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(Ixodoidea-Argasidae) NO E S T A D O DO RIO DE J A N E I R O

TESE

A p r e s e n t a d a à U n i v e r s i d a d e Federal Rural do Rio de Janeiro para obtenção do grau de

"Magister Scientiae"

F E R N A N D O E U S T Á Q U I O PEIXOTO DE M A G A L H Ã E S M a i o de 1979

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. W I L H E L M O.D.M. NEITZ, Professor Titular da Área de Parasitologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pela orientação e apoio à pesquisa biológica e pela imprescindível colaboração bibliográfica;

ao Professor CARLOS LUIZ MASSARD, pela constante ajuda nos trabalhos de pesquisa e pelo auxílio dado na revisão dos manuscritos;

ao Professor NICOLAU MAUÉS DA SERRA FREIRE, pela ob-jetiva orientação na elaboração dos quadros e organização dos textos;

ao Professor HUGO EDISON BARBOZA DE REZENDE, pela rea-lização das fotografias, pelo contínuo incentivo à presente pes-quisa e pelo devotado trabalho em prol da parasitologia veteri-nária;

à Professora ANA MARGARIDA L. DE REZENDE, pela pre- ciosa ajuda no preparo do material histopatológico;

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DE BARROS ARAUJO, pelo auxílio prestado à morfologia;

aos Professores LAERTE GRISI e MICHAEL ROBIN HONER, pela atenciosa colaboração dada a este trabalho;

ao Dr. JOSÉ M A R I A LAMAS, P r o f e s s o r A d j u n t o do Depar- tamento de Clínica e Cirurgia V e t e r i n á r i a da U.F.M.G., pela ex- pressiva contribuição nos exames e diagnósticos histopatológi-cos;

ao Dr. ARI M O R E I R A DE SOUZA, da EMBRAPA, pela genti- leza em ceder as aves necessárias a este experimento;

F.R.R.J.,

ao Sr. OSWALDO DUARTE GONÇALVES, funcionário da U. pela precisa correção feita à redação deste trabalho;

à funcionária DIVA MONTEIRO DA SILVA, da U.F.R.R. J., pelo trabalho de datilografia;

à MARIA LÚCIA CARDOSO DE MAGALHÃES, pela incansável ajuda e constante estímulo com que contribuiu, como esposa, pa- ra o preparo deste trabalho;

aos professores e colegas do Curso de Pós-Graduação e a todos aqueles que, direta ou indiretamente, c o l a b o r a r a m pa- ra a realização desta tese, os sinceros a g r a d e c i m e n t o s do Au- tor.

Trabalho realizado nos Laboratórios da Área de Para-sitologia do Departamento de Biologia Animal - I.B. da U.F.R. R.J. sob os auspícios da Empresa B r a s i l e i r a de Pesquisa Agrope- cuária - EMBRAPA e do Conselho de D e s e n v o l v i m e n t o C i e n t í f i c o e T e c n o l ó g i c o (CNPq).

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B I O G R A F I A

FERNANDO EUSTÁQUIO PEIXOTO DE MAGALHÃES, filho de Duarte Magalhães e Dalva Peixoto de Magalhães, nasceu em Cae-té, E s t a d o de Minas Gerais, a 30 de o u t u b r o de 1945.

Realizou o curso primário no Grupo Escolar "Dr. Jo-ão Pinheiro", em Caeté. Cursou o ginasial e o científico, até a 2ª série, no Colégio Municipal de Belo Horizonte, transferin-do-se, na 3ª. série, p a r a o C o l é g i o "Lúcio dos Santos".

Em 1970, ingressou na Escola de Veterinária da Uni-versidade Federal de Minas Gerais, onde se diplomou médico-ve-t e r i n á r i o a 6 de d e z e m b r o de 1973.

Desde 1974 pertence ao quadro de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, tendo iniciado suas atividades profissionais em Recife, no Centro de Pesquisa Zoopatológica. Em 1975, foi lotado na U.E.P.A.E. de P o n t a Grossa, Paraná.

De 01.03.1978 a 28.02.1979, foi bolsista do Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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pelo carinhoso e constante estímulo e pelo apoio e auxílio necessários

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Às aves que, em prol desta pesquisa, serviram c o m o h o s p e d e i r o s dos c a r r a p a t o s , o r e c o n h e c i m e n t o do A u t o r .

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01 03 15 15 19 20 22 22 43 52 63 63 73 76 I. I N T R O D U Ç Ã O II. R E V I S Ã O DA L I T E R A T U R A III. M A T E R I A L E M É T O D O S A. B i o l o g i a de A. (P.) m i n i a t u s B. T o x i c o s e de A. (P.) m i n i a t u s C. M o r f o l o g i a de A. (P.) m i n i a t u s IV. R E S U L T A D O S A. A s p e c t o s B i o l ó g i c o s de A. (P.) m i n i a t u s B. T o x i c o s e p o r l a r v a s de A. (P.) m i n i a t u s C. A s p e c t o s M o r f o l ó g i c o s de A. (P.) m i n i a t u s V. D I S C U S S Ã O A. A s p e c t o s B i o l ó g i c o s de A. (P.) m i n i a t u s B. T o x i c o s e por larvas de A. (P.) m i n i a t u s C. A s p e c t o s M o r f o l ó g i c o s de A. (P.) m i n i a t u s

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79 81 83 85 92 V I . CONCLUSÕES VII. R E S U M O VIII. S U M M A R Y IX. R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S X. A P Ê N D I C E

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T r a b a l h a n d o c o m o " c a r r a p a t o s u l - a m e r i c a n o das aves", Argas (Persicargas) miniatus Koch, 1844, um dos princi-pais ectoparasitos das aves domésticas do Estado do Rio de Ja-neiro, observamos que, por muito tempo, ocorreram controvér-sias a respeito da identidade de Argas persicus (Oken, 1818) e de

Argas miniatus

Koch, 1844 se e r a m o u n ã o d u a s e s p é c i e s d i s t i n t a s ou a i n d a se a ú l t i m a era s i n ô n i m a da p r i m e i r a .

R O H R (1909) t r a b a l h a n d o no R i o de J a n e i r o , c o n c l u i u q u e a e s p é c i e aí e n c o n t r a d a e r a A. persicus c a r a c t e r i z a d a p o r apenas dois estádios ninfais. Por outro lado, KOHLS, HOOGSTRA- AL, CLIFFORD & KAISER (1970) também examinando espécimens pro-v e n i e n t e s do Rio de J a n e i r o , c o n c l u í r a m q u e e s t e e c t o p a r a s i t o era de fato

A. (P.) miniatus.

L O U N S B U R Y (1903-1904), na Á f r i c a do Sul, r e g i s t r o u pela primeira vez que A. persicus induzia "tick paralysis" (paralisia por carrapato) em aves. Na mesma época, MARCHOUX & SALIMBENI (1904), no Rio de Janeiro, foram os primeiros a

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mos-2

trar a transmissão transestadial e transovariana da Borrelia

anserina

(Sakharoff, 1891) (= Spirochaeta gallinararum Stephens & C h r i s t o p h e r , 1904), p e l o

A. miniatus.

O presente trabalho foi feito com o objetivo de re-e s t u d a r , nas amostras i s o l a d a s do R i o dre-e J a n re-e i r o , o c i c l o dre-e v i d a e a m o r f o l o g i a de

A. (P.) miniatus

b e m c o m o a a ç ã o tóxi- c a d a s l a r v a s e m p i n t o s e p a t o s .

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O A. miniatus foi descrito por KOCH (1844) na loca-

lidade de Demerara, Guiana Inglesa, sem menção do hospedeiro, origem, estádio de desenvolvimento ou número de espécimens exa-m i n a d o s .

E m G u a n a j u a t o , México, D U G È S (1887) d e s c r e v e u u m novo carrapato, Argas sanchezi, referindo-se aos caracteres es-pecíficos e diferenciais, entre os quais, o hipostômio (=lin-güeta) com cinco f i l e i r a s l o n g i t u d i n a i s de e s p i n h o s c o l o c a d a s em o i t o séries t r a n s v e r s a i s . O m a t e r i a l e x a m i n a d o foi de duas larvas c o l e t a d a s de p o m b o de c a u d a l o n g a (Zenaidura macroura

L.).

N E U M A N N (1896), b a s e a n d o - s e na d e s c r i ç ã o d a d a por KOCH (1844), observou que a forma geral dos idiossomas e a pre-sença das fossetas tegumentares não eram suficientes para dis-t i n g u i r

A. miniatus de o u t r a s e s p é c i e s d e s c r i t a s no gênero.

NEUMANN (1901), ao examinar dois exemplares de A. mi-

niatus da coleção de Koch no museu de Berlim e reconsiderando

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seus estudos de 1896, concluiu que Algas americanus Packard, 1872

e A. sanchezi

Dugés, 1887, eram sinônimos de A. miniatus Koch, 1844.

L O U N S B U R Y (1903, 1904), na Á f r i c a do Sul, d e s c r e v e u pela primeira vez a ocorrência de "tick paralysis" causada pe-lo

A. persicus

em aves.

