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Direito do consumidor à informação

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Academic year: 2021

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SANDRA NARA ROMAGNA RINALDI

DIREITO DO CONSUMIDOR À INFORMAÇÃO: ESTUDO SOBRE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Tubarão 2011

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SANDRA NARA ROMAGNA RINALDI

DIREITO DO CONSUMIDOR À INFORMAÇÃO: ESTUDO SOBRE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Fábio Zabot Holthausen, Msc.

Tubarão 2011

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SANDRA NARA ROMAGNA RINALDI

DIREITO DO CONSUMIDOR À INFORMAÇÃO: ESTUDO SOBRE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pelo Curso de graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 21 de novembro de 2011.

_______________________________________ Prof. e Orientador Fábio Zabot Holthausen, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Prof. Eron Pinter Pizzolatti

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Prof. Fabio Abul Hiss

(4)

Dedico este trabalho, aos meus pais, que sempre transmitiram a luz, iluminando meu caminho e ensinando a ter confiança para vencer todos os desafios.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que sempre se manifestou em todos os momentos, mostrando-me a direção.

À minha família, meu marido Cristiano, meus filhos Laís e Lucas, pela preciosa oportunidade que me concederam aceitando e compreendendo minha ausência nos momentos em que foi necessário.

Aos professores do Curso de Direito da UNISUL, pela dedicação e conhecimento que transmitiram durante toda a trajetória.

Aos meus colegas do Curso de Direito Noturno, que tornaram as aulas em agradáveis momentos, de modo especial às minhas amigas Aline e Christiane que partilharam em todas as etapas, sempre incentivando à conclusão do curso.

Ao professor Vilson Leonel por todo auxílio e acompanhamento dispensados durante a confecção do presente trabalho.

Ao meu orientador, Msc. Fábio Zabot Holthausen, por todo o conhecimento e confiança depositados em mim o que possibilitou a conclusão deste.

Enfim, a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão do Curso de Direito.

(6)

"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer." – Albert Einstein

(7)

RESUMO

A presente pesquisa objetiva analisar as informações contidas nos rótulos de produtos alimentícios industrializados e como são repassados aos consumidores. Para isso, utilizou-se o método de abordagem hipotético-dedutivo, tendo em vista que parte de proposições gerais de direito do consumidor, para depois verificar como estão dispostas as informações nos rótulos de alimentos que passaram por processos industriais. Quanto à pesquisa, foi utilizado o método de abordagem qualitativo, pois foi desenvolvida uma análise subjetiva do problema. Quanto aos procedimentos adotados para a coleta de dados, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, tendo em vista que é a modalidade mais apropriada para tratar do tema, em razão das teorias sobre direito do consumidor e direito à informação, publicadas em doutrinas e legislações específicas. Juntamente com a bibliográfica, foi utilizada a pesquisa documental, pois com base na exposição teórica, foram analisados os rótulos de alguns alimentos industrializados selecionados no período de janeiro a setembro de 2011. A partir do levantamento de dados observou-se que nem todos os produtos contêm informações claras e de fácil compreensão pelo consumidor, no mais, alguns pecam na omissão de dados essenciais. Conclui-se, dessa forma, que há informações, mas em alguns casos não estão adequadas ao entendimento do consumidor, ora pela disposição que são apresentadas, ora pela insuficiência de dados relacionados.

(8)

ABSTRACT

The present study aims to analyze the information contained on the labels of processed food products and how they are passed on to consumers. For this, it was used the method of hypothetical-deductive approach, given that part of the general propositions of consumer law, and then see how willing the information on labels of foods that have gone through industrial processes. The research was performed using the method of qualitative approach, was developed as a subjective analysis of the problem. The procedures adopted for data collection, literature search was used, considering that is the mode most appropriate to address the issue, because of the theories about consumer rights and right to information published in specific doctrines and laws. Along with literature, research document was used because the basis of theoretical exposition, we analyzed the labels of some processed foods selected in the period from January to September of 2011. From the survey data showed that not all products contain clear and easily understood by the consumer at the most, some sin in the omission of critical data. It concludes, therefore, that there is information, but in some cases are not adequate to understanding the consumer, sometimes by the provision are presented, sometimes by the lack of related data.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 1 – Embalagem de café moído sem informações nutricionais. Fotografia 2 – Embalagem de café moído sem informações nutricionais. Fotografia 3 – Embalagem de requeijão com informações confusas.

Fotografia 4 – Embalagem de biscoito com ingredientes químicos de forma quase ilegível. Fotografia 5 – Embalagem de água de coco.

Fotografia 6 - Embalagem de alimento com soja. Fotografia 7 - Rótulo de refrigerante que induz a erro.

(10)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CDC – Código de Defesa do Consumidor

CF – Constituição Federal

CFN – Conselho Federal de Nutricionistas

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial

NUT-UNB – Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília ONU – Organização das Nações Unidas

PROCON – Proteção ao Consumidor RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 DIREITO DO CONSUMIDOR ... 18

2.1 SURGIMENTO DAS NORMAS CONSUMERITAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ... 18

2.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR ... 21

2.3 DIREITOS DO CONSUMIDOR NAS RELAÇÕES DE CONSUMO ... 23

3 DIREITO À INFORMAÇÃO ... 25

3.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ... 25

3.2 A PROPAGANDA E A PUBLICIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO ... 27

3.3 INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS CONTIDAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS ... 29

3.3.1 Clareza das informações ... 31

3.3.2 Substâncias potencialmente danosas ... 32

4 INFORMAÇÕES DISPOSTAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS ... 34

4.1 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES RESPONSÁVEIS PELOS DADOS DOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. ... 34

4.2 PREVISÃO LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PRODUTOR PERANTE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS ... 36

4.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS INDUSTRIALIZADOS SELECIONADOS.. ... 39

5 CONCLUSÃO ... 46

6 REFERÊNCIAS ... 48

ANEXOS ... 50

ANEXO 1 – Andamento do Projeto de Lei nº. 5921/2001 ... 51

ANEXO 2 – Decreto-Lei n º. 986 de 21 de outubro de 1969 ... 66

ANEXO 3 – Manual de Orientações aos Consumidores – Educação para o consumo saudável ... 80

(12)

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, as questões envolvendo direitos do consumidor, passaram a ter maior importância em decorrência do aumento considerável das relações de consumo. Com isso, surge a necessidade de regramentos específicos.

O estudo do presente trabalho abrange o direito do consumidor à informação, em especial, no que se refere às informações contidas nos rótulos de alimentos industrializados. Ressalta-se que há proteção constitucional e legislação específica, mas no entanto é necessário observar se estas normas são realmente adequadas conforme o padrão estipulado para os produtos alimentícios industrializados no Brasil.

