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Efeitos do crédito como variável da inadimplência, inflação e desemprego na economia brasileira

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Academic year: 2021

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Brazilian Journal of Scientific Administration

Dez 2016, Jan, Fev, Mar 2017 - v.8 - n.1 ISSN: 2179-684X This article is also available online at:

www.sustenere.co/journals

Efeitos do crédito como variável da inadimplência, inflação e desemprego na economia brasileira

O presente estudo tem o objetivo de analisar os efeitos da elevação da relação volume de crédito/PIB. Os dados analisados foram coletados de uma série temporal de 10 anos, e a escolha do período teve como critério englobar uma época na qual vigorou uma estabilidade econômica, tendo o cuidado de minimizar as mudanças de metodologias dos institutos de pesquisa considerados. Fazendo uso da literatura que enfatiza a qualidade da análise de crédito mediante as assimetrias de informação, seleção adversa e risco moral, buscou-se avaliar os efeitos da elevação do volume de crédito sobre a inadimplência, inflação e atividade econômica.

Não houve a intenção de trabalhar à luz de uma única corrente de pensamento, e sim, fazer uso de fontes distintas que possibilitassem observações das mudanças do volume de crédito e seus efeitos na sociedade. Utiliza-se na pesquisa, métodos econométricos para análise dos dados, e para criação de um modelo de projeção e confirmação dos resultados. A priori, o aumento do volume de crédito não é uma variável para inadimplência. Assim como disse Stiglitz (2004), deve-se perceber a forma como é concedido o crédito, pois em épocas de alta atividade econômicas, aumenta-se a concorrência e os agentes econômicos tendem a flexibilizar o critério de análise. Por outro lado, em épocas de baixa atividade econômica, os agentes econômicos tendem a dificultar a concessão de crédito.

Palavras-chave: Crédito; Inadimplência; Desemprego; Inflação.

Effects of credit as a variable for defaults, inflation and unemployment in the Brazilian economy

The present study aims to analyze the effects of raising in the ratio of credit volume /GDP. The data were collected from a time series of 10 years, and the choice of the period had as criteria encompass a time when economic stability prevailed , taking care to minimize the changes of methodologies of research institutes considered. Making use of literature that emphasizes the quality of credit analysis by information asymmetry , adverse selection and moral hazard, looked for to evaluate the effects of increased credit volume on default, inflation and economic activity. There was no intention to work in the light of a single stream of thought , but rather make use of different sources that would allow observations of changes in credit volume and its effects on society. Used in the research, econometric methods for data analysis, and to create a model for projection and confirmation of results. Fisrt of all the increase in the volume of credit is not a variable for defaults. According to Stiglitz (2004), must understand how credit is granted, since in times of high economic activity, competition increases and economic agents tend to relax the criterion of analysis. On the other hand, in times of low economic activity, economic agents tend to make credit difficult.

Keywords: Credit; Default; Unemployment and Inflation.

Topic: Finanças Empresariais

Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Received: 07/01/2018 Approved: 07/03/2017

Rodrigo Rodrigues de Freitas Universidade Candido Mendes, Brasil http://lattes.cnpq.br/3144578523551216 rodrigordefreitas@gmail.com

Ronaldo Bernardo Junior Universidade de São Paulo, Brasil http://lattes.cnpq.br/9959237461416075 ronaldo1.bernardo@gmail.com Lansana Seydi

Universidade Gama Filho, Brasil

http://lattes.cnpq.br/5977225807236850 lanseydi@yahoo.com.br

DOI: 10.6008/SPC2179-684X.2017.001.0003

Referencing this:

FREITAS, R.; R.; BERNARDO JUNIOR, R.; SEYDI, L.. Efeitos do crédito como variável da inadimplência, inflação e desemprego na economia brasileira. Revista Brasileira de Administração Científica, v.8, n.1, p.32-47, 2017. DOI: http://doi.org/10.6008/SPC2179-

684X.2017.001.0003

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INTRODUÇÃO

A concessão de crédito, assim como a cobrança, estabelece estratégias de trabalho a serem adotadas para estabilidade da inadimplência. Quando acontece a análise de crédito as financeiras passam a calcular a probabilidade de inadimplência para determinado bem, chamado de risco de crédito (ALTMAN et al., 1998).

Segundo Jorion (1997), o risco em financiar pressupõe uma relação de confiança entre a financeira e o financiado, e o não cumprimento das obrigações contratuais é chamado de inadimplência, sendo que as operações de crédito e de cobrança apresentam um nível de inadimplência esperada. “A concessão de crédito pelo banco depende fundamentalmente de suas expectativas quanto à viabilidade dos empréstimos, ou seja, da capacidade do tomador auferir receitas futuras para cumprir seus compromissos financeiros”

(PAULA, 1999).

O risco de crédito ocorre por falta de informação do mercado onde a financeira atua ou na conjuntura econômica, pois as centrais de crédito costumam generalizar o valor financiado na concessão de crédito sem criar parâmetros em épocas de retração ou expansão econômica. Stiglitz (1992) menciona que a assimetria da informação influencia na tomada de crédito na economia, pois a falta de um conhecimento melhor sobre o financiado, o analista poderá incorrer no processo de seleção adversa (por falta de informação, não necessariamente poderá escolher o melhor financiado) ou risco moral (o agente econômico, ou o financiado podem mudar o seu comportamento de acordo com o contexto econômico).