N E U M A N N (1905), r e e s t u d a n d o os a s p e c t o s comparati- vos da morfologia de

A. miniatus e A. persicus,

publicados em 1901, c h e g o u à c o n c l u s ã o de q u e as d i f e r e n ç a s e n t r e eles não eram constantes, preferindo considerar a primeira como uma va-r i e d a d e g e o g va-r á f i c a da s e g u n d a .

BANKS (1907) catalogou os acarinos dos Estados Uni-dos informando que, até aquela data, havia 450 espécies grupa-das em 133 gêneros e dentre elas mancionou A. miniatus, A.

ame-ricanus, A. radiatus Railliet, 1893, A. persicus e A. sanchezi.

B a s e a n d o - s e em t r a b a l h o s de o u t r o s p e s q u i s a d o r e s , F I - CKER & ROSENBLAT (1907) na Alemanha, fizeram a descrição do ci-clo evolutivo do A. miniatus no qual mostraram que após o 2º e s t á d i o ninfal, dois r e p a s t o s e p o r c o n s e g u i n t e v á r i a s m u d a s são necessárias para que os carrapatos sexualmente maduros co-m e c e co-m a p ô r ovos.

NUTTAL, WARBURTON e seus colaboradores, em 1908, se-MARCHOUX & SALIMBENI (1903), no Rio de Janeiro, des-c r e v e r a m p e l a p r i m e i r a vez a t r a n s m i s s ã o t r a n s e s t a d i a l e trans- o v a r i a n a da

B o r r e l i a a n s e r i n a

(Sakharoff, 1891), p e l o

A. minia-

t u s .

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gundo VOGELSANG & SANTOS DIAS (1953) colocaram A. persicus mi-niatus em sinonímia de A. persicus

,

não tendo concordado com NEUMANN (1905) que considerou A. miniatus como variedade de A. p e r s i c u s .

H O O K E R (1909), nos E s t a d o s Unidos, em seu t r a b a l h o experimental com A. miniatus encontrou, algumas vezes, um ter-ceiro estádio ninfal, perfazendo o total de quatro mudas no ci-clo de vida. Este estádio extra não correspondia a uma varia-ção sexual, pois ocorreu tanto para os machos como para as fê-meas.

ROHR (1909), experimentalmente, com temperatura am-b i e n t a l e c o n t r o l a d a , e s t u d o u a am-b i o l o g i a do

A. persicus

no Bra-

sil, sem c o n s i d e r a r as d i f e r e n ç a s m o r f o l ó g i c a s c o m

A. miniatus.

Verificou que a evolução do referido carrapato envolve os está-dios de ovo, larva, p r o t o n i n f a , d e u t o n i n f a e a d u l t o s . D e n t r e os a s p e c t o s b i o l ó g i c o s e s t u d a d o s , d e m o n s t r o u o t e m p o de evolu- ção dos ovos e de fixação das larvas, o período prévio das mu-das, d i m e n s õ e s dos r e f e r i d o s e s t á d i o s , a i m p o r t â n c i a da s u c ç ã o e da cópula para a postura, o período de pré-postura e de pos-tura e n ú m e r o e q u a n t i d a d e de o v o s p o r p o s t u r a .

Ao estabelecer a importância de alguns carrapatos nos E s t a d o s Unidos, H U N T E R & B I S H O P P (1911), f i z e r a m c i t a ç ã o do A. miniatus. Mostraram que sua distribuição está quase que r e s t r i t a à l i n h a que d i v i d e a zona ú m i d a da árida, o n d e ocor- r e m m e n o s de 30 p o l e g a d a s a n u a i s de chuva.

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áca-6

ros e carrapatos da Califórnia, relacionaram a ocorrência de A. miniatus na l o c a l i d a d e d e R i v e r s i d e .

PATTON (1922) relatou a distribuição do A. miniatus na metade do oeste do Texas, no Sul das fronteiras dos Estados da Flórida, de Oklahoma, do Novo México, do Arizona e da Cali-fórnia. Comprovou que galinhas, perus, gansos, pombos, avestru- zes e c a n á r i o s e r a m seus h o s p e d e i r o s . Fêz a l g u n s c o m e n t á r i o s sobre a biologia do carrapato referindo-se aos diferentes

está-dios evolutivos, à injúria produzida, ao tratamento e aos méto-dos de p r e v e n ç ã o do p a r a s i t i s m o .

A o l i s t a r c a r r a p a t o s do P a n a m á , D U N N (1923) mencio-

nou o

A. miniatus enfatizando sua freqüência e seu reconheci-m e n t o c o reconheci-m o s é r i o p a r a s i t o das aves d o reconheci-m é s t i c a s .

PARMAN (1926), nos Estados Unidos, ao realizar uma breve descrição da biologia do A. miniatus

,

mostrou a presença de t o d o s os e s t á d i o s e v o l u t i v o s nas f r e s t a s dos g a l i n h e i r o s e o l o n g o p e r í o d o q u e s o b r e v i v e m f o r a dos h o s p e d e i r o s , c o m exce- ção das larvas não ingurgitadas. Relatou ainda os aspectos econômicos desta parasitose, os quais foram traduzidos em

mi-lhões de d ó l a r e s a n u a i s .

ARAGÃO (1938), ao examinar carrapatos do gênero Ar-gas, provenientes da Argentina, reconheceu serem eles diferen-tes dos Argas brasileiros. Para ele, o Argas argentino corres-pondia à espécie A. persicus

,

ao passo que o brasileiro com pe-ritrema maior e muito diferente foi considerado, a princípio como uma variedade à parte, que chamou de A. persicus var.

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dis-similis.

.

P o s t e r i o r m e n t e , r e c e b e u m a t e r i a l p r o c e d e n t e de Geor- getown, Guiana Inglesa, onde KOCH (1844) havia descrito a espé-cie

A. miniatus,

e reconheceu que ele correspondia ao

A.

per-sicus var. dissimilis.

Finalmente concluiu que a espécie A.

mi-niatus

deveria ser considerada perfeitamente válida e diferen-t e d o A. p e r s i c u s .

Em Belo Horizonte, PÉRES, SOBRINHO & BESSA (1940), ao examinarem esfregaços de sangue de galinhas domésticas (fun-do de quintal) que estavam morren(fun-do, constataram casos de espi-roquetose das aves causadas por

B. anserina,

que ainda não ha-viam sido referidos na literatura regional. Incriminaram o Mer-cado Municipal como principal foco da disseminação da doença. Concomitantemente ao surto desta doença, descobriram nos gali-n h e i r o s o gali-n d e o c o r r i a m c a s o s de m o r t e , o t r a gali-n s m i s s o r do a g e gali-n t e e t i o l ó g i c o , o qual foi i d e n t i f i c a d o p o r A m i l c a r V i a n a M a r t i n s c o m o s e n d o

A. miniatus,

r e c o n h e c i d o d i s s e m i n a d o r d e s s e espiro- q u e t a na A m é r i c a do Sul.

B R O W N & C R O S S (1941), ao e s t u d a r e m um dos p r o v á v e i s c a u s a d o r e s da p a r a l i s i a das aves nos E s t a d o s Unidos, c o n s t a t a ram ser

o A. persicus o

agente etiológico dessa enfermidade. R e l a t a r a m a i n d a q u e essa d o e n ç a p r o v o c o u a m o r t e de 556 aves em três p l a n t é i s c o m o t o t a l de 1.009 aves, no Texas, d u r a n t e os anos de 1937 a 1939.

B I S H O P P (1942) m o s t r o u que, no S u d o e s t e dos E s t a d o s Unidos, um dos mais sérios obstáculos para produção de aves é o carrapato identificado como

A. miniatus.

Ao enumerar as

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in-j ú r i a s e s i n t o m a s p r o v o c a d o s p o r eles, m e n c i o n o u t a m b é m uma f o r m a de p a r a l i s i a a s s o c i a d a a e s s e c a r r a p a t o a f e t a n d o m u i t a s aves, algumas das quais morreram. Descreveu ainda alguns as-p e c t o s da b i o l o g i a de A. m i n i a t u s , d e n t r e os q u a i s r e c o n h e c e u o i t o p o s t u r a s c o n s e c u t i v a s p e r f a z e n d o um t o t a l de 900 ovos. No ciclo vital demonstrou a passagem pelos estádios de ovo, larva, p r o t o n i n f a , d e u t o n i n f a e a d u l t o s .

Ao estudarem uma enfermidade das aves em Los Rosa-les, Venezuela, BRICENO ROSSI & IRIARTE (1942) constataram a p r e s e n ç a de e s p i r o q u e t a s e um de seus h o s p e d e i r o s intermediá-

rios,

A. miniatus. Posteriormente, ao depararem com a mesma e n f e r m i d a d e em aves da c i d a d e de B o l i v a r , V e n e z u e l a , não pude- ram o b s e r v a r as e s p i r o q u e t a s , m a s o b s e r v a r a m os c a r r a p a t o s iden- t i f i c a d o s como A. persicus.

