REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
O
jejum
influencia
a
responsividade
à
pré-carga
em
voluntários
ASA
I
e
II?
Daniel
Rodrigues
Alves
∗e
Regina
Ribeiras
CentroHospitalardeLisboaOcidental,Lisboa,Portugal
Recebidoem23desetembrode2015;aceitoem9denovembrode2015 DisponívelnaInternetem28dedezembrode2016
PALAVRAS-CHAVE
Jejum;
Ecocardiografia; Fluidoterapia; Hemodinâmica
Resumo
Introduc¸ão:Ojejumnopré-operatórioéhámuitotempoconsideradoumaimportantecausade deplec¸ãodelíquidos,levaainstabilidadehemodinâmicaduranteacirurgia,casoareposic¸ão nãosejaprontamenteinstituída.Recentemente,essepontodevistatradicionaltemsido pro-gressivamente desafiado e um número crescente deautores agora propõe uma abordagem maisrestritivaparaocontroledelíquidos,emborapermanec¸amdúvidasquantoàverdadeira influênciahemodinâmicadojejumnopré-operatório.
Métodos: Estudoobservacional,analítico, prospectivoelongitudinal,noqual 31voluntários ASAIeIIforamsubmetidosaexameecocardiográficoanteseapósumperíododejejumdeno mínimoseishoras.Osdadosdosíndicesdepré-cargatantoestáticosquantodinâmicosforam obtidosemambososperíodosesubsequentementecomparados.
Resultados: Osíndicesestáticosdepré-cargamostraramumcomportamentoacentuadamente variávelcomojejum.Osíndicesdinâmicos,entretanto,forambemmaisconsistentesentresi, todosapontamnamesmadirec¸ão;istoé,nãoevidenciamalterac¸ãoestatisticamente significa-tivacomoperíododejejum.Analisamostambémaconfiabilidadedosíndicesdinâmicospara responderaalterac¸õespré-cargaintencionaisconhecidas.Avariac¸ãodaintegralde velocidade-temo (VTI)aórtica comamanobra deelevac¸ão passivados membrosinferiores foia única variávelquemostrousensibilidadesuficienteparasinalizardeformaconsistenteapresenc¸ade variac¸ãonapré-carga.
Conclusão:Ojejumnãopareceucausarumaalterac¸ãonapré-cargadevoluntáriosconscientes nemalterousubstancialmenteasuaposic¸ãonacurvadeFrank-Starling,mesmocomtempos dejejummaisprolongadosdoqueonormalmenterecomendado.Avariac¸ãodoVTI transaór-ticocomamanobradeelevac¸ãopassivados membrosinferioresfoi oíndicedinâmicomais consistente(dosestudados)paraavaliaracapacidadederespostaavariac¸õesdapré-cargaem pacientesquerespiramespontaneamente.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:danielralves@sapo.pt(D.R.Alves). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.12.007
0034-7094/©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸a
KEYWORDS
Fasting;
Echocardiography; Fluidtherapy; Hemodynamics
DoesfastinginfluencepreloadresponsivenessinASA1and2volunteers?
Abstract
Introduction:Preoperativefastingwaslongregardedasanimportantcauseoffluiddepletion, leadingtohemodynamicinstabilityduringsurgeryshouldreplenishmentnotbepromptly insti-tuted.Lately,thistraditionalpointofviewhasbeenprogressivelychallenged,andagrowing number ofauthors nowproposeamorerestrictiveapproachtofluid management,although doubtremainsastothetruehemodynamicinfluenceofpreoperativefasting.
Methods:Wedesignedanobservational,analytic,prospective,longitudinalstudyinwhich31 ASA1andASA2volunteersunderwentanechocardiographicexaminationbothbeforeandafter afastingperiodofatleast6h.Datafrombothstaticanddynamicpreloadindiceswereobtained onbothperiods,andsubsequentlycompared.
Results:Staticpreloadindicesexhibitedamarkedlyvariablebehaviourwithfasting.Dynamic indices,however,werefarmoreconsistentwithoneanother,allpointinginthesamedirection, i.e.,evidencingnostatisticallysignificantchangewiththefastingperiod.Wealsoanalysedthe reliabilityofdynamicindicestorespondtoknown,intentionalpreloadchanges.Aorticvelocity timeintegral(VTI)variationwiththepassivelegraisemanoeuvrewastheonlyvariablethat provedtobesensitiveenoughtoconsistentlysignalthepresenceofpreloadvariation. Conclusion: Fastingdoesnotappeartocauseachangeinpreloadofconsciousvolunteersnor doesitsignificantlyaltertheirpositionintheFrank---Starlingcurve,evenwithlongerfasting timesthanusuallyrecommended.TransaorticVTIvariationwiththepassivelegraise manoeu-vreisthemostrobustdynamicindex(ofthosestudied)toevaluatepreloadresponsivenessin spontaneouslybreathingpatients.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Sabemos que intervenc¸ões cirúrgicas programadas devem ser precedidas por um período de jejum.1---3 No entanto, emboraasdiretrizesrecentespermitamaingestãode líqui-dosclarosatéduashorasantesdeumaoperac¸ão,naprática clínicadiáriaissoéraramentefeito,pelomenosem adul-tos.Naverdade,nãoéincomumqueospacientesfiquemem jejumpormuitomaistempodoqueosolicitado,àsvezes poratédezou12horas(h),apesardearecomendac¸ãode jejumtersidodeapenasseishoras.Duranteesseperíodo, a deplec¸ão delíquidosdo organismo estáem curso --- por meio de transpirac¸ão, respirac¸ão ou produc¸ão de urina, entre outros mecanismos --- e alguns autores já estima-ram que um período de jejum de aproximadamente 12h podelevaraumadeplec¸ãodelíquidosdeaproximadamente umlitro(L),4,5 o que provavelmente causaalgum grau de deplec¸ãodovolumeintravascularquandooequilíbrioentre osdiferentescompartimentoscorporaiséatingido.6
DeacordocomaLeideFrank-Starling,sabemosque den-tro de certos limites o volume sistólico é estritamente dependentedapré-carga,7,8oquesignificaqueumareduc¸ão da pré-carga devido à hipovolemia tenderá a reduzir o volumesistólico.Aimportânciadessemecanismoétalque até já foi relatadocomo a principal causade hipotensão inexplicávelcomumaquedadodébitocardíacoemcenários deUnidadedeTerapiaIntensiva(UTI).8
Em um indivíduo saudável e consciente, diferentes mecanismos entram em cena para compensar a perda de líquidos,9,10 com o potencial de alterar a curva de Frank-Starling dopaciente para aesquerda11---15 (fig. 1)e,
Aumento da contratilidade
Estado normal
Redução da contratilidade
Pré-carga
V
olume sistólico
Figura 1 Há diferentes curvas de Frank-Starling para um mesmoindivíduo,deacordocomoseuestadohemodinâmico.
Durantedécadas, areac¸ãotradicional dos anestesiolo-gistasa essemecanismo teórico tem sido a de estimar a perdadelíquidoscausadapelojejum27esistematicamente repô-la, na tentativa de restaurar o volumeintravascular e, consequentemente, a posic¸ão original do paciente na curvadeFrank-Starling. Alegadamente,essa conduta aju-daria a aprimorar o estado cardiovascular do paciente e diminuiramorbidadeassociadaàanestesia.Éinteressante notar,entretanto,quequandoosestudosdecasosreais ten-tamconfirmaressaprática,elesnãoapenasnãoconseguem encontrarevidência de melhoriano perfilde estabilidade cardiovascularassociadaàreposic¸ãosistemáticadelíquidos no período intraoperatório como também observam indí-ciosdequeessa práticapoderealmenteestarassociadaa umpiorresultadoemalgunscenáriosestudados.5,10,28---31De fato,algumasinvestigac¸õesdescobriramatéumacorrelac¸ão positivaentreo ganho depeso noperíodo pós-operatório (devidoaoexcessodehidratac¸ão)eo aumentoda morta-lidade no mesmo período32 e desafiaram assim o que foi consideradoumaverdadeabsoluta.
