Superior Tribunal de Justiça

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PETIÇÃO Nº 5.329 - PR (2007/0010622-9)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

REQUERENTE : ANTÔNIO PEDRO STENGHEL CAVALCANTI ADVOGADO : GENI KOSKUR E OUTRO(S)

REQUERIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. MONTANTE ATRIBUÍDO PELO AUTOR DA RESCISÓRIA. CORRESPONDÊNCIA COM PROVEITO ECONÔMICO PRETENDIDO. INEXISTÊNCIA. PEDIDO PROCEDENTE.

1. A jurisprudência desta Corte tem entendimento firmado de que o valor da causa, nas ações rescisórias, deve corresponder ao valor da ação originária, corrigido monetariamente até a data do ajuizamento da rescisória, salvo se o réu demonstrar que a procedência desta representaria proveito maior para seu autor.

2. A demonstração do valor correto deve ocorrer por meio de documentos trazidos pelo réu, não sendo suficiente a juntada de planilhas produzidas unilateralmente pelo réu e destinadas à instrução do processo executivo.

3. Hipótese em que, contudo, a partir da utilização dos dados fornecidos pelo próprio autor da ação rescisória, na exordial desta, resta evidenciada a discrepância entre o valor atribuído à causa e o proveito econômico pretendido com o ajuizamento da ação.

5. Incidente de impugnação ao valor da causa julgado procedente.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, julgar procedente a petição, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Votaram com a Relatora os Srs. Ministros Nilson Naves, Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Og Fernandes.

Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Felix Fischer e Maria Thereza de Assis Moura.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti. Brasília, 08 de outubro de 2008 (Data do Julgamento)

MINISTRA JANE SILVA

(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Relatora

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PETIÇÃO Nº 5.329 - PR (2007/0010622-9)

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG) (RELATORA):

Trata-se de incidente de impugnação ao valor da causa ajuizado por ANTÔNIO PEDRO STENGHEL CAVALCANTI, visando a alteração do valor atribuído à ação rescisória contra ele ajuizada pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (AR 3.532/PR).

Sustenta que o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais), não corresponderia ao proveito econômico pretendido com o ajuizamento da ação rescisória. Diz que a diferença mensal reconhecida pelo INSS seria de R$ 14.000,00 (catorze mil reais) e, multiplicado esse valor pelo número de parcelas atrasadas (82), encontraria-se o montante de R$ 1.148.000,00 (um milhão, cento e quarenta e oito mil reais), o qual, acrescido de correção monetária e juros de mora, totalizaria cerca de 1.687.917,60 (um milhão, seiscentos e oitenta e sete mil e novecentos e dezessete reais e sessenta centavos).

Afirma, ainda, que o INSS teria reconhecido como incontroverso o valor de R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais).

Pede seja acolhido o incidente, para fixar-se o valor da causa em:

a) R$ 1.687.917,60 (um milhão, seiscentos e oitenta e sete mil e novecentos e dezessete reais e sessenta centavos), conforme planilha de cálculo em anexo;

b) Sucessivamente, caso o MM. Juízo não acate a planilha do autor, readequar o valor da causa para R$ 1.148.000,00 (um milhão, cento e quarenta e oito mil reais), conforme critérios utilizados pelo INSS;

c) Sucessivamente, caso o MM. Juízo não acate tal critério, que sejam os autos encaminhados ao setor de contadoria do tribunal para que este apure o proveito econômico do processo rescindendo;

d) Sucessivamente, caso este não seja o entendimento do MM. Juízo, seja fixado o valor da causa em R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais), valor este que o INSS reconhece ser devida no processo rescindendo, conforme fls. 11 dos autos principais.

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corresponder ao da ação originária, devidamente corrigido até o seu ajuizamento.

No caso, prossegue, "o valor da causa originária é de R$ 500,00 em dezembro de

1999 (fl. 42), o que corrigido monetariamente pela tabela da Justiça Federal até 14/04/2006 (data do ajuizamento da rescisória) correspondente a R$ 949,85 valor bem aproximado a R$ 1.000,00 que foi o atribuído na rescisória ." (fl. 22v)

Pugna pela improcedência da impugnação. É o relatório.

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VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG) (RELATORA):

A jurisprudência desta Corte tem entendimento firmado de que o valor da causa, nas ação rescisórias, deve corresponder ao valor da ação originária, corrigido monetariamente até a data do ajuizamento da rescisória, salvo se o réu demonstrar que a procedência desta representaria proveito maior para seu autor.

Por outro lado, a demonstração do valor correto deve ocorrer por meio de documentos trazidos pelo réu, não sendo suficiente a juntada de planilhas produzidas unilateralmente pelo réu e destinadas à instrução do processo executivo, razão pela qual não pode ser acolhido o valor de R$ 1.148.000,00 (um milhão, cento e quarenta e oito mil reais), o qual, acrescido de correção monetária e juros de mora, totalizaria cerca de 1.687.917,60 (um milhão, seiscentos e oitenta e sete mil e novecentos e dezessete reais e sessenta centavos).

Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DA NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO DESSE VALOR. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE.

