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GEOGRAFIA 9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

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Academic year: 2021

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GEOGRAFIA

9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA

BRASILEIRA

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9 A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

A estrutura fundiária de um país corresponde à forma de distribuição social das terras, ou seja, ao modelo pelo qual essas terras estão distribuídas, quer pela área, quer pela forma de utilização. A modernização da agricultura e a ocupação estimulada e desordenada da fronteira agrícola no Brasil tiveram efeitos sobre a estrutura fundiária e as condições de absorção de mão-de-obra, gerando principalmente a redução do nível de emprego. Esse processo vem se constituindo numa dimensão relevante e crescente da questão agrária brasileira, cuja solução só ocorrerá com profundas mudanças estruturais na organização agrária do país.

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) criou uma classificação das propriedades agropecuárias, levando em conta o “módulo rural” (área que, em determinada posição geográfica, absorve toda a força de trabalho de uma família com, em média, 4 pessoas adultas, proporcionando-lhes um rendimento capaz de lhes assegurar a subsistência e o progresso social e econômico). Nessa classificação se encontra:

Minifúndio

Imóvel com área agricultável inferior ao módulo rural; há desperdício de mão-de-obra por falta de terras.

Empresa rural

Imóvel de exploração racional, que apresenta um mínimo de 50% de sua área agricultável utilizada e cuja área total não exceda 600 vezes o módulo rural.

Latifúndio

É toda a propriedade mal-aproveitada, podendo ser dividida em:

>Exploração (imóvel que, não excedendo o limite do módulo rural, seja mantido subaproveitado, em geral com fins especulativos).

>Dimensão (imóvel de área superior ao limite do módulo rural, não importando o modo de utilização).

No Brasil, ainda há muita terra com pouca gente e muita gente com pouca terra.

Tanta terra e tantas questões é um problema histórico e político ainda longe de solução no país. Embora as soluções para os problemas da terra no Brasil possam variar em função de diferentes ideias e objetivos, os cientistas sociais concordam que a origem da crise atual pode ser localizada no início de nossa formação histórica. Quando se criou o sistema de capitanias hereditárias e se doaram enormes parcelas de terra a um só donatário, dotado de enormes

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poderes, iniciava-se um processo histórico de concentração de terras (latifúndio), de especialização em um só produto (monocultura), de mandonismo do proprietário (um “Estado independente”). O decorrer dos séculos acentuou essas características, culminando, para muitos historiadores, com o “coronelismo”, dominante no período da República Velha (1889-1930).

Muito embora haja uma modernização da agricultura brasileira, especialmente em determinadas regiões – com a mecanização, o aumento da produção e da produtividade, o uso crescente de fertilizantes, selecionamento de espécies mais lucrativas, avanço nas pesquisas, no seu conjunto ela ainda mantém muitas das características da época de sua implantação, principalmente no que diz respeito às relações de trabalho (proprietários e trabalhadores). Como se se modificasse a aparência para tudo permanecer da mesma forma.

Segundo dados do IBGE e do Incra, o Brasil acelerou nas últimas décadas do século passado a concentração fundiária.

Observamos, pelo gráfico a seguir, que há uma enorme quantidade de imóveis rurais com menos de 10 hectares (cada hectare, 10 mil m2), praticamente incapazes de produzir qualquer excedente comercializável. Por outro lado, há uma pequena proporção de propriedades rurais com enormes áreas (1.000 ou mais hectares), que ocupam mais da metade de toda a área rural brasileira e, genericamente, são improdutivas.

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Soluções, tímidas e paliativas, foram tentadas, como a taxação de forma crescente da propriedade rural. É o ITR (Imposto sobre a Propriedade Rural). Na prática, poucos latifundiários o pagam, ainda que seu valor seja irrisório, se compararmos com as “taxas urbanas”. Aproveitam-se da desorganização dos órgãos governamentais, das frequentes mudanças e incertezas da política fundiária e, certamente, da corrupção, notória nesse setor da administração pública federal. É importante a lembrança de que a maioria dos congressistas possui “latifúndios”, forma o “Centrão” (bloco parlamentar de defesa dos interesses dos latifundiários), e assim praticamente nada é feito para solucionar o “problema da terra” no Brasil. É oportuno também lembrar que membros do Executivo, desde a presidência até o prefeito de um minúsculo município, são sistematicamente latifundiários.

Nesse quadro de lentidão governamental na solução do problema agrário no Brasil, crescem os conflitos entre proprietários rurais e trabalhadores assalariados ou “bóias-frias”, latifundiários e “sem-terra”, latifundiários e posseiros. Não esquecendo a figura do grileiro, um invasor de terras que trabalha a mando de grandes fazendeiros e consegue, mediante corrupção, escrituras falsas de propriedade de terra passadas por cartórios. Age principalmente em áreas de expansão da fronteira agrícola, e seu conflito é mais evidente com o posseiro, primitivo invasor que, justificado pela sua longa permanência no local, considera-se o proprietário legal, conforme estabelece a Constituição Federal (o usucapião rural).