Segundo Saunders (2000), o erro na concessão de crédito é classificado em dois tipos, sendo o primeiro tipo chamado de crédito específico, que é quando apenas um agente ou um grupo não paga suas despesas de forma isolada; e o segundo tipo de erro, chamado de risco sistemático - que está voltado para análise conjuntural e estrutural da economia, uma vez que as instituições não são afetadas apenas por um grupo de financiado, e sim por todo mercado ou grande parte dele.

Segundo Luçi (2002), o grande desafio das instituições, em épocas de crise, seria manter o nível de empréstimo e controlar o índice de inadimplência, pois as dificuldades de manter o volume de negócio com a desconfiança do consumidor, e atrair maus pagadores é grande em épocas de baixo volume de negócio e escassez de crédito no mercado. A tendência é retração do mercado por falta de garantias, assimetria da informação e aumento da taxa de juro do mercado.

Apesar da necessidade de um novo modelo, geralmente os agentes financeiros não se preocupam em criar métodos eficazes de combate à inadimplência (CAOUETTE et al., 1998). Os agentes preocupam-se basicamente com a consolidação das informações de clientes mais confiáveis para ofertar mais créditos;

porém, com crescimento da economia e inclusão de pessoas em condições de obtenção de crédito (mas sem um histórico de bons pagadores), conduziu as instituições financeiras a ofertar novos serviços para atrair essa nova massa de clientes em potencial. Segundo Lawrence et al. (1992), as financeiras se utilizam de modelos matemáticos para prever a probabilidade de inadimplência sobre empréstimos com médias móveis. Elas alimentam seus modelos de escoragem para analisar o risco iminente do financiado com a inadimplência

A partir do contexto exposto, presente estudo tem o objetivo de analisar os efeitos da elevação da relação volume de crédito/PIB. Os dados analisados foram coletados de uma série temporal de 10 anos, e a

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escolha do período teve como critério englobar uma época na qual vigorou uma estabilidade econômica, tendo o cuidado de minimizar as mudanças metodológicas dos institutos de pesquisa em questão.

O texto está dividido em três seções, além desta introdução. Na seção seguinte, o texto enfatiza crédito em relação a inadimplência, se utilizando de outras abordagens discutidas em outros textos como crescimento econômico, taxa de juros e racionamento de crédito. Subsequentemente, são realizados testes por meio da aplicação de modelos econométricos se utilizando de algumas variáveis comuns ao volume de crédito, contudo algumas sem correlação com a variação do crédito, outras que separadamente podem ter alguma correlação, porém juntas não demostra significância estatística e outras que estudadas de forma dinâmica, possui grande significância estatística. Por fim, a conclusão, que sintetiza toda a discussão realizada durante o texto.

REVISÃO TEÓRICA

Efeitos da expansão do crédito

Há várias causas que afetam a taxa de inflação (IPCA – Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo). A variável de custo que é afetada pelo aumento dos insumos de produção, negociações sindicais causando rigidez de preços e salários ou até mesmo tabelamento forçado dos preços, porém a mais tradicional seria a inflação de demanda, causada principalmente pelo aumento do consumo não acompanhamento do crescimento da oferta. O crédito é visto como uma ou a principal variável que afeta o consumo e, desta forma, afetando a inflação de demanda. De acordo com Moore (1988), se o crédito estiver com taxas de juros de mercado, o crédito não será constrangido, onde os bancos atenderam toda a sua demanda.

O mainstream econômico associa a inflação de demanda ao aumento do volume de moeda em circulação na economia. Com origem nos pensadores da escola austríaca, a ideia básica é que a oferta de moeda é exógena e determinada pela autoridade monetária. Assim ao elevar a oferta de moeda (via aumento da base monetária), dá aos bancos mais recursos monetários, expandindo a capacidade de emprestar dos agentes financeiros e a disponibilidade de dinheiro aos tomadores de empréstimos, implicando um aumento de demanda. “Chamamos de inflação o processo de aumento de volume de circulação de papel-moeda desnecessário, que resulta em queda de valor da moeda e numa redistribuição da renda nacional em forma prejudicial para a classe trabalhadora” (AUSCH, 1958).

Segundo Hegedus (1986), o governo Húngaro, necessitando financiar a Segunda Guerra, aumentou os meios de pagamento em 14 vezes de 1939 a 1944. Por esse motivo, deve-se ter cuidado ao explicitar o aumento de crédito como fonte de desenvolvimento. Sabendo que, a pesquisa não é especifica sobre processos inflacionários, porém argumenta sobre a utilização da variável volume de crédito para o aumento da atividade econômico, geração de emprego e controle da inflação.

O Banco Central do Brasil (BACEN) é o responsável pelo controle do volume monetário e da estabilidade da taxa de inflação na economia brasileira, e seus técnicos tomam decisões baseadas e situações reais e instantâneas na economia. Segundo Carvalho (2007), a moeda em uma economia é composta por um

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conjunto de meios de pagamentos (MP), transformados em ativos para serem usados de forma à vista ou à prazo. Os meios de pagamentos são formados pelo papel moeda em poder do público (PMPP) e os depósitos à vista (DVBC) nos bancos comerciais. O PMPP também chamado de moeda manual e os depósitos à vista nos bancos comerciais também chamados de moeda escritural. Desta forma pode-se determinar que: MP = PMPP + DVBC, sendo MP = Moeda Manual + Moeda Escritural.

