EFICIÊNCIA COMPARATIVA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NA QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODÃO CULTIVADO NO MUNICÍPIO DE SALGADO DE SÃO FÉLIX-PB
Magna Maria Macedo Ferreira (magna.m.m.ferreira@bol.com.br), Gilvan Barbosa Ferreira (Embrapa Algodão), José Pires Dantas (UEPB).
RESUMO - Com o objetivo de estudar o efeito da adubação orgânica no algodoeiro, foi instalado um
experimento de campo, onde foi adotado o delineamento em blocos ao acaso no esquema fatorial 3 x 2 + 6, com 3 repetições. Foi empregado o esterco bovino nas doses 2,5; 5,0 e 10,0 t/ha, na ausência e na presença de adubação com P e K. Os tratamentos adicionais foram: 1) Testemunha absoluta; 2) Adubação com NPK + micronutrientes; 3) Adubação com NPK; 4) Esterco bovino na dose de 5,0 t/ha + adubação com NPK; 5) Esterco bovino na dose de 5,0 t/ha + adubação com P; e 6) Esterco bovino na dose de 10,0 t/ha aplicado em área total. Os resultados permitiram as seguintes conclusões: 1) A adubação NPK proporcionou uma melhor maturidade das fibras em relação à adubação com esterco; 2) Tanto faz que a adubação orgânica seja aplicada no sulco de plantio ou em área total; 3) A adubação PK aumentou a resistência da fibra do algodão; e 4) A adição de K à adubação orgânica melhorou a resistência e a maturidade das fibras de algodão, no entanto diminuiu o alongamento das mesmas.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum L., esterco bovino, nutrição mineral.
COMPARATIVE EFFICIENCY OF THE ORGANIC FERTILIZATION IN QUALITY OF THE FIBER OF THE COTTON CULTIVATED IN MUNICIPAL DISTRICT OF SALGADO DE SÃO FÉLIX-PB ABSTRACT - With the objective of studying the effect of organic fertilization in cotton plants, a field
experiment was installed, where it was adopted the experiment in randomized blocks in factorial scheme 3 x 2 + 6, with three repetitions. The bovine manure was used in the doses 2.5, 5.0 and 10.0 t/ha, in the absence and in the fertilization presence with P and K. The additional treatments were: 1) Absolute witness; 2) Fertilization with NPK + micronutrients; 3) Fertilization with NPK; 4) Bovine manure in dose of 5.0 t/ha + fertilization with NPK; 5) Bovine manure in dose of 5.0 t/ha + P fertilization; and 6) Bovine manure in dose of 10.0 t/ha applied in total area. The results allowed the following conclusions: 1) The NPK fertilization provided a better maturity of the fibers in relation to the fertilization with manure; 2) So much does that the organic fertilization is applied in the planting furrow or in total area; 3) The PK fertilization increased the fiber resistance of cotton; and 8) The addition of K to the organic fertilization improved the resistance and the maturity of the cotton fibers, however it reduced the prolongation of the same ones.
INTRODUÇÃO
A cultura do algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) no semi-árido nordestino, que corresponde a mais de 70% do total do Nordeste, foi e continua sendo uma das principais atividades do meio rural, predominando a cotonicultura de pequeno produtor, que utiliza a mão-de-obra familiar, com elevada importância social e econômica, para centenas de municípios zoneados para o cultivo desta planta (EMBRAPA, 2003).
Para que o algodoeiro produza seu potencial é necessário o controle adequado no manejo dos nutrientes no solo. Assim, as adubações utilizadas, tanto a mineral quanto a orgânica, devem ser balanceadas de forma a permitir que a planta expresse o seu potencial de produção em quantidade e qualidade. Isso deve ser esperado se as demais condições de manejo forem igualmente otimizadas e adotadas (EMBRAPA, 2000).
Nas últimas décadas, tem-se dado muita importância às características qualitativas de interesse na determinação do valor final da fibra de algodão. Essas características são o resultado de um complexo processo biológico, desencadeado desde o florescimento até a abertura dos capulhos, durante um período variável de 50 a 70 dias, depois dos quais se obtém a fibra de algodão, com as suas principais características físicas e químicas (KONDO & SABINO, sd; CORREA, 1965, apud SANTANA e WANDERLEY, 1995).
