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Palavras-chave: Logística reversa, Descarte de medicamentos, Sustentabilidade

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UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DO

CONHECIMENTO DO PROCESSO DE

LOGÍSTICA REVERSA DE

MEDICAMENTOS POR

CONSUMIDORES FINAIS EM CAMPOS

DOS GOYTACAZES, INTERIOR DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Natalia Bousquet Batista (FacRedentor) nataliabousquet@gmail.com Aritse Sampaio Silva (FacRedentor) aritses@gmail.com Gilza Santos Simao Ferreira (FacRedentor) gilzasimao@hotmail.com KAROLINA GONCALVES BAUER (FacRedentor) karolina.bauer@hotmail.com

O presente estudo tem por objetivo identificar e entender o nível de conhecimento dos consumidores finais e a relação ao correto descarte de medicamentos e, assim, impulsionar políticas e os acordos setoriais. A metodologia utilizada configura-se como uma pesquisa quali-quantitativa de caráter exploratório, baseada na aplicação na utilização do Coeficiente de Correlação de Spearman. A amostragem trabalhada é oriunda de questionários aplicados aos moradores de um bairro residencial, na cidade de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. Os resultados apontam um conjunto de fatores determinantes no descarte incorreto de medicamentos, em sua grande maioria, relacionados a falta de conhecimento sobre o descarte correto de medicamentos e a não obrigatoriedade do descarte correto. Estes resultados apontam a extrema importância da ocorrência de um acordo setorial, com a união do poder público e fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto e com o meio ambiente. Palavras-chave: Logística reversa, Descarte de medicamentos, Sustentabilidade

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2 1. Introdução

Um estudo realizado pela Universidades de Yale e Columbia, chamado Environmental Performance Index (EPI), classificou o Brasil em 62º em desempenho ambiental, em um ranking de cento e sessenta e três países (Emerson et al., 2010). Embora o Brasil seja considerado pelo World Wildwilf Found (WWF) um “país credor ecológico”, pois possui mais recursos naturais do que consome, podendo até exportar sua biocapacidade para países devedores, como Estados Unidos, China e Índia (WWF, 2008), grandes esforços devem ser promovidos para o país permanecer nesse estágio.

O EPI estabelece um índice de desempenho ambiental que avalia 25 parâmetros diferentes, agrupados em dez categorias, dentre elas: saúde ambiental, qualidade do ar, gestão da água, biodiversidade, agricultura e mudanças climáticas. Possuindo dois eixos principais: contribuir para a redução de impactos ambientais na saúde humana e promover incentivos ao gerenciamento dos recursos naturais e à preservação dos ecossistemas (Emerson et al., 2010). A similaridade entre estes dois relatórios, no que se refere a minimização do consumo e prevenção da poluição, diz respeito a adequada gestão nos serviços de saneamento, sobretudo na área de resíduos sólidos.

Do ponto de vista da sociedade, observa-se uma crescente sensibilidade ecológica, motivada pelos evidentes crimes ambientais que ocorrem e que exige das empresas maior responsabilidade, no que se refere ao descarte de resíduos no meio ambiente.

Do ponto de vista das empresas, nas últimas décadas, houveram mudanças relevantes, principalmente após a abertura de mercados e a globalização. As empresas, antes eram vistas como instituições com responsabilidades limitadas frente ao mercado consumidor, agora se depararam com uma situação totalmente inusitada e são regularmente forçadas a alterar seus processos de produção e atendimento para manter-se no mercado.

Do ponto de vista do poder público, o Governo Federal instalou, no dia 17 de fevereiro de 2011, o Comitê Orientador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa. O Comitê é formado pelos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde, da Fazenda, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem por finalidade definir as regras para devolução dos resíduos (que possuem valor econômico e pode ser reciclado ou reutilizado) à indústria.

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3 As cinco cadeias identificadas pelo comitê, inicialmente como prioritárias para a elaboração de modelagem da Logística Reversa e subsídios para o edital de chamamento para o acordo setorial, são elas: descarte de medicamentos; embalagens em geral; embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e eletrônicos.