Váriosestudosinvestigaramosefeitosdojejumapartir dediferentesperspectivas.33---35 Porém,comotodostinham limitac¸õesqueaconselhavamcautelanainterpretac¸ãodos resultados e devido à dificuldade de medir o volume intravascular repetidamente ou encontrar um substituto adequadoparaele,ofocodapesquisarecentementemudou doestudodoefeitohemodinâmicodojejumem si parao estudodomanejoindividualdeumdeterminadopaciente, deacordo com seu estado hemodinâmico atual, indepen-dentemete do tempo de jejum. Com essa abordagem, a terapiadenominada‘‘alvo-dirigida’’nasceu.30,36---39Os pro-tocolosatuaisdeterapiaalvo-dirigidageralmentetêmcomo base a classificac¸ão dos indivíduos quanto à fluidoterapia comoresponsivos(aquelesnoramoascendentedacurvade Frank-Starling)ounãoresponsivos(aquelesjánaparteplana da mesma curva)29 e produziram resultados significativa-mentepositivos.Algunsestudosencontraramevidênciasde melhoriadasobrevidaapósousodaclassificac¸ãonoperíodo perioperatório.36,40,41
Contudo,osprotocolosdeterapiaalvo-dirigidatendem acontarcomdadosprovenientesdedispositivosespecíficos demonitorac¸ãoque sãomuitoinvasivos e/oumuito caros paraseremadotadosuniversalmente,oquelimitaoseuuso em pacientesmaisgraves e/ouem cirurgias mais agressi-vas.Diantedoexposto,qualseriaacondutamaisapropriada quandoestamosdiantedepacientesrelativamente saudá-veis(ASA1ou2)agendadosparacirurgiasquenãosãode grandeporte?Seráqueotempodejejumdeveser conside-radocomoumguiaparaareposic¸ãodelíquidosrotineira? Ouseráquedevemossimplesmenteignorá-la?
Considerandoalógica portrásdaterapiaalvo-dirigida, a verdadeiraquestão é: Será que o jejum coloca o paci-enteàesquerdanacurvadeFrank-Starling,coloca-oemum pontoaprimorávelpor meiodeumaumentoda pré-carga (fig.2,setagrande)ouasuainfluênciaéapenaspequena emcircunstânciasnormais(fig.2,setapequena)?
Métodos
Com o objetivo de determinar a verdadeira influência hemodinâmica do jejum e para responder às perguntas
V
olume sistólico
Pré-carga
A B
C D
Figura2 CurvadeFrank-Starling.Seráqueojejumcausauma alterac¸ãosignificativadaposic¸ãodoindivíduoparaaesquerda nacurva(setagrande),ouseráqueexerceumainfluênciamais modesta(setasmédiaepequena)?
Tabela1 Característicasdaamostra
Parâmetro Características
Sexo 16fem./15masc.
Idade 26---67anos
Média=Mediana=37 anos
ASA 71%ASAI
29%ASAII Comorbidadesem
voluntáriosASAII
Asma,fumanteativo, obesidade;sem comorbidades cardiovasculares.
precedentes,recorremosemgrandeparteaoconhecimento acumuladocomodesenvolvimentodaterapiaalvo-dirigida paraidentificardiferentesvariáveisquepoderiamestimar a pré-carga e a capacidade de resposta à fluidoterapia. Apósobteraprovac¸ão éticaeostermosdeconsentimento informado assinados pelos participantes, 31 voluntários classificadoscomoASAIouII,semcomorbidades cardiovas-culares,entre26e67anos,foraminscritosemnossoestudo (tabela1).Exameecocardiográficofoifeitoparatriagemde quaisqueranormalidadesnosvoluntários(quefizeramparte doscritériosdeexclusão---tabela2)eosdadosadquiridos posteriormentesobretrêstiposdevariáveisqueforam estu-dadasanteseapósumperíododejejumdepelomenosseis horasforam:
• Variáveis‘‘convencionais’’:peso,frequênciacardíacae pressãoarterial;
• Parâmetros ecocardiográficos estáticos de pré-carga: áreatelediastólicadoventrículoesquerdo(VE)obtida a partirdeimagensparaesternaisdoeixocurto(TDAreaVE
Tabela2 Critériosdeinclusãoeexclusão
Critériosdeinclusão Critériosdeexclusão
Idade≥18anos Recusadascondic¸õesdoestudo Estadoshiperdinâmicos(gravidez,hipertireoidismo,
fístulaAV,febre,anemiaacentuada) ASAIouASAII
Aceitac¸ãodascondic¸õesdo estudo(comconsentimento informado)
Disritmiae/oumarca-passo Func¸ãorenalcomprometida
Disfunc¸ãosistólica Medicac¸ãoqueinterferecommecanismos
compensatórioshemodinâmicos
Disfunc¸ãodiastólica Doenc¸aosteoarticularqueimpedeoposicionamento
adequadoeEPP
Valvulopatia Imagensecocardiográficasinadequadas(janela
limitada)
Disfunc¸ãoventriculardireita Nãoobtenc¸ãodeumdosexames
PSLAx);diâmetroexpiratóriodaveiacavainferior(VCIexp)
e tempode fluxo corrigido (TFc) na aorta descendente (vistasupraesternal);
• Parâmetros ecocardiográficos dinâmicos de pré-carga: obtidos com ouso deumavariac¸ão intencional da pré--cargapormeiode:
a) Variac¸ão respiratória (interac¸ão corac¸ão-pulmão): variac¸ão respiratória do diâmetrodaVCI (respVCI);
ou
b) Manobra de elevac¸ão passiva dos membros inferio-res:maisespecificamente, avariac¸ãodointegralde velocidade-tempotransaórtico(VTIAo)comamanobra
de elevac¸ão passiva das pernas (EPP) (VTIAo EPP).
AmanobradeEPPécreditada comamobilizac¸ãode 30042---44-50045mLdesangueparaacirculac¸ãoe con-sisteemmudaropacientedeumaposic¸ãosemideitada comacabeceiradacamanahorizontaleosmembros inferioreselevadosaumângulode45◦.Deacordocom aliteratura,osdadosecocardiográficosforamobtidos entreumetrêsminutos(min)apósaaplicac¸ãodessa manobra,pois seestimou que,após esse tempo, os mecanismoscompensatórios que atenuamosefeitos damanobraentramemcena.45
Todas as imagens foram obtidas pelo mesmo operador como mesmoecocardiógrafoGE Vivid7TM e
subsequente-menteanalisadaspelomesmoindivíduoemordemaleatória comoprogramaEchoPACDimensionTM,emumprocesso
pos-teriormenteavaliadoporumobservadorindependente. Osdadosextraídosforamentão inseridosem umabase dedados(SPSSStatisticsTM)eanalisadospormeiodetestes
paramétricos(testetdeStudentparaamostras pareadas, quando houve distribuic¸ão normal das variáveis na amos-tra)outestesnãoparamétricos(testedeWilcoxon,quando onúmerodeobservac¸õesfoiinferiora30e adistribuic¸ão dasvariáveisnãofoinormal,mascomdistribuic¸ãosimétrica dasdiferenc¸as).
Resultados
Todosos31voluntáriosforamsubmetidosaumperíodomais longodejejumdoqueoindicado,oqualvarioudesete a 12,5 horas(média=10h, desviopadrão=1,4h),de acordo comohabitualnapráticaclínica.
Variáveis‘‘convencionais’’(tabela3)
Os voluntários foram solicitados a fornecer dados sobreaevoluc¸ãodeseuspesosentreaúltimarefeic¸ãoeapós amicc¸ãonodiapré-jejumenamanhãseguinte(pós-jejum), desdequenãohouvessedejec¸õesentreosmomentos pré-epós-jejum.Nessascondic¸ões,quaisquerdiferenc¸asentre asmensurac¸õesseriam atribuíveisà deplec¸ãode líquidos. Embora apenas nove dos 31voluntários tenham fornecido dados válidos, observamos uma reduc¸ão estatisticamente significativanosvaloresobtidos,quecorrespondeua1%do pesocorporal(aproximadamente700gemmédia).
Não houve alterac¸ões estatisticamente significativas, tanto da frequência cardíaca quanto da pressão arterial entreasduasmensurac¸ões.
Variáveisecocardiográficaspré-carga
Parâmetrosestáticos(tabela4)
Quanto aos parâmetros estáticos de pré-carga, o comportamentodasdiferentesvariáveisestudadasfoi acen-tuadamentediferente,com:
• Uma reduc¸ão estatisticamente significativa de 6,8% da áreatelediastólica doventrículoesquerdo (PSSAx),que indicaumareduc¸ãodapré-cargapós-jejum;
• Um aumento estatisticamente significativo de 9,2% no tempo de fluxo corrigido da aorta descendente (indica um aumento da pré-carga pós-jejum, considera que a resistênciavascularperiférica---queéinversamente pro-porcional ao TFcAo-d e pode complicar a avaliac¸ão
---tambémaumentounesseperíodo);
• Nãohouvealterac¸ãododiâmetroexpiratórioabsolutoda VCIoudodiâmetrotelediastólicodoVEemPSLAx(modo M),oqueindicaaausênciadealterac¸ãonapré-carga.
Parâmetrosdinâmicos(tabela5)
Quanto aos parâmetros dinâmicos de pré-carga avali-ados, seus comportamentos foram acentuadamente con-sistentes entre os diferentes parâmetros, sem alterac¸ões estatisticamentesignificativastantonasvariac¸ões respira-tóriasdodiâmetrodaVCIquantonavariac¸ãodoVTIAocom
Tabela3 Variáveis‘‘convencionais’’esuasevoluc¸õescomojejum
Variável comjejum,p<0,05 N Teste(mensurac¸õesválidas) Evoluc¸ãocomjejum
Peso Sim 9 TestedeWilcoxon ↓
FC Não 31 TestetdeStudent
deamostras pareadas
→
PAsist Não 31 →
PAdiast Não 31 →
PAmédia Não 31 →
Diast,diastólica;FC,frequênciacardíaca;PA,pressãoarterial;sist,sistólica.
Tabela4 Variáveisestáticaspré-cargaesuasevoluc¸õescomojejum
Variável comjejum,
p<0,05
n Teste Evoluc¸ãocom
jejum
Graudealterac¸ão
AVEPSSAx Sim(Sem
alterac¸ãoda func¸ãodiastólica)
26 TestedeWilcoxon ↓ −6,8%
TDDVEMMPSLAx Não 31 Testetde
amostraspareadas
→
VCI(Dexp) Não 31 →
FTcAo-d Sim 31 ↑ +9,2%
AVEPSSAx,áreadoventrículoesquerdomedidanajanelaparaesternaleixo curto;Dexp,diâmetronaexpirac¸ão;TDDVE MMPSLAx, diâmetrotelediastólicodoventrículoesquerdocomousodomodoMnajanelaparaesternaleixolongo;FTcAo-d,tempodefluxocorrigido daaortadescendente;VCI,veiacavainferior.
Tabela5 Variáveisdinâmicaspré-cargaesuasevoluc¸õescomojejum
Variável comjejum,p<0,05 n Teste Evoluc¸ãocomjejum
respVCI(ICVCI) Não 31 Testetde
amostraspareadas
→
VTIAo PLR Não 31 →
respVCI(CIVCI),variac¸ãorespiratóriadaveiacavainferior;ICVCI,índicedecolapsibilidadedaVCI;VTIAoEPP,variac¸ãodointegral velocidade-tempotransaórticacomamanobradeelevac¸ãopassivadaspernas.
Discussão
Quanto aos sinais vitais (i. é, frequência cardíaca e pressão arterial), relatou-se que suas alterac¸ões não são um indicador sensível do estado volêmico ou da deplec¸ão de líquidos;6,16,17 portanto, não foi surpresa a ausênciadealterac¸ãosignificativanosvaloresobtidosentre osdoisperíodosemnossoestudo.Emrelac¸ãoàsavaliac¸ões dopeso,embora onúmerodedadosválidosobtidostenha sidopequeno,houveumareduc¸ãoestatisticamente signifi-cativanesseparâmetro,atingiucercade1%dopesocorporal total, que se traduziu em uma perda média de 700g. É fatobemconhecido queosdiferentescompartimentos do corpoestão em constante equilíbrio entre si e isso signi-ficaque podemos calcular o quanto a perdadessa massa significaemtermosdevolumeplasmáticointravascular tam-bém perdido. Considerando que apenas 1/3 do total de fluidoscorporaiséextracelularequeapenascercade20% dessesconstituemovolumeplasmático,46,47umaperdade 700mL defluidos em umindivíduo de 70kgequivaleria a 700×1/3×1/5=46,67mLdovolumeplasmático. Conside-randoaexpressãoreduzidadessevalor,pareceimprovável que haveria uma variac¸ão significativa pré-carga em con-sequênciadojejum.
