Nº 11
Ano: 2017
Boletim do Mercado de Trabalho
Boletim do Mercado de Trabalho
Nº 11 – Abril / 2017
I - Emprego Formal no Brasil
Em fevereiro de 2017, os trabalhadores com carteira assinada no país somaram 46.723.355 pessoas, de acordo com os últimos resultados do Ministério do Trabalho e Emprego– MTE, extraídos dos registros da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. O total considera informações encaminhadas pelas empresas ao MTE no prazo e fora dele. O Gráfico 1 mostra a variação do emprego formal desde 2001.
Gráfico 1
Evolução e Saldo do Emprego Formal no Brasil, 2001-2017* (em mil)
Fonte: MTE. Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC. (*) Estimativas (2016: dezembro; 2017: fevereiro)
2 Em doze meses (fev/2016 a fev/2017) foram eliminados 1.148.845 postos de trabalho, o que representou uma queda de 2,4% ao longo do período. Todos os setores de atividade diminuíram o nível de emprego, e a construção civil foi o setor mais afetado em números absolutos (-358.127), seguido pelo setor de serviços (-335.509) e pela indústria (-258.182).
No conjunto da indústria de transformação, que detém 15,5% de todo emprego formal no país, o setor metalmecânico foi responsável por 44,6% das reduções em um ano; a indústria de produtos alimentícios e bebidas contribuiu com 17,3% da queda, e a indústria de madeira e mobiliário com 9,2%.
No setor de serviços, 42,7% da redução do emprego ocorreram sobretudo em empreendimentos imobiliários, serviços de engenharia, locação e agenciamento de mão-de-obra, além das atividades de teleatendimento.
O resumo do emprego no último ano, por grandes setores da economia, consta na tabela 1, a seguir:
Tabela 1
Emprego Formal, por Setores de Atividade Econômica Brasil, 2016-2017
Entre 2005 e 2014, o Brasil criou em média 1.960.666 novos postos de trabalho com carteira assinada em cada ano. A partir deste período, começou a contabilizar o
encolhimento do emprego. De janeiro de 2015 a fevereiro de 2017 foram eliminados 2.848.155 postos de trabalho no Brasil, resultado da crise econômica e política que se instalou no país a partir de 2014. O acirramento político pós-eleições restringiu investimentos e jogou para o longo prazo a possibilidade de recuperação da economia. A cadeia de produção da Petrobrás e setores responsáveis pela infraestrutura nacional estão entre os mais atingidos no período; a construção civil perdeu 27% de seu nível de emprego desde o final de 2014.
O mercado de consumo foi altamente prejudicado com a redução do dinheiro em circulação. Somente em 2016 o Brasil perdeu 10% da massa de rendimentos dos trabalhadores formais, em termos reais, intensificado pela indústria que perdeu 12,8% no mesmo período.
II - Emprego Formal no Grande ABC
No Grande ABC, o emprego com carteira assinada foi reduzido em 743 postos de trabalho em fevereiro de 2017, principalmente em razão dos desligamentos ocorridos na indústria de transformação (-856) e construção civil (-104). Por outro lado, os setores de serviços, comércio e serviços industriais de utilidade pública apontaram ligeiros saldos positivos no nível do emprego.
Estima-se que o ABC finalizou o mês de março com 750.697 trabalhadores, um patamar semelhante ao ano de 2010. Em doze meses (fev/2016 a fev/2016), foram fechados 29.640 postos de trabalho no ABC, com redução de 3,8%. Neste período, a indústria foi responsável por 13.776 postos fechados (46,5%), seguido pelo setor de serviços, com 8.259 (27,9%) postos fechados no período.
A tabela 2 destaca os resultados do emprego entre 2016 e 2017, por setores de atividade:
4 Tabela 2
Empregos com Carteira Assinada, por Setores de Atividade Econômica Grande ABC, 2016-2017
A contração das ocupações industriais levou o setor sair de uma participação de 32,8% no nível do emprego ao final de 2010, para 26,3% em fevereiro deste ano, como pode ser observado na tabela 2.
Na análise mensal e por município do Grande ABC, São Caetano do Sul contribuiu com 77,4% do saldo negativo no último mês, ou 575 postos. O município eliminou 470 ocupações na indústria e 205 no setor de serviços; contudo, elevou em 193 o total na construção civil. São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires igualmente extinguiram vagas no mês de fevereiro. Na região, apenas Mauá (135) e Santo André (95) contabilizaram crescimento do emprego.
Em doze meses, o município de São Bernardo do Campo fechou 13.359 postos de trabalho e contribuiu com 45,0% dos empregos extintos no Grande ABC neste período. Foi seguido por São Caetano do Sul, Santo André e Diadema, cada um deles com pouco menos de 5.000 vagas eliminadas em um ano.