Na pesquisa proposta, serão abordados os direitos do consumidor, dando maior ênfase ao direito à informação, pois normalmente é pelo rótulo do alimento que o consumidor vai verificar a possibilidade ou não da utilização do mesmo. Em alguns casos as informações nutricionais não estão dispostas de forma adequada, conforme o que regem as normas vigentes.

A informação deve ser clara e objetiva, pois o consumidor tem por direito conhecer mais, ser melhor instruído, receber e reconhecer as informações, para dessa forma, ter seu direito garantido e melhorar sua qualidade de vida.

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Sobre a pesquisa que ora se apresenta, é de suma importância delimitar o tema e formular o problema. Acerca disso, Leonel e Motta asseveram que “delimitar significa indicar a abrangência do estudo, ou seja, é estabelecer a extensão e compreensão do assunto. [...] o tema problematizado indica a especificidade do objeto e marca, propriamente, o início da investigação.”1

1

LEONEL, Vilson; MOTTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e pesquisa: livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2007. p. 114-115.

(13)

A Constituição Federal de 1988 traz um rol extenso de direitos e garantias fundamentais, que visam a proteção do cidadão. Dentre esses direitos está o direito à informação, que é considerado um direito básico do consumidor.

No ramo do direito do consumidor, a informação é considerada um dos pilares de sustentação das relações de consumo, tendo em vista que o consumidor tem necessidade de saber o que está adquirindo, seus componentes e os riscos que eventualmente poderá sofrer.

Dessa forma, possuem maior importância, os produtos alimentícios, tendo em vista que, a ausência de informação adequada de todas as substâncias contidas nos alimentos, pode acarretar sérios danos à pessoa a curto, ou longo prazo.

Neste sentido, é de extrema importância que os componentes encontrados nos alimentos industrializados, sejam informados de forma clara e de fácil compreensão para o consumidor.

Diante de tais circunstâncias surge uma questão de extrema relevância: o direito à informação é um direito garantido constitucionalmente, mas ele é aplicado de forma adequada?

1.2 JUSTIFICATIVA

A inserção do direito à informação dentre os direitos fundamentais traz uma maior garantia a sua aplicação, merecendo ainda mais importância, tal direito, nas relações de consumo.

Destaca-se que as relações de consumo aumentaram significativamente, da mesma forma, como o surgimento de inúmeros produtos oferecidos aos consumidores. No mesmo sentido, as campanhas publicitárias ofertam produtos que nem sempre condizem com a realidade, e acabam por influenciar as pessoas a adquiri-los sem conhecer sua composição.

Sendo assim, é importante observar se este direito está sendo devidamente aplicado, tendo em vista que, na falta de informação, o sujeito mais vulnerável das relações de consumo poderá sofrer sérios danos se houver alguma substância a que for alérgico, no alimento.

(14)

No mais, sabe-se que no processo de industrialização, aos produtos são agregados diversos aditivos químicos que a longo ou médio prazo, podem favorecer o aparecimento de diversas doenças. Neste sentido é direito do consumidor, saber quais são estas substâncias a fim de decidir ou não pelo consumo do alimento.

O tema aborda a atualidade, pois com o desenvolvimento econômico, a preocupação com a defesa do consumidor torna-se imperiosa, haja vista serem, muitos os problemas a serem enfrentados.

A pesquisa justifica-se pela importância do direito à informação ao consumidor, especialmente no que diz respeito às informações contidas em rótulos de alimentos industrializados.

Ante o exposto, mostra-se relevante o estudo sobre o direito à informação, pois é de suma importância avaliar se na realidade o dever do fornecedor condiz com o direito fundamental do consumidor, garantido pela Constituição Federal.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Verificar se o direito à informação do consumidor é devidamente aplicado, especialmente em relação aos produtos alimentícios, no que tange a todos os componentes inseridos nos alimentos.

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos da monografia são:

a) Verificar se o direito à informação é acessível ao consumidor conforme estabelecido na norma vigente;

(15)

b) Levantar em alguns produtos alimentícios industrializados, se a apresentação de suas substâncias nos rótulos são suficientes;

c) Elencar em diferentes produtos como é repassado ao consumidor as informações de seus componentes.

1.4 CONCEITOS OPERACIONAIS

Os termos do problema nesta pesquisa assumem os seguintes significados:

Dever de informar: dever do fabricante de alimentos, de informar ao consumidor os aditivos químicos contidos nos alimentos, de forma clara e objetiva.

Direito à informação: Direito fundamental inserido na Constituição Federal, que consiste em conhecer claramente o que se consome. Através das definições, Almeida afirma que “[...] o consumidor tem o direito de consumir produtos e serviços eficientes e seguros, é intuitivo que deve ser ele informado adequadamente acerca do consumo dos produtos e serviços, notadamente no que se refere à especificação correta de quantidade, característica, composição[...].”2

Direitos fundamentais: “[...] direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado [...].”3

Relação de Consumo: É bilateral, pressupõe de um lado o fornecedor, de outro o consumidor.

Fornecedor: “[...] pode tomar a forma de fabricante, produtor, importador, comerciante e prestador de serviço, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços a terceiros [...].”4

Consumidor: É aquele que adquire os bens e serviços oferecidos. Para Almeida, “[...] é aquele subordinado às condições e interesses impostos pelo titular dos bens ou serviços no atendimento de suas necessidades de consumo.”5

2

ALMEIDA, João Batista. Manual de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 67-68. 3

SARLET, Ingo Wolfgang, A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. p. 31.

4

ALMEIDA, op. cit., p. 17. 5

(16)

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa científica tem por finalidade a obtenção de um conhecimento específico, e deve ser planejada de forma sistemática e seguir rigorosos critérios metodológicos. Segundo Heerdt e Leonel, “pesquisa é um processo de investigação que se interessa em descobrir as relações existentes entre os aspectos que envolvem os fatos, fenômenos, situações ou coisas”.6

O método de abordagem a ser utilizado no trabalho será o hipotético-dedutivo, o qual “não se limita à generalização empírica das observações, vendo o mundo como existindo, independentemente da apreciação do observador.”.7 Com efeito, se partirá da consagração do direito à informação do consumidor como direito fundamental, para em seguida realizar as verificações.

