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PROGRAMA DE ENSINO NA HIDROTERAPIA PARA LESADOS MEDULARES PARAPLEGIA

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Academic year: 2021

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PROGRAMA DE ENSINO NA HIDROTERAPIA PARA LESADOS MEDULARES – PARAPLEGIA

Vera Lúcia Israel (PUCPR/Fisioterapia, UFSCar/PPG-EES/SP) *Maria Benedita Lima Pardo (UFSCar/SP) RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi avaliar um Programa de Ensino para desenvolver habilidades motoras aquáticas em lesados medulares paraplégicos (deficiência física não sensorial), através da Hidroterapia. A Educação Especial em sua interface com a Fisioterapia, quanto à atenção ao portador de deficiência física não sensorial, tem desenvolvido novas estratégias de intervenção, que permitem um planejamento integrado entre as áreas através da programação do processo de ensino-aprendizagem. O método utilizado consistiu na aplicação de um Programa de Ensino em Hidroterapia para avaliar objetivos comportamentais, cujos critérios de avaliação foram definidos como níveis de aprendizagem, classificados de 1 a 5, prevendo desde ajuda total até execução do comportamento motor aquático com independência. O programa treinou 26 comportamentos motores aquáticos dentro das 05 fases de tratamento hidroterapêutico (Israel,1995), a saber: “ambientação” – comportamentos motores aquáticos A1 a A8; “domínio do meio líquido” – comportamentos D1 a D8; “exercícios terapêuticos especializados” – comportamentos E1 a E4; “condicionamento orgânico global” – comportamentos Cd1 a Cd6. Os principais resultados obtidos foram: os participantes obtiveram nível médio de aprendizagem acima de 80,0% (grau 4) em 20 dos 26 comportamentos motores aquáticos avaliados.

Palavras Chaves: Hidroterapia, Educação Especial, Fisioterapia, Lesão Medular, Paraplegia

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa teve por objetivo avaliar um Programa de Ensino para desenvolver as habilidades motoras aquáticas para os lesados medulares paraplégicos, através da Hidroterapia em piscina aquecida, buscando sua independência e adaptação dentro do meio líquido.

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Na Educação Especial, o lesado medular precisa ser mais conhecido quanto as suas características e necessidades, a fim de que se desenvolvam procedimentos que venham auxiliá-lo no desenvolvimento de movimentos e ações, que melhorem sua inclusão social.

Para oportunizar uma maior independência com segurança para os lesados medulares na busca de seu espaço profissional e social, é que a reabilitação pode ajudar. No uso das técnicas terapêuticas para a recuperação do lesado medular paraplégico, destaca-se a Fisioterapia.

O movimento humano é resultado de complexas relações entre diferentes sistemas que formam e fazem funcionar o aparelho locomotor da pessoa. Este movimento pode estar dentro de padrões de normalidade ou alterado por algum tipo de problema ou lesão.

Quando ocorre alteração no controle neurológico do sistema músculo-esquelético, o movimento costuma ser afetado em sua capacidade voluntária de contração muscular, amplitude articular e coordenação motora. Devido à plasticidade do sistema nervoso central, existe a possibilidade da recuperação da alteração neurológica, a qual dependerá diretamente do local, grau e extensão da lesão nervosa. É necessária uma atuação terapêutica rápida e precisa para auxiliar na reabilitação possível da motricidade voluntária da pessoa (Israel, 2000).

Neste estudo, será tratada a lesão neurológica que ocorre na medula espinhal, tendo como conseqüência a paraplegia. A recuperação do movimento na lesão medular é complexa e também depende do princípio da gravidade da lesão, isto é, quanto mais alta e ampla a lesão, maiores serão as seqüelas motoras da pessoa.

A Hidroterapia vem para contribuir com a recuperação do lesado medular. Os exercícios aquáticos em piscina para o lesado medular desenvolvem a funcionalidade global desta pessoa, por exemplo, quando este cliente não está mais preso a uma cadeira de rodas, mas pode livremente se locomover no meio líquido.