Ainda segundo Carvalho (2007), o papel moeda emitido (PME), não necessariamente transforma-se em PMPP, pois existem regras de liquidez que obrigam os bancos comercias a manterem mínimo de caixa em tesouraria (CBC), na qual, o PME menos o CBC é igual ao montante de papel-moeda em circulação (PMC), ou meio circulante. Os bancos ainda por meio de legislação precisam obter uma porcentagem do PMC como encaixe técnico (Et), logo PMC menos Et) é igual ao PMPP. Em termos equacionais, PME – CBC = PMC ; e PMC – Et = PMPP. Logo, PME = CBC + Et + PMPP.

Como mencionado por Carvalho (2007), nem toda criação de crédito pode expandir o meio de pagamento, porém toda forma de crédito pode ter implicações inflacionárias, principalmente a moeda escritural vinda dos DVBC, pois os bancos tendem a negociar os recursos depositados sob sua responsabilidade, assumindo o risco dos ativos de terceiros, provocando a criação de moeda escritural que pode multiplicar o uso da moeda na economia. É possível observar que o papel moeda emitido está diretamente ligado ao volume de moeda na sociedade e seu equilíbrio depende da capacidade da renda agregada e do volume de emprego gerado na economia. Os meios de pagamento definem o grau de liquidez que o BACEN disponibiliza na economia para manter a economia em equilíbrio.

O gráfico 1 ilustra, de acordo com o modelo IS/LM, as implicações nas alterações dos meios de pagamento e sua relação como a taxa de juros do sistema SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) representada por r, e renda agregada representada em y, pois no 1º momento, observa-se que com a expansão da base monetária a curva LM0 se desloca para LM1 aumentando a oferta de moeda na economia, que por sua vez, reduz a taxa de juros sobre empréstimos facilitando o aumento de demanda por investimentos.

Supondo que haja um aumento exógeno no desejo de investir, representado pelo deslocamento da curva IS0 para IS1, o aumento da demanda por crédito provoca um novo equilíbrio da taxa de juros em r2a, acima da taxa anterior r0. Observa-se que a tentativa do BACEN de acelerar a economia com a expansão da base monetária acarreta, neste exemplo, um aumento da taxa SELIC para manter o equilíbrio da economia, pelo menos no curto prazo.

No 2º momento, uma retração do volume da moeda em LM2, em curto prazo, será a custo de uma inflação maior, pois a demanda por moeda não tem a mesma dinâmica que a oferta, logo a taxa de juros estará em r2b no ponto de cruzamento das curvas LM2 e IS1. Neste momento os bancos preferem se proteger investindo em títulos atrelados à SELIC, logo menos crédito disponível a taxa r2b a curva IS1 retornar para IS2

no momento inicial ao longo do tempo. De acordo com Keynes (1936), os bancos tendem a aumentar a liquidez de moeda em caso de incerteza não probabilística, logo essa preferência por ativos (financeirização) estaria aportada em uma economia com certo conhecimento do risco envolvido.

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Em apenas uma hipótese, a taxa de juros em r1 ocorre no momento da expansão da moeda quando acontece o cruzamento de LM1 em IS0, nesse caso específico, ocorreria somente se a economia fosse madura o suficiente (se os agentes estivessem todas informações necessárias e, se no Brasil, as famílias e as empresas acumulassem poupança) para o aumento do volume de moeda não provocar o aumento da demanda, em um caso de oferta acima do especificado no gráfico. Essa, hipótese apresentada, acorre se os movimentos forem estáticos, e não sistêmico, pois neste caso, o modelo seria erótico com um cenário sem atenuante como apresentado.

Gráfico 1: Taxa de juros (r) X Produto agregado (y).

Variação do crédito e crescimento econômico.

Percebe-se que a variação do crédito na economia provoca variações nos índices de inflação e de emprego. O volume de crédito na economia entre o período que compreende os meses de dezembro de 2008 e fevereiro de 2010 ficaram entre 40,8 a 44,9 do PIB (Produto Interno Bruto) respectivamente, de acordo com BACEN, esse índice variou entre o pico de 45,0% em novembro e dezembro de 2009. Se criarmos um paralelo com aumento do volume de crédito com geração de emprego formal no Brasil, não necessariamente poderemos afirma que as duas situações servem de parâmetros de crescimento, pois o aumento de crédito e o aumento de demanda estão diretamente ligados ao aumento das importações nesse mesmo período.

Podemos verificar com dados do BACEN que, nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, a variação das exportações foram 22,6%, 16,3%, 16,6% e 23,2%, as importações foram 17,1%, 24,1%, 32,0% e 43,4%, respectivamente. A princípio, houve um grande crescimento, porém, a variação do saldo da balança de pagamento nos períodos de 2006, 2007 e 2008 com seus anos anteriores, houve variações de 3,40%, -13,83%

e -37,66%.

Os dados demonstram um grande crescimento das importações, pois os impactos estão justamente em produtos de alta tecnologia, pois o Brasil não possui indústrias e tecnologia avançada de desenvolvimento em alguns setores como motores automotivos, aeronauta e naval, energia nuclear, farmacêutico e de telecomunicação. Os gargalos que impactam o crescimento estão na geração de energia sustentável constante, infraestrutura, saúde e educação. A agência de classificação de risco Fitch, avaliou que em 2008, o Brasil teria problemas de energia caso o Brasil cresça 5% ao ano.

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Variação do crédito e inadimplência.