A pesquisa será realizada utilizando-se do método de procedimento monográfico que, segundo Leonel e Motta, “consiste no estudo minucioso e contextualizado de determinados sujeitos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações.”8

Neste estudo, será utilizado como método de abordagem, a pesquisa qualitativa, pois será desenvolvida uma análise subjetiva do problema, e segundo Minayo (Org.) et. al, ao analisar os dados qualitativamente, podemos “[...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado.”9

Nesta pesquisa será utilizada a pesquisa bibliográfica como procedimento para a coleta de dados, tendo em vista que é o tipo de pesquisa mais apropriada para analisar o tema estudado, por conseguinte que, a pesquisa bibliográfica “tem como objetivo colocar o

6

HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia Científica. 2. ed. Palhoça: Unisul Virtual, 2005. p.65. 7

LEONEL; MOTTA, 2007, p.69. 8

Ibid., p. 74. 9

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.) et. al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 69.

(17)

pesquisador a par de tudo o que foi escrito sobre determinado assunto.”10 Da mesma forma, como fonte de coleta de dados, serão utilizados doutrina, legislação e documentos.

1.6 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS

O desenvolvimento da monografia será estruturada em três capítulos conforme o que será exposto a seguir.

Inicialmente, será abordado o Direito do Consumidor, como ramo novo do direito, bem como o surgimento das normas consumeristas na legislação brasileira, e da mesma forma, a proteção do consumidor efetivada pela Constituição Federal de 1988. Diante da importância, serão analisados os direitos do consumidor nas relações de consumo.

No capítulo seguinte, busca-se estudar o direito à informação, seu conceito, a publicidade e a propaganda nas relações de consumo. No mesmo sentido, as informações que devem constar nos rótulos de alimentos, suas substâncias potencialmente danosas e a clareza destas informações.

No último capítulo, serão discutidas as informações contidas nos rótulos de alimentos industrializados, e para isso foram selecionados alguns rótulos destes produtos. Há regulamentação acerca destas informações, principalmente no que diz respeito às informações nutricionais. Estas regras são de suma importância, tendo em vista que podem conferir mais segurança à população.

É necessário que se compreenda primeiramente, as regras a serem seguidas neste ramo, para depois analisar se as mesmas estão sendo aplicadas.

Será realizado um estudo sobre os órgãos regulamentadores destes produtos, bem como a responsabilidade do produtor pelos danos causados aos consumidores.

Por fim, será feita uma análise dos dados contidos nos rótulos de produtos alimentícios que passam por algum processo de industrialização.

10

MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica: para o curso de direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 56.

(18)

A verificação será efetuada relacionando os produtos selecionados com as regras das normas vigentes, a fim de identificar possíveis falhas ou omissões por parte dos fornecedores.

(19)
(20)

2 DIREITO DO CONSUMIDOR

Primeiramente, para iniciar os estudos do tema proposto da pesquisa que ora se apresenta, faz-se necessário analisar a evolução das relações de consumo, bem como sua normatização na legislação brasileira.

2.1 SURGIMENTO DAS NORMAS CONSUMERISTAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Prefacialmente, cumpre destacar que por muito tempo a legislação brasileira permaneceu inerte face as problemáticas envolvendo as relações de consumo, “[...] coube à jurisprudência a construção de normas mais adequadas à justa solução dos casos concretos com base nas regras do sistema tradicional do Código Civil.”1

O direito do consumidor é matéria relativamente nova, visa proteger um sujeito de direitos, o consumidor, em todas as relações jurídicas envolvendo consumo. Neste sentido, Antônio Herman Benjamim, Claudia Lima Marques e Leonardo Roscoe Bessa, asseveram que:

O chamado direito do consumidor é um ramo novo do direito, disciplina transversal entre o direito privado e o direito público, que visa proteger um sujeito de direitos, o consumidor, em todas as suas relações jurídicas frente ao fornecedor, um profissional, empresário ou comerciante. De fato, o sujeito de direitos que este ramo transversal tutela, o consumidor, seus interesses individuais e coletivos, foi reconhecido pelo direito não faz muito tempo. [...] surgiu fortemente nos anos 60-70 do século XX.2 (grifo do autor)

Dessa forma, tem-se que a tutela aos direitos do consumidor, passou a ter importância com o desenvolvimento econômico da sociedade, à medida que as relações mercantis evoluíram. Assim, viu-se a necessidade de regramentos acerca dessas relações entre fornecedor e consumidor. Em 1985, a Organização das Nações Unidas (ONU), consolidou a

1

SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 24.

2

BENJAMIN, Antônio Herman; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 2. ed. rev., e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 25.

(21)

ideia de que se trata de um direito humano de nova geração, um direito de igualdade do mais fraco, do cidadão frente aos fornecedores, empresários considerados fortes.3

A fim de regrar o disposto na Constituição Federal (CF), surge em 1990, a Lei nº. 8.0784, mais popularmente conhecida como, Código de Defesa do Consumidor (CDC). O artigo 6º da referida lei, expõe os direitos do consumidor que resumidamente, podemos afirmar como sendo: direito à segurança, direito à educação para o consumo, direito à informação, direito à proteção contratual, direito à indenização e direito à melhoria dos serviços públicos.

Apesar de todos estes direitos serem de grande importância, na presente pesquisa, ganha maior ênfase o direito à informação, que para Almeida, “há estreita relação com o direito à segurança, pois se o consumidor tem o direito de consumir produtos e serviços eficientes e seguros, é intuitivo que deve ser ele informado adequadamente acerca do consumo dos produtos e serviços, [...].”5

Com o crescimento populacional e sua consequente evolução econômica, surgiram novas preocupações, dentre elas, as relações de consumo. É de suma importância observar o que se pretende titular quando propõe-se a discutir as relações de consumo. Desta forma, pode-se afirmar que:

As relações de consumo são bilaterais, pressupondo numa ponta o fornecedor – que pode tomar a forma de fabricante, produtor, importador, comerciante e prestador de serviço -, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços a terceiros, e, na outra ponta, o consumidor, aquele subordinado às condições e interesses impostos pelo titular dos bens ou serviços no atendimento de suas necessidades de consumo.6

Considerando que as relações de consumo evoluíram enormemente nos últimos tempos, desde operações de simples troca de mercadorias, à sofisticadas operações de compra e venda, como era de se esperar, essa modificação proporcionou a tomada de consciência de que o consumidor estava desprotegido e necessitava, portanto, de resposta legal protetiva.7

No mais, o consumo está presente na vida de todos e em todas as fases de crescimento do ser humano. Dessa forma, Almeida afirma que:

3

BENJAMIN; MARQUES; BESSA, 2009, p. 26. 4

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011.