Dentre as propriedades físicas da fibra do algodão, destacam-se: comprimento e uniformidade de comprimento, finura, maturidade, resistência, alongamento, cor, brilho, sedosidade, formação de “neps”, impurezas, aderência e fricção (SANTANA e WANDERLEY, 1995).
Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo especular se a adubação orgânica exerce alguma influência sobre os aspectos qualitativos da fibra do algodão cultivado no município de Salgado de São Félix-PB, visando aprimorar os sistemas de fertilização da cultura na agricultura familiar do estado da Paraíba.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido ao nível de campo, na Fazenda Bom Sossego, município de Salgado de São Félix-PB, em conformidade com as recomendações técnicas vigentes. As precipitações pluviométricas no município vizinho, Itabaiana, segundo dados da SEMARH (2005), foram de 115,5; 166,7; 115,3 e 18,5 mm nos meses de abril, maio, julho e agosto de 2004, respectivamente. O total de chuvas neste ano foi de 854 mm. Segundo SUDENE (1990) citada por SEMARH (2005), médias de, no mínimo, 30 anos, no mesmo município, são: 38,9; 60,0; 106,4; 117,6; 116,9; 112,5; 93,3; 48,7; 28,1; 12,0; 13,4 e 21,9 mm, de janeiro a dezembro, respectivamente, sendo a média anual de 770,6 mm.
A área foi preparada com as correções, arações e gradagens necessárias para a implantação da cultura, que ocorreu no dia 26 de abril de 2004. A condução pretendeu evitar limitações do crescimento potencial do algodoeiro cv. BRS 8H por estresses bióticos e abióticos possíveis. O experimento foi conduzido em regime de sequeiro.
A adubação básica foi realizada de acordo com os resultados da análise de solo (Tab. 1) e com os diferentes tratamentos estudados no experimento.
Tabela 1. Análise do solo da Fazenda Bom Sossego, município de Salgado de São Félix - PB. Profundidade (cm) 0-20 20-40 pH em água (1:2,5) 5,7 4,8 Ca++ 16,0 6,0 Mg++ 7,0 13,0 Na+ 0,7 0,7 K+ 2,8 2,5 S 26,5 22,2 H+Al 12,7 18,3 Complexo Sortivo (mmolc/dm3) T 39,2 40,5 % V 68 55 mmolc/dm3 Al3+ 1,0 4,5 mg/dm3 P 7,3 2,2 g/kg M.O. 8,3 5,9
Foi adotado o delineamento em blocos ao acaso no esquema fatorial 3 x 2 + 6, com três repetições, totalizando 12 tratamentos e 36 parcelas experimentais. Foi empregado o esterco bovino como fonte de N nas doses 2,5; 5,0 e 10,0 t/ha, na ausência e na presença de adubação com P2O5 e
K2O, nas doses de 80,0 e 60,0 kg/ha, respectivamente. Os tratamentos adicionais foram: 1)
Testemunha absoluta, com dose zero de esterco e de NPK; 2) Adubação completa com NPK, nas doses de 60,0; 80,0 e 60,0 kg/ha de N, P2O5 e K2O, respectivamente + micronutrientes; 3) Adubação
completa com NPK; 4) Esterco bovino na dose de 5,0 t/ha + adubação completa com NPK; 5) Esterco bovino na dose de 5,0 t/ha + adubação com P2O5 na dose de 80 kg/ha; e 6) Esterco bovino na dose de
10,0 t/ha aplicado em área total, a lanço.
A parcela experimental foi constituída de uma área de 5,4 m de largura x 6,0 m de comprimento, resultando em uma área total de 32,4 m2. O espaçamento adotado para o algodoeiro foi
o de fileira simples de 0,9 m x 0,2 m.
A adubação com nitrogênio e potássio foi feita em plantio e em cobertura (60 dias após a instalação dos experimentos), utilizando-se metade da dose recomendada no plantio e a outra metade em cobertura. A adubação com o esterco bovino, o superfosfato simples e os micronutrientes foi feita toda no plantio.
