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Os Incompreendidos. País e ano de produção: França/1959 Duração: 99 min Classificação Indicativa: 12 anos. Sobre o filme:

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Os Incompreendidos

O filme Os Incompreendidos (Les quatre cents coups), de François Truffaut é o primeiro longa metragem do cineasta que tinha, à época, 27 anos.

Gênero: Ficção

Direção: François Truffaut

Roteiro: François Truffaut e Marcel Moussy

Elenco: Jean-Pierre Léaud (Antoine Doinel), Claire Maurier (mãe), Albert Remy (padrasto),

Patrick Auffay (o amigo René), Guy Decomble (o professor de francês)

País e ano de produção: França/1959 Duração: 99 min

Classificação Indicativa: 12 anos

Sobre o filme:

O nome original do filme é Les quatre cents coups, o que, literalmente poderia ser traduzido como “os quatrocentos golpes”. Mas se trata de uma expressão francesa entendida como “matar aula”, “aprontar”, ou, para os mais antigos “gazetear”. Talvez o título dado para o lançamento no Brasil – Os Incompreendidos – tenha dado uma gravidade à obra. Embora o filme trate de um tema bem sério, sua linguagem é leve e poética.

A Nouvelle Vague (nova onda) é um movimento do cinema francês que influenciou todo o cinema moderno no mundo (inclusive o cinema brasileiro). Contrários às grandes e caras produções de estúdio, os jovens críticos de cinema (que frequentavam cineclubes) saem com câmeras pelas ruas de Paris, realizam filmes simples, quase documentais, imprimindo uma marca autoral em suas obras. A linguagem é ágil, revelando muita autenticidade, falando de temas cotidianos de pessoas comuns, expressando irreverência, questionando a moral conservadora da época e a hipocrisia da sociedade.

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Sobre o diretor François Truffaut

François Truffaut

Nasceu em Paris, França em 6 de fevereiro de 1932. Passou a maior parte da sua infância com sua avó materna, que o influenciou a gostar muito de livros. Nunca conheceu seu pai biológico. Quando sua avó morreu, foi morar com sua mãe e padrasto.

Os Incompreendidos é uma obra com muitos elementos autobiográficos. Muito do personagem Antoine Doinel traz a marca de identidade de François Truffaut, como o fato de sua mãe ter sido mãe solteira, o padrasto ter dado um sobrenome a ele e o acolhimento de sua avó em parte de sua infância.

Truffaut largou os estudos aos 14 anos e montou um cineclube. Para sobreviver, às vezes cometia pequenos delitos, foi preso algumas vezes. O que o “salvou” da marginalidade foi o cinema. Foi um cineclubista apaixonado, o que o tornou conhecido de alguns críticos.

O mais importante crítico da Nouvelle Vague, André Bazin, é que tirou Truffaut de um reformatório e o “adotou”, não apenas culturalmente, mas responsabilizou-se por ele, perante as autoridades, e o contratou como seu secretário.

Logo no início do filme Os Incompreendidos, podemos ver que Truffaut dedica o filme a André Bazin, que faleceu na véspera do filme ficar pronto.

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Amizade com Jean-Luc Godard

• A amizade e colaboração mútua é marcante no início da carreira de ambos, desde a experiência de escreverem crítica cinematográfica, o cineclubismo e mesmo na realização dos primeiros filmes. Em 1958, ambos realizaram juntos um divertido curta metragem chamado A História D’água, de 11 minutos, que foi fruto de um acaso. Paris amanheceu inundada com as chuvas. Truffaut resolveu filmar a cidade e as desventuras de uma jovem diante daquele acontecimento. Meses depois, Godard escreveu o texto para aquelas imagens e codirigiu o filme com seu amigo Truffaut. Este pequeno filme revela bem o estilo do movimento cinematográfico que estava surgindo: tema da juventude, aproveitamento do acaso, a cidade como cenário principal, irreverência nos diálogos. O primeiro filme de Godard – Acossado – que também estreou em 1959, tem roteiro de Truffaut. Nos anos 1960, os dois amigos rompem a amizade, principalmente por questões políticas, pois Godard assume a militância em defesa do maoísmo (política de Mao Tsé-Tung, na China), o que permeia bastante os seus filmes. A trajetória de Truffaut é criticada por Godard, que o julga alienado e vendido aos interesses do mercado cultural. Um documentário muito interessante que traz a relação entre os dois é: Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague, de Emmanuel Laurent (2010). O roteiro deste documentário foi escrito por Antoine de Baecque, historiador e diretor da Revista Cahiers du Cinéma.

• Antes de “A História D’água, Truffaut já havia realizado dois curtas metragens que mostram bem seus primeiros experimentos com a câmera que produz leveza e poesia:

Uma Visita (1955) e Os Pivetes (1957).

• Outra curiosidade, antes dele estrear como cineasta. Truffaut faz sua primeira entrevista com Alfred Hitchcock, em 1955. Em 1962, ele e Claude Chabrol vão a Hollywood e realizam uma longa entrevista com o mestre do suspense, que resultará no importante livro

Hitchcock/Truffaut Entrevistas.

Influências cinematográficas na vida e obra de Truffaut:

• França: além de André Bazin, é nítida a influência de Henri Langlois, diretor da Cinemateca Francesa na vivência do cineclubismo e construção de uma larga cultura cinematográfica desde a adolescência;

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• Truffaut foi diretor da Cinemateca Francesa e, em 1979, aceitou ser presidente da Federação Internacional dos Cineclubes.

• Influências do Cinema Francês: Jean Vigo, Jean Renoir e Robert Bresson.