Tabela 3
Empregos com Carteira Assinada, por Município Grande ABC, 2016-2017
Desde dezembro de 2013 já foram eliminados 82.675 empregos formais na região (-9,9%), após ter criado 280.012 (+50,6%) entre 2002 e 2013.
Gráfico 2
Empregos com Carteira Assinada Grande ABC, 2000-2017 (em mil)
Fonte: MTE. Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC (*) Fevereiro
6 Como consequência da eliminação das ocupações, os rendimentos foram muito impactados. A massa de salários no Grande ABC se comprimiu em 13,2% somente em 2016. Entre 2014 e 2016, a redução foi de 17,9%. Em valores absolutos, R$ 451,8 milhões deixaram de circular na economia regional nesses dois anos.
III - Os Metalúrgicos no Brasil
Os metalúrgicos no Brasil somaram 1.922.401 pessoas em fevereiro. Neste mês, foram adicionadas 1.483 ocupações no setor, com crescimento residual de 0,1% em relação a janeiro. Os segmentos das montadoras, outros equipamentos de transporte, além de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, eliminaram 2.094 ocupações. O saldo positivo no mercado de trabalho metalúrgico foi decorrente das contratações em patamares mais acentuados que as demissões nos segmentos de produtos de metal, metalurgia, equipamentos eletrônicos e ópticos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, máquinas e equipamentos e autopeças. Em doze meses, houve a redução de 117.175 ocupações metalúrgicas. No acumulado do período, nenhum dos segmentos metalúrgicos registrou evolução do número de trabalhadores. Na tabela 4 consta o detalhamento destas informações.
Tabela 4
Emprego Metalúrgico, por Subsetores Brasil, 2016-2017
Desde outubro de 2013, instante em que a curva do emprego metalúrgico se tornou negativa, foram fechados 555.466 postos de trabalho (-22,4%). A grande maioria dos empregos metalúrgicos (80,0%) está distribuída nos seguintes setores: 21,7% na indústria de produtos de metal, 20,6% no automotivo, 17,4% nos fabricantes de máquinas e equipamentos, 10,6% na metalurgia e 9,7% na indústria de materiais elétricos.
Nos segmentos do setor automotivo notam-se quedas significativas nos últimos 12 meses: -9.998 nas montadoras e -8.892 nas autopeças. O setor automotivo reduziu em 21,5% no período. No entanto, nota-se ligeira melhora nos indicadores do segmento de autopeças nos últimos dois meses, refletida pela criação de 2.873 vagas nesse período.
Desde que a crise começou a afetar o nível de emprego no setor automotivo, 28.816 empregos foram extintos nas montadoras e 96.141 nas autopeças1 no Brasil. Veja gráficos a seguir:
8
Trabalhadores em Montadoras (em mil)
Gráfico 3
Brasil – 2014-2017*
Gráfico 4
Trabalhadores em Autopeças (em mil)
Brasil – 2014-2017*
Fonte: MTE. Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC (*) Estimativa até fevereiro/2017
IV – Taxa de desemprego no Grande ABC: resultados da PED
A taxa de desemprego no Grande ABC aumentou de 17,0% em janeiro para 17,5% em fevereiro de 2017 (trabalhadores com e sem carteira), de acordo com os dados mais recentes da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED (DIEESE/SEADE) para a região. O resultado deste início de 2017 somente se compara com meados de 2005 ou anos anteriores. Estima-se que na região existem atualmente 244 mil desempregados.
Gráfico 8
Taxa de Desemprego, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego DIEESE/SEADE (%)
Grande ABC, 2014-2017
A População Economicamente Ativa – PEA (pessoas trabalhando ou em busca de emprego) totaliza 1,392 milhão, de acordo com o boletim da PED e com os dados anuais consolidados. Este indicador é superior ao mês de janeiro (1,370 milhão), contudo inferior a todos aqueles após março de 2016, o que significa que pessoas saíram do mercado de trabalho, provavelmente desmotivadas pelos resultados desfavoráveis na busca por um novo posto de trabalho.
10 FICHA BIBLIOGRÁFICA
Título: Boletim do Mercado de Trabalho - Nº 11 – Abril/2017. Autoria: Subseção DIEESE / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Equipe técnica responsável: Luís Paulo Bresciani, Zeíra Mara Camargo de Santana, Warley
Batista Soares, Silvana Martins de Miranda, José Luiz Lei e Douglas Meira Ferreira.
Resumo: Analisa os indicadores do mercado de trabalho brasileiro, com recorte especial para a
base dos Metalúrgicos do ABC.
Palavras-chave: metalúrgicos, emprego; mercado de trabalho.
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