Sabe-se que a forma mais eficiente de gerar emprego no meio rural, reter o trabalhador no campo e diminuir os problemas urbanos seria a formação de pequenas e médias propriedades, na medida em que o latifúndio, quando produtivo, é pecuarista ou, se se trata de propriedade agrícola, bastante mecanizado, não absorvendo em ambos os casos muita mão-de-obra.

O problema se agrava porque as pequenas propriedades não têm como capitalizar, por sua extensão e baixa produtividade, não permitindo um lucro suficiente para gerar empregos. Normalmente, “propriedades familiares” não têm condições nem de reter os membros da própria família, especialmente os jovens, desejosos de melhorar seu padrão e modo de vida.

9.1 FORMAS DE EXPLORAÇÃO DA TERRA

Distinguem-se no Brasil, basicamente, as seguintes formas de exploração das terras: Direta

Feita pelo próprio proprietário.

Indireta

Pode ser dividida em vários casos:

 Arrendamento: quando a terra é alugada por um preço predeterminado durante um dado espaço de tempo.

 Parceria: o proprietário cede a terra e o agricultor entra com o trabalho; de acordo com o que for combinado, será feita a divisão da produção (meiação e terça).

 Posseiro: pessoa que, querendo cultivar e não conseguindo acesso à posse legal de terras, delas se apossa, sem documentos, e começa a produzir, tentando fazer-se valer de leis como a do usucapião.

 Grileiro: embora não chegue a ser um trabalhador rural, ou mesmo alguém comprometido com a produção, é uma figura muito conhecida no interior do Brasil, sobretudo nas áreas onde predomina o latifúndio, como a região Norte do país. É

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contratado por grandes empresas ou por fazendeiros locais, para invadir terras devolutas (pertencentes ao Estado, ou já ocupadas por posseiros, que acabam expulsos ou mortos); a propriedade de modo geral acaba nas mãos do contratante.

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QUESTÕES DE CONCURSO

1) (Unesp) Examine a tabela adiante.

No que se refere à distribuição da terra rural no Brasil, os dados da tabela permitem afirmar que:

a) a distribuição da terra rural é equitativa.

b) mais de 70% da terra rural corresponde aos estabelecimentos com mais de 100 hectares.

c) são os estabelecimentos de 10 a menos de 100 hectares que correspondem à maior parte da terra rural.

d) são os estabelecimentos com menos de 10 hectares que correspondem à maior parte da terra rural.

e) são os estabelecimentos com mais de 100 hectares que correspondem à menor parte da terra rural.

.

2) (Unitau) Indique a alternativa incorreta relacionada com os organismos estatais encarregados de dirigir a política agrária brasileira:

a) SUDENE b) SUDAM c) IBGE d) SUDECO e) INCRA

3) No Brasil, a reforma agrária nunca foi plenamente realizada. Um dos principais fatores que impedem a sua realização no país é:

a) A falta de interesse dos camponeses em adquirir propriedades, já que o Brasil possui diversas propriedades disponíveis para a redistribuição de terras.

b) O baixo preço pago pelo Governo pelas propriedades desapropriadas desincentiva os fazendeiros a entregarem suas terras para a redistribuição promovida pela reforma agrária.

c) A grande corrupção dos movimentos que lutam em prol da reforma agrária, o que acaba resultando na não redistribuição das terras conquistadas.

d) O custo de manutenção dos assentados, pois, mais do que apenas desapropriar e redistribuir terras, a reforma agrária tem que dar condições para o camponês produzir nas terras adquiridas.

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e) O pequeno número de terras improdutivas no país faz com que não seja possível realizar nenhuma redistribuição, já que, segundo a constituição de 1988, somente as terras improdutivas podem ser redistribuídas.

4)Sobre a questão agrária brasileira, é correto afirmar que:

a) A estrutura econômica e social, assentada na desigual repartição da terra e da renda, é geradora de privilégios, da miséria e da violência no campo.

b) A estrutura fundiária brasileira reflete uma distribuição democrática da terra, consolidada a partir de um modelo de posse baseado na pequena propriedade. c) Nos conflitos pela posse de terras, os "capangas" agem legalmente ao defender os grandes proprietários rurais, que pagam em dia seus impostos.

d) Com a finalidade de fixar de vez o homem no campo, a reforma agrária é simples questão de distribuição de terras devolutas do Estado.

e) O Estado é responsável apenas por emitir ou não títulos de posse ante requerimentos para ajustar questões à respeito de Reforma Agrária

Referências

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