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As diferenças nos fazem extraordinários!

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Academic year: 2021

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As diferenças nos fazem extraordinários!

Resumo: O presente trabalho é um relato da prática do Estágio de Docência em Português I da Licenciatura em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele foi realizado com uma turma de 6º ano de uma escola estadual da zona sul de Porto Alegre e tratou dos temas bullying e inclusão a partir do livro (2012) e do filme (2017) “Extraordinário”, de R. J. Palacio. A turma visitou a sala de recursos da escola, refletiu sobre a semântica da flexão de grau dos substantivos e adjetivos, assistiu a palestras de pessoas com deficiência, realizou pesquisas em duplas no laboratório de informática e apresentou seminários ao fim do estágio. Espera-se que o projeto de estágio tenha contribuído para a formação cidadã e escolar dos estudantes, ao tratar de um importante gênero acadêmico e de temas tão relevantes para a sociedade. Palavras-chave: Bullying; Estágio; Inclusão; Português; Seminário.

Introdução

O presente trabalho é um relato da prática do Estágio de Docência em Português I da Licenciatura em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele foi realizado com uma turma de 6º ano de uma escola estadual da zona sul de Porto Alegre que possuía quatro períodos semanais de português, sendo cada um de 1 hora. Havia vinte estudantes de 10 a 13 anos e um de 16, sendo um terço da turma composto por meninos e dois terços por meninas.

A ideia para o projeto “As diferenças nos fazem extraordinários!” surgiu da conversa inicial com a professora de português da escola. Ela falou da necessidade de se trabalhar com o bullying na turma, algo que se mostrou evidente durante as observações.

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Como sugestão de leituras, estavam o livro (2012) e o filme (2017) “Extraordinário”, de R. J. Palacio. O único pedido da professora, no entanto, foi que o projeto englobasse o estudo de alguma flexão dos substantivos e adjetivos. Foi escolhida a flexão de grau, uma vez que seu uso pode estar presente no bullying ao denotar certos preconceitos.

Apesar de a história não tratar de nenhuma deficiência, foi relacionado o tema

bullying com a inclusão de pessoas com deficiência. Essa decisão foi realizada, pois

nenhum aluno conhecia a sala de recursos da escola, e nenhum deles possuía alguma deficiência. Além disso, tampouco conheciam o laboratório de informática, o que revelou a necessidade de preparar os estudantes para a pesquisa.

Projeto

O projeto “As diferenças nos fazem extraordinários!” envolveu leitura, reflexão linguística, pesquisa e produção textual, tanto oral quanto escrita. O gênero estudado e produzido foi “seminário”, com apresentação em duplas ao final do estágio sobre

bullying e a inclusão de pessoas com deficiência.

O trabalho em duplas foi extremamente necessário, pois havia dois estudantes novos em aula e uma estudante que se encontrava isolada entre seus colegas. Como objetivos do estágio, buscou-se contribuir para a formação cidadã dos alunos, promover o respeito às diferenças, incentivar o gosto pela leitura, estimular a pesquisa e o conhecimento sobre a inclusão de pessoas com deficiência, trabalhar com o gênero “seminário” e refletir sobre a semântica da flexão de grau dos substantivos e adjetivos a partir de seu uso no texto.

Foram doados vinte e um exemplares do livro “Extraordinário”, sendo um para cada estudante. Eles ficaram fascinados por receberem livros, pois não costumam

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trabalhar com a leitura em sala de aula e tampouco têm cadastro na biblioteca da escola - há que pagar uma taxa anual.

Nas primeiras semanas, lemos e discutimos em aula os capítulos iniciais do livro, que trata de um menino cujo rosto passou por 27 cirurgias ao longo de seus dez anos de vida e que só entraria na escola na quinta série - nosso sexto ano. Conversamos sobre a história e a realidade, discutindo sobre a escola e o bullying. Como produção inicial, eles apresentaram em duplas o que havia de positivo e de negativo na escola, segundo suas próprias opiniões.

Alguns prepararam cartazes, outros escreveram o que queriam dizer em uma folha de caderno, mas o que todos fizeram foi ler em voz alta o que estava escrito. Além disso, em vários casos apenas uma pessoa da dupla falou, e a outra apenas segurou o papel.

Para trabalhar o gênero “seminário”, seria necessário que eles vissem exemplos antes, para então perceber que o texto escrito deve servir apenas como auxiliar na apresentação. Por isso, preparei um seminário sobre a inclusão de pessoas com deficiência para apresentar à turma e também levei palestras TED de pessoas com deficiência.

Após a leitura dos primeiros capítulos do livro, vimos o filme em sala e na aula seguinte debatemos suas impressões e reflexões acerca da história. Para estudar a flexão de grau dos substantivos e dos adjetivos, refletimos sobre como ela era empregada no livro e também no texto “Diminutivos”, de Martha Medeiros.

Utilizamos para estudar a flexão de grau principalmente o capítulo intitulado “voltando para casa”. O texto traz diversos exemplos da flexão, apresentando o nome do diretor da escola como Sr. Buzanfa e caçoando sobre seus possíveis filhos bunzinhos. As crianças riram um monte durante a leitura e as atividades.

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Como exemplos de atividades, após compreensão global do capítulo, propus questões para identificar o uso da flexão de grau no texto, responder quais as razões para os personagens usarem a flexão, reescrever as frases com a flexão de grau normal e discutir a mudança de sentido, entre outras. Por fim, debatemos sobre o uso que fazemos da flexão de grau em nosso dia a dia, seus possíveis sentidos positivos e negativos e o eventual caráter preconceituoso e ofensivo. Para encerrar a aula, lemos o texto de Martha Medeiros sobre os diminutivos, o que fez a turma rir, mas também denunciar os casos em que veem o diminutivo ser utilizado para menosprezar alguém.