De fato, a água usada como meio de terapia auxilia na recuperação e também na manutenção da qualidade da saúde da pessoa. Lowman e Roen (1952) já

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descreviam que é importante iniciar cedo os exercícios na água com os lesados medulares para se estimular uma reação psíquica positiva por parte da pessoa com deficiência física.

Para todas as pessoas, a Hidroterapia tem trazido vantagens importantes quanto à recuperação de movimentos e outros efeitos positivos. Para o lesado medular, a Hidroterapia parece ter fundamental importância quando associada a exercícios específicos planejados adequadamente para cada quadro de lesão medular e a atividades funcionais que visam suprir assim as necessidades de cada pessoa. A programação de ensino mesmo não sendo usual no meio da Fisioterapia, pode favorecer o planejamento prévio da intervenção na Hidroterapia, obedecendo a critérios pré-determinados, pode trazer benefícios na recuperação do lesado medular. Assim, justifica-se o uso da programação de ensino na área da Hidroterapia.

O adequado planejamento do programa de tratamento tem reduzido os custos com a recuperação do cliente, bem como favorecido o aprendizado mais rápido de novos movimentos e o uso mais funcional de potenciais e habilidades motoras residuais (Israel, 2000).

MÉTODO

1. Participantes: três pessoas do sexo masculino, da raça branca, portadoras de deficiência física não sensorial, como seqüela de lesão medular. Sào pacientes paraplégicos (P1,P2,P3) e ss critérios para escolha foram: estar em condições clínicas estáveis e aptos a freqüentar sessões de Hidroterapia em piscina aquecida (33 a 34º C), de acordo com encaminhamento e diagnóstico médicos.

Quadro 01. Caracterização dos Participantes. Participantes/

Característica s

P1 P2 P3

Idade (anos) 49 29 28

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Trabalho atual Artesão Publicitári o Comerciant e Experiência anterior com água

não sim Sim

2. Local : a coleta de dados deste estudo foi realizada em uma escola de natação, na cidade de Curitiba/Paraná, entre janeiro e fevereiro de 1998. A piscina adaptada com rampa, degraus, platô e barras de aproximadamente 6x4m de tamanho e 1,20m de profundidade, sendo mantida aquecida à temperatura de 33/34º C. A piscina foi utilizada para a avaliação aquática inicial e final e para a aplicação do Programa de Ensino nas suas 15 sessões de intervenção.

3. Delineamento da Pesquisa: avaliação inicial de solo e aquática; 15 sessões de intervenção para aplicação do Programa de Ensino proposto, visando desenvolver 26 comportamentos motores previamente previstos ; avaliação final de solo e aquática.

4. Materiais e Equipamentos: como instrumentos de avaliação forma usados o roteiro para avaliação inicial e final no solo: o roteiro para observação dos comportamentos motores nas sessões de Hidroterapia; filmadora VHS-C, marca JVC, para filmagens das sessões, incluindo duas filmagens subaquáticas parciais; câmera fotográfica, marca Nikon, para ilustração dos comportamentos no trabalho; fitas de vídeo e filmes de fotografias.

5. Procedimento para a Coleta de Dados e Delineamento da Pesquisa: avaliações Inicial e Final no Solo; avaliações Inicial e Final Aquática ; 15 Sessões de Intervenção, sendo 4 vezes por semana de trinta minutos de duração.

6. Procedimentos para Análise dos Dados: análise dos dados obtidos nas avaliações e na análise dos vídeos de todas as sessões de intervenção e das avaliações aquáticas iniciais e finais. Elaborando-se quadros, gráficos e fazendo uma breve análise estatística (testes não paramétricos) dos dados mais relevantes.dos 2 grupos considerando: TA=5 fosse 100% do comportamento alcançado; FSA=4 fosse 75%; CAP=3 fosse 50%; CAT=2 fosse 25%; e NF=1 fosse 0% do comportamento motor.

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Somente os principais resultados serão descritos a seguir considerando os 03 participantes paraplégicos lesados medulares que passaram pelo Programa de Ensino. Os dados das avaliações iniciais e finais aquáticas estão em gráficos de evolução da aprendizagem nos graus 1 a 5 (maior independência) de acordo com as fases do Programa de Ensino.