Em seu t r a b a l h o de d i s t r i b u i ç ã o e h o s p e d e i r o s de cer- tos carrapatos da América do Norte, BISHOPP & TREMBLEY (1945) c o n s i d e r a r a m de p r i m e i r a i m p o r t â n c i a , no S u d o e s t e dos E s t a d o s Unidos, o c a r r a p a t o da g a l i n h a como v e r d a d e i r a p e s t e das aves d o m é s t i c a s . E s t a espécie, não s o m e n t e t r a n s m i t e a espiroqueto- se das aves m a s c a u s a uma f o r m a de p a r a l i s i a e n t r e elas e é r e s p o n s á v e l por p e s a d a s p e r d a s na p r o d u ç ã o a v í c o l a . Os auto- res apontaram as aves domésticas como os mais importantes hos-pedeiros do A. miniatus, e as galinhas e os perus como mais

sen-s í v e i sen-s àsen-s i n f e sen-s t a ç õ e sen-s em r e l a ç ã o aosen-s p a t o sen-s e gansen-sosen-s.

E M M E L (1945) r e p o r t a a o c o r r ê n c i a de "tick p a r a l y sis" a s s o c i a d a c o m t o d o s os e s t á d i o s de d e s e n v o l v i m e n t o do A.

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c i d ê n c i a à i n o c u l a ç ã o de toxina, c o m o s u b s t â n c i a c a u s a d o r a da doença, d u r a n t e o p e r í o d o de a l i m e n t a ç ã o do c a r r a p a t o . Verifi- c o u q u e os s i n t o m a s i n i c i a l m e n t e m a i s e v i d e n t e s são os das asas e pernas e que, de acordo com o grau de parasitismo das aves, e s t a s a s s u m e m a p o s i ç ã o s e n t a d a . C o n s t a t o u que o p e r í o d o pa- tente da doença variou de 24 a 72 hs e que, quando feita a re-m o ç ã o das larvas, os s i n t o re-m a s c l í n i c o s r e g r e d i r a re-m .

V O G E L S A N G & S A N T O S DIAS (1953) a f i r m a r a m , de a c o r d o com Aragão, que na Venezuela A. miniatus substituía A. persis-cus e a i n d a a f i r m a r a m que esta s e g u n d a e s p é c i e h a v i a diso assi- nalada no pais por TEJERA (1915) e por VOGELSANG & CORDEIRO

(1940).

C O R R Ê A (1956), no Rio G r a n d e do Sul, fez a l g u n s co- mentários sobre a biologia, a patologia e o controle de A. mi-niatus, o " c a r r a p a t o das aves de quintal".

V O G E L S A N G & S A N T O S DIAS (1960) d e s c r e v e r a m a ocor- rência de A. persicus na Venezuela, apesar de em trabalho an-terior (VOGELSANG & SANTOS DIAS, 1953) terem aceito a opinião de Aragäo de que A. persicus encontrado por eles na Venezue-la é o mesmo A. miniatus descrito por KOCH (1844) na Guiana Inglesa. A i n d a c o m e n t a r a m s o b r e os h o s p e d e i r o s , a b i o l o g i a e a ação p a t o g ê n i c a do c a r r a p a t o c o n s i d e r a d o .

N E I T Z (1962) r e l a t o u que a "tick p a r a l y s i s " é uma d o e n ç a a g u d a ou s u b a g u d a de c e r t o s m a m í f e r o s e aves. Ela é cau-

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10

sada por uma neurotoxina liberada, pelo menos, por 20 membros da família Ixodidae Banks e quatro espécies da família Argasi-dae Canestrini, depois de vários dias após sua fixação. A do-ença é caracterizada por crescente paralisia flácida, a qual progride rapidamente das extremidades às estruturas da ponte e medula, por incoordenação, mudanças sensoriais e freqüentemen-te por consecutiva morfreqüentemen-te devida à paralisia respiratória. In-crimina somente o A. persicus como transmissor da referida d o e n ç a em aves.

SONENSHINE, CLIFFORD & KOHLS (1962), estudando 12 larvas do gênero Argas, mostraram que a quetotaxia, em conjun-to c o m o u t r o s dados, é m u i t o i m p o r t a n t e p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o do caráter subgenérico e específico. Em adição à quetotaxia, achados como a forma e a dentição do hipostômio, tamanho do ar-tículo palpal, forma e tamanho do Tarso I, bem como a preferên-c i a p e l o h o s p e d e i r o e sua d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i preferên-c a , f o r a m preferên-consi- derados para o reconhecimento da espécie. Na caracterização de

Argas (Argas) persicus [= Argas (Persicargas) persicus], eles

uti-lizaram seis exemplares coletades em galinheiros do Rio de Ja-neiro e dois exemplares oriundos de aves adultas de galinhei-tos de C o l l e g e Park, M a r y l a n d , USA.

KAISER, HOOGSTRAAL & KOHLS (1964) propuseram um no-vo subgênero, Persicargas (i.e., o "grupo persicus"), caracte-rizado pela presença das células intertegumentares laterais e de cerda p ó s - p a l p a i s em a d u l t o s e e s t á d i o s n i n f a i s .

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REIRO & JUNQUEIRA NETO (1966) constataram, pela primeira vez, a c o r r ê n c i a de A.

miniatus.

Das 41 p r o p r i e d a d e s d e c r i a ç ã o de a v e s d o m é s t i c a s v i s i t a d a s , 4 6 , 3 % a p r e s e n t a r a m o c a r r a p a t o .

KOHLS, H O O G S T R A A L , C L I F F O R D & K A I S E R (1970), a o exa- minarem as espécies tipos, revelaram que Argas (Persicargas) ra-diatus, Argas (Persicargas) sanchezi e Argas (Persicargas) mi-n i a t u s são espécies válidas e não sinônimas do carrapato das aves,

Argas (Persicargas) persicus,

como era acredidato. Sali-entaram ainda que

A. radiatus e A. sanchezi

são registrados também parasitando aves silvestres. A espécie

A. persicus

pa-rece ser rata no novo mundo, embora tenham examinado várias co-leções e encontrado

A. persicus

em sete coleções de Maryland, duas da Pensilvânia, uma da Geórgia, urea da Califórnia e uma do Paraguai. O

A. radiatus

foi registrado na Florida, em Io-w a e no Texas, nos U . S . A . , e e m T a m a u l i p a s , no M é x i c o . O A.

sanchezi é

e n c o n t r a d o no A r i z o n a , na C a l i f ó r n i a , em N e v a d a , no Novo México, no Texas, em Utah e na Baía da CalifOrnia, nos U. S.A., e em Durango e Guanajuato, no México. O

A. miniatus

conhecido no Panamá, Trinidade, Colômbia e no Brasil. Segundo os autores, com a confusão existente para a identificação das espécies do subgênero

Persicargas

no novo mundo, sua distribui- ção ficou pobremente conhecida. Estudos comparativos da morfo-logia dos estádios evolutivos foram feitos entre essas espé-cies, d e s t a c a n d o - s e a d i m e n s ã o , d e s c r i ç ã o das e s t r u t u r a s anatô- m i c a s e n ú m e r o e d i s p o s i ç ã o das setas.

(20)

12

c a u s a d a por l a r v a s de

A. (P.) persicus

é, p r o v a v e l m e n t e , uma t o x i c o s e , e está na d e p e n d ê n c i a das m a n i f e s t a ç õ e s c l í n i c a s e do e s t a d o do i n g u r g i t a m e n t o das larvas. A taxa de i n f e s t a ç ã o de importância significante para a severidade dos sintomas

clínicos, os quais aumentam em sua extensão e intensidade em p r o p o r ç ã o d i r e t a ao n ú m e r o de l a r v a s que p a r a s i t a m . O a u t o r não fez referência a lesões macro e microscópicas dos órgãos.

GOTHE, KUNZE & MECHOW (1971) reportaram que, em ca-sos de paralisia das aves causada por larvas de A. (P.) persi-cus, a u t i l i z a ç ã o de e l e t r o c a r d i o g r a f i a e e l e t r o m i o g r a f i a tem d e m o n s t r a d o que o n e r v o do s i s t e m a p e r i f é r i c o dos m ú s c u l o s respiratórios é o primeiro a ser afetado, enquanto que as fun-ções do c o r a ç ã o são i n f l u e n c i a d a s p o s t e r i o r m e n t e e de m a n e i r a i n d i r e t a .

Ao estudarem o efeito neurofisiológico da ação tóxi-ca provotóxi-cada For larva do

A. (P.) persicus,

KUNZE & GOTHE (1971) verificaram que em 12 animais corn paralisia máxima hou-ve generalizada afecção do sistema nervoso periférico com rápi- da condução dos impulsos nervosos. A afecção do nervo perifé-r i c o o c o perifé-r perifé-r e u em oito a n i m a i s com m o d e perifé-r a d a paperifé-resia.

DE LA CRUZ (1974) reporta a presença de A. (P.)

mi-niatus em Cuba, em material proveniente de Pinar del Rio.

GOTHE & KOOP (3974) mostraram, no experimento de cru-zamento de Argas (Persicargas) arboreus Kaiser, Hoogstraal & Kohls, 1964, Argas (Persicargas) walkerae Kaiser & Hoogstraal,

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espé-cies do subgênero Persicargas, porque a despeito do cruzamento i n t e r e s p e c í f i c o , n u n c a s e r e p r o d u z i r a m . E m p o u c o s c a s o s s o m e n - re, o v o s e m p e q u e n o n ú m e r o f o r a m p o s t o s ; e s s e s ovos, e n t r e t a n - to, nunca embrionaram, mesmo depois da incubação por quatro me-ses em ó t i m a s c o n d i ç õ e s a b i ó t i c a s . P o r t a n t o , os a u t o r e s afir- maram que essas três espécies do subgênero Persicargas são di-ferentes e reais unidades biológicas, separadas por isolamento sexual, e que, c o n s e q ü e n t e m e n t e , r e p r e s e n t a m v á l i d a s e s p é c i e s .