5

ALMEIDA, João Batista. Manual de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 67. 6

Ibid., p. 17-18. 7

(22)

O consumo é parte indissociável do cotidiano do ser humano. [...] Todos nós somos consumidores. Independentemente da classe social e da faixa de renda, consumimos desde o nascimento e em todos os períodos de nossa existência. Por motivos variados, que vão desde a necessidade da sobrevivência até o consumo por simples desejo, o consumo pelo consumo. 8

Importante ainda ressaltar que, o consumidor é manifestamente parte vulnerável no binômio consumidor X fornecedor. Dessa forma, é necessário que tenha proteção suficiente para assegurar seus direitos. Benjamin, Marques e Bessa, corroboram no sentido de que “o CDC tem como princípio básico o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I) e a necessidade da presença do Estado no mercado para proteger este sujeito de direitos [...].”9

Nesta senda, é importante verificar o que se entende por consumidor. A Lei nº 8.078/90 (CDC), define consumidor em seu artigo 2º, que dispõe: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”10 No mesmo sentido, Rizzatto Nunes, afirma que:

Consumidor é a pessoa física, a pessoa natural e também a pessoa jurídica. Quanto a esta última, a norma não faz distinção, trata-se de toda e qualquer pessoa jurídica, quer seja uma microempresa, quer seja uma multinacional, pessoa jurídica civil ou comercial, associação, fundação, etc.11

Ainda de acordo com Almeida, consumidor é aquele que “adquire (compra diretamente) ou que, mesmo não tendo adquirido, utiliza (usa em proveito próprio ou de outrem) produto ou serviço [...].”12 (grifo do autor)

Sendo a relação de consumo bilateral, é importante destacar o conceito de fornecedor, o CDC, em seu artigo 3º, dispõe da seguinte forma:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 13

Para que a relação de consumo exista, é necessário o delineamento do objeto dessa relação, ou seja, produto ou serviço. Neste sentido o CDC menciona em seu artigo 3º, §1º que “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.”.14 E ainda, no mesmo artigo, em seu § 2º, especifica que “Serviço é qualquer atividade fornecida no

8

ALMEIDA, 2010, p. 17. 9

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 58. 10

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 11

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 2. ed. rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 72.

12

ALMEIDA, op. cit., p. 59 13

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 14

(23)

mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”15

Dessa forma, reconheceu-se o desequilíbrio e a desproteção em termos legislativos, determinando assim a legitimação dos direitos de defesa do consumidor. Ressalta-se que a Constituição Federal de 1988 foi a primeira base normativa a regrar as relações de consumo no Brasil, e será analisado no item que segue.

2.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

No Brasil, a origem da tutela do consumidor, está na Constituição Federal16 de 1988, tanto no que diz respeito a um direito fundamental, explicitado no art. 5º, XXXII17, como princípio da ordem econômica no artigo 170, V.18

Salienta-se que o direito do consumidor por ser fundamental, merece maior respeito. Silva, ao tratar da aplicabilidade e eficácia dos direito fundamentais assim ensina:

A Constituição é expressa sobre o assunto, quando estatui que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. [...] Por regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitos econômicos e sociais tendem a sê-lo também na Constituição vigente, mas algumas especialmente as que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta.19

15

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 16

BRASIL. Constituição. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011.

17

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; [...].” BRASIL. Constituição. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, loc. cit.

18

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]V - defesa do consumidor; [...].” BRASIL. Constituição. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, loc. cit.

19

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 180.

(24)

Os princípios constitucionais são os pilares, alicerces, sobre os quais se constrói todo o sistema jurídico, dando estrutura e coesão e devem ser estritamente obedecidos.20A noção da figura do consumidor equipara-se a do cidadão, todos os princípios e normas são também extensivos à pessoa física.

Diante disso os que dizem respeito à questão dos direitos e garantias do consumidor, são vários, alguns implícitos, outros explícitos. Neste sentido, é importante destacar os princípios constitucionais balizadores da proteção ao consumidor. De acordo com Rizzato Nunes21, são eles: soberania, dignidade da pessoa humana, liberdade, justiça, solidariedade, isonomia, direito à vida, direito à intimidade, vida privada, honra e imagem, informação, princípios gerais da atividade econômica, princípio da eficiência e da publicidade.

Serão abordados os de maior importância para a presente pesquisa, inicialmente, sobre soberania que “[...] é um princípio fundamental do Estado brasileiro, [...] e implica sua autodeterminação com independência territorial, de modo pode, por isso pôr e impor normas jurídicas na órbita interna e relacionar-se com os demais Estados do planeta na ordem internacional.”22

Outro princípio de suma importância é o da dignidade da pessoa humana, pois é “[...] o último arcabouço da guarida dos direitos individuais e o primeiro fundamento de todo o sistema constitucional. [...] todo ser humano tem dignidade só pelo fato já de ser pessoa.”23

Por fim, aborda-se o princípio da informação O direito de informação na constituição figura sob três espécies, que são: direito de informar, direito de se informar e direito de ser informado. O direito de informar é conferido pela Constituição; os outros dois são obrigações.24

O direito à informação está ligado ao princípio da transparência e ambos integram na interdisciplinaridade com o direito civil, o princípio da boa-fé objetiva.25 É importante

20

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 2.ed. rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 9.

21

Ibid., p. VII -VIII. 22

Ibid., p. 17. 23

Ibid., loc. cit. 24

Ibid., p. 49. 25

MORAIS, Ezequiel. A publicidade, o consumidor e a boa-fé objetiva: Análise interdisciplinar. CONSULEX. Brasília, v. 15, n. 349, p. 38, 01 ago 2011.

(25)

ressaltar que, todos os princípios devem ser interpretados de forma harmônica, para que um não exclua o outro.

É muito importante realçar que, o princípio da informação será abordado com maiores detalhes no decorrer da pesquisa, visto ser o motivo determinante que constitui o presente estudo.

2.3 DIREITOS DO CONSUMIDOR NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Os direitos relativos à proteção do consumidor nas relações de consumo foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da resolução nº. 32/248, de 10 de abril de 1985. São eles: direito à segurança, direito à informação, educação para o consumo, proteção contratual, direito à indenização e direito à melhoria dos serviços públicos.26

Apesar de todos estes direitos serem importantes, serão analisados apenas os mais relevantes para a pesquisa que ora se apresenta. Primeiramente, o direito à segurança, o CDC em seu artigo 8º27, contém normas que garantem a proteção à saúde e segurança dos consumidores, e ao mesmo tempo, estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor pela reparação de danos causados, no seu artigo 1228. Acerca disso, Agostinho Oli Koppe Pereira, Henrique Mioranza Koppe Pereira e Cleide Calgaro, afirmam que

Em termos de proteção ao consumidor, pode-se dizer que a vida, a saúde e a segurança são os elementos que merecem mais atenção de parte dos estudiosos, devido à sua fundamental importância, uma vez que é nesse âmbito que ocorre os