Frank-Starling em momentos diferentes.48,49 Considerando todososaspectossupracitados,parece naturalquenossos resultadosindiquemdiferentesvariáveisdepré-carga está-tica e apontem paradirec¸ões acentuadamente diferentes quandousadosisoladamenteparaavaliarosefeitos cardio-vascularesdojejum.
Portanto, em vez disso, é importante avaliar a evoluc¸ão das variáveis dinâmicas de pré-carga e a res-ponsividade ao volume.Esses parâmetros têm como foco o comportamento de uma determinada variável em um períodocurtocomusodasalterac¸õesintencionaisna pré--carga, que geralmente são provocadas por interac¸ões corac¸ão-pulmão (padrão respiratório)oupela manobrade EPP. A natureza rápida, intencional e reversível dessas variac¸ões na pré-carga permite que outros parâmetros potencialmente interferentes do estado cardiovascular sejam mantidos constantes entre as mensurac¸ões; dessa forma,tornamapré-cargaaúnicavariávelverdadeiramente independenteedãomaiorcredibilidadeaosdadosobtidos. Contudo, devemos ressaltar que, na literatura, apenas o colapsoinspiratóriodaVCIeavariac¸ãodoVTIAocomaEPP
foramvalidadoscomoumsinalderesponsividadeaovolume empacientescomrespirac¸ãoespontânea.50
Em nosso estudo, os resultados obtidos com os parâ-metros dinâmicos foram todos coincidentes: não houve variac¸ão estatisticamente significativa em qualquer deles entre os períodos pré- e pós-jejum, mesmo quando con-sideramos o subgrupo de voluntários com jejum mais prolongado.
Emboraessesdadossugiramfortementequeojejumnão teminfluênciasignificativasobreoestadohemodinâmicodo paciente,nósoconsideramosimportanteparaprovarqueos métodosusadosforamsuficientementesensíveispara detec-tar alterac¸ões na pré-carga e que umresultado negativo nãorefletiria,portanto, umafaltadesensibilidade, esim umaverdadeirafaltadeefeito.Portanto,colocamosessas variáveisà provaao analisarsuas evoluc¸õesapós a mano-bradeEPP.Sabendoqueessamanobramobiliza300-500mL desanguedosmembrosinferioresparaacirculac¸ão,como mencionadoanteriormente,seavariávelusadaforsensível osuficienteparadetectarumamudanc¸adessamagnitude, entãoeladeveapresentaralterac¸õescomesseteste.
Aanálisedosresultadosobtidoslevouaconclusões inte-ressantes.
Primeiro,avariac¸ãorespiratóriadaVCI(eseuíndicede colapsibilidade),umíndicedepré-cargaamplamenteusado naliteratura,nãopassounessetesteporque,deforma con-sistente, nãoapresentou alterac¸ão com o uso daEPP.Tal resultado leva ao questionamento da sensibilidade desse índiceparaousonapráticaclínica.
OVTIAo,noentanto,alterouconsistentementecomaEPP,
tornouaVTIAo comEPPavariávelpreferidaparaavaliar
aresponsividadeaovolume(e,portanto,avaliaraposic¸ão doindivíduona curvadeFrank-Starling)em nossoestudo. Perceber que essa nãoalterou após osperíodos de jejum indicaumaverdadeiraausênciadeefeitodessaentidadeno estadohemodinâmicodoindivíduo.
Também pudemos usaressa variável paraclassificar os voluntários quanto à responsividade ao volume, conside-rando que respondentes sãoaqueles nosquais a EPP leva a um aumento significativo (10-15%)51 do volume sistó-lico (fig. 3) [e, por conseguinte, do VTIAo, dado que o
V
olume sistólico
Pré-carga
A B
C D
Figura3 Quandoumindivíduoestánoramoascendenteda curvade Frank-Starling,um aumento adequadoda pré-carga (comooobtidocomamanobradeEPP)levaaumaumentode 10-15%dovolumesistólico.
