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Natália França. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: Quais suas implicações para ensino da língua?

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Academic year: 2021

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Natália França

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:

Quais suas implicações para ensino da língua?

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Natália França

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:

Quais suas implicações para ensino da língua?

Artigo apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do Diploma de Licenciatura em Pedagogia pelo Curso de Pedagogia da Fundação Universitária Vida Cristã – Funvic – Pindamonhangaba.

Orientadora: Profa. MSc. Alessandra Junqueira Vieira Figueiredo

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França, Natália

Alfabetização e letramento: Quais suas implicações para ensino da língua?/ Natália França / Pindamonhangaba-SP : FUNVIC.

Fundação Universitária Vida Cristã, 2017. 26f.

Artigo (Graduação em Pedagogia) FUNVIC-SP. Orientador: Profa. MSc. Alessandra Junqueira Vieira Figueiredo.

1Alfabetização. 2 Letramento. 3 Ensino da Língua.

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FACULDADE DE PINDAMONHANGABA

Natália França

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: Quais suas implicações para ensino da língua?

Artigo apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do Diploma de Licenciatura em Pedagogia pelo Curso de Pedagogia da Fundação Universitária Vida Cristã – Funvic – Pindamonhangaba.

Orientadora: Profa. MSc. Alessandra Junqueira Vieira Figueiredo

Data: ____________________ Resultado: ________________

BANCA EXAMINADORA

Prof : _______________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura: _________________________________________________________

Prof : _______________________________________ Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura: _________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, que com seu infinito amor está sempre me amando, me protegendo e me fortalecendo. O que seria de mim sem a fé que tenho Nele?

Aos meus pais Noel e Marisa, sem os eles nada disso seria possível. Agradeço pela educação que me deram, além do incentivo, e do amor incondicional.

Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, ao meu amado Guinho. Obrigada pela paciência, pelo incentivo e principalmente pelo amor que tem por mim.

Agradeço à professora orientadora Alessandra Junqueira, que foi mais que uma orientadora. Obrigada por acreditar no quanto eu era capaz.

Ao professor Alan Ricardo, pelo incentivo, pelo apoio que tornou possível a conclusão deste trabalho.

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“Aprender a ler e a escrever é aprender a ler o mundo, compreender o seu

contexto numa relação dinâmica

vinculando linguagem e realidade e ser alfabetizado é tornar-se capaz de usar a leitura e a escrita como meio de tomar

consciência da realidade e de

transformá-la.”

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RESUMO

O presente artigo apresenta como objetivo compreender a natureza dos processos Alfabetização e Letramento e suas particularidades no aprendizado da língua escrita, apresentando, assim, uma revisão literária sobre esses assuntos. Acredita-se que essa pesquisa tem um papel relevante, uma vez que o ensino da língua está em constante mudança, o que requer do professor uma formação contínua, a fim de contribuir da melhor forma no desenvolvimento de seus alunos. Por meio da presente pesquisa foi possível entender que a aprendizagem da escrita e da leitura não se reduz às capacidades de decodificação e codificação. O conceito de letramento vem ampliar a visão de alfabetização, chamando a atenção para o uso dessas capacidades em práticas sociais em que ler e escrever é indispensável. Alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas particularidades, porém, ambos indispensáveis, quando se leva em consideração a aprendizagem da leitura e da escrita, o que nos faz entender que devem ser trabalhados juntos, que o ensino da língua deve contemplar os dois processos para que se obtenha sucesso na formação inicial dos alunos.

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ABSTRACT

This article presents the objective of understanding the nature of literacy and literacy and processes its peculiarities in written language learning, featuring a literary review on these issues. It is believed that this research has an important role, since the language is constantly changing, which requires a teacher in-service training, in order to contribute in the best way in the development of their students. By means of this research it was possible to understand that writing and reading learning cannot be reduced to decoding and encoding capabilities. The concept of literacy comes to expand the vision of literacy, drawing attention to the use of these capabilities in social practices in reading and writing is essential. Literacy and literacy are different processes, each with its peculiarities, however, both indispensable, when it takes into account the learning of reading and writing, which makes us understand that they must work together, that the teaching of the language should contemplate the two procedures in order to obtain success in the initial formation of the students.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 10

1 O Conceito de Alfabetização ... 11

1.1 Fracasso da Alfabetização no Brasil ... 12

1.1.1 Os Métodos de Alfabetização no Brasil ... 14

1.1.2 Nova Visão da Alfabetização ... 18

1.1.3 Censo e Conceito de Alfabetização ... 19

2 CONCEITO DE LETRAMENTO ... 20

2.1 Letramento e Analfabetismo ... 21

3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PROCESSOS DISTINTOS, MAS COMPLEMENTARES. ... 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 24

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INTRODUÇÃO

De acordo com os estudos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tanto o Brasil quanto outros países enfrentam, há alguns anos, o grave problema do fracasso escolar, representado pela reprovação e o abandono dos estudos de crianças e adolescentes.