• Outros: Roberto Rossellini, Orson Welles, Ingmar Bergman, Charles Chaplin, Alfred Hitchcock, Howard Hawks e Nicholas Ray;

• Cineastas assumidamente influenciados pelo cinema de Truffaut: Spielberg, Tarantino, Brian de Palma, Scorsese e Walter Salles.

Truffaut como ator

• Truffaut também foi ator. Em O Garoto Selvagem (1970), ele interpreta o professor Jean Itard. Em A Noite Americana (1973), um filme que traz metalinguagem, pois trata justamente do processo de filmagem e ele faz o papel do diretor, sendo que o ator principal é interpretado por Jean-Pierre Léaud. Em 1977, Truffaut, não sem relutância, aceita atuar em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielberg (1977).

Prêmios

• Ganhou o prêmio de Melhor Direção por Os Incompreendidos (1959) no Festival de Cannes. • Ganhou o Prémio OCIC, no Festival de Berlim, por A Idade da Inocência (1976).

• Ganhou o César de Melhor Direção e Melhor Argumento, por O Último Metrô (1980).

Os temas recorrentes nos filmes de Truffaut são: as mulheres, a paixão e a infância. Truffaut foi casado algumas vezes e não raro se apaixonava pelas atrizes que dirigia. Em 1957, Truffaut casou-se com Madeleine Morgenstern, que, por ser de uma família rica, garantiu plena independência artística e financeira para os trabalhos do então crítico de cinema. Com ela, o cineasta teve duas filhas: Laura (1959) e Eva (1961). Ao final da vida, estava casado com a atriz Fanny Ardant, com quem teve a filha Joséphine, em 1983. Truffaut faleceu em 21 de outubro de 1984, aos 52 anos, vítima de um tumor cerebral.

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Principais filmes de Truffaut:

Os Incompreendidos (Les 400 Coups, 1959) Atirem no Pianista (Tirez sur le pianiste, 1960) Jules e Jim, uma mulher para dois (Jules et Jim, 1962) O Amor aos Vinte anos (Antoine et Colette,1962 Um Só Pecado (La Peau Douce,1964)

Fahrenheit 451, 1966

A Noiva estava de preto (La mariée était em noir, 1968) Beijos Proibidos (Baisers volés, 1968)

A Sereia do Mississipi (La sirène du Mississipi, 1969) O Garoto Selvagem (L’enfant sauvage, 1970) Domicílio Conjugal (Domicile conjugal, 1970)

Duas Inglesas e o Amor (Les Deux Anglaises et le Continent,1971) Uma Jovem tão bela como eu (Une Belle Fille Comme Moi, 1972) A Noite Americana (La nuit américaine, 1973)

A História da Adèle H (L’histoire d’Adèle H ,1975) Na Idade da Inocência (L’argent de poche,1976)

O Homem que Amava as Mulheres (L’homme qui aimait les femmes, 1977) O quarto verde (La chambre verte, 1978)

Amor em Fuga (L’amour en fuite, 1979) O Último Metrô (Le dernier métro, 1980) A Mulher do Lado (La Femme d’à Coté ,1981)

De repente num domingo (Vivement Dimanche! 1983)

A NOUVELLE VAGUE FRANCESA

Definição:

Movimento de renovação estética e formal do cinema francês ocorrido ao final dos anos 1950, tendo como núcleo central um grupo de redatores da revista Cahiers du Cinéma. Suas ideias contrapunham-se a grande parte do cinema francês vigente na época, considerado, por eles, como acadêmico.

Fontes da Nouvelle Vague:

• Ensaio de Alexandre Astruc, Naissance d’une nouvelle avant-garde: la caméra-stylo, publicada em 1948, na revista L’écran Français. Astruc preconizava um cinema de estilo pessoal, onde a câmera assumisse a mesma função que a caneta tem para o escritor. Um estilo de filmar, livre, espontâneo e de baixos custos.

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• Fundação da revista Cahiers du Cinema por André Bazin, em abril de 1951, e cuja redação era formada por assíduos frequentadores da Cinemateca Francesa: Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Eric Rohmer, Jacques-Doniol Valcroze e Pierre Kast, entre outros.

• O estilo mais livre de filmagem do neorrealismo italiano.

Características Temáticas:

• A nouvelle vague defendia a Política do Autor. Um cinema que refletisse a visão do mundo do seu criador. O filme não seria mais uma obra coletiva, mas sim individual, do seu autor.

• Ao contrário do neorrealismo, cinema de preocupação social, a nouvelle vague destacava, principalmente, os problemas existenciais do homem na sociedade moderna e questões comportamentais, crítica ao moralismo burguês.

• Contrapunha-se ao que chamavam de “cinema de qualidade”, na França, que tem forte relação com adaptações literárias. Os dois cineastas franceses da geração anterior que eram mais respeitados pela nouvelle vague foram Jean Renoir e Robert Bresson.

Características Estéticas:

• Propunha um cinema de baixos custos de realização, contrapunha-se, portanto, ao cinema industrial americano.

• Abandona os estúdios, os cenários são feitos em locações.

• Os filmes da nouvelle vague utilizam constantemente a câmera na mão.

• O estilo de filmar é livre, mais solto, menos preocupado com o resultado da qualidade visual.

Novos nomes do cinema francês:

Com a eclosão da nouvelle vague surge, ou se afirma, um conjunto de novos cineastas: Alain Resnais, Louis Malle, Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette, Jacques Demy, Agnès Varda, Roger Vadim, entre outros. Também são lançados, ou consagrados, intérpretes como Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Jean-Claude Brialy, Delphine Seyrig, Jean-Pierre Léaud, Jeanne Moreau, Maurice Ronet e Anouk Aimée, entre outros.

Referências

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