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INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS CONTIDAS NOS RÓTULOS DE

No documento Direito do consumidor à informação (páginas 32-36)

É indispensável que os consumidores tenham à disposição, informações claras e objetivas acerca de todos os elementos que compõem os alimentos industrializados, tendo em vista que, muitas substâncias químicas são alérgenas a determinadas pessoas.

As informações dispostas adequadamente no produto facilitam o seu consumo, dando maior acesso e segurança ao consumidor, principalmente no que diz respeito a nutrientes associados à doenças relacionadas à alimentação. No mesmo sentido:

As informações sobre os alimentos apresentadas nos rótulos têm sido mais um fator de segurança na hora de comprar os alimentos e incluí-los em dietas. No dia-a-dia o consumidor obtém informações sobre os alimentos das mais variadas fontes – conhecimento familiar, mídia e publicidade, educação e outros que o induzem a escolhas. Como sugerem pesquisas feitas em vários países, muitos consumidores gostam das informações nutricionais e acham que elas são importantes ao fazer escolhas alimentares. Por isso, o mais importante, é que as alegações nutricionais e de saúde expressas nos rótulos têm o compromisso de não induzir o consumidor ao erro.16

É de suma importância destacar alguns aspectos sobre os alimentos transgênicos, que são modificados geneticamente. Há regulamentação específica acerca destes alimentos, o Decreto 4.680/03, regula como estes devem ser identificados. Dessa forma o artigo 2º, dispõe o seguinte:

Art. 2º- Na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, com presença acima do limite de um por cento do produto, o consumidor deverá ser informado da natureza transgênica desse produto. § 1º Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em que estão contidos deverá constar, em destaque, no painel principal e em conjunto com o símbolo a ser definido mediante ato do Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões, dependendo do caso: "(nome do produto) transgênico", "contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico (s)" ou "produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico". § 2º O consumidor deverá ser informado sobre a espécie doadora do gene no local reservado para a identificação dos ingredientes. § 3º A informação determinada no § 1º deste artigo também deverá constar do documento fiscal, de modo que essa informação acompanhe o produto ou ingrediente em todas as etapas da cadeia produtiva. § 4º O percentual referido no caput poderá ser reduzido por decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio.

16

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Rótulos indicam valor dos alimentos em diversos países. Revista CFN, Brasília, n. 29, p. 14, set/dezembro/ 2009.

Devido à importância destas informações nos rótulos de alimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), editou em 21 de outubro de 1969, o Decreto-Lei nº. 98617, que regula a proteção do consumidor no tocante a alimentos, desde sua obtenção até o seu consumo.

Um outro instrumento posto à disposição dos consumidores, é o Manual de Orientações aos Consumidores, “Educação para o consumo saudável”, que é uma parceria da ANVISA com o Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (NUT-UNB). Este material explica de forma clara e objetiva como interpretar os rótulos dos produtos alimentícios. O consumidor deve entender adequadamente as informações, de modo que saiba efetivamente o que está adquirindo.

Neste sentido, cumpre estudar a clareza das informações no direito do consumidor, especialmente no rótulo de produtos alimentícios.

3.3.1 Clareza das informações

Em relação às informações dispostas nos rótulos de alimentos processados industrialmente, a clareza destas, torna-se de suma importância, tendo em vista que a estes alimentos são agregados diversos elementos químicos.

Acerca disso, o artigo 36 do CDC, assevera que “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.”18 O consumidor tem direito de receber informações adequadas, claras, corretas e precisas sobre os itens que compõem o alimento que está adquirindo.

No mesmo sentido, o artigo 6º do CDC, em seu inciso III, reza que é direito do consumidor: “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; [...].”19

17

ANVISA. Decreto Lei nº. 986 de 21 de outubro de 1969. Disponível em: <

http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/decreto-lei_986_69.pdf>. Acesso em: 07 out. 2011 18

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc.cit. 19

A clareza das informações está estritamente ligada ao princípio da transparência, tendo em vista que este

“[...] traduz a obrigação de o fornecedor dar ao consumidor a oportunidade de tomar conhecimento [...]. Assim, da soma dos princípios, compostos de dois deveres – o da transparência e o da informação -, fica estabelecida a obrigação de o fornecedor dar cabal informação sobre seus produtos e serviços oferecidos e colocados no mercado, [...].” 20

Em decorrência da importância da objetividade e simplicidade dos dados contidos em rótulos de alimentos processados industrialmente, o conhecimento do consumidor a respeito das informações dadas pelo fornecedor, deve ser imediato, sem que haja necessidade do mesmo buscar interpretações com outros indivíduos. Sendo assim, é necessário verificar algumas substâncias potencialmente danosas contidas em alguns produtos alimentícios industrializados.

3.3.2 Substâncias potencialmente danosas

Com o passar do tempo, a maneira de conservar e armazenar alimentos evoluiu, pois antigamente eram utilizados outros métodos para aumentar a vida útil do alimento.

Nesta senda, em 1857 através de uma análise feita em doces, constatou-se a presença de compostos metálicos para a coloração, dentre eles, o cromato de chumbo, sulfito de mercúrio, óxido de chumbo e arseniato de cobre. No entanto, foram eliminados rapidamente devido às propriedades tóxicas destas substâncias.21

Sabe-se que o sal comum (cloreto de sódio), foi certamente o primeiro conservante a ser empregado na preservação dos alimentos, principalmente as carnes. No início da civilização, tinha o seu valor garantido também como aromatizante.22 Sendo hoje, ainda utilizado para este fim. Neste sentido, afirma-se que:

[...], várias substâncias químicas são utilizadas como agentes antimicrobiais. O cloreto de sódio, ou sal de cozinha, é provavelmente o mais antigo destes agentes.

20

NUNES, 2005, p. 129-130. 21

COULTATE, T. P. Alimentos: a química de seus componentes. Tradução: Jeverson Frazzon et al., 3. ed., Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 168.

22

[...] Nitratos e nitritos são usados para inibir o crescimento da bactéria Clostridium botulinum em alimentos que contém carne crua, tais como a linguiça, o presunto, o bacon e o salame.23 (grifo do autor)

Vale salientar que sódio e sal consistem em substâncias diversas, tendo em vista que, “o sódio é um dos componentes do sal comum (Cloreto de Sódio) e são geralmente citados como sinônimos pelo fato do sal ser uma de suas principais fontes, porém não é a única.”24

Atualmente, de acordo com estudos realizados, recomenda-se a diminuição do uso do sal, pois verificou-se que algumas doenças podem ser desencadeadas ou agravadas devido ao uso excessivo.

Importa destacar que, outro elemento químico muito utilizado na conservação de alimentos, o nitrito de sódio, presente em quase todos os alimentos a base de carne, como por exemplo, salames, presuntos, mortadelas e bacon, no estômago, pode se transformar em metabólitos carcinogênicos.25

Neste diapasão, algumas medidas estão sendo tomadas a fim de reduzir o risco potencial de doenças causadas pelo sódio, dentre elas, destaca-se a seguinte:

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e as associações que representam os produtores de alimentos processados, assinaram, na quinta-feira (7), um termo de compromisso com o objetivo de reduzir gradualmente a quantidade de sódio em 16 produtos industrializados. “Este acordo com a indústria alimentícia representa um passo fundamental para que seja atingida a recomendação de consumo máximo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de 5 gramas de sal diários por pessoa, até 2020”.26

Diante do exposto, torna-se imperiosa a objetividade e a facilidade de entendimento das informações dispostas nos rótulos de alimentos, sobretudo, no que diz respeito à quantidade de sal contida no alimento.

23

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Revista Eletrônica do departamento de química. Disponível em: < http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/aditivos.html>. Acesso em 10 set. 2011.

24

GANDOUR, Marina. Sal demais, saúde de menos. Disponível em: <

http://casaunb.blogspot.com/2009/07/sal-demais-saude-de-menos.html>. Acesso em: 10 set. 2011. 25

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, loc. cit. 26

G1. Governo assina acordo para diminuir sódio em alimentos. Disponível em: <

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/04/governo-assina-acordo-para-diminuir-sodio-em- alimentos.html>. Acesso em: 11 set. 2011.

4 INFORMAÇÕES DISPOSTAS NOS RÓTULOS DE ALIMENTOS

De acordo com o tema proposto, passa-se neste capítulo, a análise dos rótulos de produtos alimentícios industrializados. Serão abordados os órgãos responsáveis por regulamentar estes produtos e a previsão legal da responsabilidade civil dos produtores. E por fim, a análise qualitativa feita nos rótulos de alimentos selecionados.

4.1 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES RESPONSÁVEIS PELOS DADOS DOS

No documento Direito do consumidor à informação (páginas 32-36)