O fracasso da alfabetização nas escolas brasileiras ocorre nas etapas iniciais. A comprovação dessa dificuldade foi feita por meio da divulgação dos resultados de avaliações das habilidades de leitura desenvolvida pelo Inep OCDE.

Partindo desse cenário, em que apresenta o país com um dos piores índices de educação, enxergamos como necessária uma pesquisa sobre os assuntos alfabetização e letramento, uma vez que a aquisição da leitura e da escrita são a base para que o indivíduo tenha possibilidade do sucesso na continuidade dos estudos e consequentemente, na qualificação profissional.

O estudo sobre a Alfabetização e o Letramento constante neste trabalho se justifica pela importância desses processos para a inserção das crianças no mundo das letras e por haver muitas dúvidas sobre como eles podem se dar de forma a realmente possibilitar que as educandos façam uso da leitura e da escrita de forma significativa nas práticas sociais.

O presente trabalho apresenta como objetivo compreender a natureza dos processos Alfabetização e Letramento e suas particularidades. Apresentando assim uma revisão literária sobre esses assuntos.

Partimos das hipóteses de que alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas particularidades e que esses dois processos devem ser desenvolvidos de forma integrada na aprendizagem inicial da língua escrita. Acreditamos ainda que esse é o caminho para superação dos problemas enfrentados na etapa da escolarização.

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11 1 O Conceito de Alfabetização

De acordo com Soares (2014), nos últimos anos, tem se tentado atribuir um significado demasiado abrangente à alfabetização, considerando-a um processo permanente, que se estenderia por toda a vida, que não se acabaria na aprendizagem da leitura e da escrita. Para a autora, de certa forma a aprendizagem da língua materna, é um processo permanente, nunca interrompido. Entretanto, é preciso diferenciar um processo de aquisição da língua, de um processo de desenvolvimento da língua; este último é que, sem dúvida, nunca é interrompido.

Soares (2014), afirma que, Etimologicamente, o termo alfabetização não excede o significado de levar à “aquisição do alfabeto”, ou seja, ensinar o código da língua escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever; pedagogicamente.

Conforme os estudos da autora, a alfabetização é basicamente desenvolvida em torno de dois pontos de vista que, de certa forma, estão existentes no duplo significado que os verbos ler e escrever possuem em nossa língua. Assim, ler e escrever podem significar o domínio da “mecânica” da língua escrita; nessa perspectiva, alfabetizar significa adquirir habilidade de codificar a língua oral em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita em língua oral (ler). Nesse sentido, para a autora,

A alfabetização seria um processo de representação de fonemas em grafemas (escrever) e de grafemas em fonemas (ler); “o que o alfabetizando deve construir para si é uma teoria adequada sobre a relação entre sons e letras na língua portuguesa”. ( LEMLE, 1984 apud SOARES, 2014, p. 16).

Ler e escrever podem significar também apreensão e compreensão de significados expressos em língua escrita (ler) ou expressão de significado por meio da língua escrita (escrever). Nessa perspectiva,

[...] a alfabetização seria um processo de compreensão/expressão de significados, um processo de representação que envolve substituições gradativas (ler um objeto, um gesto, uma figura ou desenho, uma palavra), em que o objetivo primordial é a apreensão e a compreensão do mundo, desde que está mais próximo à criança ao que lhe está mais distante, visando à comunicação, à aquisição de conhecimento ...à troca. (KRAMER, 1982 apud SOARES, 2014, p. 16).

Para Soares (2014) os métodos de alfabetização podem ser classificados, conforme a ênfase no primeiro ou no segundo ponto de vista. Entretanto, é necessário ressaltar que,

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Apesar de o debate sobre o conceito de alfabetização ocorrer

predominantemente em torno dos dois pontos de vista apontados (mecânica da língua escrita versus compreensão/expressão de significados), há um terceiro ponto de vista cuja importância equipara-se aos dois primeiros.

Diferente dos dois pontos de vista, o terceiro volta-se para o aspecto social, ou seja, a conceituação da alfabetização não é a mesma em todas as sociedades. O conceito de alfabetização, de acordo com o terceiro ponto de vista, depende de características culturais, econômicas e tecnológicas.

Diante dessas reflexões, entendemos que uma teoria de alfabetização coerente deve incluir a abordagem mecânica do ler e escrever, o enfoque da língua escrita como meio de expressão/compreensão e, ainda, os determinantes sociais das funções e fins da aprendizagem da língua escrita.

1.1 Fracasso da Alfabetização no Brasil

De acordo com os estudos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tanto o Brasil quanto outros países enfrentam, há alguns anos, o grave problema do fracasso escolar, representado pela reprovação e o abandono dos estudos de crianças e adolescentes.