26

ALMEIDA, 2010, p. 65. 27

“Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

28

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. [...].” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

(26)

maiores danos ao consumidor, que, não raras vezes, assumem proporções catastróficas, como é o caso de intoxicações coletivas, [...].”29

Importante destacar também, o direito à indenização, que garante o direito à reparação dos danos eventualmente causados por algum produto ou serviço, e no mesmo sentido, este direito atua também como forma de prevenção de ocorrência de danos. “[...] Estipulando obrigações ao fornecedor, quer responsabilizando-o por danos e defeitos, quer restringindo a autonomia da vontade dos contratos, quer criminalizando condutas.”30

Não obstante, os direitos do consumidor nas relações de consumo, estão regulados também com o direito à educação para o consumo, que pode ser entendido da seguinte forma:

É primordial que o consumidor seja educado para o consumo, a fim de que aumente o seu nível de consciência e ele possa enfrentar os percalços do mercado. Educação formal é aquela incluída nos currículos escolares, e informal a que deriva dos meios de comunicação social. Objetiva-se dotar o consumidor de conhecimentos acerca da fruição adequada de bens e serviços, de tal sorte que ele possa, sozinho, optar e decidir, exercendo agora outro direito, o de liberdade de escolha entre os vários produtos e serviços de boa qualidade colocados no mercado (art. 6º, II, 1ª e 2ª partes).31

Por fim, tem-se o direito à informação que possui estrita ligação com o direito à segurança. O consumidor deve ser informado adequadamente sobre os produtos e serviços no que se refere à especificação de quantidade, característica, composição, bem como os riscos que eles apresentem.

Os direitos do consumidor foram normatizados com o intuito de proteger o mesmo, considerado parte vulnerável da relação de consumo. Na realidade, o fornecedor é a parte mais esclarecida neste binômio, neste sentido é necessário que haja equidade entre as partes. O direito à informação, como dito anteriormente, pela sua relevância será melhor analisado no capítulo seguinte.

29

PEREIRA, Oli Koppe; PEREIRA Mioranza Koppe; CALGARO, Cleide. A prevenção como elemento de proteção ao consumidor: a saúde e segurança do consumidor no Código de Proteção e Defesa do Consumidor brasileiro. Revista de direito do consumidor. São Paulo, n. 63, p. 11, jul/set. 2007.

30

ALMEIDA, 2010, p. 68 31

(27)

3 DIREITO À INFORMAÇÃO

O direito à informação é uma garantia muito importante na defesa do consumidor, é essencial, tendo em vista que está previsto na Constituição Federal de 1988, e ganhou mais força em 1990, com a edição do CDC.

Este direito básico, o direito à informação, no CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor, parte mais fraca nas relações de consumo. Por ser delineador da pesquisa merece um enfoque especial, e por consequência, melhor abordagem.

3.1 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

Tendo em vista a relevância das informações nas relações de consumo, cumpre destacar o que se entende por dever de informar e direito de ser informado. Jorge Alberto Quadros de carvalho Silva, afirma que:

O direito à informação adequada e clara resulta do princípio da transparência, referido no caput do art. 4º do CDC. Corresponde a ele o dever dos fornecedores de informar, de modo inteligível e apropriado, os consumidores sobre os diferentes produtos e serviços, com a especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como a respeito dos riscos que apresentam. Isso significa que o CDC substituiu a regra do [...] (acautele-se o comprador), segundo a qual era o consumidor quem tinha de buscar as informações que desejasse sobre o produto ou serviço, pela regra do [...] (acautele-se o vendedor), conforme a qual, cabe ao fornecedor dar todas as informações sobre o produto ou serviço, resguardado, é claro, o segredo industrial.1

O CDC reconheceu que a informação é o princípio básico para a efetividade da proteção do consumidor face ao fornecedor, tendo em vista que é a parte mais vulnerável deste binômio. Acerca disso, possui grande ligação com a informação, a transparência, pois é necessário que a informação prestada seja de fácil entendimento pelo consumidor médio.

1

MARQUES, Claudia Lima apud SILVA, CARVALHO, José Alberto Quadros de. Código de Defesa do Consumidor Anotado e legislação complementar. 6.ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 49-50.

(28)

Importante ressaltar que em 2003 foi editado o Decreto nº. 4.6802 de 24 de abril de 2003, regulamentando o direito à informação que é garantido pelo CDC. Este decreto dispõe sobre os alimentos modificados geneticamente, os chamados alimentos transgênicos.

A informação além de ser clara e de fácil compreensão, deve ser objetiva, como o artigo 4º, III3, impõe, realizando a transparência no mercado de consumo, objetivada pelo artigo citado. Sendo assim, se é direito do consumidor ser informado, este, deve ser cumprido pelo fornecedor.4

No mesmo artigo citado acima, tem-se a figura da boa-fé, que pode ser classificada como subjetiva e objetiva. “[...] a boa-fé objetiva que é a que está presente no CDC pode ser definida, grosso modo, como sendo uma regra de conduta, isto é, o dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo.”5 (grifo do autor)

Em relação à boa-fé subjetiva, entende-se que “[...] diz respeito à ignorância de uma pessoa acerca de um fato modificador, impeditivo ou violador de seu direito. É, pois, a falsa crença sobre determinada situação pela qual o detentor do direito acredita em sua legitimidade, porque desconhece a verdadeira situação.”6

2

BRASIL. Decreto nº. 4.680 de 24 de abril de 2003. Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento das demais normas aplicáveis. Disponível em:

<http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98701/decreto-4680-03>. Acesso em: 07 out 2011. 3

“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: [...] III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; [...]”BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.

Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011. 4

BENJAMIN, Antônio Herman; MARQUES, Claudia Lima e BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 58.

5

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 2.ed. rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 127-128.

6

(29)

Importa ressaltar que, em relação à boa-fé, esta deve ser recíproca, ou seja, tanto o fornecedor quanto o consumidor precisa ater-se a esta regra, de modo que o que é imoral para o fornecedor, também é imoral para o consumidor.7

O direito à informação constitui grande ferramenta do consumidor, pois é dessa forma que ele vai decidir pelo consumo ou não do produto. Merece ainda maior atenção quando se fala em alimentos.

Importante ainda salientar que o consumidor é manifestamente parte vulnerável no binômio consumidor X fornecedor. Dessa forma, é necessário que tenha proteção suficiente, para que seus direitos sejam efetivamente assegurados. Benjamin, Marques e Bessa, corroboram no sentido de que “o CDC tem como princípio básico o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I) e a necessidade da presença do Estado no mercado para proteger este sujeito de direitos [...].”8

Ressalta-se que as informações oferecidas pelo fornecedor, especialmente no que diz respeito às substâncias que compõem os produtos alimentícios, devem ser de fácil entendimento para o consumidor que não possui conhecimentos acerca de elementos químicos, por exemplo. Importa destacar que, em todas as relações de consumo, deve preponderar a boa-fé. Dessa forma, todas as partes serão respeitadas, sobretudo, o consumidor.