Os adubos utilizados no plantio foram: Esterco bovino, Sulfato de Amônia (S.A., 20% de N); Superfosfato Simples (SSP, 18% de P2O5); e Cloreto de Potássio (KCl, 60% de K2O). Para alcançar o
nível desejado de micronutrientes, foi utilizada 2 vezes a mistura de 9,0 kg de Bórax + 4,0 kg de Sulfato de Cobre + 5,0 kg de Sulfato de Ferro + 4,0 kg de Sulfato de Manganês + 5,0 kg de Sulfato de Zinco. Os adubos utilizados em cobertura foram Uréia (45% de N) e KCl.
Para a distribuição dos adubos de plantio, no campo, fez-se uma medida de cada adubo utilizado e aplicou-se diretamente na linha de plantio aberta a 10 cm de profundidade. Fechou-se a linha e dispôs-se a semente de algodão 5 cm ao lado e acima do adubo, evitando-se o contato do mesmo com a semente. Na adubação de cobertura, aplicou-se o adubo em linha cavada a 5 cm de profundidade, distanciada 30 cm do caule das plantas.
As variáveis referentes à qualidade da fibra do algodão avaliadas foram: peso médio de capulho, comprimento, % de uniformidade, índice de fibras curtas, resistência, % de alongamento à ruptura, índice micronaire, maturidade, % de reflectância, grau de amarelo e índice de fiabilidade, tomadas de 36 amostras (capulhos) retiradas ao acaso entre as plantas úteis da parcela.
Os dados foram submetidos às análises de variância e de regressão pelo programa SAEG 5,0 da Universidade Federal de Viçosa. Na análise de regressão, foram ajustados modelos relacionando-se as variáveis dependentes acima citadas às doses de esterco utilizadas. Os modelos de regressão testados foram: lineares, quadráticos e cúbicos. Escolheu-se o modelo com base no significado biológico; na significância dos coeficientes de regressão a 10; 5; 1 e 0,1% de probabilidade, pelo teste F; e no maior coeficiente de determinação (R2). Foram testados contrastes de interesse prático pelo
teste F aos níveis de 10; 5; 1 e 0,1% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes à eficiência comparativa da adubação orgânica na qualidade da fibra do algodão cv. BRS 8H cultivado no município de Salgado de São Félix - PB encontram-se nas Tabelas 2 e 3.
Tabela 2. Análise de variância (valores de quadrados médios) dos dados referentes à eficiência comparativa da adubação
orgânica no município de Salgado de São Félix - PB sobre a qualidade da fibra do algodão cv. BRS 8H.
Fator GL PMC UHM UNF SFI STR ELG MIC MAT Rd +b CSP
Bloco 2 0,1878 0,0969 1,5419 0,0769 5,6936 2,0886 0,0008 0,4444 4,4236 0,0033 3911,6 Tratamento 11 0,7932*** 0,2603 1,4387* 0,2069 6,9178 0,7706 0,0661 0,9596 4,347 0,054 2432,1 Efeito do esterco 2 0,3072o 0,4506 0,2156 0,1172 5,7317 0,3717 0,0117 0,2222 0,2372 0,0067 620,7 Linear 1 0,5619* 0,6706 0,1335 0,12 4,8889 0,3004 0 0,254 0,2115 0,0057 7,0 Quadrático 1 0,0525 0,2305 0,2976 0,1144 6,5744 0,443 0,0233 0,1905 0,263 0,0076 1234,3 Ef.eito do PK 1 0,7606* 0,18 1,3889 0,1089 12,6672o 1,62 0,02 1,3889 1,445 0,0672 40,5 Ef. PK x Esterco 2 0,0172 0,155 0,6689 0,1806 9,9239o 1,0417 0,0017 0,2222 4,2117 0,0156 1152,7 Esterco d/PK=0 2 0,2233 0,4411 2311 0,2878 0,5144 1,29 0,01 0,3333 2,6678 0,0144 931,0 Linear 1 0,3779o 0,8584 0,3251 0,3889 0,0229 0,5207 0,0007 0,0714 0,1906 0,0287 1011,5 Quadrático 1 