O descarte inadequado de medicamentos impõe riscos consideráveis para a saúde humana e para o meio ambiente. Diversos estudos em âmbito internacional têm apontado para o fato que o descarte não judicioso de medicamentos vencidos ou sobras, feito pela população em geral, no lixo comum ou na rede pública de esgoto, traz consequências em termos da agressão ao meio ambiente e à saúde humana.

Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), no ano de 2011 foram coletadas aproximadamente 198 mil toneladas/dia de resíduos sólidos, o que corresponde a quase 1 kg/habitante/dia. É importante notar que os dados referem-se ao que é coletado, mas estima-se que a população brasileira gere alguns milhões de toneladas anuais que não entram no fluxo de coleta, o que acaba sendo destinado irregularmente de modo desconhecido, provocando efeitos danosos ao meio ambiente. Para medicamentos, há claramente o risco direto à saúde de pessoas que possam reutilizá-los por acidente ou mesmo intencionalmente.

Este artigo apresenta uma visão do tema logística reversa, em suas categorias pós consumo da cadeia de distribuição de medicamentos voltada para a medição do grau de conhecimento e comprometimento dos consumidores finais com a correta destinação de medicamentos, a fim de entender o nível de consciência ambiental dos consumidores, bem como avaliar a forma de descarte de medicamentos como parte integrante do processo de comportamento do consumidor e ainda, avaliar o grau de relevância do tema, apontando estes resultados como possíveis impulsionadores para a promulgação de novas leis e diretrizes sobre o correto descarte de medicamentos.

2. Revisão Bibliográfica 2.1. Aspectos legais

A lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de1998, reconhecida como lei de crimes ambientais prevê pena de reclusão de um a cinco anos, para quem causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ou que provoquem a

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4 mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, quando ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos (Brasil, 1998).

A resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 da ANVISA dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, o gerenciamento dos mesmos tem o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (Brasil, 2004).

A Lei nº12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelece obrigações aos empresários, ao poder público e aos cidadãos, bem como princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos para a gestão integrada e compartilhada de resíduos sólidos, com vistas à prevenção e ao controle da poluição, a proteção e a recuperação da qualidade do meio ambiente e a promoção da saúde pública (Brasil, 2010).

A PNRS embora seja recente, apresenta grande impacto sobre toda a gestão de resíduos em todas as etapas da cadeia em vários setores industriais, com certeza faz com que apareçam novas questões e necessidades de regulamentação, reordenamento ou compatibilização entre diferentes esferas, antes inexistentes ou que se tornam mais explícitas após o lançamento da política. Na cadeia de medicamentos, certamente este fenômeno se verifica. Existem aspectos relacionados ao ordenamento legal e tributário que podem afetar a implementação da logística reversa na cadeia farmacêutica.

2.2. Logística empresarial farmacêutica e Logística reversa

A organização da cadeia produtiva farmacêutica envolve um extenso conjunto de empresas e atividades que tem início na indústria química, particularmente no segmento ligado à produção de insumos farmacêuticos, passando pela importação, fabricação, distribuição e comercialização de medicamentos por meio de diferentes canais. Além dos fornecedores diretos e indiretos ligados à indústria química e farmoquímica, estima-se que a indústria farmacêutica brasileira congregue 600 empresas entre laboratórios, importadores e distribuidores. De acordo com dados da Pesquisa Industrial Anual do IBGE, o setor farmacêutico unia 44 empresas do segmento farmoquímico e 500 laboratórios farmacêuticos

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5 (IBGE, 2010). O varejo envolve cerca de 70 mil pontos de venda entre farmácias e drogarias, de acordo com dados do Conselho Federal de Farmácia.

Em 2014, o mercado brasileiro ocupava a 6ª posição no ranking internacional de vendas globais da indústria farmacêutica (IMS Health, 2014). Apesar do claro predomínio das grandes empresas multinacionais que dominam o mercado nacional em diferentes segmentos e classes terapêuticas, verificou-se um aumento considerável na participação de empresas nacionais no mercado no decorrer da última década. Destaca-se, portanto, uma mudança estrutural no contexto nacional em termos de capacidade produtiva de medicamentos finais formulados que resultou num aumento da participação de empresas nacionais no mercado. Tal fenômeno esteve particularmente associado à consolidação do segmento de medicamentos genéricos no país. A análise do desempenho de medicamentos em um foco macro representa uma questão de desenvolvimento econômico. A tabela abaixo demonstra a evolução das vendas do mercado farmacêutico total no Brasil em reais (R$) no canal de farmácias e drogarias, de 2006 a 2014.