1. Em ação rescisória, o valor da causa, em regra, deve corresponder ao da ação principal, devidamente atualizado. Referido entendimento jurisprudencial, todavia, não impede que a parte ré demonstre a necessidade de alteração desse valor, em razão do possível proveito econômico pretendido pela parte autora. Precedentes.

2. Hipótese em que, no entanto, restou ausente mencionada demonstração, porquanto as requerentes instruíram o presente feito tão-somente com planilhas destinadas à execução da sentença, prova formada unilateralmente, insuficiente para atingir o fim pretendido.

3. Pedido julgado improcedente.

(PET 1.365/AL, Terceira Seção, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ de 14.05.2007)

AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. VALOR DA CAUSA. IMPUGNAÇÃO.

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ação originária, sempre atualizado monetariamente, exceto se há comprovação de que o benefício econômico pretendido pelo autor está em descompasso com o valor atribuído à causa.

II. Na hipótese, o agravante não demonstrou efetivamente que o valor das diferenças de gratificações seriam efetivamente aqueles apontados na planilha de cálculo que instruiu a inicial da impugnação ao valor da causa. Agravo regimental desprovido.

(AgRg na PET 4.430/CE, Terceira Seção, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ de 30.10.2006)

AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. VALOR DA CAUSA. IMPUGNAÇÃO.

1. Se, por um lado, este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o valor da causa em ação rescisória é, em regra, o valor atribuído à ação cujo acórdão se pretende desconstituir, corrigido monetariamente, por outro, a jurisprudência deste Superior Tribunal pacificou-se, também, no sentido de que é ônus do impugnante demonstrar com precisão o valor correto que entende devido para a ação rescisória, instruindo a inicial da impugnação ao valor da causa com os documentos necessários à comprovação do alegado.

2. Agravo regimental improvido.

(AgRg na PET 4.174/PR, Terceira Seção, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, DJ de 05.08.2008)

No caso, entretanto, como afirmou o impugnante, o próprio INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, na exordial da ação rescisória, assevera que, caso improcedente a rescisória, a dívida a ser paga já estaria no montante de R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais).

A propósito, transcreve-se o referido excerto:

Ora, com a decisão final, transitada em julgado no RESp 531.218/PR, há iminência de que o INSS seja compelido a pagar os valores que foram devidos a partir da impetração, na forma da Súmula n.º 271 do STF.

No mês de março de 2006 o segurado recebeu R$ 10.646, 79 (dez mil seiscentos e quarenta e seis reais e setenta e nove centavos) a título de benefício previdenciário como ex-combatente (doc. em anexo).

Caso seja executado o acórdão rescindendo proferido pela Quinta Turma do STJ o valor de benefício em questão passará a ser de R$ 24.500,00 (teto constitucional em vigor desde janeiro de 2006). É dizer, o réu receberá,

indevidamente, em torno de R$ 14.000,00 mensais.

Soma-se a esse valor a importância devida a título de atrasados desde a impetração até a presente data, o que perfaz a quantia aproximada de R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais). (fl. 11 - autos principais).

Destarte, em razão dos dados fornecidos pelo próprio autor da rescisória conclui-se que, caso procedente esta, o proveito econômico será de, no mínimo, R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais), em relação às parcelas já vencidas e, além disso, deixariam de ser pagos, mensalmente, cerca de R$ 14.000,00 (catorze mil reais)

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O art. 260 do Código de Processo Civil estabelece que "quando se pedirem prestações

vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações. "

Pela regra acima, o valor correto a ser atribuído à causa, no caso de prestações sucessivas, constitui-se na soma das parcelas vencidas mais uma anualidade das vincendas.

No caso concreto, tal valor corresponde a R$ 340.000,00 (trezentos e quarenta mil reais), acrescidos de R$ 168.000,00 (cento e sessenta e oito mil reais) - resultado do cálculo de uma anualidade de parcelas vincendas (12 x 14.000,00), totalizando cerca de R$ 508.000,00 (quinhentos e oito mil reais).

Conclui-se, assim, ser o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) completamente divorciado do proveito econômico pretendido com a ação rescisória.

Ante o exposto, julgo procedente a impugnação, para fixar o valor da causa em R$ 508.000,00 (quinhentos e oito mil reais).

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ERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2007/0010622-9 Pet 5329 / PR

Número Origem: 200600745590

PAUTA: 08/10/2008 JULGADO: 08/10/2008

Relatora

Exma. Sra. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro PAULO GALLOTTI Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS Secretária

Bela. VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO

AUTUAÇÃO

REQUERENTE : ANTÔNIO PEDRO STENGHEL CAVALCANTI

ADVOGADO : GENI KOSKUR E OUTRO(S)

ASSUNTO: Administrativo - Militar - Ex-Combatente - Aposentadoria

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Seção, por unanimidade, julgou procedente a petição, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Votaram com a Relatora os Srs. Ministros Nilson Naves, Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Og Fernandes.

Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Felix Fischer e Maria Thereza de Assis Moura.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.

Brasília, 08 de outubro de 2008

VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO Secretária