Quadro 02. Resultados Numéricos e Médias das Avaliações Aquáticas Inicial e Final por Fase de Tratamento do Participante Paraplégico 1 (P1).

P1 COMPORTAMENTOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E1 E2 E3 E4 Cd1 Cd2 Cd3 Cd4 Cd5 6 AVAL IA ÇÕ ES Avi 2 5 1 1 3 3 3 1 1 3 2 1 3 3 3 3 2 2 2 3 3 1 2 4 3 3 Avf 5 5 5 3 5 5 5 4 4 4 4 1 5 4 4 4 2 3 3 3 5 5 5 5 5 4 D ife re nça 3 0 4 2 2 2 2 3 3 1 2 0 2 1 1 1 0 1 1 0 2 4 3 1 2 1 M ÉDI AS Fas es A D E Cd Avi 2,4 2,4 2,3 2,7 Avf 4,6 3,8 2,8 4,8

Legenda: Avi = avaliação inicial - Avf = avaliação final

Para os participantes P2 e P3 observou-se os seguintes dados:

Quadro 03. Resultados Numéricos e Médias das Avaliações Aquáticas Inicial e Final por Fase de Tratamento do Participante Paraplégico 2 (P2).

P2

COMPORTAMENTOS

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AVAL IA ÇÕ ES Avi 2 5 5 4 4 4 4 1 4 4 3 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 4 4 4 Avf 3 5 5 5 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 3 3 3 3 5 5 5 5 5 5 D if er en ça 1 0 0 1 1 1 0 4 1 1 2 1 4 4 4 4 2 2 2 2 4 4 1 1 1 1 M ÉDI AS Fase s A D E Cd Avi 3,6 2,4 1,0 3,0 Avf 4,6 5,0 3,0 5,0

Legenda: Avi = avaliação inicial - Avf = avaliação final

Quadro 04. Resultados Numéricos e Médias das Avaliações Aquáticas Inicial e Final por Fase de Tratamento do Participante Paraplégico 3 (P3).

P3 COMPORTAMENTOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 E1 E2 E3 E4 Cd 1 Cd 2 Cd 3 Cd 4 Cd 5 6 AVAL IA ÇÕ ES Avi 2 4 4 4 1 3 3 1 3 4 1 3 3 3 3 3 2 1 1 1 3 2 2 4 4 1 Avf 5 5 5 5 2 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 4 2 2 2 2 5 5 4 4 4 4 D ife re nça 3 1 1 1 1 2 2 3 2 1 4 2 2 2 2 1 0 1 1 1 2 3 2 0 0 3 M ÉDI AS Fas es A D E Cd Avi 2,8 2,9 1,3 2,7 Avf 4,5 4,9 2,0 4,3

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Os testes não paramétricos foram descritos em quadros específicos mostrando diferenças entre os grupos, porém com aprendizagens importantes. Porém devido a restrição deste trabalho não serão aqui apresentados.

Nesta evolução dos participantes lesados medulares, mencionou-se a melhora da condição muscular porque a ativação do corpo é global dentro da Hidroterapia, que é um recurso que pode precocemente ser usado na recuperação de condições neurológicas (Davis e Harrison, 1988). Estes mesmos autores lembram que o desempenho de muitos componentes de movimentos de atividades funcionais são freqüentemente mais fáceis na água quando assistidos pela flutuação, sendo que o fisioterapeuta pode aproveitar-se disso para educar ou desenvolver tais movimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Davis, B. C. e Harrison, R. A . Hydrotherapy in practice. London: Churchill Livinsgtone, 1988.

2. Israel,V.L. Description of a hydrotherapeutic procedure for patients with medullar lesions: stage I. Proceedings of the 12th International Congress of the World Confederation for Physical Therapy. Washington,D.C./U.S.A., Jun 25 - 30, p.19, 1995.

3. Israel, V.L Hidroterapia: um programa de ensino para desenvolver habilidades motoras aquáticas do lesado medular em piscina térmica. Tese de Doutorado, PPG-EES/UFSCar/SP, 2000.

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