos o sistema, estendendo a sincronização até aos 577,5 anos até ser necessário corrigir as fases da Lua por um dia. o calendário perpétuo é a complicação astronómica mais emblemática da iWC, e temos a patente da disposição das fases da Lua em ambos os hemisférios. E depois temos o sidérale scafusia, que mostra a cúpula celestial com uma precisão de 50 metros a partir do local escolhido pelo utilizador. É um relógio cuja complexidade só os fanáticos por astronomia e relojoaria conseguirão perceber — e que tem ainda um turbilhão de força constante que demorámos dez anos a desenvolver.

Fotografia © IWC Schaffausen

Entrevista completa em espiraldotempo.com

iWC

Portuguesa sidérale scafusia

5041

cordamanual

Referências

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