Tabela 1: Evolução das vendas do mercado farmacêutico total no Brasil em reais (R$) no canal de farmácias e drogarias, de 2006 a 2014

Fonte: Fonte: IMS Health (2014).

Nesse universo de crescentes exigências em termos de produtividade e de qualidade do serviço oferecido aos clientes, as organizações passaram a se preocupar mais com a qualidade do fluxo de bens dentro do processo produtivo, com o objetivo de atender bem ao cliente e consequentemente fidelizá-lo, mas para isso houve a necessidade de mudarem suas estratégias.

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6 Segundo Gomes & Ribeiro (2004), logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenamento de materiais, peças e produtos acabados, sua distribuição, pela organização e pelos seus canais de marketing de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras por meio de atendimento dos pedidos a baixo custo. Porém atualmente, somente a logística não basta para conquistar e fidelizar o mercado consumidor houve uma mudança na visão de consumo nas sociedades modernas, que tem se preocupado cada vez mais com as questões que tratam do equilíbrio ambiental.

Com o desenvolvimento da consciência ecológica e as necessidades de recolhimento sustentável de resíduos sólidos, surge um novo ramo da logística empresarial, a logística reversa, que conforme Leite (2003), é a área da logística que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-consumo ao ciclo dos negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

A PNRS define a logística reversa como instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou outra destinação. Acordo setorial é um ato contratual, firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

A crescente preocupação ecológica dos consumidores, as novas legislações ambientais, os novos padrões de competitividade de serviços ao cliente e as preocupações com a imagem corporativa tem incentivado cada vez mais a criação de canais reversos de distribuição que solucionem o problema da quantidade de produtos descartados no meio ambiente. Gomes & Ribeiro (2004), afirmam que a logística de fluxos de retorno, ou logística reversa, visa à eficiente execução da recuperação de produtos. Tem como propósitos a redução, a disposição e o gerenciamento de resíduos tóxicos e não tóxicos.

De acordo com Bowersox & Closs (2001), as necessidades da logística reversa também decorrem do crescente número de leis que proíbem o descarte indiscriminado e incentivam a reciclagem de recipientes de bebidas e materiais de embalagem. O aspecto mais significativo

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7 da logística reversa é a necessidade de um máximo controle quando existe uma possível responsabilidade por danos à saúde.

2.3. Logística reversa de pós consumo

A logística reversa de pós consumo se caracteriza pelo planejamento, controle e disposição final dos bens de pós consumo, que são aqueles bens que estão no final de sua vida útil, devido ao uso.

Os medicamentos pós consumo, são classificados de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) como resíduos químicos classe B, compreendidos por substâncias que podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade (BRASIL, 2004).

De acordo com Leite (2003), esses bens ou materiais transformam-se em produtos denominados de pós consumo e podem ser enviados a destinos finais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários, considerados meios seguros de estocagem e eliminação, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil. Essas alternativas de retorno ao ciclo produtivo, constituem-se na principal preocupação do estudo da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós consumos.

Considerando-se que a incineração é atualmente a maneira indicada para destino e diminuição do volume dos medicamentos inutilizados, como método de evitar que estes sejam descartados indevidamente no ambiente, trazendo como consequências a poluição de água e solo. Através do processo logístico reverso é possível reaproveitar as embalagens e até mesmo alguns compostos na produção de novos medicamentos. Na visão de Leite (2003), e o sistema de incineração agrega valor econômico, por ser capaz de transformar resíduos em energia elétrica.

Portanto, a logística reversa de medicamentos pós consumo deve ocorrer da maneira mais eficiente possível e com menor risco para todos os agentes envolvidos, promovendo o envio dos resíduos de medicamentos domiciliares para sua destinação final, excluindo qualquer possibilidade de reuso, recuperação e reciclagem.

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8 O estudo proposto configura-se como uma pesquisa quali-quantitativa de caráter exploratório, com o objetivo de contribuir para a identificação de formas de descarte de medicamentos pós consumo. A coleta de dados para a pesquisa qualitativa foi realizada em etapas distintas, porém complementares. As amostras foram compostas por moradores de um bairro residencial (Parque Aurora), na cidade de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro.

A coleta de dados inicialmente foi realizada através do estudo profundo de fontes bibliográficas relacionadas ao descarte de medicamentos e aos esforços para se implementar o processo de logística reversa na cadeia produtiva de medicamentos pós consumo para a destinação final destes bens no Brasil, publicados na forma de livros, artigos científicos, leis federais e resoluções da diretoria colegiada publicadas por instituições reguladoras.

Na análise qualitativa, foram realizadas discussões em grupo focal com estudantes de graduação no curso de engenharia de produção, no qual os alunos foram estimulados a realizar uma observação simples em seu ciclo de relacionamentos sobre como ocorria o descarte de medicamentos fora da validade ou sem utilização após a conclusão do tratamento. Após a observação inicial, foi realizado um brainstorming para a construção de um questionário estruturado. O questionário foi aplicado a 26 moradores, próximos às suas residências, no bairro residencial selecionado para estudo.

Na análise quantitativa utilizou-se o software SPSS para tratamento dos dados. O coeficiente de correlação de Spearman foi o método estatístico utilizado para verificar a correlação entre as variáveis independentes e a variável dependente (destino dos medicamentos vencidos). A partir de tais dados foi feita análise do teste Shapiro-Wilk, indicado no caso de amostras menores (<50 casos), e também dos histogramas, através da qual verificou-se a inexistência de normalidade dos dados. Desta forma, a correlação deveria ser feita com métodos estatísticos não-paramétricos. Na avaliação de correlação entre os dados, uma alternativa não-paramétrica para o Coeficiente de Correlação de Pearson é o Coeficiente de Correlação de Spearman. Assim, este foi o estatístico utilizado para verificar a correlação entre as variáveis independentes e a variável dependente (destino dos medicamentos vencidos).

Outro ponto importante que não pode ser ignorado nesta análise é a colinearidade. Espera-se que haja alta correlação entre a variável dependente e as variáveis independentes analisadas.

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9 Entretanto, não é desejável uma correlação entre as variáveis dependentes. Este fato leva a um problema de colinearidade.

Há diferentes opiniões sobre a significância dos coeficientes de correlação. Para Cohen e Holliday (1982) apud Bryman e Cramer (1995):

Tabela 2: Coeficiente de correlação

Correlação

≤ 0,20 Muito fraca e sem significância 0,20 < ρ ≤ 0,39 Fraca

0,40 < ρ ≤ 0,69 Moderada 0,70 < ρ ≤ 0,89 Forte 0,90 < ρ ≤ 1,0 Muito Forte

Fonte: Cohen e Holliday (1982) apud Bryman e Cramer (1995).

4. Resultados e Discussão

A análise dos resultados permitiu identificar alta frequência das respostas indicando o não conhecimento da maneira correta de se descartar medicamentos e declarações dos entrevistados realizando o descarte em lixo comum ou em pias e vasos sanitários. No entanto, quando perguntados sobre a incidência de aplicação de multas relacionadas ao descarte incorreto houve presença de preocupação quanto a esta variável.

A matriz de correlação (anexo 1) aponta uma correlação forte entre destino dos medicamentos vencidos e a variável preocupação com multas em caso de descarte incorreto dos medicamentos e uma correlação moderada com a variável informação sobre o descarte correto.

Pode-se verificar também uma correlação fraca entre destino dos medicamentos vencidos e demais variáveis independentes que não a variável multa e informações sobre o descarte correto. Este fato pode indicar que não há correlação significativa entre destino dos medicamentos vencidos e a idade, sexo, grau de escolaridade, quantidade de medicamentos armazenados em casa, verificação da data de validade medicamentos armazenados, receber informações sobre o descarte de medicamentos e impacto ambiental.

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10 A amostra coletada apresenta algumas características de composição que devem ser evidenciadas (anexo 2). Como a composição predominante de mulheres (69,3%) e grau escolaridade Médio Completo (26,9%). Observa-se também que 38,5% dos entrevistados guardam medicamentos em casa e que 80,7% verificam a data de validade com frequência, mas apenas 3,8% devolvem os medicamentos fora da validade à farmácia. O frequente destino dos medicamentos vencidos é o lixo comum (57,7%) e a rede pública de esgoto (joga na pia ou no vaso sanitário) com 34,7%. Com relação à informação que os entrevistados possuem ou tem acesso sobre como realizar corretamente o descarte dos medicamentos 80,8% admitem que não tem informação de como realizar o mesmo, mas 100% dos entrevistados não desejam receber tais informações. Com relação ao impacto ambiental, 53,8% dos entrevistados acreditam que o descarte incorreto não causa nenhum efeito ao meio ambiente e 96, 1% afirmam que em caso de obrigatoriedade, através de multas, eles então iriam se preocupar com o descarte correto.

Estes resultados apontam o baixo grau de informação dos usuários finais sobre o descarte de medicamentos e a importância de se tratar desse tema no sentido de impulsionar as políticas públicas no sentido de se promover a logística reversa de medicamentos e o cuidado com o meio ambiente.

5. Considerações Finais

Este estudo buscou identificar o que pode contribuir com destino incorreto dos medicamentos vencidos em um bairro residencial, na cidade de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, a partir da análise quali-quantitativa.

Ao analisar as resultados obtidos verificou-se que dois fatores influenciam fortemente o destino dos medicamentos vencidos. O maior deles é a não obrigatoriedade no descarte correto dos medicamentos, gerando a não preocupação com multas em caso de descarte incorreto, devido a não regulação quanto ao processo de logística reversa para o descarte de medicamentos. Em segundo lugar, a variável influência do nível de informação sobre o descarte correto de medicamentos indica que os entrevistados não têm informação de como realizar o descarte correto dos medicamentos. Dessa forma, os entrevistados, sabendo da inexistência legal de normas para se realizar corretamente descarte, provavelmente o realizarão de maneira inadequada e descartarão os medicamentos incorretamente.

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11 A correlação “Muito fraca e sem significância” entre a variável dependente e a variável independente impacto ambiental evidencia a não conscientização dos entrevistados quanto aos efeitos danosos que o descarte incorreto pode causar ao meio ambiente. Esta relação indica um paradoxo entre a teoria de avanço da consciência ecológica e da prática do descarte inadequado, provavelmente gerada pela não regulação deste processo.

Estes resultados apontam a extrema importância da ocorrência de um acordo setorial, com a união do poder público e fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto e com o meio ambiente.

No mercado, existem esforços iniciais para se realizar o processo de logística reversa de medicamentos como as máquinas de descarte consciente encontradas em grandes redes de varejistas. No entanto, é necessário que ocorram discussões quanto a regulação desta atividade, aos possíveis benefícios para a criação de hábito do descarte correto no consumidor.

6. REFERÊNCIAS

BOWERSOX, D. J. ; CLOSS, D. J. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2001.

BRASIL, 1998. Lei nº 9.605. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

BRASIL, 2010. Lei nº 12.305. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605 e dá outras providências.

BRASIL, 2004. Resolução da Diretoria Colegiada nº 306. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

BRYMAN, A. & CRAMER, D. Análise de dados em ciências sociais. Introdução às técnicas utilizando o SPSS> Celta Editora, 1995.

CONEN, L.; HOLLIDAY, M. Statistics for Social Scientists. Harper & Row. New York, 1982.

EMERSON, J. et al. Environmental Performance Index – EPI. New Haven: Yale Center for Environmental Law & Policy-Yale University, USA. Disponível em: <http://epi.yale.edu/>. Acesso em: 20 jun. de 2010.

FILHO, C.R.V. S. Atlas Brasileiro de emissões de GEE e potencial energético na destinação de resíduos sólidos. Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Disponível em: <

http://www.abrelpe.org.br/arquivos/atlas_portugues_2013.pdf>. Acesso em 08 de maio de 2015.

GOMES, F.S.; RIBEIRO, P. C. C. Gestão da Cadeia de Suprimentos Integrada à tecnologia da Informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa industrial – Empresa, 2010. IMS Health. Vendas do mercado farmacêutico total em reais (R$) no Brasil (canal farma).

Disponível em: <http://www.sindusfarmacomunica.org.br/indicadores-economicos>. Acesso em: 20 de outubro de 2014.

LEITE, PAULO ROBERTO. Logística Reversa - Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2003.

WORLD WILDLIFE FUND – WWF. Living Planet Report 2008. Disponível em:

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Anexo 1

Correlações

Destino dos medicamentos

Vencidos Idade sexo

Grau de Escolaridade Quantidade de medicamentos armazenados em casa Verificação da data de validade medicamentos armazenados Sabe como é realizado o descarte correto? Gostaria de receber informações sobre o descarte de medicamentos?

Você acha que o descarte incorreto desses medicamentos pode causar algum impacto ambiental? Em caso de multa sobre o descarte incorreto dos medicamentos, você se preocuparia em descarta-los corretamente? Spearman's rho Destino dos medicamentos

Vencidos

Correlation Coefficient 1,000 ,070 ,304 ,004 ,160 ,379 ,537 ,270 ,107 ,707

Sig. (2-tailed) . ,734 ,131 ,986 ,435 ,056 ,857 ,182 ,604 ,604

N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Idade Correlation Coefficient ,070 1,000 -,178 -,075 -,364 -,248 ,078 ,201 -,267 ,174

Sig. (2-tailed) ,734 . ,384 ,717 ,067 ,222 ,704 ,325 ,187 ,396

N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

sexo Correlation Coefficient ,304 -,178 1,000 ,193 -,150 ,732** -,098 ,051 -,133 -,133

Sig. (2-tailed) ,131 ,384 . ,345 ,464 ,000 ,635 ,803 ,516 ,516

N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Grau de Escolaridade Correlation Coefficient ,004 -,075 ,193 1,000 ,281 ,033 ,246 ,158 -,232 -,232

Sig. (2-tailed) ,986 ,717 ,345 . ,164 ,872 ,226 ,442 ,255 ,255 N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26 Quantidade de medicamentos armazenados em casa Correlation Coefficient ,160 -,364 -,150 ,281 1,000 ,088 ,117 ,070 ,060 ,240 Sig. (2-tailed) ,435 ,067 ,464 ,164 . ,669 ,568 ,736 ,771 ,237 N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Verificação da data dos medicamentos armazenados

Correlation Coefficient ,379 -,248 ,732** ,033 ,088 1,000 -,010 ,136 -,098 -,098

Sig. (2-tailed) ,056 ,222 ,000 ,872 ,669 . ,963 ,509 ,635 ,635

N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Sabe como é realizado o descarte correto?

Correlation Coefficient ,537 ,078 -,098 ,246 ,117 -,010 1,000 ,256 -,410* ,098

Sig. (2-tailed) ,857 ,704 ,635 ,226 ,568 ,963 . ,207 ,038 ,635

(13)

13 Gostaria de receber informações sobre o descarte de medicamentos? Correlation Coefficient ,270 ,201 ,051 ,158 ,070 ,136 ,256 1,000 -,185 ,216 Sig. (2-tailed) ,182 ,325 ,803 ,442 ,736 ,509 ,207 . ,365 ,289 N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Você acha que o descarte incorreto desses

medicamentos pode causar algum impacto ambiental?

Correlation Coefficient ,407 -,267 -,133 -,232 ,060 -,098 -,410* -,185 1,000 -,040

Sig. (2-tailed) ,604 ,187 ,516 ,255 ,771 ,635 ,038 ,365 . ,846

N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

Em caso de multa sobre o descarte incorreto dos medicamentos, você se preocuparia em descarta-los corretamente? Correlation Coefficient ,107 ,174 -,133 -,232 ,240 -,098 ,098 ,216 -,040 1,000 Sig. (2-tailed) ,604 ,396 ,516 ,255 ,237 ,635 ,635 ,289 ,846 . N 26 26 26 26 26 26 26 26 26 26

**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

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