INB inicia produção regular
de urânio enriquecido
A Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) de Resende iniciou a produção regular de serviços de enriquecimento de urânio para as usinas do país. O evento ocorreu no último dia 10/09 na unidade do distrito de Engenheiro Passos representará mais um importante passo das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) no caminho para a autonomia do ciclo do Elemento Combustível. Estarão presentes na cerimônia, além do presidente da INB, Aquilino Senra, diretores da empresa e representantes da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).
A INB planeja desde 1996 a inclusão da etapa mais sensível do ciclo do combustível nuclear em suas atividades, cuja tecnologia foi desenvolvida pelo CTMSP em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Em maio de 2006, a empresa inaugurou a primeira Cascata da Usina de Enriquecimento de Urânio nas instalações da FCN. O projeto
desenvolvido pelo CTMSP ganhou espaço na FCN ao lado das etapas da Reconversão e da produção de pastilhas, já em operação. Uma conquista que colocou o Brasil ao lado de um pequeno grupo de países que já enriquecem urânio.
Com a entrada em operação regular da Usina de Enriquecimento, a INB será capaz de enriquecer cerca de 40% do urânio utilizado em uma recarga de Angra 1. Dessa forma, o Brasil terá, além da vantagem estratégica de incorporar uma tecnologia sensível e de reduzir a dependência de fornecedores externos para a produção do combustível nuclear, ganhos econômicos significativos, correspondentes a supressões anuais de remessas de divisas para fora do país, da ordem de 15 milhões de dólares, considerando apenas o abastecimento de Angra 1.
O superintendente de Enriquecimento Isotópico Ezio Ribeiro acompanhou desde o início todos os passos da implantação da nova usina e viveu intensamente este projeto que vem ultrapassando obstáculos e superando desafios a cada dia. “É um sentimento de realização, de materialização de um sonho que se tornou realidade”, disse. Mas o futuro reserva, segundo Ezio, um desafio ainda maior. “Queremos atender toda a demanda de serviços de enriquecimento de urânio que o país necessita para continuar gerando energia elétrica limpa, segura e de qualidade para a população brasileira”, contou ele.
FONTE: A Voz da Cidade
submarino nuclear
Marinha testa combustível
nuclear na Noruega
Os programas do setor avançam rapidamente e vao receber R$ 2,5 bilhões do PAC em 2013.
Reator Labgene
Os dias são frios e claros na pequena cidade de Halden, no sul da Noruega – menos este ano, na primavera. No dia ío de março, um domingo, a manhã ficou subitamente nublada no antigo condado de 3 mil anos. E no severo Instituto de Tecnologia da. Energia, o IFE, outro fato incomum: o combustível nuclear que
vai abastecer o submarino atômico brasileiro funcionou pela primeira vez – como vai funcionar em 2023, quando o navio já estará construído, “Foi emocionante”7, define o comandante André Luis Ferreira Marques, do Programa Nuclear de Marinha (PNM).
A façanha dos especialistas saídos de Iperó, na região de Sorocaba, distante 130 quilômetros de São Paulo, não é pequena. “O ensaio científico é sofisticado e exige qualificação impecável da equipe envolvida”, destaca o oficial. O grupo, ligado ao Centro Aramar, preparou o teste durante três meses – embora cenas providências e decisões tenham sido tomadas até um ano antes disso.
A escolha dos laboratórios de Halden tem a ver com o. fato de o Brasil não dispor, ainda, de um bom reator de pesquisa. Só agora o governo federal está providenciando a construção do modelo nacional, destinado a atender necessidades médicas, do setor agrícola e de energia.
Outro fator determinante, é a atitude do governo norueguês em relação ao PNM, identificado em Oslo como “estritamente pacífico”, logo, com acesso ao complexo de experiências e provas.
Para realizar a “qualificação técnica do combustível nuclear”, o nome oficial do exame, foi” preciso negociar a compra do urânio a ser utilizado. A aquisição foi feita pela Noruega: um lote pequeno, de 20,2 gramas.
O Brasil domina o ciclo do combustível e, sim, tem o material estocado. Todavia, a legislação exige que toda movimentação, saída e entrada no País, seja autorizada pelo Congresso.
A quantidade era pequena e a pressa era grande, uma boa justificativa para o recurso destinado a superar a dificuldade burocrática.
as especificações definidas no GTMSP, o restrito Centro Tecnológico da Marinha, que funciona agregado à Universidade de São Paulo (USP) e mantém o núcleo Aramar, em Iperó. “É um conhecimento limitado, que está sendo desenvolvido no Brasil faz 34 anos” explica Ferreira Marques.
O comandante não estava em Halden, no dia da verificação. Acompanhou o ciclo por meio de relatórios eletrônicos, transmitidos pela equipe.