O fracasso da alfabetização nas escolas brasileiras ocorre nas etapas iniciais. A comprovação dessa dificuldade foi feita por meio da divulgação dos resultados de duas avaliações das habilidades de leitura. A primeira é o Saeb, desenvolvida pelo Inep. A segunda é a do Pisa, desenvolvida pela OCDE.

A avaliação realizada pelo Saeb, em 2001, (divulgada em 2003), comprova que apenas 4,48% dos alunos de 4ª série do Ensino Fundamental l possuem um nível de leitura adequado ou superior para continuar seus estudos na segunda parte do Ensino Fundamental.

Em outra parte, encontra-se 36,2% no nível intermediário, segundo o Saeb está "começando a desenvolver as habilidades de leitura, mas ainda abaixo do nível exigido para a 4ª série".

Cerca de 37% dos alunos estão em um estágio considerado crítico, de construção de suas competências de leitura, ou seja, que têm dificuldades graves para ler. Já 22% se encontram abaixo desse nível, o que significa que não sabem ler.

O Saeb afirma que as crianças no estágio muito crítico não foram alfabetizadas adequadamente, não conseguem responder aos itens da prova.

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aponta 1° segmento do Ensino Fundamental, analfabetismo de jovens e adultos, evasão e repetência escolar, e aponta que o Brasil é o único país da América Latina com números maiores de 500 mil crianças com idade de estar na escola fora da escola. Segundo a Folha Online, no PISA de 2006,

Os alunos brasileiros ficaram 48ª em leitura (entre 56 países). Neste último, 56% dos jovens alcançaram o nível um ou abaixo dele, em uma escala que vai até cinco. Isso quer dizer que são capazes apenas de encontrar informações explícitas no texto e fazer conexões simples. Fazendo uma comparação com o PISA de 2003, as notas em leitura pioraram. (FOLHA ONLINE, 2006 apud PORTELA, 2010).

Esses resultados mostram que os alunos estão frequentando as salas de aula, mas não são alfabetizados, os alunos não conseguem dominar os mecanismos de leitura e escrita, não se apropriam da escrita para serem inseridos na sociedade, as escolas brasileiras estão formando analfabetos funcionais.

A alfabetização é muito importante na formação escolar de um indivíduo. Tendo insucesso o aluno desiste, e ocorre evasão escolar nos anos iniciais. Porém as escolas não valorizam a alfabetização como ela merece, ensinando mecanicamente a leitura e a escrita, sem trabalhar nos alunos as estruturas cognitivas indispensáveis para o processo da alfabetização.

É preciso considerar que, para o aluno se alfabetizar precisa ter as seguintes capacidades ".

Compreender a ideia de símbolo; discriminar as formas das letras; discriminar os sons da fala; ter a consciência da unidade palavra e a organização da página escrita. O alfabetizando deve entender primeiro o que são aqueles risquinhos pretos no papel, o que não é tão simples. Já que a ideia de símbolo é bastante complexa. A correlação entre símbolo e coisa simbolizada é parcial, o que quer dizer que, o fundamento da forma de um símbolo não tem ligação direta com as características da coisa. O segundo ponto é a discriminação das formas das letras. Depois de entender o que são os risquinhos pretos no papel, e que cada um deles equivale a um símbolo da fala, a criança precisa fazer a discriminação das formas das letras. Uma vez que algumas letras do nosso alfabeto são muito parecidas. No terceiro ponto o aluno necessita fazer a discriminação dos sons da fala, ou seja, conscientização da percepção auditiva. As letras simbolizam sons da fala, então é preciso perceber as diferenças linguísticas proeminentes entre os sons, de maneira que se possa optar pela letra certa para simbolizar cada som. A quarta capacidade que o alfabetizando precisa desenvolver é a consciência da unidade palavra, que acontece naturalmente, sem muitos problemas. A quinta e última habilidade é a organização espacial da página "... a ideia de que a ordem significativa das letras é da esquerda para a direita na linha, e que a ordem significativa das linhas é de cima para baixo na página". (LEMLE, 2006 apud PORTELA, 2010).

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capacidades acima explanadas. A escola é responsável pelo fracasso de seus alunos, exigindo que todos aprendam os mesmos conteúdos ao mesmo tempo, sem levar em consideração o ritmo e individualidade de cada aluno.

1.1.1 Os Métodos de Alfabetização no Brasil

De acordo com Mortatti (2006), a história da alfabetização em nosso país ganha destaque desde o final do século XIX, no período da proclamação da República. As ideias republicanas de alfabetização "saber ler e escrever" eram instrumento privilegiado de poucos. A escola consolidou-se com o princípio de atender aos ideais do Estado republicano, pautado na necessidade de instauração de uma nova ordem política e social.

A república visava à educação como uma utopia da modernidade, para a modernização e progresso do Estado-Nação como principal propulsora da evolução da nação. A educação era vista como um novo início, que traria consigo uma próxima etapa para um novo mundo, tanto para o cidadão quanto para o Estado, um mundo que proporcionaria ao cidadão pensar, sentir e querer agir.