H O O G S T R A A L , G U I R G I S , K H A L I L & K A I S E R (1975) demons- traram que o ciclo de vida de Argas (Persicargas) robertsi Hoo-g s t r a a l , K a i s e r & Kohls, 1968 de a m o s t r a s d a s p o p u l a ç õ e s de T a i w a n , T a i l â n d i a , I n d o n é s i a , Sri L a n k a e A u s t r á l i a , em condi- ç õ e s d e l a b o r a t ó r i o à t e m p e r a t u r a de 2 8 - 3 0 ° C e 75% U R necessi- tou de 2 a 10 m e s e s . V e r i f i c a r a m a i n d a q u e a d u l t o s o r i g i n a d o s de N3 (tritoninfa) c o n s i s t i a m , na m a i o r i a , de m a c h o s , e n q u a n t o que somente fêmeas emergiram de N4 (tetraninfa) e N5 (pentanin-fa). O b s e r v a r a m t a m b é m q u e as f ê m e a s d e p o s i t a r a m m e n o s o v o s na p r i m e i r a do que na s e g u n d a o v i p o s i ç ã o . E s t e f e n ô m e n o refle- te o d e s e n v o l v i m e n t o das g ô n a d a s e o u t r o s p r o c e s s o s de manuten- ç ã o m e t a b ó l i c a .

R O B E N S T E I N (1976), no C e n t r o - S u l da P e n s i l v â n i a , ao examinar frangos Leghorn brancos com 20 semanas de idade de um lote d e 350, c o n s t a t o u i n f e s t a ç ã o m a c i ç a das l a r v a s do carrapa- to de galinhas A. persicus, nesses hospedeiros. As aves, por sua vez, apresentavam-se severamente abatidas e deitadas como conseqüência de paralisia flácida. Os sintomas clínicos desa-pareceram após remoção das larvas. Demonstrou ainda que exames

(22)

14

histopatológicos do fígado, cérebro, proventrículo, baço e ou-

tros tecidos não revelaram nenhuma lesão. Testes

bacterioló-gicos e virolóbacterioló-gicos foram negativos.

(23)

A. BIOLOGIA DE A. (P.) miniatus

A.1. Procedência dos carrapatos:

O material estudado constou de diferentes estádios do carrapato sul americano das aves "Argas miniatus", provenien-tes de dois municípios do Estado do Rio de Janeiro:

a)

b)

c)

galinheiros de criações rústicas, do distrito de Engenhei-ro Pedreira, muncípio de Itaguaí (colônia 1) ;

galinheiros de criações rústicas, do distrito de Queimados, município de Nova Iguaçu (colônia 2);

galinheiros de criações rústicas, do distrito de Seropédi-ca, município de Itaguaí (colônia 3).

A.2. Criação dos carrapatos:

A criação de A. (P.) miniatus foi baseada na descri-ção de NEITZ et al. (1972) para carrapatos Ixodidae, monoxenos

(24)

16

e trioxenos. Para alimentação das larvas recorreu-se ao uso de sacos de pano permitindo-se que o hospedeiro ficasse com a cabeça para fora através de abertura apropriada; o fundo do sa-co era aberto, introduzindo-se então as larvas e sa-costurando-se posteriormente, assim permanecendo por período aproximado de 12 horas.

As larvas fixadas à pele dos hospedeiros foram ob-s e r v a d a ob-s d u r a n t e o i n g u r g i t a m e n t o , d i a r i a m e n t e , até q u e d a eob-s- pontânea. Os estádios ninfais e adultos foram alimentados so-bre hospedeiros sensíveis após a contenção destes em bandejas plásticas de 42 cm de diâmetro por 15 cm de profundidade. Lar-vas, em n ú m e r o v a r i á v e l de até 50 e x e m p l a r e s , após i n g u r g i t a - mento foram acondicionadas em tubos de vidro de 30 x 15 mm, fe-chados com mecha de algodão. Estes tubos, em grupos de quatro, foram acondicionados em tubos de ensaio maiores (160 x 20 mm). Os tubos maiores, por sua vez, foram colocados em recipientes metálicos de 105 x 105 mm e mantidos em condições de laborató-rio, a g u a r d a n d o as e c d i s e s .

Os d a d o s de t e m p e r a t u r a e u m i d a d e r e l a t i v a do ar du- r a n t e o p e r í o d o e x p e r i m e n t a l f o r a m o b t i d o s no P o s t o A g r o m e t eo- rológico da U.E.P.A.E. de Itaguaí, Rio de Janeiro. Os estádios ninfais e adultos receberam o mesmo acondicionamento utilizado para a fase larvar, porém, individualmente. O acasalamento, com ou sem a l i m e n t a ç ã o prévia, em d i f e r e n t e s c o m b i n a ç õ e s , foi realizado a fim de estabelecer o número de fêmeas copuladas por um único macho, bem como de observar a obrigatoriedade da cópula

(25)

para a postura.

F o r a m anotados dados da coleta, a c a s a l a m e n t o , ovipo- sição, eclosão, infestação, queda, mudas e número de larvas, ninfas e adultos.

A.3. O r i g e m das aves e s t u d a d a s

a. C o n d i ç õ e s naturais:

F o r a m e x a m i n a d o s abrigos rústicos, em c r i a ç õ e s do- m é s t i c a s , onde h a v i a mais de uma e s p é c i e de aves, tais como ga-

linhas (Gallus gallus L.), pato (Cairina moschata L.), galinha d'angola (Numida meleagridis L.) e peru (Meleagris gallopavo L.), v i s a n d o c o n s t a t a r - s e a p r e s e n ç a de c a r r a p a t o s .

Foram inspecionados poleiros, ninhos, frestas e pa-redes. Em especial, foi e x a m i n a d o o corpo das aves a fim de reconhecer a sensibilidade das diferentes espécies mencionadas ao p a r a s i t i s m o larvar. E m a l g u n s casos, foi r e a l i z a d o o regis- tro f o t o g r á f i c o das c o n d i ç õ e s de criação, ninhos e p o l e i r o s

(Fig. 1).

b. C o n d i ç õ e s e x p e r i m e n t a i s :

G. gallus de linhagem Leghorn, cedidos pelo Setor

de Ornitopatologia do Projeto de Patologia Animal da EMBRAPA ou adquiridos no comércio local com um dia de idade, foram man-tidos em laboratório a fim de servirem como hospedeiros dos

(26)

di-1 8

Fig. 1. Poleiro de uma criação rústica do município de Itaguaí, RJ, infestado por diferentes estádios d e

A. ( P . ) m i n i a t u s .

(27)

f e r e n t e s e s t á d i o s e v o l u t i v o s do A. (P.) m i n i a t u s e C. moscha- ta, nascidos na Área Experimental da Parasitologia da U.F.R.R. J., livres de c a r r a p a t o s , t a m b é m f o r a m u t i l i z a d o s . C a d a hospe- d e i r o foi a l i m e n t a d o com r a ç ã o a p r o p r i a d a a seu desenvolvimen- to e mantido individualmente em gaiola de arame de 56 x 30 x 36 cm durante o período necessário ao ciclo evolutivo dos car-rapatos. As aves foram constantemente observadas e após a mor-te foi realizado estudo anátomo-histopatológico para se estabe-lecer o diagnóstico diferencial em relação a outras doenças.

B. T O X I C O S E DE A. (P.) miniatus

E x p e r i m e n t o s v i s a n d o c o n s t a t a r a o c o r r ê n c i a de ca- sos de p a r a l i s i a i n d u z i d a p o r l a r v a s de A. (P.) m i n i a t u s f o r a m montados, utilizando-se pintos de linhagem Leghorn, cedidos

pe-lo S e t o r de O r n i t o p a t o l o g i a do P r o j e t o de P a t o l o g i a A n i m a l da EMBRAPA, com um dia de idade, e patos, criados na Área Experi-m e n t a l da P a r a s i t o l o g i a da U . F . R . R . J . , coExperi-m uExperi-ma seExperi-mana de idade, que s e r v i r a m como h o s p e d e i r o s das r e f e r i d a s larvas.

Em condições de laboratório, esses hospedeiros fo-r a m i n f e s t a d o s com l a fo-r v a s das c o l ô n i a s 1, 2 e 3. A i n f e s t a ç ã o de 20 pintos e quarto patos foi feita expondo-se o corpo de ca-da ave a um grupo de 100 a 200 larvas, sendo utilizaca-da a meto-d o l o g i a a n t e r i o r m e n t e meto-d e s c r i t a .

Em geral, as infestações foram realizadas no perío-do noturno, com duração de 12 horas. Diariamente, foram

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obser-20

vados: o estado de ingurgitamento e a queda natural das larvas que foram coletadas, bem como as lesões cutâneas e os sintomas c l í n i c o s das aves. S i m u l t a n e a m e n t e , f o r a m u t i l i z a d o s p i n t o s e patos como t e s t e m u n h a s .