Diante do exposto, é de suma importância verificar também, como ocorre a publicidade envolvendo alimentos industrializados. Sendo assim, será analisado no item seguinte, a publicidade e a propaganda, especialmente no que diz respeito aos produtos alimentícios.

3.2 A PROPAGANDA E A PUBLICIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

7

JÚNIOR, Humberto Theodoro. Direitos do Consumidor: a busca de um ponto de equilíbrio entre as garantias do Código de Defesa do Consumidor e os princípios gerais do Direito Civil e do Processo Civil. 6. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 376.

8

(30)

A fim de iniciar os estudos acerca de propaganda e publicidade, importa destacar que há diferenciação entre estes dois institutos, embora no país, estes dois termos sejam utilizados de forma indistinta.

Acerca disso, Benjamin, Marques e Bessa, afirmam que:

Não se confundem publicidade e propaganda, embora, no dia-a-dia do mercado, os dois termos sejam utilizados um pelo outro. A publicidade tem um objetivo comercial, enquanto a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, filosófico, político, econômico ou social. Fora isso, a publicidade, além de paga, identifica seu patrocinador, o que nem sempre ocorre com a propaganda. O Código de Defesa do Consumidor não cuida de propaganda, seu objeto é só, e tão-só, a publicidade.9

Dessa forma, vê-se que a propaganda tem por objetivo informar o consumidor, já a publicidade, tem por escopo incentivar o consumo, induzir o consumidor à compra do produto.

Neste sentido, há que se ponderar a liberdade de expressão nas relações comerciais, sobretudo, no que diz respeito à publicidade:

Na ordem do momento, surgem à tona os conflitos entre os grandes grupos econômicos e o movimento civil organizado. Em discussão, as propostas legislativas que pretendem recriar restrições à publicidade de alimentos não saudáveis (aqueles que, por razões científicas, já se confirmaram como ameaças à saúde dos indivíduos, quando consumidos em excesso e sem a devida informação sobre os seus risco), e à publicidade que se dirige às crianças, claramente se aproveitando de suas condições naturais de hipossuficiência, falta de senso crítico, credulidade, inocência, e de todas as características que atribuem a esse público a proteção especial das normas de direitos humanos.10

Diante do problema, não resta dúvida que as empresas que trabalham com gêneros alimentícios investem fortemente na publicidade, atentas aos lucros desse mercado promissor, fazendo referências e propagando benefícios nem sempre verdadeiros, com o intuito de angariar consumidores.

Por outro lado, frequentemente nos deparamos com ações que visam conscientizar a população sobre o uso e o consumo apropriado dos alimentos, informando e incentivando o público a adotar atitudes e condutas saudáveis. Neste sentido, há o projeto de lei nº 5.921, de 2001, que trata da publicidade destinada a promover a venda de produtos infantis. Em 17 de maio de 2011, o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) promoveu um debate sobre o referido projeto de lei, “o destaque do evento foi a proposta de inclusão do §2ºA no artigo 37,

9

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p.196. 10

BRITTO, Igor Rodrigues. & consumo: liberdade de expressão, ética e direito do consumidor. Consulex. Brasília, v. 15, n. 349, p. 28.1 ago 2011.

(31)

que propõe: ‘É também proibida a publicidade destinada a promover a venda de produtos infantis, assim considerados aqueles destinados apenas à criança.’”11

Com efeito, quando a publicidade passa a influenciar um público desprotegido de esclarecimentos como, por exemplo, as crianças, pelo colorido ou desenhos infantis, é necessário ater-se às formas como estas informações estão dispostas.

Importa destacar que, a publicidade deixou de ter papel apenas informativo para adentrar na vida do cidadão e dessa forma, mudar hábitos e ditar comportamentos. No mais, é um instrumento poderosíssimo de influência sobre o consumidor, nas relações de consumo.12 Ressalta-se que o CDC não faz restrição à atividade publicitária, apenas a publicidade irregular, anormal e prejudicial ao consumidor, o que não caracteriza inibição ou interferência indevida na liberdade de criação e expressão.13

Ressalta-se que a publicidade pode ainda ser enganosa e abusiva. Será enganosa quando conter falsa informação ou comunicação hábil a induzir ao erro o consumidor , sendo que, pode ser enganosa por omissão quando deixa de informar sobre algum dado essencial do produto ou do serviço, capaz de influenciar a decisão do consumidor. No que tange à publicidade abusiva, afirma-se que é aquela capaz de levar o consumidor a determinar-se de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.14

Salienta-se ainda que, o artigo 6º, inciso IV do CDC, afirma que é direito do consumidor: “a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prática e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; [...].”15

Diante do exposto, conclui-se que é importante diferenciar propaganda de publicidade, pois são institutos que agem de forma diversa nas relações de consumo. No mesmo sentido, é relevante verificar de que maneira a disposição das informações nutricionais apresentam-se nos rótulos destes produtos alimentícios.

11

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Publicidade de Alimentos. Revista CFN. Brasília, n. 34, p. 5, maio/agosto 2011.

12

ALMEIDA, João Batista. Manual de direito do consumidor. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 112. 13

Ibid., p. 115-116. 14

SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Código de defesa do consumidor: anotado e legislação complementar. 6. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 170-171.

15

(32)

3.3 INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS CONTIDAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS

É indispensável que os consumidores tenham à disposição, informações claras e objetivas acerca de todos os elementos que compõem os alimentos industrializados, tendo em vista que, muitas substâncias químicas são alérgenas a determinadas pessoas.