Ainda segundo a autora, mesmo com essa ideologia, a alfabetização já vinha sendo questionada em meio às dificuldades de se consumar as promessas e os efeitos pretendidos com a ação da escola sobre o cidadão, cujas explicações eram atribuídas a vários fatores como método, aluno, professor, sistema escolar, condições sociais ou políticas públicas. Como podemos constar, o fracasso da alfabetização vem se perpetuando até os dias atuais.

É possível se observar o fracasso escolar na alfabetização no Brasil atualmente. Esse problema demanda soluções urgentes e vem mobilizando administradores públicos, legisladores do ensino, intelectuais de diferentes áreas do conhecimento, educadores e professores, tudo com o intuito de solucionar o fracasso da alfabetização.

Nos estudos de Motatti (2006), desde a implantação do modelo republicano de escola,

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Conforme afirma Valle (2013), existem várias técnicas sistematizadas para ensinar uma criança a ler e escrever em nosso país essas técnicas organizadas ao longo dos anos são denominadas métodos de alfabetização. Para compreender o que é um método de alfabetização, vamos à definição da palavra, que, segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 1910), é “procedimento, técnico ou meio de se fazer alguma coisa, especialmente de acordo com um plano”.

Para uma melhor compreensão dos processos metodológico na prática do ensino da leitura e escrita da nossa nação, as próximas partes serão separadas em quatro momentos, que terão como início o ensino no final do século XIX. Cada momento trará suas considerações na disputa de métodos para o ensino da leitura e da escrita.

O primeiro momento se passa no o final do Império, as escola existentes eram salas ajustadas que abrigavam alunos de todas as séries e funcionavam em propriedades pouco apropriadas para esse fim, eram as chamadas aulas régias, devido às precárias condições de funcionamento na aprendizagem, era preciso que o aluno e o professor se empenhassem o máximo para permanecerem no seu objetivo.

Outra precariedade era em questão aos materiais que usavam para estudar, embora na segunda metade do século XIX na Europa foram editados ou produzidos formas de livros para fins de ensino da leitura. Habitualmente, porém principiava o ensino da leitura com as cartas de ABC, as quais os alunos liam e depois copiavam.

No ensino da leitura para época, eram utilizados métodos de marcha sintética (da parte para o todo). Segundo Mortatti (2006), esse método abarca:

da soletração (alfabético), partindo do nome das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às letras); e da silabação (emissão de sons), partindo das sílabas. Dever-se-ia, assim, iniciar o ensino da leitura com a apresentação das letras e seus nomes (método da soletração/alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das famílias silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem crescente de dificuldade. Posteriormente, reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas ou agrupadas. Quanto à escrita, esta se restringia à caligrafia e ortografia, e seu ensino, à cópia, ditados e formação de frases, enfatizando-se o desenho correto das letras (MORTATTI, 2006, p. 5).

A primeira cartilha brasileira foi elaborada no final do século XIX, por professores paulistas e fluminenses, por meio de suas experiências didáticas, fundamentadas nos métodos de marcha sintética, essas cartilhas rodearam em várias províncias/estados do país e por um grande tempo.

Em 1876, foi publicada a cartilha Maternal ou Arte da Leitura escrita pelo poeta português João de Deus. Em 1880, o método João de Deus contido na sua cartilha é divulgado nas províncias de São Paulo e do Espírito Santo, por António da Silva Jardins, professor de português da escola normal de São Paulo e positivista militante.

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Em 1890, começou uma disputa entre os defensores do método João de Deus e os defensores do método sintético. É por meio dessa disputa que se inicia uma nova tradição: o ensino da leitura envolve necessariamente uma questão de método, ou seja, começa uma busca pela forma de se ensinar metodicamente, junto com o que se ensinar. A partir deste momento, o ensino da leitura e da escrita passam a ser tratados como uma questão de ordem didática, subordinada às questões de ordem linguística da época.

O segundo momento relata a institucionalização do método analítico, que a partir de 1890 foi implementado na reforma da instituição pública no Estado de São Paulo, que tinha como intenção ser o Estado modelo para os demais Estados brasileiros.

É a partir dessa primeira década republicana que professores formados na escola Normal de São Paulo, passaram a defender o método analítico, para o ensino da leitura. Esses professores defensores do método analítico eram os responsáveis por meio de ''missões de professores" paulistas em espalhar para outros Estados brasileiros, o método analítico.

A maioria dos professores das escolas primárias reclamava da demora dos resultados desse método. A obrigatoriedade do uso do método analítico no Estado de São Paulo persistiu até se fazerem sentir os efeitos da autonomia didática proposta na Reforma Sampaio Dória (Lei 1750, de 1920).

O método analítico, diferente do método marcha sintética, tem iniciação pelo todo, para depois se proceder a análise de suas partes. No entanto o método tomava o modo de processual, dependendo do que seus protetores consideravam o todo, podendo ser, a palavra, a sentença ou a história (Paraná, 1990).