Como dito anteriormente, havia casos de bullying na turma, e eles foram ressaltados na discussão sobre a flexão de grau, especialmente em relação ao diminutivo. O bullying passou de algo da ficção para a realidade dos alunos, que começaram a denunciar os colegas que apelidavam os outros. Foi realizado então um cartaz em aula com compromissos coletivos. As crianças combinaram que estava proibido agredir o colega (verbal ou fisicamente) e praticar bullying. Como consequência para quem não cumprisse o combinado, a pessoa deveria “pagar um mico” na frente da sala. Por fim, todos assinaram e penduraram o cartaz na parede.

A turma também combinou que, a cada aula, dois colegas seriam ajudantes contra o bullying, prestando atenção para que ninguém o praticasse. Foi uma prática interessante, pois os próprios alunos se monitoravam.

Depois de conversarmos sobre o bullying e fazermos o cartaz com os compromissos da turma, começamos a pensar sobre como deveria ser a apresentação oral. Para isso, assistimos a algumas pessoas com deficiência palestrando no TED, como a Mariana Torquato, a Mila Guedes e a Maysoon Zayid. Foi muito importante ouvirmos essas pessoas falando sobre deficiência, preconceito e inclusão.

Os vídeos deram mais conhecimento aos alunos sobre o que estávamos estudando, preparando-os então para a visita à sala de recursos da escola. Lá, ouvimos

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mostrou a sala e falou sobre seu trabalho com os estudantes. Os alunos puderam esclarecer suas dúvidas e entender melhor como funciona a inclusão de pessoas com deficiência na escola.

Após havermos trabalhado com o livro, o filme, as palestras e a flexão de grau dos substantivos e adjetivos e havermos visitado a sala de recursos, estávamos prontos para a pesquisa. Sendo assim, expliquei a proposta de em duplas eles pesquisarem no laboratório de informática sobre algum tópico que mais lhes chamou a atenção no que estudamos e os auxiliei no uso dos computadores para a organização das apresentações, que receberam comentários para a reescrita.

Ao fim do estágio, houve a apresentação dos seminários em duplas. A turma ficou bastante animada de aprender a organizar uma apresentação nos computadores e de poder apresentar aquilo que quiseram pesquisar. Claro que ainda havia pontos a serem aperfeiçoados, como manejo melhor do tempo e o cuidado para parafrasear o que é lido nas fontes de pesquisa, e não apenas copiar. No entanto, o esforço de todos para tentar não ler durante a apresentação e para dividir a fala com o colega já significou que haviam entendido o gênero.

A avaliação, conforme havia sido combinada com a turma no início do estágio, foi processual e contínua. Os critérios avaliados foram a presença, a participação e o engajamento nas atividades propostas, além da realização das produções textuais solicitadas.

Além da avaliação realizada por mim, houve a avaliação realizada por eles. Na última semana, foi pedido inicialmente que eles escrevessem uma carta para mim, avaliando a si mesmos e aos colegas. Depois, escreveram uma carta diretamente para minha professora da universidade, desta vez avaliando minha atuação no estágio e o projeto desenvolvido.

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Considerações Finais

Foi maravilhoso realizar o estágio com a turma. Eles se engajaram no projeto, se entusiasmaram com a história, com a visita à sala de recursos e com o trabalho de pesquisa na sala de informática.

Algo que me chamou a atenção é o gosto que eles têm pelo trabalho em equipe. Vários comentaram que gostam de trabalhar em dupla e de discutir sobre os textos no grande grupo. Também disseram que adoram sentar em roda. Na hora de apresentar o trabalho para os colegas, no entanto, alguns comentaram que se sentiram um pouco envergonhados.

Apesar da timidez inicial, foi muito produtivo trabalhar com o gênero “seminário”. Além de eles praticarem a pesquisa e o gênero na escola, puderam trabalhar em duplas e compartilhar com os colegas aquilo que aprenderam, aprofundando o que já havíamos trabalhado coletivamente.

Seguindo a Base Nacional Comum Curricular, buscou-se no ensino da língua uma formação para a atuação em atividades do dia a dia, no espaço familiar e escolar, uma formação que contempla a produção do conhecimento e a pesquisa; o exercício da cidadania, que envolve, por exemplo, a condição de se inteirar dos fatos do mundo e opinar sobre eles, de poder propor pautas de discussão e soluções de problemas, como forma de vislumbrar formas de atuação na vida pública. (BRASIL, 2017, p.82)

Buscou-se isso através do trabalho com a leitura, a reflexão linguística, a pesquisa e a produção textual. Espera-se que o projeto de estágio tenha contribuído para a formação cidadã e escolar dos estudantes, ao tratar de um importante gênero acadêmico e de temas tão relevantes para a sociedade.

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Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB/CNE, 2017. GUEDES, Mila. Espaços deficientes. Youtube, 4 de nov. de 2016. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=MvmfX9zO93E>. Acesso em 12 de set. de 2018. MEDEIROS, Martha. Diminutivos. Disponível em

<https://www.pensador.com/frase/NTIwMTI0/> Acesso em 12 de set. de 2018. PALACIO, R.J. Extraordinário. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

TORQUATO, Mariana. Nasci sem um braço, e agora? Youtube, 28 de nov. de 2017. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=M8T6wl4wXbQ>. Acesso em 12 de set. de 2018.

ZAYID, Maysoon. Tenho 99 problemas e a paralisia cerebral é apenas um deles. Youtube, 23 de maio de 2014. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=XtNRhcqDQ_o&list=PL8n0ChDd9TvOGwYT_qsN McsQfp0aAgBBf>. Acesso em 12 de set. De 2018.

Referências

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