Fórmula JL Os resultados do teste revelaram que o combustível nuclear poderia fazer o submarino de 100 metros e 4 mil toneladas mergulhar além dos 350 metros, navegar com agilidade esperada e a velocidades na faixa de 50 km/hora, aO combustível de um reator do tipo usado em usinas de geração de energia, trabalha como um caminhão, pesado e forte – o produto criado para abastecer o propulsor de um submarino é um Fórmula 1; rápido, crítico, de respostas imediatas e alto desempenho”, diz o comandante Marques, para quem “todas as metas foram atingidas, e sob condições reais de operação”.
O programa da Marinha avança rapidamente. No Centro Aramar o cronograma apertado corre de forma integrada com o. do Pro Sub, focado na construção, em Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro, de um estaleiro, uma base, e o primeiro lote de novos submarinos, quatro convencionais diesel-elétricos, e um de propulsão nuclear. A execução está contratada com a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), associada com a paraestatal DGNS, da França, parceira na transferência de tecnologia. Ambos os empreendimentos, o PNM e o Pro Sub, vão receber a o longo desse ano, R$ 2,5 bilhões.
Nos 90 mil metros quadrados que integram a área de Aramar, acabou a fase em. que o local era tratado como Sítio da Marinha e, sem dinheiro, as atividades eram limitadas apenas à m a n u t e n ç ã o d o s p r é d i o s e à p r o d u ç ã o l e n t a d a s ultracentrífugas, as máquinas que transformam o urânio energeticamente “pobre” no elemento do tipo “rico”, mais vigoroso e adequado a alimentação de reatores (para movimentar navios, o enriquecimento fica no limite de 4%, o padrão do Brasil para armas, o índice é superior a 90%; o processo nacional é permanentemente inspecionado por agências internacionais).
Depois da entrega da Usina de Gás, a Usexa, em 2012, todas as prioridades estão concentradas na obra do LabGene, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica. É um conjunto de onze prédios, cinco dos quais ancorados diretamente na rocha de base, capazes de resistir a terremotos, tomados e inundações. Neles, serão exercidas as atividades com elementos radioativos. O LabGene implica o maior contrato do sistema –
vai custar R$ 220 milhões. O PNM consumiu, desde 1979, cerca de US$ 1,6 bilhão. Virtualmente suspenso na administração de Kernando Collor de Mello, voltou a atividade em 2007, por decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O valor destinado até 2015 é de R$ 1.040 bilhão em 7 parcelas atualizadas. Com isso, o LabGene estará pronto para operar em 2016. No conjunto, em meio ao cerrado, a Marinha vai aprender coisas importantes como a montagem e a troca das varas de combustível – e também a técnica de integração entre o reator e sua célula, no navio.
A longo prazo o Pro-Sub é ambicioso. Prevê, até 2047, uma frota formidável, com seis submarinos nucleares e 20 convencionais – 15 novos e mais cinco outros revitalizados. O custo estimado de cada navio atômico passa pouco dos €550 milhões, o primeiro sairá por € 2 bilhões, consideradas a transferência da tecnologia, e a capacitação do País para projetar essa classe de embarcação militar.
Em março, na outra ponta do programa, a presidente Dilma Rousseff inaugurou em Itaguaí a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas com 57 mil mrde área útil, 45 edifícios 5 subestações elétricas, Ali serão montados os submarinos. Dilma ganhou rosas e declarou que o Brasil “tem o mérito de viver em paz (…), porém inserido de forma dissuasória no cenário internacional”.
FONTE: O Estado de São Paulo
NOTA DO EDITOR: Cabe retificar alguns equívocos contidos neste artigo.
– CTMSP é o correto e não GTMSP com está no texto.
– No lugar de 100 metros e 4 mil toneladas o correto é:
“O SNB Álvaro Alberto (SN 10) deslocará 6.000 toneladas, terá a capacidade de mergulhar até 350 metros ou mais e desenvolverá uma velocidade máxima em torno de 24 nós, podendo chegar a 26 nós. “ Retirado do nosso artigo: “Submarino
Nuclear Brasileiro ‘Alvaro Alberto’ (SN 10)”
– O CTMSP não fica no “meio do cerrado”, o correto é: No
interior do estado de São Paulo.
– No artigo podemos ler que “até 2047 teremos um frota de
submarinos formidável com 6 SBNs e 20 convencionais, sendo 5 “revitalizados”.
Cabe informar aos nossos leitores que a classe Tupi e Tikuna, ainda que modernizada pela MB, não terá todos os 5 submarinos,
em funcionamento até 2047. Apenas o Tikuna deverá estar na