Se o índice de inadimplência no mercado está em baixa, flexibiliza-se a tomada de crédito, se em alta, criam-se critérios mais aprimorados de análise para canalizar o crédito para os financiados com menor taxa de propensão à inadimplência. Segundo Stiglitz et al. (2004), os bancos ficam mais competitivos em expansão monetária em aumento da atividade econômica, esse efeito ocorre quando a economia apresenta liquidez nos mercados e aumento da demanda por crédito. Parte-se do princípio que a economia não vai mudar ou que os financiados não ficaram inadimplentes, pois bem, os bancos tendem a absolver ou atrair financiados de alto risco de inadimplência e com histórico de cobrança ruim.

Em períodos de escassez de crédito como ocorreu em novembro de 2008 com a crise do subprime, o índice de inadimplência se eleva, levando as financeiras a retrair o crédito. Deve-se observar que a validação dos dados está diretamente relacionada à atividade industrial no mesmo período no gráfico 2. Entre janeiro e setembro de 2008 houve um crescimento, porém com o desmembramento da crise, chegou ao menor patamar em fevereiro de 2009.

Os dados são apenas para ilustrar a relação de consumo com atividade industrial e não necessariamente a geração de emprego formal. Duas situações estão relacionadas a este trabalho:

manutenção da atividade econômica (geração de empregos) e controle da inflação, utilizando o grau de liquidez e a disponibilidade de crédito.

Gráfico 2: Validação dos dados no mesmo período.

O gráfico 3 relaciona-se ao gráfico 2, pois a atividade industrial e o desejo da população por crédito estão associados aos índices de inadimplência da economia. Percebemos que foi no mês de novembro de 2008 onde se iniciou a escassez de crédito. Os segmentos de pessoa física e pessoa jurídica possuíam até então uma variabilidade dispersa, pois justamente no mês de dezembro de 2008, o segmento de pessoa jurídica cresceu a taxas maiores que pessoa física, paralelamente, neste período, o governo passou a oferecer benefícios a geração de emprego para manter a atividade econômica e o emprego.

É nítido que o segmento de pessoa física (PF) não houve um crescimento acelerado como de pessoa jurídica (PJ), até pelos efeitos sazonais de festas natalinas. Segundo Paula et al. (2013), o crédito pessoa física sofre uma retração com a crise de 2008, e em um movimento anticíclico os bancos públicos como o Banco

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Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF), e o Banco do Brasil (BB) passaram a investir em crédito direcionado justamente para evitar uma maior retração da economia na época.

Contudo a atividade econômica oriunda do consumo não conseguiu evitar os efeitos da redução de crédito, porém a menos conseguiu amenizar esse efeito a partir do mês de maio de 2009. Os dados em sua grande parte estão postados a partir de 2007 – justamente para priorizar os efeitos da época de escassez na economia.

Gráfico 3: Indicador de Inadimplência do Consumidor sem ajuste sazonal.

Lembrando que o volume de crédito em relação ao PIB em 2007 e 2008 era em média 40,8 % do PIB, o governo passou a aumentar a liquidez na economia por meio de políticas monetária (incentivos aos bancos a oferecer crédito), política fiscal (criação de programas de obras em infraestrutura) e política comercial (redução de impostos para incentivar o consumo e manutenção do ciclo virtuoso da economia). Essas políticas fizeram aumentar o consumo interno, amenizando as perdas das exportações nas indústrias.

O volume de crédito em relação ao PIB chegou a 45% do PIB com expectativa de 50,0% no final de 2010. Desde 2003, no governo houve um incentivo para aumentar o crédito pessoal, afim de aumentar o consumo, pois os bancos possuíam históricos de bons pagadores ou reputação de outras instituições creditícias, onde desde 2005, o aumento de operações de crédito pessoal foi de 30% em relação ao PIB e chegou a 60% em 2007 (PAULA et al., 2013).

O Acordo da Basiléia I foi implantado no Brasil em 1994, onde no primeiro momento o acordo previa evitar o risco sistêmico do mercado global, levando em consideração, que a troca de moeda entre instituições financeiras, principalmente para o crédito era crescente, entre instituições diferentes por empréstimos a logo prazo ou por aporte de capital entre instituições globalizadas. O acordo de Basiléia II, evento ocorrido em 2004, modernizou com medidas mais precisas do primeiro acordo e estabeleceu três pilares e 25 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão bancária.

Segundo o Bank For International Settlements (BIS), os três pilares são: Exigência de capital mínimo, Processo de revisão e supervisão, Disciplina de mercado e transparência. O objetivo principal foi: Estabelecer um maior controle do capital emprestado, pois a única exigência era o enquadramento em 8% de segurança para o patrimônio líquido, sem se preocupar com a sustentabilidade do crédito dado ou para que fim. As

Varião da iadimplência

Indicador de Inadimplência do Consumidor - Sem Ajuste Sazonal (Média de 2009 = 100) Pesoa física - PF / Pessoa Juridica - PJ

PF PJ

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organizações com medidas extremas na tomada de crédito se preocupavam com o retorno, podendo diminuir risco do crédito ao até mesmo aumentar o risco, não estabelecendo um controle para o sistema financeiro como um todo.

O acordo de Basileia III, instituído em 2010, logo após o início da crise do subprime, percebeu a ineficiência dos bancos em financiar as perdas pela precariedade dos seus ativos. Por isso, foi acordado a criação de dois sistemas como: o colchão de conservação de capital para reduzir os risco no aumento da atividade econômica e colchão contracíclico de capital para proteger o sistema bancário em épocas de retração econômica.

Os dados do BACEN e Serasa Experian mostram que volume de crédito desde janeiro de 2001 cresceu 65% em 9 anos (27,4% em janeiro de 2001 a 45,2 em relação ao PIB em abril de 2010.) e o nível de cobrança ficou estável em 4% em média. Na série histórica analisada podemos analisar duas hipóteses: a variável volume de crédito não estabelece mais relação com o nível de cobrança, uma vez que, o aumento do volume de crédito – PIB não aumentou o nível de cobrança.

Segundo Dawid et al. (2011), esse fator deve-se principalmente a implantação de restrições macroprudenciais por parte do BACEN para disciplinar as instituições de fomento. E, não deve-se indicar até 2010 a ocorrência do momento Minsky, pois os indicadores de inadimplência estavam estáveis e as importação ainda cresciam, demostrando a balança de pagamento negativa. O critério que limita a atividade dos bancos no meio econômico vem estabelecendo o controle da concessão de crédito e do volume da moeda. É importante lembrar que a função principal do BACEN é o controle da inflação dentro das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Taxa de juros e o mercado de crédito

As variações da taxa de juros são avaliadas sobre vários aspectos. As observações podem ser através da demanda por crédito, por volume de moeda, por modalidade do crédito etc., contudo iremos analisar sobe a ótica do risco e da informação do negócio, onde Stiglitz et al. (2004) afirma que o crédito se baseia na informação, e o ato de prover crédito exige risco, contudo não existe relação simples entre os custos econômicos e a quantidade de crédito concedido.

A taxa de juros não pode ser determinada simplesmente por efeitos de oferta e demanda por crédito.

Segundo Stiglitz et al. (2004), o crédito é uma promessa a ser paga no futuro e promessas frequentemente são descumpridas. Frequentemente os bancos se utilizam do mecanismo de aumento da taxa de juros para obter maior retorno. Segundo Stiglitz et al. (1981), as variáveis são determinadas de forma a maximizar o retorno esperado da carteira de empréstimos do banco. O aumento da taxa de juros acaba criando um processo de seleção de candidatos.

Ainda de acordo com Stiglitz et al. (2004), quanto maior for a taxa de juros, maior deve ser a probabilidade de absolver candidatos de qualidade inferior ou projetos mais arriscados com a taxa de retorno maior, efeito da seleção adversa, pois os candidatos assumem riscos maiores para obtenção do crédito, efeito do risco moral (ou incentivo adverso). A seleção adverso aumenta o risco do investimento do banco, logo

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maiores juros incorre em maiores retornos, porém, não necessariamente em maiores lucros. Tal como Dreizzen (1985) o volume dos empréstimos pagos será proporcional a fragilidade financeira da análise de crédito. “As taxas de juros não são como os preços convencionais e o mercado de capitais não é como um mercado walrasiano” (STIGLITZ et al., 2004).

O efeito da redução da taxa de juros para aumentar a carteira de crédito também poderá trazer problemas para composição de uma carteira de qualidade, pois o efeito é o mesmo. Uma taxa acima ou em equilíbrio de mercado poderá absorver um público com pouco histórico de crédito propício a inadimplência, esse grupo de pessoas geralmente são atraídas quando o mercado de clientes está em ampla concorrência com dificuldades de mudanças do market share (melhores financiados já possuem produtos de crédito).

Porém, como mencionou Stiglitz et al. (2004), esse artifício é pouco usado, pois as financeiras não estão dispostas a baixar a taxa de juros (redução do retorno) para aumentar o volume de crédito incorrendo nos princípios de Minsky (1992) onde o sistema capitalista querendo obter maiores retornar quando a atividade econômica está em alta, acaba flexibilizando a análise de crédito por causa da concorrência.

Conforme Stiglitz et al. (2004), os bancos de crédito tendem emprestar a taxa de juros maiores para obter um maior retorno, o problema que quanto maior é a taxa de juros, maior é a probabilidade de atrair investidores propensos ao risco e aceitando altas taxas para financiar os seus projetos.

Figura 1: Caracterização do ponto da taxa de juros. Fonte: Stiglitz et al. (2004).

A figura 2.1 foi utilizada por Stiglitz et al. (2004) para caracterizar o ponto da taxa de juros r*, pois a curva de demanda e oferta demonstra que o equilíbrio está acima de r*, porém os bancos não possuem incentivos a emprestar com taxas maiores – até alcançar o ponto de equilíbrio – pois podem aumentar o índice de inadimplência e reduzir o retorno da carteira de crédito. Segundo Stiglitz et al. (2004), a taxa de juros varia de acordo com a demanda e pela oferta racionada do crédito, porém tem um limite aceitável para não ultrapassar a fronteira da maximização do retorno.

O retorno sobre o crédito está diretamente ligado à atividade econômica e não necessariamente pelo aumento da taxa de juros. Contudo os bancos podem recusar crédito de pessoas que estão mais propensas a pagar taxas de juros mais altas, e justamente neste ponto que os bancos se utilizam das ferramentas de análise de crédito para concessão aos clientes. A escolha do cliente não está ligada a aqueles que estão dispostos a pagarem taxas de juros mais altas, e sim, aqueles que possuem a melhor capacidade de

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pagamento, e essa variação está associada à atividade econômica e as informação de histórico de pagamento evitando distorções de assimetria de informação

Racionamento de Crédito

O mercado de crédito em época de escassez de moeda sofre interferência e transformações em relação aos financiados. Segundo Stiglitz et al. (2004), o mercado de crédito não é determinado apenas pelos efeitos da oferta e demanda. Existe um fator confiabilidade que pode variar a taxa de juros para determinado grupo de tomadores de empréstimo, pois se trata de pagamento futuro, onde mudanças estruturais podem ocorrer em longo do tempo.

Ainda segundo Stiglitz et al. (1990), existem dois resultados possíveis em caso de incerteza para crédito em projetos. Retorno bom Xb e retorno ruim Xr, sendo a probabilidade dado por Pb e Pr (Pb + Pr = 1), logo o retorno esperado é dado por Xe = PbXb + PrXr. O montante dos recursos emprestados B e a taxa de juros J, na qual, a promessa de pagamento e dado como constante representado em (1+J)B. O comprimento do contrato ocorre quando o retorno do contrato X é maior que o montante devido em (1+J)B.

O calote (default) ocorre quando X é menor que o montante devido. Por hipótese, Stiglitz et al. (2004), saliente que a possibilidade de falência cria um conflito em potencial entre ofertantes e demandantes, admite-se neste caso que o credor receberá apenas o valor efetivo do projeto em caso de calote.

Conforme explicado em Maia (2009), três cenários são traçados: o montante devido do financiado é menor que o retorno ruim Xr, então a financeira recebe o valor devido. No segundo cenário o valor devido é maior que o retorno bom Xb, logo o financiado vai à falência e a financeira recebe o valor efetivo do projeto.

O terceiro cenário ocorre quando o montante devido está entre o resultado ruim e o resultado bom [Xr <

(1+J)B < Xb]. Contudo a financeira espera receber, quando o resultado bom, o valor total contratado, ou quando resultado ruim, espera receber a menos o valor do projeto. Formulada assim: Xe = Pb(1+J)B + PrXr.

O risco pode ser atenuado, incentivando o crédito para clientes com bons cadastros em épocas de escassez. Segundo Stiglitz et al. (2004), deve-se lembrar que o crédito quando analisado de forma subjetiva pode incorrer na exclusão de tomadores de empréstimos que estão dispostos a pagar a taxa de juros vigente ou novos e potenciais pagadores, causando o desequilíbrio entre a oferta e demanda por crédito.

Em escassez de crédito o mercado tende a direcionar o risco para mercados mais seguros onde se pode obter um maior retorno. Segundo Maia (2009), existe algumas particularidades, entre as quais se destacavam as seguintes: Os bancos tendem a concentrar seus empréstimos a clientes com histórico de bons pagamentos. Os bancos tendem a assumir maiores risco do crédito, pois esses apresentam maiores retorno.

Os bancos tendem utilizar informações passadas para produzir efeitos no futuro. Os bancos se limitam as relações exclusivas, principalmente para grandes empreendimentos, pois a concentração de crédito pode aumentar o risco em épocas de crise, logo os bancos diversificam suas carteiras de crédito para mercados onde a correlação demonstra confiabilidade e segurança nos negócios.

Em épocas de escassez de crédito podem ocorrem canalização da oferta de crédito para setores com menor risco. Para Maia (2009), essa relação limita mais não elimina, a competição entre no mercado de

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crédito. O próprio padrão de concorrência entre as instituições financeiras muda de acordo com a atividade econômica e entrada de novos agentes. Segundo Minsky (1992), o sistema capitalista como um todo, procurando obter maiores retornos, procura em épocas de crescimento da atividade econômica, aumentar os riscos das carteiras de crédito. Afirmando que somente com a regulação financeira poderá limitar especulação prolongar o crescimento estável.

Principais variáveis analisadas que possuem correlação significativa em relação ao aumento do volume de crédito.

Utilizou-se sete variáveis para determinar correlação entre os dados analisados: volume de crédito, volume de inadimplência, atividade industrial, produção física industrial, inflação, desemprego aberto e atividade econômica. Utilizou-se E-Views como critérios adotados para os cálculos econométricos e foram aceitos como verdadeiros aqueles com coeficiente de determinação (R2) igual ou acima de 70% e hipótese nula ou verdadeira igual ou abaixo de 5%. Se utilizou os testes de violação como Autocorrelação, Multicolinearidade e Heteroscedasticidade, e de raiz unitária de ADF - Augmented Dickey-Fuller, PP – Phillips Perron e KPSS – Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin.

Variáveis não sensíveis ao aumento de crédito

Para a comparação entre volume de crédito e volume de inadimplência o R² 0,057549 (mais próximo de 1 mais significativo – influente e acima de 0,7 aceitável) da relação não permite afirmar que o aumento do nível de crédito influenciou o aumento do nível de cobrança. Ao se analisar a série histórica, percebe-se que independente do aumento do crédito, o nível de cobrança da economia estabilizou-se. Alguns fatores podem ser analisados como a melhora da qualidade de vida da sociedade, aumento do poder de compra, dentre outros. A tabela 1 compreende o período entre janeiro de 2001 a abril de 2010. O coeficiente da variável cobrança está com sinal negativo, pois possui uma pequena variação oposta ao aumento do nível do crédito e percebemos que ao longo da série, o aumento do volume do crédito ocorreu uma pequena queda no nível de inadimplência.

Tabela 1: Estatística de regressão – Volume de crédito/PIB e Taxa de inadimplência entre Janeiro de 2001 à 2010.