No início do século XX, as cartilhas eram baseadas no método de marcha sintética, buscando se ajustar às instruções oficiais. Por esse motivo iniciava-se uma competição entre partidários do “método analítico” contra os defensores do "método da marcha sintética”.

Outro marco importante nesse segundo momento, conforme Mortatti (2006), ocorreu em 1910, com o surgimento da palavra alfabetização, como referência ao ensino inicial da leitura e da escrita.

Já no terceiro momento, a Reforma Sampaio Dória traz consigo consequências da autonomia didática, aumentando a resistência dos professores na utilização do método analítico e iniciando uma busca por novas soluções para os problemas do ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita.

Os protetores do método analítico prosseguiram usando e promovendo seus benefícios, no entanto, buscaram harmonizar os dois tipos de métodos. Os protetores começaram a usar os métodos analítico e sintético ou vice versa, mesclando os dois métodos, considerando mais rápido e eficiente. A ''luta'' entre os defensores dos métodos foi se tornando mais branda, à medida que se acentua a tendência de relativização da importância do método. Desta forma, as cartilhas passaram a ser criadas com base nos métodos mistos (analítico e sintético ou vice versa) e os professores passaram a ter um manual acompanhando as cartilhas, assim foi se espalhando a ideia e a prática do período preparatório dos professores.

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consequência, o como ensinar, dependendo da maturidade da criança a que se ensina tudo subordinado à ordem psicológica da criança.

O quarto momento se inicia na década de 1980, sendo questionado sobre as tradições na alfabetização, devido às novas necessidades na sociedade, na política e com a primordialidade de mudar o fracasso na alfabetização. Em busca da solução do fracasso da alfabetização, é ingressado no Brasil o pensamento construtivista sobre a alfabetização, consequente das pesquisas sobre a psicogênese da Língua Escrita pela estudiosa Emília Ferreiro e contribuintes.

Conforme os estudos de Matui (1995),

Psicogênese é o estudo da origem da mente e dos conhecimentos. De um lado é gênese da psique humana - das representações mentais, da memória e do pensamento e, de outro, a gênese dos conhecimentos - de todo e qualquer conhecimento. Atualmente a psicogênese da alfabetização é a mais conhecida (MATUI, 1995, p. 50).

O novo caminho construtivista não se apresenta como um novo método, mas sim como um processo de aprendizagem da criança, uma revolução conceitual. O construtivismo traz a questão da necessidade do uso dos métodos tradicionais e da cartilha.

Para Matui (1995), a aprendizagem é sempre construída independente de qualquer idade. O autor ainda afirma que o aluno só aprende de verdade quando ele próprio, constrói o seu conhecimento. O significado do construtivismo é a construção do conhecimento.

De acordo com os estudos de Mortatti (2006), com o surgimento do construtivismo no Brasil, autoridades educacionais e pesquisadores acadêmicos se empenharam em convencer os alfabetizadores a lançarem mão do construtivismo para a alfabetização das crianças, realizando divulgações por meio de artigos, teses acadêmicas, livros, cartilhas e vídeos, visando à institucionalização para a rede pública de ensino.

Neste quarto momento, inicia-se uma concorrência entre os seguidores do construtivismo e os defensores dos métodos tradicionais. Esses defensores já não eram mais tão confessos sobre suas opiniões a respeito dos tradicionais métodos na alfabetização.

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Este novo momento traz uma tradição, a desmetodização da alfabetização, que passa a ter ênfase em "quem aprende e o como se aprende a língua escrita”.

Na década de 1980, uma reflexão começa aparecer, mostrando a sua importância, é o pensamento interacionista em alfabetização, que vai crescendo e conquistando atenção, e foi se estabelecendo entre seus defensores e os do construtivismo.

O pensamento que denomino "interacionista" baseia-se em uma concepção interacionista de linguagem, de acordo com a qual o texto (discurso) é a unidade de sentido da linguagem e deve ser tomado como objeto de leitura e escrita, estabelecendo-se o texto como conteúdo de ensino, que permite um processo de interlocução real entre professor e alunos e impede o uso de cartilhas para ensinar a ler e escrever (MORTATTI, 2006, p. 11).

O nosso país ainda hoje mesmo com todo o caminho transcorrido em respeito à alfabetização, no ensino inicial da leitura e da escrita, encontra-se em dificuldades decorrentes em especial da ausência de uma didática construtivista. O que vem acontecendo são pequenos passos de tentativas por parte de alguns pesquisadores em desenvolver novas orientações para a alfabetização. Entre os inúmeros aspectos a serem estudados, avaliados para um avanço da alfabetização, uma nova proposta vem sendo avaliada em torno do letramento.