0,0688 0,0238 0,1371 0,1867 1,006 2,0593 0,0193 0,5952 5,145 0,0002 850,5 Est. d/PK=80-40 2 0,10111 0,1644 0,6533 0,01 15,1411* 0,1233 0,0033 0,1111 1,7811 0,0078 842,3 Linear 1 0,19841 0,0537 0,0029 0,0179 8,8536 0,0029 0,0007 0,1984 1,1813 0,0039 1263,5 Quadrático 1 0,00381 0,2752 1,3038 0,0021 21,4286* 0,2438 0,006 0,0238 2,3809 0,0117 421,2 Contrastes.de interesse: C1 1 0,0017 0,0150 0,1350 0,0267 9,1267 1,4017 0,0017 0,6667 0,0817 0,0017 181,5 C2 1 0,0817 0,1667 0,2400 0,2817 12,0417o 3,5267o 0,0267 2,6667* 3,8400 0,0150 1944 C3 1 0,0250 0,0218 0,0588 0,2351 2,1468 0,1960 0,0640 1,6000o 3,3254 0,0934 1322,5 Resíduo 22 0,1193 0,4430 0,5171 0,3106 3,8739 0,8610 0,0627 0,5354 5,0636 0,0994 2357,13
PMC: Peso médio de capulho, em g; UHM: Comprimento da fibra, em mm; UNF: Uniformidade da fibra, em %; SFI: Índice de fibras curtas, em %; STR: Resistência, em gf/tex; ELG: Alongamento à ruptura, em %; MIC: Índice micronaire, em µg/in; MAT: Maturidade, em %; Rd: Reflectância, em %; +b: Grau de amarelo; e CSP: Índice de fiabilidade.
Contrastes de interesse: C1=Adubação com 10 t/ha de esterco aplicado localmente vs. Adubação com 10 t/ha de esterco aplicado em área total; C2=Adubação com 5 t/ha de esterco + PK vs. Adubação com 5 t/ha de esterco + P; e C3=Adubação com 2,5; 5,0 ou 10,0 t/ha de esterco vs. Adubação NPK.
Significância: o: 0,05 < F < 0,10: 10% de probabilidade; *: 0,01 < F < 0,05: 5% de probabilidade; *** : F < 0,001: 0,1% de probabilidade
Tabela 3. Médias dos dados referentes à eficiência comparativa da adubação orgânica no município de Salgado de São
Fator PMC UHM UNF SFI STR ELG MIC MAT Rd +b CSP Efeito geral da adubação orgânica
2,5 t/ha de esterco 6,1L 29,2 82,6 3,5 28,1 8,2 4,4 88,5 78,1 9,2 2177,2 5,0 t/ha de esterco 6,4L 28,8 82,9 3,3 29,9 8,7 4,3 88,2 78,5 9,2 2196,8 10,0 t/ha de esterco 6,6L 28,7 82,8 3,3 29,6 8,6 4,4 88,2 78,5 9,3 2182,5 Efeito geral do PK 00-00 kg/ha 6,2 29,0 83,1 3,3 28,4 8,8 4,3 88,0 78,1 9,2 2187,0 80-40 kg/ha 6,6 28,8 82,5 3,4 30,1 8,2 4,4 88,6 78,6 9,3 2184,0 * o Esterco d/PK=00-00 2,5 t/ha de esterco 5,9L 29,4 83,0 3,6 28,6 8,1 4,4 88,3 77,5 9,1 2189,3 5,0 t/ha de esterco 6,2L 29,0 82,8 3,1 27,9 9,4 4,3 87,7 79,2 9,1 2203,3 10,0 t/ha de esterco 6,4L 28,6 83,4 3,1 28,6 8,9 4,4 88,0 77,5 9,2 2168,3 Esterco d/PK=80-40 2,5 t/ha de esterco 6,4 29,1 82,2 3,4 27,6Q 8,3 4,4 88,7 78,7 9,3 2165,0 5,0 t/ha de esterco 6,6 28,6 83,0 3,4 31,9Q 8,0 4,4 88,7 77,8 9,2 2190,3 10,0 t/ha de esterco 6,8 28,8 82,3 3,5 30,7Q 8,3 4,4 88,3 79,4 9,3 2196,7 Contrastes de interesse: C1 1,0 0,0 0,1 -0,3 -0,1 -2,5 1,0 0,0 -0,7 0,2 0,0 C2 -0,2 -0,3 -0,4 0,4 2,8o -1,5o 0,1 1,3* -1,6 0,1 -36,0 C3 -0,1 -0,1 -0,1 -0,3 -0,8 0,2 -0,1 -0,7 o 1,0 -0,2 19,2 Média 6,3 29, 83,2 3,3 29,5 8,6 4,4 88,3 78,2 9,2 2193,2 S 0,4 0,7 0,7 0,6 2,0 0,9 0,3 0,7 2,3 0,3 48,6 CV (%) 5,4 2,3 0,9 17,0 6,7 10,8 5,7 0,8 2,9 3,4 2,2
PMC: Peso médio de capulho, em g; UHM: Comprimento da fibra, em mm; UNF: Uniformidade da fibra, em %; SFI: Índice de fibras curtas, em %; STR: Resistência, em gf/tex; ELG: Alongamento à ruptura, em %; MIC: Índice micronaire, em µg/in; MAT: Maturidade, em %; Rd: Reflectância, em %; +b: Grau de amarelo; e CSP: Índice de fiabilidade.