As informações dispostas adequadamente no produto facilitam o seu consumo, dando maior acesso e segurança ao consumidor, principalmente no que diz respeito a nutrientes associados à doenças relacionadas à alimentação. No mesmo sentido:

As informações sobre os alimentos apresentadas nos rótulos têm sido mais um fator de segurança na hora de comprar os alimentos e incluí-los em dietas. No dia-a-dia o consumidor obtém informações sobre os alimentos das mais variadas fontes – conhecimento familiar, mídia e publicidade, educação e outros que o induzem a escolhas. Como sugerem pesquisas feitas em vários países, muitos consumidores gostam das informações nutricionais e acham que elas são importantes ao fazer escolhas alimentares. Por isso, o mais importante, é que as alegações nutricionais e de saúde expressas nos rótulos têm o compromisso de não induzir o consumidor ao erro.16

É de suma importância destacar alguns aspectos sobre os alimentos transgênicos, que são modificados geneticamente. Há regulamentação específica acerca destes alimentos, o Decreto 4.680/03, regula como estes devem ser identificados. Dessa forma o artigo 2º, dispõe o seguinte:

Art. 2º- Na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, com presença acima do limite de um por cento do produto, o consumidor deverá ser informado da natureza transgênica desse produto. § 1º Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em que estão contidos deverá constar, em destaque, no painel principal e em conjunto com o símbolo a ser definido mediante ato do Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões, dependendo do caso: "(nome do produto) transgênico", "contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico (s)" ou "produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico". § 2º O consumidor deverá ser informado sobre a espécie doadora do gene no local reservado para a identificação dos ingredientes. § 3º A informação determinada no § 1º deste artigo também deverá constar do documento fiscal, de modo que essa informação acompanhe o produto ou ingrediente em todas as etapas da cadeia produtiva. § 4º O percentual referido no caput poderá ser reduzido por decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio.

16

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Rótulos indicam valor dos alimentos em diversos países. Revista CFN, Brasília, n. 29, p. 14, set/dezembro/ 2009.

(33)

Devido à importância destas informações nos rótulos de alimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), editou em 21 de outubro de 1969, o Decreto-Lei nº. 98617, que regula a proteção do consumidor no tocante a alimentos, desde sua obtenção até o seu consumo.

Um outro instrumento posto à disposição dos consumidores, é o Manual de Orientações aos Consumidores, “Educação para o consumo saudável”, que é uma parceria da ANVISA com o Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (NUT-UNB). Este material explica de forma clara e objetiva como interpretar os rótulos dos produtos alimentícios. O consumidor deve entender adequadamente as informações, de modo que saiba efetivamente o que está adquirindo.

Neste sentido, cumpre estudar a clareza das informações no direito do consumidor, especialmente no rótulo de produtos alimentícios.

3.3.1 Clareza das informações

Em relação às informações dispostas nos rótulos de alimentos processados industrialmente, a clareza destas, torna-se de suma importância, tendo em vista que a estes alimentos são agregados diversos elementos químicos.

Acerca disso, o artigo 36 do CDC, assevera que “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.”18 O consumidor tem direito de receber informações adequadas, claras, corretas e precisas sobre os itens que compõem o alimento que está adquirindo.

No mesmo sentido, o artigo 6º do CDC, em seu inciso III, reza que é direito do consumidor: “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; [...].”19

17

ANVISA. Decreto Lei nº. 986 de 21 de outubro de 1969. Disponível em: <

http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/decreto-lei_986_69.pdf>. Acesso em: 07 out. 2011 18

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc.cit. 19

(34)

A clareza das informações está estritamente ligada ao princípio da transparência, tendo em vista que este

“[...] traduz a obrigação de o fornecedor dar ao consumidor a oportunidade de tomar conhecimento [...]. Assim, da soma dos princípios, compostos de dois deveres – o da transparência e o da informação -, fica estabelecida a obrigação de o fornecedor dar cabal informação sobre seus produtos e serviços oferecidos e colocados no mercado, [...].” 20

Em decorrência da importância da objetividade e simplicidade dos dados contidos em rótulos de alimentos processados industrialmente, o conhecimento do consumidor a respeito das informações dadas pelo fornecedor, deve ser imediato, sem que haja necessidade do mesmo buscar interpretações com outros indivíduos. Sendo assim, é necessário verificar algumas substâncias potencialmente danosas contidas em alguns produtos alimentícios industrializados.

3.3.2 Substâncias potencialmente danosas

Com o passar do tempo, a maneira de conservar e armazenar alimentos evoluiu, pois antigamente eram utilizados outros métodos para aumentar a vida útil do alimento.

Nesta senda, em 1857 através de uma análise feita em doces, constatou-se a presença de compostos metálicos para a coloração, dentre eles, o cromato de chumbo, sulfito de mercúrio, óxido de chumbo e arseniato de cobre. No entanto, foram eliminados rapidamente devido às propriedades tóxicas destas substâncias.21

Sabe-se que o sal comum (cloreto de sódio), foi certamente o primeiro conservante a ser empregado na preservação dos alimentos, principalmente as carnes. No início da civilização, tinha o seu valor garantido também como aromatizante.22 Sendo hoje, ainda utilizado para este fim. Neste sentido, afirma-se que:

[...], várias substâncias químicas são utilizadas como agentes antimicrobiais. O cloreto de sódio, ou sal de cozinha, é provavelmente o mais antigo destes agentes.

20

NUNES, 2005, p. 129-130. 21

COULTATE, T. P. Alimentos: a química de seus componentes. Tradução: Jeverson Frazzon et al., 3. ed., Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 168.

22

(35)

[...] Nitratos e nitritos são usados para inibir o crescimento da bactéria Clostridium botulinum em alimentos que contém carne crua, tais como a linguiça, o presunto, o bacon e o salame.23 (grifo do autor)

Vale salientar que sódio e sal consistem em substâncias diversas, tendo em vista que, “o sódio é um dos componentes do sal comum (Cloreto de Sódio) e são geralmente citados como sinônimos pelo fato do sal ser uma de suas principais fontes, porém não é a única.”24

Atualmente, de acordo com estudos realizados, recomenda-se a diminuição do uso do sal, pois verificou-se que algumas doenças podem ser desencadeadas ou agravadas devido ao uso excessivo.

Importa destacar que, outro elemento químico muito utilizado na conservação de alimentos, o nitrito de sódio, presente em quase todos os alimentos a base de carne, como por exemplo, salames, presuntos, mortadelas e bacon, no estômago, pode se transformar em metabólitos carcinogênicos.25

Neste diapasão, algumas medidas estão sendo tomadas a fim de reduzir o risco potencial de doenças causadas pelo sódio, dentre elas, destaca-se a seguinte:

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e as associações que representam os produtores de alimentos processados, assinaram, na quinta-feira (7), um termo de compromisso com o objetivo de reduzir gradualmente a quantidade de sódio em 16 produtos industrializados. “Este acordo com a indústria alimentícia representa um passo fundamental para que seja atingida a recomendação de consumo máximo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de 5 gramas de sal diários por pessoa, até 2020”.26

Diante do exposto, torna-se imperiosa a objetividade e a facilidade de entendimento das informações dispostas nos rótulos de alimentos, sobretudo, no que diz respeito à quantidade de sal contida no alimento.

23

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Revista Eletrônica do departamento de química. Disponível em: < http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/aditivos.html>. Acesso em 10 set. 2011.