1.1.2 Nova Visão da Alfabetização

Nos anos 80, os métodos até então tradicionais de alfabetização passaram a ser sistematicamente questionados devido às novas urgências políticas e sociais que se fizeram acompanhar de propostas de mudança na educação, a fim de se enfrentar o fracasso da escola na alfabetização dos alunos. Assim, introduziu-se, no Brasil, o pensamento construtivista sobre a alfabetização, resultante das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita desenvolvidas pela pesquisadora Emília Ferreiro e colaboradores, deslocando o foco da discussão dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da criança. Segundo Mortatti (1999), “o construtivismo surge não como um método novo, mas como uma ‘revolução conceitual’, demandando abandonarem-se teorias e práticas tradicionais, de metodizar-se o processo de alfabetização e se questionar a necessidade das cartilhas”.

Essa nova visão permite que a criança construa suas hipóteses em questão a escrita, aprendendo a ler e a escrever com suas descobertas e construções pessoais e a escrita alfabética que encontra em seu ambiente escolar e comunitário. Essa mudança conceitual trouxe a ideia de que não era mais necessário um método para se alfabetizar, o que foi uma visão equivocada dessa mudança. Ao contrário do construtivismo, a antiga concepção acreditava que existia um método para se alfabetizar,

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19 exclusivamente o que dizia a cartilha. Havia um método, mas não uma teoria. (SOARES, 2006 apud PORTELA, 2010, p.4).

De acordo com os estudos de Portela (2010), diante dessa nova concepção, a escola deixou de utilizar um método de alfabetização, permitindo que a criança aprenda somente pelo contato direto com a leitura e a escrita. Segundo a autora, é uma falsa conclusão pensar que na teoria construtivista não se pode ter um método de alfabetização.

Segundo Mortatti (1999), atualmente, torna-se hegemônico o discurso institucional sobre o construtivismo e as propostas de concretização decorrentes de certas apropriações da teoria construtivista. Tem-se, hoje, a institucionalização, em âmbito nacional, do construtivismo em alfabetização, verificável, por exemplo, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), dentre tantas outras iniciativas recentes.

1.1.3 Censo e Conceito de Alfabetização

Segundo Carvalho e Mendonça (2006), a ampliação do conceito de alfabetização é recente nas escolas, considerando que a escrita se fazia apenas pela alfabetização, ou seja, pelo conhecimento das primeiras letras, por meio do desenvolvimento das habilidades de codificar e decodificar. Já o uso da língua escrita em práticas sociais de leitura e produção de texto, seria desenvolvido nas etapas seguinte à alfabetização.

Conforme os autores:

[...] até os anos 40 do século passado, os questionários do censo indagavam, simplesmente, se a pessoa sabia ler e escrever, servindo, como comprovação da resposta afirmativa ou negativa, a capacidade de assinatura do próprio nome. A partir dos anos 50 e até o último censo (2000), os questionários passaram a indagar se a pessoa era capaz de ‘ler e escrever um bilhete simples’, o que já evidencia uma ampliação do conceito de alfabetização. Já não se considera alfabetizado aquele que apenas declara saber ler e escrever, genericamente, mas aquele que sabe usar a leitura e a escrita para exercer uma prática social em que a escrita é necessária. (CENSO, 2000 apud CARVALHO; MENDONÇA, 2006, p. 16).

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20 2 CONCEITO DE LETRAMENTO

Segundo Soares (2006), a palavra letramento é recente no nosso vocabulário, o termo letramento começou a ser utilizado no campo educacional, em meados da década de 1980. Uma das primeiras ocorrências está no livro de Mary Kato, de 1986, No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, Editora Àtica), já em 1995 a palavra letramento torna-se título de livro organizado por Ângela Kleiman: Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita). A autora, afirma que o surgimento da palavra letramento ocorreu para a compreensão da presença da escrita no mundo social. O letramento, de início, causou espanto na sua aparição, apesar de fazer parte do mesmo campo semântico das palavras: analfabetismo, analfabeto, alfabetizar, alfabetização, alfabetizado e mesmo letrado e iletrado. A etimologia da palavra Literacy tem a origem do Latin Litera (Letra) com, terminação cy. Cuja origem Literacy provém da língua inglesa. Literacy tem a definição daquele que se atribui da condição ou estado de ler e escrever com domínio de suas habilidades, isto é um indivíduo alfabetizado letrado.

Soares (2014) afirma que o surgimento do termo letramento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização. Esses comportamentos e práticas sociais de leitura e de escrita foram adquirindo visibilidade e importância à medida que a vida social e as atividades profissionais tornaram-se cada vez mais centradas na e dependentes da língua escrita, revelando a insuficiência de apenas alfabetizar – no sentido tradicional – a criança ou o adulto.

Um fato que sinaliza bem essa mudança na maneira de considerar o significado do acesso à leitura e a escrita, partindo da mera aquisição da tecnologia do ler e do escrever à inserção nas práticas sociais de leitura e escrita de que resultou o aparecimento do termo letramento, é a alteração do critério utilizado pelo Censo para verificar o número de analfabetos e de alfabetizados

[...] durante muito tempo, considerava-se analfabeto o indivíduo incapaz de escrever o próprio nome; nas últimas décadas, é a resposta à pergunta "sabe ler e escrever um bilhete simples? que define se o indivíduo é analfabeto ou alfabetizado. [...] já se evidencia a busca de um estado ou condição de quem sabe ler e escrever, mais que a verificação da simples presença da habilidade de codificar em língua escrita, isto é, já se evidencia a tentativa de avaliação do nível de letramento, e não apenas a avaliação da presença ou ausência da tecnologia do ler e escrever. ( SOARES, 2006, p. 21-22).

A pessoa que não consegue responder adequadamente as demandas sociais do seu cotidiano, mesmo tendo a tecnologia do ler e escrever, mas não se apropriou da condição da leitura e da escrita, similarmente é afetado no seu cotidiano social.

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21 alfabetismo ou letramento – não nos era necessário. Só recentemente esse oposto tornou-se necessário, porque só recentemente passamos a enfrentar esta nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente – daí o recente surgimento do termo letramento (que, como já foi dito, vem-se tornando de uso corrente, em detrimento do termo alfabetismo). (SOARES, 2006, p. 20).

O conceito de letramento expande a visão da alfabetização, chamando a atenção não apenas para o controle da prática de ler e escrever (codificar e decodificar), mas também para os usos dessas competências em práticas sociais em que ler e escrever é indispensável.

Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita. (SOARES, 2006, p.39-40).

Como afirma Soares (2006), o letramento trata-se do desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais.

Como afirmam Aroeira, Bizzotto e Porto (2010), letramento trata-se de um processo que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações de escrita na sociedade e se prolonga por toda vida, com crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita.

Nos estudos de Soares (2006), uma inferência que se pode tirar do conceito letramento é que:

Um individuo pode não saber ler e escrever, isto é ser alfabetizado, mas ser, de certa forma, letrado (atribuindo a este adjetivo sentido vinculado a letramento). Assim, um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura a escrita têm presença forte, se se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado a escreva (e é significativo que, em geral dita usando vocabulário e estrutura própria da língua escrita), se pede alguém que leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolvesse em praticas sociais de leitura e de escrita.(SOARES, 2006, p.39).

2.1 Letramento e Analfabetismo

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indivíduo pode não adquirir a habilidade de ler e escrever, ou seja, ser analfabeto, mas ser de certa forma letrado.

Ainda, de acordo com os pensamentos, da autora, o indivíduo pode ser analfabeto, em virtude de numerosos fatores, mas se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, interessa-se por ouvir a leitura de jornais, revistas e livros feitos por um alfabetizado, se recebe cartas e bilhetes que outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva, se pede para outras pessoas que lhe leia avisos ou indicações, esse analfabeto é, de certa forma letrado, porque faz uso da escrita e envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita.

Da mesma forma, a criança que inda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda analfabeta, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada. (SOARES, 2006, p. 24).

3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PROCESSOS DISTINTOS, MAS COMPLEMENTARES.

Segundo Aroeira, Bizzotto e Porto (2010), o conceito de alfabetização ficou atrelado por muito tempo à ideia de que para aprender a ler e escrever era necessário apenas a capacidade de codificar e de decodificar os sinais gráficos. A partir da década de 1980, várias teorias mostram que a aprendizagem da escrita e da leitura não se reduziriam às capacidades de decodificação e codificação, mas se caracterizariam como processo por meio do qual, “desde os primeiros contatos da escrita, a criança construiria e desconstruiria hipóteses sobre a natureza do funcionamento da língua escrita como um sistema de representação”.

Atualmente, de acordo com as autoras, alfabetizar não se reduz ao domínio das “primeiras letras”. Envolve também saber utilizar a língua escrita nas situações em que essa é necessária, lendo e produzindo textos. A essa nova dimensão do mundo da leitura e da escrita se dá o nome de letramento; ou seja, o conjunto de conhecimentos, atitudes e capacidades, necessárias para usar a língua em práticas sociais.

O conceito de letramento entra em cena ampliando a visão de alfabetização, chamando a atenção não apenas para a tecnologia do codificar e de decodificar a escrita, mas também para o uso dessas capacidades em práticas sociais em que ler e escrever é indispensável.

Soares (1998) define letramento como

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Carvalho e Mendonça (2006) explicam que esse processo tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações de escrita na sociedade (placas, rótulos, jornais, entre outros) e se prolonga por toda vida, com crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem leitura e escrita.

As autoras salientam que alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas particularidades. Porém, ambos indispensáveis, quando se leva em considerações a aprendizagem da leitura e da escrita.