Contrastes de interesse: C1=Adubação com 10 t/ha de esterco aplicado localmente vs. Adubação com 10 t/ha de esterco aplicado em área total; C2=Adubação com 5 t/ha de esterco + PK vs. Adubação com 5 t/ha de esterco + P; e C3=Adubação com 2,5; 5,0 ou 10,0 t/ha de esterco vs. Adubação NPK.
L: Efeito Linear; Q: Efeito Quadrático.
*,o: Significativos a 5 e 10% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
A adubação PK aumentou a resistência da fibra do algodão e a utilização de esterco, apenas na presença de PK, aumentou quadraticamente esta variável de qualidade da fibra, alcançando um máximo na dose de 7,04 kg/ha de esterco bovino (Tabs. 2 e 3). O P aumenta a fotossíntese e as reações de transferência de C. Já o K aumenta a translocação de carboidratos na planta. A fibra do algodão possui 99,9% de celulose. Desta forma, em solos deficientes em P e K, como o do presente experimento, o aumento das doses desses nutrientes aumenta o efeito da fotossíntese assim como a translocação de C fixado para a fibra do caroço, resultando num produto melhor formado e com maior resistência. Apesar das expectativas, apenas a resistência da fibra foi alterada significativamente pela presença de PK.
A aplicação de 10 t/ha de esterco aplicado no sulco de plantio teve um efeito equivalente a esta mesma dose aplicada em área total, a lanço, em relação aos dados de qualidade da fibra do algodão (Tabs. 2 e 3, Contraste C1). Isto significa que não houve variação significativa na fertilidade do solo acessada pelas raízes quando o esterco foi aplicado de forma diferenciada.
A presença de K, associado ao uso de 5 t/ha de esterco + 80 kg/ha de P2O5, melhorou
significativamente a resistência e a maturidade da fibra do algodão, diminuindo o alongamento, também de forma significativa, quando comparada à ausência (Tabs. 2 e 3, Contraste C2). O K aumenta a translocação de carboidratos dentro da planta, aumentando a resistência da fibra. A redução do alongamento não tem sido explicada na literatura, provavelmente os dados para esta variável são inconsistentes.
A média das doses de esterco aplicadas, na ausência do PK, não se diferenciou das médias das doses de NPK isoladas, exceto para a variável maturidade da fibra de algodão, que foi positiva e significativamente afetada pelas doses de NPK (Tabs. 2 e 3, Contraste 3), provavelmente pela melhor nutrição da planta com nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes, o que favoreceu uma melhor formação das fibras.
CONCLUSÕES
1. A adubação NPK proporcionou uma melhor maturidade das fibras em relação à adubação com esterco. Tanto faz que a adubação orgânica seja aplicada no sulco de plantio ou em área total;
2. A adubação PK aumentou a resistência da fibra do algodão;
3. A adição de K à adubação orgânica melhorou a resistência e a maturidade das fibras, no entanto diminuiu o alongamento das mesmas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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econômica. 1993. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Algodão/AlgodaoAgriculturaFamiliar/importa
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SANTANA, J. C. F.; WANDERLEY, M. J. R. Interpretação de resultados de análises de fibras,
efetuadas pelo instrumento de alto volume (HVI) e pelo finurímetro-maturímetro (FMT2). Campina Grande: Embrapa - CNPA, 1995. 9 p. (Embrapa - CNPA. Comunicado Técnico).
SEMARH. Monitoramento das chuvas. 2005. Disponível em: