HISTÓRIA
01. A cidade e o Estado não surgiram na Grécia antiga. Mas a Pólis, entre os séculos VIII e III a.C., foi uma criação especificamente grega.
a) Indique as instituições básicas da Pólis.
b) Comente sua especificidade e sua importância histórica. Resolução:
a) Como instituições básicas da Pólis ou Cidade-Estado grega, podemos citar:
• a Acrópole (cidade alta) como centro religioso e político;
• a religião politeísta (os mesmos deuses do Olimpo para todas as pólis);
• a autonomia e independência dos governos;
• os exércitos (temporários ou permanentes, no caso específico de Esparta);
• as leis: Licurgo (em Esparta)
Drákon, Sólon e Clístenes (em Atenas);
• as Olimpíadas.
b) A especificidade está na própria definição de Pólis, isto é, cidades independentes, autônomas, com governos próprios, costumes próprios, formando um conjunto de Cidades-Estado e não um país unificado ou império.
A importância histórica está no seu grau de desenvolvimento urbano, escravista, possibilitando grandes avanços culturais (filosofia, história, teatro, escultura etc...) e a evolução política partidária da monarquia, passando pela oligarquia e depois pela tirania, para culminar com a democracia (Atenas século V a.C.)
02. A servidão e a relação feudo-vassálica constituem as duas instituições fundamentais do sistema feudal, tal como este se formou e desenvolveu na Idade Média Ocidental. Explique a origem e o funcionamento:
a) da servidão;
b) da vassalagem, ou da relação feudo-vassálica. Resolução:
O modo de produção feudal, ou Feudalismo, formou-se a partir da desagregação do Império Romano concomitantemente às invasões dos bárbaros germânicos na Europa Ocidental. Naturalmente instituições romanas e germânicas se mesclaram durante o período de formação denominado Alta Idade Média.
a) A origem da servidão estava no colonato (instituição romana), implantado por Diocleciano (279-305), fixando os homens — trabalhadores rurais — à terra. Caracterizava-se pelo pagamento de impostos (os mais famosos: corvéia, talha, banalidades) aos senhores feudais e ao clero, em troca da “segurança” militar e espiritual.
b) A origem das relações de vassalagem foi herança de uma instituição bárbara germânica, os comitatus, pelos quais os guerreiros tinham fidelidade absoluta ao líder militar que, em troca desta, normalmente os premiava com os beneficius, ou seja, terras. Caracterizava-se pelas obrigações recíprocas entre suseranos e vassalos. Os primeiros comprometiam-se a ceder a terra e dar proteção militar aos segundos que, fundamentalmente, deveriam prestar juramento de fidelidade militar aos
mesmo, com muita curiosidade, lhe andava fazendo as medidas, e endireitando as ruas para ficar a povoação mais vistosa.” Frei Manuel Calado. O valoroso Lucideno e triunfo da liberdade, 1648. Com base no texto, responda:
a) Quem foi o conde de Nassau?
b) Qual o projeto apresentado no texto? Explique. Resolução:
a) Maurício de Nassau foi o mais importante administrador do chamado Brasil holandês. Nomeado pelos conselheiros da Companhia das Índias Ocidentais, responsável pela invasão, o conde Maurício de Nassau exerceu a tarefa de controlar a parte do território brasileiro incorporada aos domínios da Companhia. Nassau chegou ao Brasil em 1637 com um projeto modernizador de moldes europeus e foi responsável, entre outras coisas, por um grande avanço no aspecto cultural. b) O texto faz referência à construção da Cidade Maurícia, a partir de 1639, nas proximidades de Recife (atualmente integrada a
esta cidade). A construção planejada da cidade integra o projeto “civilizador” de Nassau no Nordeste brasileiro.
04. Nas primeiras décadas do século XIX, com as independências das Américas, parecia aos contemporâneos que o colonialismo terminara. Mas, nas últimas décadas do mesmo século, as potências européias estavam guerreando e negociando entre si a partilha da África e da Ásia.
Explique os interesses econômicos e os argumentos político-ideológicos presentes a) na superação do velho colonialismo.
b) na constituição do neocolonialismo. Resolução:
a) O colonialismo dos séculos XVI, XVII e XVIII estava vinculado ao capitalismo comercial, ao absolutismo, ao acúmulo de metais preciosos, à escravidão, ou seja, a um projeto de enriquecimento estatal beneficiando, também, a burguesia mercantil. Este acúmulo de capitais acabou proporcionando as condições para a Revolução Industrial e a divulgação do liberalismo econômico e político.
O novo contexto do século XIX (produção industrial, necessidade de novas matérias-primas, mão-de-obra assalariada e, principalmente, novos mercados consumidores), levaram os países industrializados a fazer uma aguda crítica ao modelo colonial “obsoleto” e a defenderem uma nova proposta colonial imperialista, principalmente na Ásia e na África, para “beneficiar” as “novas potências”.
b) Na visão do europeu colonizador, o neocolonialismo era parte de uma expansão natural do capitalismo industrial, isto é, as novas regiões, Ásia e África, deveriam ser ocupadas o mais rápido possível em termos militares, políticos, econômicos e sociais.
Militarmente, buscava-se a submissão dos povos dominados (que proporcionavam mão-de-obra barata) e futuros pontos estratégicos, no caso de futuras guerras.
Politicamente, buscava-se a expansão do poder imperial das potências industrializadas.
Economicamente, garantia-se novos mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e campo de investimentos. Socialmente, possibilitava resolver as importantes questões sociais causadas pelo excesso de população nos países de origem; assim, um gigantesco número de famílias deveria emigrar para a América ou para as novas colônias africanas e asiáticas.
Ideologicamente, justificou-se a dominação pela superioridade do homem branco e pela “idéia” e “crença” de estarem levando o progresso e a civilização para os “pobres povos atrasados”. O cristianismo foi fator importante na consolidação do domínio europeu.
graus como manda a natureza... Nunca fui nem serei absolutista, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja e caótica democracia”.
José Bonifácio de Andrada e Silva, 1822. Analise o texto, associando-o ao processo de independência do Brasil no que se refere
a) à forma assumida pela monarquia no Brasil. b) à participação popular.
Resolução:
a) O texto, de um dos grandes artífices da independência do Brasil, dá o tom do caráter conservador do processo de emancipação, que também se fez presente na construção do estado nacional brasileiro. A opção pelo regime monárquico não ignorou as idéias liberais, uma vez que o modelo de monarquia escolhido foi o constitucional. Por outro lado, a instituição do Poder Moderador, que hipertrofiava o Executivo Real, deixava clara a limitação da Constituição de 24 e, conseqüentemente, do caráter efetivamente constitucional da nossa monarquia.
b) As impressões de Bonifácio expressas no texto podem ser extensivas à maior parte da elite brasileira, solidária com o projeto independentista, o que aponta para a “inconveniência” da participação popular que, de fato, foi bastante restrita.
06. Em 1872, a cidade de São Paulo possuía 31.385 habitantes. Em 1920, havia 579.033 pessoas na Capital. Explique esse extraordinário crescimento no período.
Resolução:
O crescimento da cidade de São Paulo, nesse período, está relacionado com a dinamização econômica, possibilitada pelo capital acumulado com a lavoura cafeeira, e pela procura por mão -de-obra, que havia aumentado os incentivos à imigração européia. Em São Paulo, grande parte dessa mão-de-obra imigrante era de origem italiana, espanhola e portuguesa. Crescia, também, a necessidade de produzir mercadorias industrializadas, que até então eram importadas, essenciais ao desenvolvimento da economia agro-exportadora e ao mercado interno urbano. A eclosão da Primeira Guerra Mundial fortaleceu a substituição de produtos importados, aumentando conseqüentemente, o número de indústrias na capital.
07. “Havia o professor responsável pela classe que algumas vezes aparecia de uniforme. Ele nos explicou o comunismo: ‘Comunismo é quando passamos por um açougue onde está pendurada uma lingüiça. Quebramos então a vitrine e levamos a lingüiça. Isso é comunismo.” [...]
Heiner Müller. Guerra sem batalha. Com base no relato do autor, membro da Juventude Hitlerista, explique
a) a concepção de comunismo do professor. b) como o regime nazista combatia esse inimigo. Resolução:
A Alemanha Nacional-Socialista (nazista, entre 1933 e 1945), foi um dos melhores exemplos de governos totalitários (de extrema direita) do mundo. O nacional-socialismo alemão caracterizou-se por exaltar os valores: nacionalistas, militaristas, idealistas, autoritários, totalitários e, é claro, anti-comunistas e racistas (anti judeus).
a) Na concepção do professor citado no texto, o comunismo era uma bagunça na qual todo mundo poderia fazer o que bem entendesse. Segundo ele, “lá no comunismo” não havia ordem, policiamento, segurança, propriedade privada, autoridade. Justamente a intenção do professor foi fazer um contra-ponto aos ideais nazistas.
b) Para combater o comunismo, o nazismo utilizou-se de:
• perseguições políticas e confinamento de judeus em campos de concentração;
• ampla propaganda contra o comunismo;
• jornais, rádio, comícios, professores;
possuí-las, com base na Constituição de 1988 (...).”