24

GANDOUR, Marina. Sal demais, saúde de menos. Disponível em: <

http://casaunb.blogspot.com/2009/07/sal-demais-saude-de-menos.html>. Acesso em: 10 set. 2011. 25

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, loc. cit. 26

G1. Governo assina acordo para diminuir sódio em alimentos. Disponível em: <

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/04/governo-assina-acordo-para-diminuir-sodio-em-alimentos.html>. Acesso em: 11 set. 2011.

(36)

4 INFORMAÇÕES DISPOSTAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS

De acordo com o tema proposto, passa-se neste capítulo, a análise dos rótulos de produtos alimentícios industrializados. Serão abordados os órgãos responsáveis por regulamentar estes produtos e a previsão legal da responsabilidade civil dos produtores. E por fim, a análise qualitativa feita nos rótulos de alimentos selecionados.

4.1 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES RESPONSÁVEIS PELOS DADOS DOS RÓTULOS DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Tendo em vista a vulnerabilidade do consumidor face ao fornecedor, muitos são os órgãos e entidades que atuam neste setor. Dentre eles destacam-se os seguintes: Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacias do Consumidor, Associações Civis, PROCON, Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e Agências.

O artigo 1051 do CDC estabelece a abrangência do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), que é integrado por órgãos regulamentadores, fiscalizadores e sancionadores federais, estaduais, Distrito Federal e municipais e entidades privadas de defesa do consumidor.

Em todo o CDC, pode-se encontrar dispositivos que estabelecem quais são os órgãos fiscalizadores em defesa do consumidor. Nesta senda:

Para melhor compreender os órgãos públicos e entidades que integram ou colaboram com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC não basta analisar o Título IV do CDC (composto pelos arts. 105 e 106):os dispositivos que estabelecem as atribuições destas entidades estão por todo o Código de Defesa do Consumidor (arts. 4.º, 5.º, 6.º, 44, 55 a 60, 82, 97, 102, 107) e, também, em outros diplomas legais.2

1

“Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011

2

BENJAMIN, Antônio Herman; MARQUES, Claudia Lima e BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 321.

(37)

Em razão da importância na presente pesquisa, serão abordados alguns aspectos do PROCON e da ANVISA. Primeiramente, destaca-se que PROCON “[...] é a designação simplificada, com algumas pequenas variações, dos órgãos estaduais e municipais de defesa do consumidor.”3

Tendo em vista que a principal atribuição do PROCON é “[...] aplicar, diretamente, as sanções administrativas aos fornecedores que violam as norma de proteção ao consumidor, tudo em conformidade com o disposto nos arts. 55 a 60 da Lei 8.078/90.”4 Não obstante isso, para o presente estudo, possui maior relevância a ANVISA, que regula atividades relacionadas aos alimentos, sobretudo os que passaram por algum processo de industrialização.

Neste sentido, convém apresentar as atribuições desta agência, que são as seguintes:

Na área de alimentos, a Anvisa coordena, supervisiona e controla as atividades de registro, informações, inspeção, controle de riscos e estabelecimento de normas e padrões. O objetivo é garantir as ações de vigilância sanitária de alimentos, bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, limites de contaminantes e resíduos de medicamentos veterinários. Essa atuação é compartilhada com outros ministérios, como o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e com os estados e municípios, que integram o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.5

Atenta aos anseios de regramentos, a ANVISA editou uma série de Resoluções, Instruções Normativas, Portarias, Decretos e Leis específicos aos rótulos de alimentos. São estes: Resolução nº. 340/02, Portaria nº. 27/98, Resolução nº. 163/06, Decreto nº. 4.680/03, Resolução nº. 360/03, Resolução nº. 359/03, Resolução nº. 259/02 modificada pela RDC 123/04, Resolução nº. 123/04, Portaria INMETRO n°. 157/02, Portaria nº. 470/99, Lei nº. 10.674/03, Decreto nº. 4.680/03, Portaria nº. 2.658/03, Instrução Normativa nº. 1/04, Resolução n°. 13/01, Resolução nº. 39/02, Resolução nº.35/09.

Todos estes diplomas legais estão relacionados aos mais diversos aspectos da rotulagem geral de alimentos embalados, desde os geneticamente modificados (transgênicos), até água mineral natural, ovos, carnes, dentre outros.

3

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 326. 4

Ibid., p. 326. 5

ANVISA. Alimentos. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/alimentos/index.htm>. Acesso em: 21 out 2011.

(38)

4.2 PREVISÃO LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PRODUTOR PERANTE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS

Em decorrência do dano causado pelo produto, há que se falar em reparação dos mesmos. Neste sentido, primeiramente cumpre destacar quais são os danos indenizáveis. O dano é reconhecidamente inafastável da responsabilidade civil, sendo que os ditos indenizáveis no caso em tela são os patrimoniais e/ou morais. Dessa forma, na existência do dano, a indenização deverá ser a mais completa possível, a reparação é ampla, cobrindo todos os danos sofridos pela vítima.6

Neste desiderato, o artigo 6º, inciso VI, do CDC, garante o direito à indenização ao consumidor pelos danos causados por algum produto ou serviço, da seguinte forma: “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; [...].”7

Corrobora no mesmo sentido, o ilustre doutrinador Rizzato Nunes, afirmando que:

Como se sabe, a composição da indenização do dano material compreende os danos emergentes, isto é, a perda patrimonial efetivamente já ocorrida, e os chamados “lucros cessantes”, que compreendem tudo aquilo que o lesado deixou de auferir como renda líquida, em virtude do dano. No primeiro caso, apura-se o valor real da perda e manda-se pagar em dinheiro a quantia apurada. No segundo, calcula-se quanto o lesado deixou de faturar e determina-se seu pagamento.8

Neste desiderato, Eduardo Gabriel Saad, assevera que, se o produto estiver impróprio ao uso desejado pelo consumidor, este, terá direito à troca do produto ou devolução do dinheiro pago, no entanto, o fornecedor é obrigado a indenizar, se o consumidor sofrer outros prejuízos.9

No caso dos sujeitos a serem responsabilizados, em tese, todos os envolvidos com a produção e comercialização de um determinado produto deveriam ser responsáveis pela sua garantia de segurança. O direito do consumidor admitiu que alguns sujeitos são mais responsáveis que outros pelos danos causados.10 Dessa forma, pode-se dizer que o

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BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 121-122. 7

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 8

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 2.ed. rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 163.

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SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao código de defesa do consumidor: Lei nº. 8.078, de 11.9.90. rev. e ampl. 5.ed. São Paulo: LTR, 2002. p.293.

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Referências

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