Das aves com sintomas clínicos de paralisia foi co-l e t a d o sangue para o p r e p a r o de e s f r e g a ç o s a n g u í n e o e p a r a ino- culação intraperitoneal em aves sensíveis da mesma espécie pós a morte das aves com paralisia, efetuava-se a necropsia, e x a m i n a n d o - s e m a c r o s c o p i c a m e n t e os ó r g ã o s internos. Em segui- da, foi coletado material, conservado em formol tampão, para es-tudo histopatológico. O preparo, exame e diagnóstico do res-pectivo material foi feito pelo Departamento de Clínica e Ci-r u Ci-r g i a V e t e Ci-r i n á Ci-r i a da U.F.M.G. e pelo L a b o Ci-r a t ó Ci-r i o de A n a t o m i a P a t o l ó g i c a da U . E . P . A . E . - EMBRAPA, Itaguaí.

O q u a d r o s i n t o m á t i c o e lesões m a c r o s c ó p i c a s de toxi- cose f o r a m d o c u m e n t a d o s com fotografia, p a r a m e l h o r demonstra- ção dos sinais clínicos. Os números registrados nas fotografi-as não se referem ao número de hospedeiros utilizados, mfotografi-as sim aos de controle interno da Área de Parasitologia Veterinária da U . F . R . R . J .

C. M O R F O L O G I A DE A. (P.) m i n i a t u s

De cada estádio evolutivo das três colônias de car-rapatos observado durante o estudo da biologia de A. (P.)

mini-atus, f o r a m s e p a r a d o s e x e m p l a r e s p a r a o e s t u d o m o r f o l ó g i c o . As- sim, a p r o x i m a d a m e n t e 30 larvas de carrapato, sem t e r e m sido

(29)

a-l i m e n t a d a s , f o r a m t r a n s f e r i d a s p a r a v i d r o s c o n t e n d o á l c o o l 70 graus G a y - L u s s a c . Os e s t á d i o s n i n f a i s e a d u l t o s retirados, ale- a t o r i a m e n t e , de cada c i c l o das r e f e r i d a s c o l ô n i a s t a m b é m f o r a m c o n s e r v a d o s em á l c o o l 70 g r a u s após a muda. As formas evoluti- vas, c o n s e r v a d a s em á l c o o l 70 graus, f o r a m p r o c e s s a d a s até mon- tagem definitiva em bálsamo do Canadá, de acordo com FLECHTMANN (1973-1975). Para a caracterização morfológica de cada está-dio r e c o r r e u - s e à m e t o d o l o g i a de K O H L S et al. (1970).

Os desenhos foram feitos em microscópio Wild M-20 com a u x í l i o de c â m a r a clara. T o d a s as m e d i d a s são apresenta- das em m i l í m e t r o s e f o r a m f e i t a s em m i c r o s c ó p i o M - 2 0 e lupa es- t e r e o s c ó p i c a W i l d M-5. P a r a a f o t o m i c r o g r a f i a foi u t i l i z a d o f i l m e P a n a t o m i c - X em m i c r o s c ó p i o M-20.

(30)

IV. R E S U L T A D O S

A. A S P E C T O S B I O L Ó G I C O S DE A. (P.) miniatus

O desenvolvimento do ciclo biológico do A. (P.)

mi-niatus,

com material procedente de dois Municípios do Estado do Rio de Janeiro, em condições de laboratório, com temperatu-ra controlada, e de meio ambiente, com umidade relativa do ar entre 70 e 80%, demonstrou que a evolução apresenta cinco a sete estádios: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa, tritoninfa, t e t r a n i n f a e a d u l t o s (Fig. 2).

Nos estudos baseados em 11 ciclos de vida, foi evi-denciada a possibilidade de formação de adultos, através de mudas, diretamente dos estádios de deuto-, trito- e tetranin-fas, sendo que este ú l t i m o e s t á d i o o c o r r e em p e r c e n t a g e m me-nor (Quadro 1 e fluxograma, apresentados no Apêndice para fa-c i l i t a r a fa-c o n s u l t a ) .

Sendo A. (P.) miniatus um carrapato heteroxeno, a transformação de um estádio a outro se realiza sempre fora do

(31)

Fig. 2. Exúvias do

A. (P.)

m i n i a t u s : larva, proto-, deuto-, trito-, tetraninfa e dois exempla-res adultos (fêmea e macho) i n g u r g i t a d o s .

(32)

24

hospedeiro, necessitando de um ou mais repastos sangüíneos. Essa n e c e s s i d a d e foi o b s e r v a d a em v á r i o s e x e m p l a r e s de diferen- tes e s t á d i o s n i n f a i s que, após uma p r i m e i r a s u c ç ã o s e g u i d a de repouso, não efetuavam muda, mas se colocados novamente a su-gar, conseguiam efetuar muda, com exceção de duas tritoninfas (ciclo 8) que, embora tenham ingurgitado mais de duas vezes, não

d e r a m p r o s s e g u i m e n t o ao ciclo.

E m b o r a este c a r r a p a t o seja r e c o n h e c i d a m e n t e de hábi- tos noturnos, a alimentação dos estádios ninfais e adultos foi realizada, experimentalmente, e na maioria das vezes, durante o dia, com exceçào da fase larvar, que faz hematofagismo por m u i t o tempo.

1. Ovos

Os ovos são de cor castanho-clara, arredondados, com brilho, reunidos em grupos, com aspecto de cachos. À medida que se desenvolvem, apresentam no seu interior uma mancha es-branquiçada que está relacionada coma formação do embrião. O tempo de incubação dos ovos está intrinsecamente relacionado com vários fatores climáticos, entre os quais a temperatura. Com o intuito de determiná-lo foi feita uma série de ensaios com grande número de ovos. O resultado demonstrou que no pe-ríodo de i n v e r n o (junho), em que a t e m p e r a t u r a m é d i a m e n s a l foi de 21,4°C, a evolução dos ovos se processou no intervalo de 26 a 29 dias, enquanto que na primavera (novembro), com média men-sal de 24,0°C, o i n t e r v a l o de e v o l u ç ã o foi de 13 a 15 dias. A

(33)

v a r i a ç ã o d e t a l h a d a da e v o l u ç ã o dos ovos em f u n ç ã o da temperatu- ra no p e r í o d o de a b r i l a n o v e m b r o de 1978 é m o s t r a d a no Q u a d r o 2. Observações feitas com temperatura controlada a 30°C mos-traram que a evolução dos ovos se processou no intervalo de se-te dias.

2. L a r v a s

A larva, ao sair do ovo, é de f o r m a oval, ligeiramen- te afilada na parte anterior, de cor amarelo-clara e bem rápi-da em seus movimentos de locomoção. Após a saírápi-da, ela tem ne-cessidade de alimentar-se para continuar em evolução. Em ge-ral, essa a l i m e n t a ç ã o o c o r r e n a t u r a l m e n t e a l g u n s dias após a eclosão, p o i s é i n d i s p e n s á v e l o p r é v i o e n d u r e c i m e n t o c o m p l e t o do a p a r e l h o bucal.

N e s t e estudo, foi de 7 a 10 dias o p r a z o m í n i m o pa- ra q u e as larvas f o s s e m levadas a se a l i m e n t a r nas aves. A p ó s f i x a ç ã o (Fig. 3), l e v a r a m de 4 a 6 dias p a r a o i n g u r g i t a m e n t o (Fig. 4), até queda espontânea. Durante esse período,

permane-ceram fixadas na pele do hospedeiro, ocorrendo no 5º dia a que- da da m a i o r q u a n t i d a d e de larvas.

D a d o s c o m p l e t o s do t e m p o de f i x a ç ã o s o b r e os hospe- deiros, para cada c i c l o d e s e n v o l v i d o , são a p r e s e n t a d o s no Qua- dro 1. N e s t e q u a d r o t a m b é m é d e m o n s t r a d o que a t e m p e r a t u r a não i n f l u i u no tempo de f i x a ç ã o das larvas.

A p ó s c o m p l e t o i n g u r g i t a m e n t o , as l a r v a s abandona- ram os h o s p e d e i r o s e p r o c u r a r a m e s c o n d e r - s e em f r e s t a s ou

(34)

Q U A D R O 2. P e r í o d o de i n c u b a ç ã o de ovos de

A. ( P . )

miniatus

mantidos em temperaturas constante de 30°C e variá-vel c o m o m e i o a m b i e n t e .

(35)

Figs. 3 e 4. Larvas de

A. (P.)

m i n i a t u s

fixadas na pele do hospedeiro (1º dia) e após completo in-g u r in-g i t a m e n t o (5º dia).

(36)

28

qualquer local disponível; foram coletadas manualmente com au-xílio de pincel, colocadas em tubos de vidro e deixadas em re-p o u s o re-p a r a que o c o r r e s s e a muda.

O b s e r v o u - s e que o f e n ô m e n o da m u d a (período de repou- so) está relacionado com a temperatura. O Quadro 1, mostra que, no experimento realizado no mês de março, com temperatura mé-dia de 27, 1ºC no período de alimentação à muda, esta ocorreu após 4 a 6 dias, enquanto que em junho, com temperatura média de 22,8°C no referido período, a muda ocorreu após 21 a 22 dias. Em ensaios com temperatura de 30°C a muda se realizou após 2 a

3 dias. A m u d a se faz p e l o r o m p i m e n t o da cutícula, à p a r t i r da porção anterior ao nível do limite da face dorsal com a ven-tral, t r a n s f o r m a n d o - s e em p r o t o n i n f a .