[...] para entrar e viver neste mundo do conhecimento, o aprendiz necessita de dois passaportes: o domínio da tecnologia de escrita (o sistema alfabético e ortográfico), que se obtém por meio do processo de alfabetização e o domínio de competência de uso dessa tecnologia (saber ler e escrever em diferentes situações e contexto), que se obtém por meio do processo do letramento. (FREIRE, 1991 apud CASTANHEIRA; MACIEL; MARTINS, 2009, p.14).

A esse respeito Freire (1991) afirma que:

Não basta saber ler ‘ Eva viu a uva’. É preciso compreender qual a posição que a Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com este trabalho. Dessa forma, o autor chama a nossa atenção para o fato de que não basta simplesmente dominar a escrita como um instrumento tecnológico. É preciso considerar as possíveis consequências políticas da inserção do aprendiz no mundo da escrita. Essa inserção favoreceria uma leitura crítica das relações sociais e econômicas reproduzidas em nossa sociedade. (FREIRE, 1991apud CASTANHEIRA; MACIEL; MARTINS, 2009, p.15).

Carvalho e Mendonça (2006), ao afirmar que “alfabetizar não se reduz ao domínio das ‘primeiras letras’, mas envolveria também saber utilizar a língua escrita nas situações em que essa é necessária, lendo e produzindo textos” preconizam que a escola ampliou, assim, o seu conceito de alfabetização. Por outro, lado destacam também que boa parte dos dados do Saeb mostra que muitas crianças, embora alfabetizadas, não são letradas, ou apresentam diferentes graus de analfabetismo funcional. Isso explica que essas crianças não são capazes de utilizar escrita em práticas sociais, até mesmo naquelas que se dão na própria escola, no aprendizado de diferentes conteúdos e habilidades.

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24 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresenta como objetivo compreender a natureza dos processos Alfabetização e Letramento e suas particularidades e investigar de que forma contribuem para o ensino da língua.

Por meio dos estudos, constatamos que o conceito de alfabetização ficou atrelado por muito tempo à ideia de que, para aprender a ler e escrever, era necessário apenas capacidade de codificar e de decodificar os sinais gráficos. Várias teorias mostram que a aprendizagem da língua não se reduz às capacidades de decodificação e codificação, mas se caracteriza como processo por meio do qual, desde os primeiros contatos da escrita, a criança constrói e desconstrói hipóteses sobre a natureza do funcionamento da língua escrita como um sistema de representação.

O conceito de letramento possibilitou a expansão da visão da alfabetização, chamando a atenção não apenas para o controle da prática de ler e escrever, ou seja , codificar e decodificar; mas também para os usos dessas competências em práticas sociais em que ler e escrever é in

A alfabetização inserida em uma prática de letramento implica contextualização, em que por meio de práticas sociais de leitura e escrita na sala de aula, o aluno é apresentado à língua de seu país como instrumento social que pode ajudá-lo a viver melhor.

A pessoa que não consegue responder adequadamente as demandas sociais do seu cotidiano, mesmo tendo a tecnologia do ler e escrever, mas não se apropriou da condição da leitura e da escrita, é afetada no seu cotidiano social.

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25 REFERÊNCIAS

AROEIRA, L. M.; BIZZOTTO, I. M.; PORTO, A.; Alfabetização Linguística: da Teoria à Prática. Belo Horizonte, MG: Dimensão, 2010.

CARVALHO, M. A. F.; MENDONÇA, H. R. (Org.).; Práticas de Leitura e Escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.

CASTANHEIRA, L. M.; MACIEL, P. I. F.; MARTINS, F. M. R. (Org.).; Alfabetização e letramento na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora: Ceale, 2009.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. 41ª ed.Cortez. 2001

Houaiss, Método. Disponível em <https://www.dicio.com.br/houaiss/>. Acesso em: 19.Nov.2017.

MATUI, J.; CONSTRUTIVISMO: Teoria construtivista sócio histórica aplicada no ensino. São Paulo, SP: Moderna, 1995.

MORTATTI, M. R. L.; Alfabetização no Brasil uma história de sua história. São Paulo, SP: Cultura Acadêmica Editora, 1999.

MORTATTI, M. R. L.; História dos Métodos de Alfabetização no Brasil. Brasília: Departamento de Política de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, 2006.

PORTELA, C.F.; Causas do Fracasso na Alfabetização. Disponível em: <https://www.faecpr.edu.br/universidadevirtual/alfabetizacao/artigo_causas_do_fracass o_na_alfabetizacao.doc>. Acesso em: 28.Out.2016.

SOARES, M.; Alfabetização e Letramento. 6. ed. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2014.

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VALLE, L. de. L.; Metodologia da Alfabetização. Curitiba, PR: Intersaberes, 2013.

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Autorizo cópia total ou parcial desta obra, apenas para fins de estudo e pesquisa, sendo expressamente vedado qualquer tipo de reprodução para fins comerciais sem prévia autorização específica do autor. Autorizo também a divulgação do arquivo no formato PDF no banco de monografias da Biblioteca institucional.

Natália França

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