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PREVISÃO LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PRODUTOR PERANTE

No documento Direito do consumidor à informação (páginas 38-41)

Em decorrência do dano causado pelo produto, há que se falar em reparação dos mesmos. Neste sentido, primeiramente cumpre destacar quais são os danos indenizáveis. O dano é reconhecidamente inafastável da responsabilidade civil, sendo que os ditos indenizáveis no caso em tela são os patrimoniais e/ou morais. Dessa forma, na existência do dano, a indenização deverá ser a mais completa possível, a reparação é ampla, cobrindo todos os danos sofridos pela vítima.6

Neste desiderato, o artigo 6º, inciso VI, do CDC, garante o direito à indenização ao consumidor pelos danos causados por algum produto ou serviço, da seguinte forma: “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; [...].”7

Corrobora no mesmo sentido, o ilustre doutrinador Rizzato Nunes, afirmando que:

Como se sabe, a composição da indenização do dano material compreende os danos emergentes, isto é, a perda patrimonial efetivamente já ocorrida, e os chamados “lucros cessantes”, que compreendem tudo aquilo que o lesado deixou de auferir como renda líquida, em virtude do dano. No primeiro caso, apura-se o valor real da perda e manda-se pagar em dinheiro a quantia apurada. No segundo, calcula-se quanto o lesado deixou de faturar e determina-se seu pagamento.8

Neste desiderato, Eduardo Gabriel Saad, assevera que, se o produto estiver impróprio ao uso desejado pelo consumidor, este, terá direito à troca do produto ou devolução do dinheiro pago, no entanto, o fornecedor é obrigado a indenizar, se o consumidor sofrer outros prejuízos.9

No caso dos sujeitos a serem responsabilizados, em tese, todos os envolvidos com a produção e comercialização de um determinado produto deveriam ser responsáveis pela sua garantia de segurança. O direito do consumidor admitiu que alguns sujeitos são mais responsáveis que outros pelos danos causados.10 Dessa forma, pode-se dizer que o

6

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 121-122. 7

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 8

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 2.ed. rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 163.

9

SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao código de defesa do consumidor: Lei nº. 8.078, de 11.9.90. rev. e ampl. 5.ed. São Paulo: LTR, 2002. p.293.

10

consumidor brasileiro possui seus direitos de ação assegurados.

Há que se ponderar ainda que “o Código prevê três modalidades de responsáveis: o real (o fabricante, o construtor e o produtor), o presumido (o importador) e o aparente (o comerciante quando deixa de identificar o responsável real).”11 (grifo do autor) O CDC em seus artigos 1212, 1313 e 1414, reafirma estes três responsáveis pelos danos causados.

Acerca da teoria da responsabilidade adotada pelo direito do consumidor, Sanseverino, afirma que:

No Brasil formou-se um consenso, no momento em que se passou a regulamentar a responsabilidade pelo fato do produto ou pelo fato do serviço, em torno da necessidade de também se dispensar a presença de culpa no suporte fático do fato ilícito de consumo, tornando objetiva a responsabilidade do fornecedor. O CDC, em seus arts. 12 e 14, deixou expresso que os fornecedores de produtos e serviços respondem pelos danos causados ao consumidor “independentemente da existência de culpa”. Portanto, optou-se claramente, no direito brasileiro, por um regime de responsabilidade objetiva não culposa do fornecedor de produtos e serviços.15

Diante do exposto, fica clara a teoria adotada pelo CDC no Brasil, dessa forma, o consumidor não precisa comprovar a culpa no caso de danos causados pelos produtos adquiridos, basta que haja comprovação do nexo causal e do dano.

Acerca da teoria adotada em relação ao nexo causal, o direito brasileiro não possui legislação expressa, no entanto, predomina o entendimento doutrinário, que no plano da responsabilidade civil, a teoria da causalidade adequada é a que melhor se aplica.16 Dessa forma, o consumidor precisa provar a relação de causa entre os danos sofridos e o produto.

No mesmo sentido, Fábio Zabot Holthausen, assevera que “[...] a regra adotada pelo direito brasileiro, ao autor, caberá o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito,

11

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 123. 12

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

13

“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem

identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

14

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

15

SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 55.

16

enquanto que, ao réu, restará a comprovação da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.”17

Ressalta-se ainda que, há possibilidade de responsabilidade subsidiária e solidária, do comerciante, que são três: “impossibilidade de identificação do responsável principal; a ausência, no produto, de identificação adequada do responsável principal; e, por último, a má conservação dos produtos perecíveis.”18

Acerca disso, o caput do artigo 18 do CDC, rege que:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. [...]19

De acordo com o que dispõe o artigo supracitado, os fornecedores de produtos de não duráveis, são responsáveis pelas disparidades entre o disposto na rotulagem e o que contém no produto. É deveras importante, ater-se ao que está descrito no inciso II do § 6º, afirmando que: “II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; [...].”20

Está explícito no diploma acima que, os fornecedores são responsáveis ainda, pelos produtos que estão em desacordo com as normas regulamentadoras, como já foi visto anteriormente, cada tipo de produto alimentício possui regras de produção e rotulagem, que devem ser observadas.

Por fim salienta-se que, há hipóteses em que é possível a exclusão de responsabilidades Tais causas estão previstas no artigo 1221, §3º do CDC, quando o fabricante não colocou o produto no mercado, se o defeito inexiste ou ainda por culpa exclusiva da vítima. Após essas explanações, passa-se ao item seguinte que é analisar as informações

17

HOLTHAUSEN, Fábio Zabot. Inversão do ônus da prova nas relações de consumo: momento processual. Tubarão: Ed. Unisul, 2006. p. 101.

18

BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2009, p. 135. 19

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 20

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit. 21

“Art. 12. [...]§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.” BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, loc. cit.

contidas nos rótulos de produtos alimentícios.

4.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES CONTIDAS NOS RÓTULOS DE PRODUTOS

No documento Direito do consumidor à informação (páginas 38-41)