Liana John. Jornal da Tarde, 28/12/1993. a) Explique a origem das comunidades negras a que se refere o artigo do jornal.
b) Qual a relação entre o problema colocado pelo texto e o fato de a Constituição de 1988 ser chamada de “constituição-cidadã”?
Resolução:
a) O artigo do jornal faz referência às comunidades remanescentes dos escravos aquilombados que ocupavam a região do Vale do Ribeira, durante a vigência do escravismo no Brasil.
b) A Constituição de 1988 trouxe, em seu corpo, grandes avanços democráticos, tais como: o voto do analfabeto, a liberdade de imprensa, a liberdade sindical e, ao mesmo tempo, uma grande carga de assistencialismo social não praticado, além da manutenção de direitos trabalhistas, atualmente em discussão.
No artigo 68, a Constituição determina que é reconhecida a propriedade definitiva da terra aos remanescentes das comunidades dos quilombos que as estiverem ocupando.
09.
Jornal O Estado de S. Paulo, 14/08/2001.
No primeiro plano desta fotografia, Fernando Henrique Cardoso e Fidel Castro juntam as mãos com Hugo Chávez. Na década de 1970, esta foto seria impossível, já que os governos do Brasil e de Cuba não mantinham relações diplomáticas.
Aponte duas razões – uma nacional e outra internacional – para essa impossibilidade. Resolução:
Durante os anos 70, o Brasil atravessava um período de ditadura militar em que o controle político e o combate aos ideais de esquerda estavam plenamente instituídos. Nessa conjuntura interna, uma aproximação entre a liderança política brasileira e a cubana seria pouco provável, uma vez que Fidel Castro personificava o triunfo de uma revolução socialista na América Latina. O regime militar brasileiro, porém, faz parte de uma problemática maior, que é a da contra-revolução da América Latina que, por sua vez, integra a estratégia norte-americana para o enfrentamento da Guerra Fria. O alinhamento político do Brasil com os EUA, no contexto externo da Guerra Fria, também contribuía para tornar remota a possibilidade de aproximação dessas lideranças.
História para comentar criticamente
a) a manchete de capa da revista Época / Globo, em outubro de 2001: “A Globalização do Medo. Viver ficou perigoso”; b) o ataque terrorista ao Pentágono e ao W.T.C., em 11 de setembro do mesmo ano.
Resolução:
a) Várias seriam as abordagens possíveis para resolver essa questão. Uma delas poderia ser o questionamento da manchete, no sentido de que viver já vem sendo perigoso, senão impraticável, para toda a porção pobre do mundo globalizado. A recente onda de terror, ao atingir o centro do império ou o grande agente da globalização, evidenciou, de maneira trágica, os riscos, para pessoas inocentes, da desigualdade, da arrogância e da intolerância conseqüentes ou integrantes desse processo. b) Os ataques terroristas poderiam ser discutidos pelas perspectivas: do fundamentalismo religioso; da fragilidade e
vulnerabilidade americana, a despeito do seu avanço tecnológico; das novas modalidades da ação terrorista e, obviamente, pela perspectiva da reação à unilateralidade da globalização.
COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA
O exame de História da segunda fase da FUVEST mostrou-se, como de costume, abrangente e equilibrado no que diz respeito à cobrança de conhecimento factual e conceitual.
Um ou outro excesso deve ser assinalado, como o cometido na questão de número 8, que exigiu do aluno conhecimento específico sobre a legislação que rege a propriedade fundiária no país. Talvez tenha sido também o caso da questão de número 3 que, no item b, trata da “Cidade Maurícia”.
Vale elogiar a agilidade da instituição ao incluir uma questão sobre os recentes atentados nos EUA, o que chama a atenção para a importância crescente do conhecimento da história atual.
DISTRIBUIÇÃO DAS QUESTÕES DE HISTÓRIA Brasil República 20% Idade Contemporânea 40% Brasil C o l ô n i a 10% Brasil Império 10% Idade Antiga 10% Idade Média 10%