R múltiplo 0,239893738

R-Quadrado 0,057549006

R-quadrado ajustado 0,048981269

Erro padrão 6,410093105

Observações 112

Itens Coeficientes valor-P

Interseção (Crédito) 38,0211527 2,09285E-24

Variável X (Inadimplência) -1,8092237 0,010845689

A produção física industrial não está ajustada ao modelo, o seu R² 0,32674428 e R² ajustado 0,32072468 como a tabela 2 que compreende o período entre janeiro de 2001 a abril de 2010, onde não satisfaz o mínimo para afirmar a relação entre os efeitos do volume do crédito em relação à produção física industrial. O sinal da interseção (crédito) aparece com sinal negativo, o que, por vez, relacionaria o aumento do crédito à redução da produção física industrial. Esse efeito pode ser fruto de épocas de crise (entre

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setembro de 2007 e janeiro de 2009), pois com aumento do volume de moeda na economia as empresas tendem a criar reservas de capital como maior liquidez para honrar seus compromissos.

Segundo Stiglitz et al. (2004), em épocas de crise os bancos tendem a aumentar a liquidez por moeda corrente ou por papéis de fácil negociação. Outro item, que pode justificar a baixa correlação entre os dados poderia ser efeito de violações econométricas (homocedasticidade), uma vez que, dados de produção física indiretamente estão associados aos dados de investimento na indústria, e concomitantemente relacionado ao crédito concedido. Como o dado de produção física não está relacionado conforme os R²’s e p-valor menor (crédito 0,627507 e produção 4,49E-11), não podemos afirmar significância estatística. A explicação mais plausível, entretanto é que o aumento do crédito esteja viabilizando um consumo de bens importados, não se refletindo na produção industrial.

Tabela 2: Estatística de regressão – Volume de crédito/PIB e Produção Física entre Janeiro de 2001 à 2010.

R múltiplo 0,57170297

R-Quadrado 0,32684428

R-Quadrado ajustado 0,32072468

Erro padrão 5,41742264

Observações 112

Itens Coeficientes Valor-P

Intersecção (Crédito) -206440256 0,627507

Variável X (P. Física) 0,296553377 4,59E-11

Principais variáveis sensíveis ao aumento de crédito.

Ao se observar dados extraídos do BACEN e do Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE) é possível notar que o aumento do volume de crédito relaciona-se com três variáveis com representatividade estatística, e são: índice de inflação oficial (IPCA – Índice nacional de preço ao consumidor amplo), índice de desemprego e atividade econômica. As percepções em relação as variação foram coletadas e analisadas de acordo com o coeficiente de determinação, pois as relações com as variáveis ao longo do tempo demonstram grande atividade em relação ao comportamento que um pode influenciar a outra. Serão analisadas as três variáveis em separado, para posteriormente obter conclusões acerca de suas influências em relação ao mercado crédito.

Tabela 3: Estatística de regressão – Volume de crédito/PIB e Taxa de inflação entre julho de 2006 à abril de 2010.

R múltiplo 0,9947667

R-Quadrado 0,9895608

R-quadrado ajustado 0,9893181

Erro padrão 0,5452276

Observações 45

Itens Coeficientes valor-P

Interseção (Crédito) 28,62632153 7,3E-64

Variável X (Inflação) 0,94986733 3,06E-44

Ao analisar o aumento do volume de crédito (direcionado e livre) é possível perceber que ambas as variáveis estão diretamente relacionadas e podemos afirmar que o aumento do volume de crédito influência diretamente o aumento da inflação, assim como mostrado na tabela 3. Pode-se afirmar a significância estatística entre crédito e inflação, pois o R² 0,9895608 e p-valor da inflação 3,06E-44 sustentam a hipótese

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verdadeira. O índice de inflação foi criado desde dezembro de 1997, porém o número de observações é de 45 que compreende o período de julho de 2006 à abril de 2010 pois, a partir daquela data ocorreu a implantação da nova metodologia utilizada pelo IBGE. Por motivos de mudanças de moeda entre 1979 e 1994, foi considerado melhor adotar somente os dados da nova metodologia.

A taxa de desemprego possui uma relação muito peculiar com as mudanças do volume de crédito na economia como na tabela 4 onde compreende o período entre outubro de 2001 à abril de 2010. Percebe-se que existe uma significância estatística entre o volume de crédito e taxa de desemprego aberto, pois o R² 0,7497525, caracteriza-se a relação entre as duas variáveis. O p-valor, possui hipótese verdadeira, uma vez que, está na faixa menor que 5% aceitável para tal resultado. Mesmo admitindo um p-valor 6,53433E-56 próximo de 5% para o crédito em relação ao desemprego, essa observação possui significância ao R2. Contudo, reitero que o volume de moeda não é um mecanismo de geração de emprego de forma indefinida, pois o R2 está próximo de 70%, limite máximo por convenção matemática para comprovação de significância estatística.

Tabela 4: Estatística de regressão – Volume de crédito/PIB e Taxa de desemprego entre outubro de 2001 à abril 2010.

R múltiplo 0,8658825

R-Quadrado 0,7497525

R-quadrado ajustado 0,7472748

Erro padrão 3,3991934

Observações 103

Itens Coeficientes valor-P

Interseção (Crédito) 64,54442908 6,53433E-56

Variável X (Desemprego) -3,35260386 3,78023E-32

Os indicadores, volume de crédito e atividade econômica, possuem correlação significativa em R² = 0,74388, porém o p-valor 5,06869E está fora do espaço de certeza. A tabela 5 compreende o período entre janeiro de 2001 à março de 2010 demostra os dados, onde a sua formulação não é válida. Podemos afirmar que na composição do índice, estão dois blocos, o primeiro de oferta é composto por quatro índices (imposto sobre produtos, agropecuária, indústria e serviços) e o segundo por cinco índices (consumo das famílias, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, exportações de bens e serviços e importação de bens e serviços). Pelo senso comum, não se pode afirmar que a correlação é perfeita, pois o índice sofre efeitos do mercado externo onde é sensível a choque exógeno. Pode ser utilizado, admitindo-se uma maior probabilidade de risco, pois o p-valor está acima de 5%.