S o m e n t e 21,7% das larvas e x p o s t a s c h e g a r a m ao comple- to ingurgitamento, e destas 82,1% mudaram para protoninfa; 17,9% das larvas i n g u r g i t a d a s m o r r e r a m a n t e s da muda.

3. P r o t o n i n f a s

T a m b é m a p r o t o n i n f a a p r e s e n t a f o r m a oval, mais acha- tada que a larva quando ingurgitada e de cor castanho-escura. No seu habitat, geralmente, só procura alimento depois de

al-gum t e m p o de e m e r g i d a . P o s s i v e l m e n t e , essa i m o b i l i d a d e está relacionada ao endurecimento da quitina. Foi dado um prazo de

5 a 8 dias, correspondente ao endurecimento do exoesqueleto, pa-ra a alimentação do referido estádio; período igual também foi utilizado para todos os estádios ninfais subseqüentes a

(37)

fim de que entrassem novamente na fase de repouso e conseqüen-te e v o l u ç ã o .

No Quadro 1 são apresentados os resultados de ob-servações efetuadas durante a evolução desse estádio para os subseqüentes, destacando-se o intervalo de 8 a 9 dias para a temperatura média de 28,7°C no período de alimentação à muda e o intervalo de 13 a 18 dias para a temperatura média de 22,6°C. Note-se que 12,3% das protoninfas morreram sem ingur-gitar e que 11,2% delas foram transferidas para álcool 70° sem t e r e m s i d o a l i m e n t a d a s .

Em ensaios realizados à temperatura de 30°C a evo-lução desse estádio para os subseqüentes foi efetuada em ape-nas 5 a 9 dias, demonstrando que a temperatura interfere no fenômeno da muda (Quadro 1). Terminado esse período, dá-se a segunda mudança do exoesqueleto, transformando-se a protonin-fa em d e u t o n i n f a : 97,7% das p r o t o n i n f a s a l i m e n t a d a s

a d e u t o n i n f a s , e 2 , 3 % d e l a s m o r r e r a m a c i d e n t a l m e n t e .

c h e g a r a m

4. D e u t o n i n f a s

A deutoninfa possui a mesma cor da protoninfa e um pouco maior que ela. Do mesmo modo que no estádio anteri-or, alimenta-se, em média, de 30 a 60 minutos, entra em repou-so e repou-sofre muda. Os dados obtidos no desenvolvimento de 11 ciclos evolutivos, considerando o desaparecimento do ciclo 7 e o desdobramento do ciclo 11, indicam haver, em considerável

(38)

30

número, d e u t o n i n f a s que, após i n g u r g i t a m e n t o , s o f r e m m u d a e o r i g i n a m um t e r c e i r o e s t á d i o ninfal, t r i t o n i n f a ; isso foi ob- s e r v a d o em 91,1% do total das d e u t o n i n f a s u t i l i z a d a s .

Esse período de evolução, como todos os outros, tam-b é m foi i n f l u e n c i a d o p e l a t e m p e r a t u r a . A t r a v é s do Q u a d r o 1, pode-se notar que o período de evolução dos espécimens do ci-clo 2 foi de 6 a 7 dias para a temperatura média de 26,8°C, en-quanto que a do ciclo 6 foi de 17 a 26 dias para a temperatura m é d i a de 2 3 , 0 ° C no p e r í o d o de a l i m e n t a ç ã o à muda. E n s a i o s c o m temperatura controlada de 30°C mostraram que o intervalo de evo-lução foi de 6 a 11 dias, coincidindo, parcialmente, com o ob- s e r v a d o no c i c l o 2, em temperatura ambiente. Após a muda, esse estádio continua sua evolução transformando-se em tritoninfa 91,8% ou d i r e t a m e n t e em adultos, 4,3% das d e u t o n i n f a s . H o u v e 3,9% de m o r t e a c i d e n t a l e n t r e as d e u t o n i n f a s c o l o c a d a s a se a l i m e n t a r .

5. T r i t o n i n f a s

De cor castanho-escura, a tritoninfa é um pouco ma-ior q u e a d e u t o n i n f a , n o t a n d o - s e v a r i a ç ã o de t a m a n h o e n t r e os e s p é c i m e n s . N e s s e e s t á d i o não foi p o s s í v e l d i s t i n g u i r "in vi- vo" os ó r g ã o s g e n i t a i s , n e m m e s m o o seu e s b o ç o . E m f u n ç ã o de sua m a i o r f r e q ü ê n c i a em todos os c i c l o s e v o l u t i v o s desenvolvi- dos foi considerado um novo estádio. Após se alimentar, perma-nece em r e p o u s o até n o v a m u d a do e x o e s q u e l e t o . M a i s u m a vez f i c o u c o m p r o v a d a a i n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a no desenvol-

(39)

vimento biológico dessa espécie de carrapato, como pode ser observado no Quadro 1. A evolução dos exemplares do ciclo 2 p a r a o e s t á d i o s e g u i n t e foi de 8 a 12 dias c o m t e m p e r a t u r a mé- dia de 27,5°C no período de alimentação à muda; e a do ciclo 5 foi de 25 a 28 dias c o m t e m p e r a t u r a m é d i a de 23,0°C, no re-ferido período. Ensaios com temperatura controlada de 30°C provocaram a evolução desse estádio em intervalo de 5 a 7

dias. Morreram acidentalmente 15,7% das tritoninfas. Das so-breviventes, 12,3% foram colocadas em álcool 70° sem terem si-do alimentadas. Das que foram deixadas em desenvolvimento, a maioria evolui para adultos (77,6%) mas algumas (21,2%) origi-naram outro estádio ninfal, enquanto outras (1,2%) permanece-ram em diapausa até a morte, mesmo tendo sido alimentadas duas vezes.

6. T e t r a n i n f a s

A p r e s e n t a a t e t r a n i n f a cor s e m e l h a n t e à da fase an-terior, porém seu tamanho é um pouco maior. Nesse estádio, o dimorfismo sexual foi verificado através de lupa estereoscópi-ca p e l a e v i d e n c i a ç ã o do e s b o ç o do ó r g ã o genital.

Mostram as observações que esse estádio aparece em percentagem menor. Sua evolução foi observada nos ciclos 1 a 6, provenientes da colônia 1 de Engenheiro Pedreira, originan-do adultos no total de 24 exemplares correspondentes a 66,7% do total de tetraninfas; os 33,3% restantes foram colocados em ál-cool sem terem recebido alimentação. A diferenciação sexual foi

(40)

reali-32

zada nos espécimens do ciclo 5 (2 machos) e do ciclo 6 (5 fê-m e a s e 2 fê-m a c h o s ) , c o n f o r fê-m e Q u a d r o 1.

7. A d u l t o s

De cor semelhante à dos estádios anteriores, os a-dultos são também ovais e achatados. Os sexos são facilmente distinguíveis pela forma do orifício genital, que nos machos é pequeno e de forma circular, e situado na porção ventral do idiossoma, entre os dois primeiros pares de patas, e nas fê-meas é um pouco maior, em forma de uma fenda horizontal, e si-tuado em posição idêntica. Os machos são um pouco menores que as fêmeas em dimensão, antes e depois da sucção (Fig. 5).

8. C ó p u l a

Realiza-se este ato fora do hospedeiro e pode ser efetuado tanto antes como depois da sucção. O macho coloca-se em posição ventro-ventral com a fêmea de modo a ficar ocul-to d e b a i x o dela.

9. P o s t u r a

As fêmeas, depois de completamente desenvolvidas, estão aptas a reprodução e para isso dois fatores são indis-p e n s á v e i s : a s u c ç ã o e a c ó indis-p u l a ou v i c e - v e r s a .

(41)

F i g . 5. M a c h o e f ê m e a de A. (P.) m i n i a t u s i n g u r g i t a d o s e e m p o s i ç ã o v e n t r a l .

(42)

34

10. I m p o r t â n c i a da Sucção e C ó p u l a p a r a a p o s t u r a

Sucção e cópula, ou cópula e sucção, são indispen-sáveis à postura; a falta de uma destas duas características

biológicas acarreta a inexistência de postura. Dois testes realizados para esse estudo mostraram os seguintes resultados: no primeiro, as fêmeas púberes não ingurgitadas, que copula-ram e focopula-ram deixadas sem alimentação por 38 dias, não inicia-ram a postura; no 39º dia, foinicia-ram colocadas para sugar e no fim de 3 dias começaram a pôr ovos; no segundo, em que foram utilizadas fêmeas púberes que se alimentaram e copularam no m e s m o dia, c o n s t a t o u - s e o i n í c i o da p o s t u r a 8 dias depois.

A cópula, entretanto, só é indispensável para a primeira postura, podendo ser obtidas várias outras posturas

sem que haja n o v a cópula. Isto foi o b s e r v a d o com v á r i a s fê- meas p ú b e r e s que, após s u c ç ã o f o r a m a c a s a l a d a s e s e p a r a d a s no dia seguinte, não mais tendo contato com machos. Os resulta-dos o b t i d o s m o s t r a r a m que cinco p o s t u r a s c o n s e c u t i v a s f o r a m e f e t u a d a s sem ter o c o r r i d o nova cópula, c o n f o r m e o apresenta- do no Q u a d r o 3.

Os testes p a r a c o m p r o v a ç ã o da n e c e s s i d a d e do hema- t o f a g i s m o pelo m a c h o p a r a a d q u i r i r c o n d i ç õ e s de f e c u n d a r as fêmeas revelaram que a sucção de sangue não é indispensável sua capacidade r e p r o d u t o r a . Estes r e s u l t a d o s estão registra- dos no Q u a d r o 4.

(43)
(44)

36

QUADRO 4. Resultados dos testes de capacidade reprodutiva de

A. (P.) miniatus ingurgitados e não ingurgitados,

mantidos em temperatura ambiente de laboratório.

(45)

durante dois dias seguidos, cada uma com o mesmo macho previa-mente ingurgitado, fizeram duas posturas férteis consecutivas, tendo sido feita a 2ª postura sem a necessidade de outra cópu-la, c o m o e s t á d e m o n s t r a d o no Q u a d r o 5.

T o d a s as p o s t u r a s f o r a m r e a l i z a d a s f o r a do hospedei- r o e são c a r a c t e r i z a d a s e m d o i s p e r í o d o s : um de p r é - p o s t u r a e o u t r o de p o s t u r a .

a. P e r í o d o de p r é - p o s t u r a :

Vai desde a sucção e cópula até o início da postura. Este período, assim como quase todos os estádios evolutivos, está sujeito à interferência da temperatura. É tanto mais lon-go quanto mais baixa for a temperatura. Em testes feitos em temperatura ambiente com 6 fêmeas, estas fizeram 3 posturas

con-secutivas. Em testes conduzidos com temperatura controlada de 30°C, utilizando-se 6 fêmeas, de cada uma delas considerou-se a p e n a s uma p o s t u r a ( G r á f i c o 1).

b. P e r í o d o de p o s t u r a :

Assim como na pré-postura, o período em que a fêmea põe os ovos também sofreu influência da temperatura. Com as mesmas fêmeas utilizadas no teste anterior, pesquisou-se a in-fluência da temperatura no período próprio da postura. Os re-s u l t a d o re-s d e re-s t e re-s t e re-s t e re-s re-são d e m o n re-s t r a d o re-s no G r á f i c o 2.

c. N ú m e r o de p o s t u r a s :

(46)

38

Q U A D R O 5. C a p a c i d a d e de f e r t i l i z a ç ã o de u m m a c h o de A. (P.)

miniatus ingurgitado uma única vez e acasalado

(47)

G r á f i c o 1. I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a no p e r í o d o pré-postu- ra de um grupo de fêmeas de A. (P.) miniatus mantidas em temperatura ambiente e de outro gru-po em t e m p e r a t u r a c o n t r o l a d a .

(48)

40

G r á f i c o 2. I n f l u ê n c i a da t e m p e r a t u r a no p e r í o d o de postu- ra de um grupo de fêmeas de A. (P.) miniatus m a n t i d a s em t e m p e r a t u r a a m b i e n t e e de o u t r o g r u p o em t e m p e r a t u r a c o n t r o l a d a .

(49)

desenvolvimento do ciclo evolutivo, constatou-se que as fêmeas efetuaram várias posturas. Em todos os casos foi indispensá-vel que, antecedendo cada nova postura, fosse realizada uma no-va alimentação. O número máximo de posturas efetuadas por uma única fêmea foi identificado em três testes: no primeiro, fo-r a m u t i l i z a d a s 6 f ê m e a s , o fo-r i u n d a s d e t fo-r i t o n i n f a , q u e p e fo-r m a n e c e - ram acasaladas até a última postura; no segundo, utilizaram-se 3 fêmeas oriundas de tetraninfa e que também permaneceram aca-s a l a d a aca-s t o d o o t e m p o ; e n o t e r c e i r o f o r a m u t i l i z a d a aca-s 3 f ê m e a aca-s de tritoninfa que fizeram somente uma cópula. No primeiro e no terceiro testes, a maioria das fêmeas efetuou cinco postu-ras consecutivas, perfazendo a média de 83 ovos por postura, e no segundo teste, a média foi de 109 ovos, e o número máximo de p o s t u r a s f o i de 7, conforme e s t á d e m o n s t r a d o n o Q u a d r o 3.

C o n s i d e r a n d o as 60 p o s t u r a s e f e t u a d a s p e l a s f ê m e a s d o s 11 c i c l o s e v o l u t i v o s , f o i c o n s t a t a d o q u e os n ú m e r o m á x i m o e mínimo de ovos por postura foram respectivamente 199 e 20, e a m é d i a , 89.

A i n d a p a r a o s r e f e r i d o s c i c l o s , o s e s t u d o s d o índi- ce de eclodibilidade, efetuados com 35 amostras de posturas es- colhidas ao acaso dentre todas as obtidas, revelaram variação de 10 a 9 8 , 2 % , com í n d i c e de e c l o d i b i l i d a d e m é d i o de 7 8 , 4 % .

O intercruzamento de fêmeas com machos das colônias 1, 2 e 3 foi feito com temperatura a 30°C e todas as fêmeas re- a l i z a r a m p o s t u r a s f é r t e i s , c o n f o r m e se c o n s t a t a no Q u a d r o 6.

(50)

42

QUADRO 6. Duração da pré-postura, da postura, da incubação e da eclosão no intercruzamento de fêmeas com machos de A.

(P.)

miniatus das três colônias estudadas, man-tidas em temperatura, de 30°C.

(51)

evolutivo do A. (P.) miniatus requereu 109 a 179 dias em tempera-tura ambiente e 78 dias a 30°C, englobando as fases de ovo, lar-va, proto-, deuto-, trito-, tetraninfa e a d u l t o s .

A faixa de variação de 4 a 6 meses em temperatura ambiente está relacionada à formação de adultos a partir dos e s t á d i o s de t r i t o e t e t r a n i n f a . P o t o u t r o lado, a d u r a ç ã o a-p r o x i m a d a de 3 m e s e s e m t e m a-p e r a t u r a c o n t r o l a d a a 3 0 ° C e s t á re-l a c i o n a d a à f o r m a ç ã o de a d u re-l t o s o r i g i n a d o s de t r i t o n i n f a s ( Q u a - dro 7).

B. T O X I C O S E P O R L A R V A S DE A. (P.) m i n i a t u s

Perturbações nervosas, caracterizadas principalmen-te por incoordenação motora dos membros, foram observadas em 20 p i n t o s e 4 p a t o s . O q u a d r o s i n t o m á t i c o i n i c i a v a - s a 3 a 5 dias após a infestação dos hospedeiros por larvas de A. (P.) mi-niatus (Fig. 6). Os sinals clínicos caracterizados como de "tick paralysis" foram, de maneira geral: incoordenação motora, disfagia, aumento da sensibilidade, paralisia das patas e asas que obrigava os animais a ficarem em posição sentada sobre os tarsos, apatia com flexão da cabeça para baixo chegando a esta-do de t o r p o r p r é - a g ô n i c o (Fig, 7).

As larvas do carrapato, durante sua fixação no hos-pedeiro, determinaram lesões cutâneas do tipo ulcerativo, sen-do o grau de patogenicidade tanto mais acentuasen-do quanto maior era o estado de ingurgitamento larvar. À medida que as larvas

(52)

44

Q U A D R O 7. C i c l o e v o l u t i v o (em dias) do

A. (P.) miniatus

em tem- p e r a t u r a s a m b i e n t e e c o n s t a n t e a 30°C.

(53)

Figs. 6 e 7. Pintos infestados com larvas de A. (P.)

miniatus, apresentando sintomas

(54)

46

ingurgitadas abandonavam naturalmente seus hospedeiros, ou eram retiradas destes antes de seu completo ingurgitamento, ocorria r e g r e s s ã o c o n t í n u a das l e s õ e s c u t â n e a s até a c i c a t r i z a ç ã o .

O restabelecimento ao estado de normalidade clínica foi conseguido em dois pintos que tinham chegado a manifestar grande parte do quadro sintomático da "tick paralysis". Em am-bos, a recuperação foi evidente com a remoção das larvas antes do c o m p l e t o i n g u r g i t a m e n t o .

À necropsia, as lesões macroscópicas mais evidentes foram: atrofia esplênica, fígado amarelado, estase biliar, au-m e n t o de l í q u i d o na p o r ç ã o a n t e r i o r do t r a t o d i g e s t i v o , s e n d o observado em alguns casos aerosaculite (Figs. 8, 9 e 10). Os exames histopatológicos mostraram a existência de lesões na pe-le, no cérebro, no cerebelo, no pulmão, no coração, no baço, nos rins, na g l â n d u l a a d - r e n a l e no fígado.

As s e g u i n t e s l e s õ e s f o r a m o b s e r v a d a s em m a t e r i a i s h i s t o p a t o l ó g i c o s de p i n t o s a f e t a d o s c o m "tick p a r a l y s i s " , que f o r a m c o m p a r a d o s c o m m a t e r i a i s de p i n t o s t e s t e m u n h a s da m e s m a raça, da m e s m a i d a d e e p r o v e n i e n t e s da m e s m a l o c a l i d a d e :

Pele: hipertrofia da epiderme nos locais onde o parasito ade-re à pele, n o t a - s e t a m b é m e r o s ã o e em a l g u n s c a s o s o pa- rasito ocasiona uma depressão na epiderme formando um verdadeiro fundo de saco; nas áreas adjacentes, no teci-do subcutâneo observa-se edema, hemorragia e somente em um caso, foi vista proliferação de células inflamató-rias mononucleares e deposição de material fibrinoso;

(55)

Fig. 8. Baços a t r o f i a d o s pela ação t ó x i c a das lar- vas de A. (P.) miniatus

,

extraídos dos pin-tos 741 e 742 e comparados com o

(56)

48

Fig. 9. F í g a d o s com c o l o r a ç ã o a m a r e l a d a , c a u s a d a pela ação tóxica das larvas de

A. (P.)

mi-niatus, extraídos dos pintos 741 e 742 e c o m p a r a d o s com o t e s t e m u n h a 743.

(57)

Fig. 10. Estase biliar causada pela ação tóxica das larvas de

A. (P.) miniatus.

(58)

50

Cérebro, Cerebelo:

na córtex cerebral, áreas de gliose em apenas um material

edema;

foram observadas, focal e discreto

Pulmão: áreas de atelectasia, congestão e discretos focos he- morrágicos alveolares;

Coração: fibras cardíacas com hipertrofia nuclear e marginali-zação da cromatina nuclear; áreas de necrose de coa-gulação com dissociação de fibras cardíacas, degenera- ção turva e edema intersticial;

Baço: hipotrofia folicular com completa ausência de cen-tros germinativos;

Rins: degeneração turva do epitélio tubular e deposição de material proteico no lúmen tubular;

Glândula ad-renal: hipotrofia cortical;

Fígado: hipotrofia de lâminas hepáticas, esteatose e degenera- ção turva; em um material foi vista hepatite focal com necrose de coagulação e dissociação de lâminas he-páticas.

No Quadro 8 são apresentados dados referentes ao nú-mero das larvas colocadas em cada ave, ao período de incubação da doença e às alterações macroscópicas e histopatológicas mais evidentes, em 10 pintos e 1 pato.

Em condições naturais, não foi avaliada a ação tóxi-ca das larvas sobre G. gallus, C. moschata, M. meleagridis e

M. gallopavo.

(59)

QUADRO 8. Observações, em infestações de

G. gallus e C. mos-

chata,

da ação patogênica das larvas de

Argas (P.)

m i n i a t u s .

(60)

52

C. A S P E C T O S M O R F O L Ó G I C O S DE

A. (P.) miniatus

O estudo morfológico dos diversos estádios do A.

(P.) miniatus

foi feito com espécimens retirados, ao acaso, das colônias utilizadas no estudo biológico do carrapato, que haviam sido preservados em álcool 70°. Os detalhes específi-cos da morfologia foram conseguidos com a montagem do materi-al em bálsamo do Canadá. Os caracteres anatômicos com respec-tiva nomenclatura obedeceram às referências de KOHLS et al.

(1970) e S O N E N S H I N E et al. (1962).

1. Larvas: (Figs. 11 e 12)

Quando não ingurgitadas o corpo mede 0,806 a 0,954 de comprimento (10) por 0,560 a 0,686 de largura (10) incluin-do o capítulo. Placa incluin-dorsal oval e alongada com 0,194 a 0,237 de comprimento (10), por 0,155 a 0,194 de largura (10). Dor-so com 26 a 30 pares de setas, das quais 13 a 15 pares são laterais e 12 a 15 pares são centrais: DAL (seta dorso-antero-lateral) com média de 0,047 (10); DPL (seta dorso-pós-tero-lateral) com média de 0,068 (10). Face ventral com 7 pares de setas; PMS (seta póstero-medial) ausente; CA-1 (seta circum-anal) com média de 0,045 (10), CA-2 média de 0,047 (10) e CA-3 média de 0,046 (10). Abertura respiratória localizada

entre as c o x a s I e II.

Base do capítulo com 0,286 a 0,335 de comprimento (10), por 0,186 a 0,221 de largura (10). Palpo com 0,243 a

(61)

Fig. 11. Vista dorsal da larva de A. (P.) miniatus, mos-trando a placa dorsal

e

a disposição das setas dorsolaterais (DL), centrais (C), anterolateral (AL)

e

posterolateral (PL).

(62)

54

Fig. 12. Vista ventral da larva de A. (P.) miniatus, mos-t r a n d o a p l a c a a n a l e a d i s p o s i ç ã o d a s s e t a s a n a i s (A) , circum-anais (CA) e esternais (ST).

(63)

0,300 de comprimento (10) por 0,016 a 0,020 de largura (10); tamanho dos artículos do palpo de 1 a 4 variando, respectivamen-te, entre: 0,048 e 0,060 (10); 0,066 e 0,078 (10); 0,052 e 0,060 (10) e 0,077 e 0,108 (10). Artículos palpais de 1 a 4 com nú-m e r o de s e t a s de 0, 5, 4 e 4, nú-m a i s unú-m tufo a p i c a l c o nú-m 8, res- p e c t i v a m e n t e .

H i p o s t ô m i o c o m 0,148 a 0,183 de c o m p r i m e n t o (10). Dentição 3/3 no quarto anterior, 2/2 posteriormente para a ba-se. F i l e i r a s de d e n t í c u l o s h i p o s t o m a i s v a r i a n d o e n t r e 8 e l l

(fila 1), 7 e 10 (fila 2) e 2 e 5 (fila 3) (Fig. 13).

O tarso da pata I variou entre 0,261 e 0,307 de com-p r i m e n t o (10), com d i s t r i b u i ç ã o de s e t a r e com-p r e s e n t a d a da seguin- te forma: 1 par A (seta apical): 3 setas PC (paracapsular), 1 par P M (seta p ó s t e r o - m e d i a n a ) , 1 p a r B (seta b a s a l ) , 1 p a r A V (seta ápico-ventral), 1 par MV (seta mediana-ventral), 1 par

BV (seta baso-ventral) e 1 par PL (seta póstero-lateral) (Figs. 14 e 15).

2 . N i n f a s :

E m sua m a i o r parte, os e s p é c i m e n s que c o m p u s e r a m o s 11 c i c l o s t r a b a l h a d o s no e s t u d o da b i o l o g i a m o s t r a r a m que A .

(P.) miniatus, no Estado do Rio de Janeiro, desenvolve três es-tádios n i n f a i s . E s p o r a d i c a m e n t e f o r a m r e g i s t r a d o s a p e n a s d o i s estádios ninfais e em percentagem menor quatro estádios nin-fais Q u a d r o 1).

(64)

56

Fig. 13. V i s t a do h i p o s t ô m i o da larva de

A. (P.) mi-

niatus

com as respectivas fileiras de den-tículos h i p o s t o m a i s .

(65)

Figs. 14 e 15. Vista ventral e dorsal do Tarso I da larva de A. (P.) miniatus com a distribuição das setas ápico-ventrais (AV), mediana-ventrais (MV), baso-ventrais (BV),

Api-cais (A), postero-laterais (PL), paracapsulares (PC), postero-medianas (PM) e basais (B).

(66)

58

Esses estádios foram facilmente reconhecidos pelo controle constante e individual das mudas, mas morfologicamen-te, não são de reconhecimento simples. As características mor-fológicas que podem ser utilizadas na diferenciação de proto-ninfa (N-l), deutoproto-ninfa (N-2), tritoproto-ninfa (N-3) e tetraproto-ninfa (N-4) são as variações das medidas de comprimento e largura do corpo, o número de setas na placa anal e o comprimento do tarso da pata I, embora não sejam precisamente definidos. A presença do esboço genital é um detalhe característico da te-traninfa. As variações de medida de cada um desses detalhes para cada um dos estádios ninfais são apresentadas no Quadro

9.

Foi observado que ninfas que originaram adultos fê-meas eram, em média, maiores do que aquelas que se transforma-ram em a d u l t o s m a c h o s .

3. A d u l t o s :

Este estádio é perfeitamente diferenciado das nin-fas pela presença da abertura genital, a qual permite a dife-renciação sexual.

Dorsalmente, as fêmeas apresentam tegumento verru-coso com formações mamilares que se elevam consideravelmente acima do nível dos dentes cuticulares. Células periféricas em linha, com formas precisas, algumas vezes tendendo à forma retangular e outras vezes à circular, mais freqüentemente com uma pequena seta em cada célula, mas ocorrendo em algumas

(67)
(68)

60

células, duas setas. Sutura lateral contínua (Fig. 16).

As medidas de comprimento do tarso I, comprimento e largura do corpo não ingurgitado, número de setas da placa anal e formato da abertura genital das fêmeas e dos machos são apresentados no Quadro 9 (Figs. 17 e 18).

Os machos são muito semelhantes às fêmeas diferenci-ando-se destas pelos caracteres sexuais secundários e pelas me-didas.

(69)

Fig. 16. Tegumento dorsal (quadrante posterior) do está-

dio adulto de

A. (P.)

miniatus

com células sub-

(70)

62

F i g s . 17 e 18. Á r e a g e n i t a l do m a c h o e d a f ê m e a d e A. (P.) miniatus com seus

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