volumesistólico(VS)=VTIAo×AST(áreadesecc¸ão
transver-sal−queéconsideradaconstante)].Noperíodopré-jejum, dez indivíduos (aproximadamente um terc¸o) estavam no ramo ascendente da curva de Frank-Starling (i. é, eram respondentes ao volume). Se o período de jejum tivesse causadoumareduc¸ão dapré-carga,eradeseesperarque a posic¸ão média dos voluntários fosse deslocada para a esquerdadacurvae quepelo menosalguns dos21 indiví-duosnãoresponsivosantesdojejummigrassemparaoramo ascendentedacurva.Porém,taleventonãoocorreue,após ojejum,onúmerodeindivíduosresponsivosaovolumefoi precisamenteo mesmo deantesdo jejum(n =10), o que maisumavezconfirmaoachadodequeojejumnãoalterou aposic¸ãodosvoluntáriosnacurvadeFrank-Starling,nemos tornoumaisaprimoráveispelacargadelíquidos,pelomenos emcondic¸ãonormaldenãoanestesia.
Limitac¸õesdoestudo
Opresenteestudotemalgumaslimitac¸ões quedevemser consideradas.
Primeiro,édeamploconhecimentoquea ecocardiogra-fiaéumatecnologiaquedependentemuitodooperador,o quepodedistorcerosresultadoscasodiferentes operado-resobtenhamresultadosqueserãoanalisadosemconjunto. Parareduziropotencialdeviés,todososexamesforam fei-tospelomesmooperador eanalisadosposteriormentepor umobservadorindependente.
Tambémdevemosreconhecerqueestenãofoiumestudo cego.Para evitar que pré-concepc¸ões involuntárias inter-ferissem na análise, todas as mensurac¸ões foram feitas off-lineemordem aleatória,enãosequencialmente,com aidentificac¸ãoindividualcodificadademodoaevitar uma associac¸ãoimediatadosresultados.
valor dep<0,05. Os indivíduos avaliados eramtodos ASA I e II, sem comorbidades cardiovasculares. Portanto, os resultadosobtidos nãodevem ser diretamente extrapola-dos para outras populac¸ões de pacientes, mas servir de reflexãopara o manejo maisapropriado de pacientes em estadonãograveosuficienteparamerecerousorotineiro detécnicasinvasivasdemonitorac¸ãonoperíodo intraope-ratório.
Devemos considerar também a possibilidade de que o ritmocircadiano podeterinterferidonos resultados, con-siderando que uma avaliac¸ão foi feita no fim da tarde enquanto outra foifeitano iníciodamanhã. Noentanto, ousopreferencialdevariáveisdinâmicaspré-carga propor-cionaumaconfianc¸amaiornosresultadosobtidosediminui essainterferência.
Finalmente,seriainteressantesabercomoesses resulta-dosno pré-operatóriose relacionariamcom osvalores no intraoperatório,mastalnãofoipossívelporqueesseestudo foifeitocomvoluntários,enãocompacientescirúrgicos.
Conclusão
Opresenteestudomostrouque,emvoluntáriossem comor-bidadescardiovasculares,umperíododejejumnãoparece alterarsuasposic¸õesnacurvadeFrank-Starling.Isso signi-ficaque,provavelmente,acargadelíquidosrotineira não beneficiapacientescomparáveisagendadosparacirurgias. Ofatodeosperíodosnosquaisosvoluntários permanece-ram em jejum terem sido muito superiores aos indicados conferemaisconsistênciaaessesresultados,embora estu-dosadicionaisquecomparemosdadosrelativosaoperíodo intraoperatóriocomosdopré-operatóriosejambem-vindos. Finalmente,devemosmencionarqueavariac¸ãodo inte-gralvelocidade-tempodofluxotransaórticocomamanobra deEPPemergiucomoavariávelmaisconfiávelparaestimar aposic¸ãodoindivíduonacurvadeFrank-Starling.Essa esti-mativatorna essavariáveladequada nãoapenaspara fins investigativos,comonestecaso,mastambémparaorientar aterapiadereposic¸ãodelíquidosclinicamente.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
AtodososprofissionaisdoLaboratóriodeEcocardiografiado HospitalSantaCruzemLisboa,ondeainvestigac¸ãofoifeita; aoServic¸odeAnestesiologiadoCentroHospitalardeLisboa Ocidental(Lisboa,Portugal)portorná-lapossíveleatodos osvoluntários, que de bom grado e desinteressadamente participaramdoestudo,peloapoioresoluto.
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