Tabela 5 - Estatística de regressão – Volume de crédito/PIB e Atividade econômica entre janeiro de 2001 à março 2010.

R múltiplo 0,862487391

R-Quadrado 0,743884499

R-quadrado ajustado 0,741534816

Erro padrão 3,282000848

Observações 111

Itens Coeficientes valor-P

Interseção (Crédito) -21,91033 3,24538E

Variável X(A. econômica) 0,40632 5,06869E

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Em épocas de crise econômica como aconteceu em setembro de 2008, houve escassez de crédito disponível no mercado, o primeiro fato observável é a ocorrência de aumento do volume de crédito nos meses subsequente onde o volume de crédito/PIB estava em 39,4% e, após as medidas expansionistas do BACEN, elevou-se até 43,9% do PIB em setembro de 2009, por ventura, não é garantia de aumento de atividade econômica.

Os dados do BACEN, o Produto Interno Bruto em setembro de 2008 era de 152,5% (2002 = 100) e chegou a 135,25% em janeiro de 2009, se recuperando em setembro de 2009, porém abaixo de setembro do ano anterior, em 149,74% . A explicação, provável para o tal fato, foi que o BACEN se utilizou dos bancos para aumentar a liquidez na economia através da redução do compulsório. Contudo os bancos retiveram o crédito concedido do BACEN para manter a liquidez de suas contas e evitar aumento da inadimplência pelo risco envolvido na época, assim como mencionado por Keynes (1936) em situação de incerteza, pois os bancos, mesmo com aumento do volume de moeda em seus cofres, tendem a aumentar a liquidez, por causa do alto risco não probabilístico.

Principais variáveis analisadas que possuem correlação significativa em relação ao aumento do volume de crédito.

Quando analisadas as três variáveis juntos, percebe-se que existe grande perturbação nos resultados, pois em longo prazo, as variáveis não passaram nos testes de violação de Autocorrelação, Multicolinearidade e Heteroscedasticidade. Pode-se observar que que em longo prazo, existe correlação dos dados, porém sobre forte violação. Segundo Gujarati (2000), deve-se atentar para falso alarde com concepção dos dados, pois aparentemente poderiam demostrar forte correlação, na qual, ao longo do tempo, percebe-se que existe violação dos dados.

Pode-se analisar existência de um limite, para que, os efeitos do aumento do volume de moeda, aumente a atividade econômica, sabendo que, em longo prazo, o acumulo de moeda sem crescimento econômico ocorrerá a inflação, gerando um fenômeno meramente inflacionário. As variáveis volume de crédito, inflação (IPCA) e taxa de desemprego foram satisfatória, inclusive nos teste de violação quando utilizados os últimos 13 períodos. Apontando que, em curto prazo, as políticas monetárias expansionistas surtem efeitos na atividade econômica.

Tal como Minsky (1982; 1986), onde o crédito, para fins especulativo, pode em algum momento refinanciar a posição passiva dos financiados, pois o agente aos poucos vai necessitar de mais fundos para financiar as parcelas e os juros. Logo há um limite para a utilização de crédito para fins de geração de emprego e aumento da atividade econômica, pois quando o crédito satisfaz a necessidade da demanda, o crédito excedente pode ser deslocado para pagamento de dívidas.

CONCLUSÃO

O aumento da inadimplência, representada pelo aumento do nível de cobrança, não esteve, no período recente, diretamente ligado ao aumento do crédito. A hipótese aqui é que, a despeito do

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comportamento pró-cíclico dos bancos privados, as reformas macroprudenciais instituídas a partir de 1994, garantiram a estabilidade do sistema e valorizaram a qualidade do crédito.

Os testes realizados neste trabalho, concluem que os dados devem ser analisados de acordo com a análise da concessão de crédito, pois foi percebido que a inadimplência está direcionada a análise da concessão e não especificamente ao aumento da taxa de juros. Nota-se que o nível de inadimplência não cresceu com o aumento do nível de crédito, mantendo-se a mesma qualidade da análise de crédito ao longo do tempo. Pois o aumento da atividade econômica, por conseguinte, aumentaria a demanda por crédito per si. Flexibilizando a análise dos tomadores de crédito, poderá incorrer no aumento de devedores duvidosos com maior risco em épocas de crise na carteira de crédito.

Em uma visão mais ampla do crédito, deve-se atentar para o limite do crescimento do nível de crédito como fator de aumento da atividade econômica, pois existem barreiras de desenvolvimento, na qual essa ferramenta não pode ser usada de forma indefinida. Conforme mencionado por Stiglitz et al. (2004), a concessão de crédito está mais relacionada à análise e, não necessariamente a variações da taxa de juros, pois a procura por crédito cresce com o aumento da atividade econômica e não pela redução da taxa de juros, tal como Oreiro et al. (2004), as variações da taxa de juros não têm impacto sobre o preço do crédito, e sim as flutuações do volume de crédito, pois estes podem ter interferência através da taxa básica de juros.

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