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PUCRS Informação, n.153, 2011

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(1)

Tecnopuc não para de crescer

PÁGINAS 22 e 23

Cidades do futuro

buscam o equilíbrio

PÁGINAS 24 A 26

4 PoNTIfíCIA UNIverSIdAde CATólICA do rIo GrANde do SUl

4 EDIÇÃO Nº 153 – ANO XXXIII

4 mArÇO-AbrIl/2011

lições de

superação

As emocionantes

trajetórias de alunos

do ProUni

PÁGINAS 6 A 9

Graciela Boeira (E), Tiago Camargo e Rita Feula conquistaram a láurea acadêmica fo To : GI lS o N ol Ive Ir A

(2)

REiToR Joaquim Clotet Vice-ReitoR evilázio Teixeira CooRdEnAdoRA dA AssEssoRiA dE ComUniCAção soCiAl

Ana luisa baseggio

EdiToRA ExECUTivA

magda Achutti

REPóRTEREs

Ana Paula Acauan bianca Garrido Mariana vicili Sandra Modena FoTóGRAFos bruno Todeschini Gilson oliveira REvisão Antônio dalpicol EsTAGiáRiAs daiane Pajares márcia Schuler Natacha Gomes ARqUivo FoToGRáFiCo

Camila da rosa Paes Úrsula flores de Menezes

CiRCUlAção

Cristiane lemes

Publicação on-line

rodrigo Ojeda

ConsElho EdiToRiAl

Draiton Gonzaga de Souza Jorge Audy mágda Cunha Maria eunice Moreira

Sandra Einloft Solange medina Ketzer

imPREssão

Epecê-Gráfica

EdiToRAção ElETRôniCA

PenseDesign PUCrS Informação é editada pela Assessoria de Comunicação Social da

Pontifícia Universidade Católica do rio Grande do Sul

Avenida Ipiranga, 6681 Prédio 1 – 2º andar Sala 202.02 CEP 90619-900 Porto Alegre – rS fone: (51) 3353-4446 Fax: (51) 3320-3603 pucrsinfo@pucrs.br www.pucrs.br/revista

Tiragem: 45 mil exemplares A PUCrS é uma Instituição

filiada à AbrUC

n e s ta e d i ç ã o

outras seções

4

3

PAnoRAmA

PUCrS é a melhor particular do Sul

4

4

EsPAço do lEiToR

Pronta para a nova década

4

5

PElo CAmPUs

Para aprender brincando

4

10

novidAdEs ACAdêmiCAs

Educação Continuada oferece cursos inéditos

4

12

PEsqUisA

As cicatrizes do trauma

4

14

PEsqUisA

fora dos presídios

4

15

sAúdE

Saúde na ponta da agulha

4

16

sAúdE

Viagem por dentro do corpo

4

20

AmBiEnTE

Possíveis vazamentos de Co2 poderão ser detectados

4

21

BAsTidoREs

AGT apoia mentes brilhantes

4

22

TECnoloGiA

Tecnopuc não para de crescer

4

27

ComPoRTAmEnTo

Crescer? eu?

4

28

AlUnos dA PUCRs

4

32

lAnçAmEnTos dA EdiPUCRs 4

33

mEmóRiA

Engenharia: meio século de história

4

34

GEnTE

o fascinante mundo da pesquisa

4

36

diPlomAdos

descobrindo o Catar

4

37

CUlTURA

As várias versões de Caio

4

38

CUlTURA

festa das letras

4

40

vivA EssE mUndo

reconhecimento para melhorar o mundo

4

41

Ação ComUniTáRiA

Mão na massa pela solidariedade

4

42

RAdAR

4

44

EU EsTUdEi nA PUCRs

No comando – José Carlos de Nardi

4

46

soCiAl

Um retrato das demandas sociais

4

47

oPinião

As dores de parto da criação – leomar brustolin

18

TEndênCiA

Nunca foi tão seguro voar

FOTO: brUNO TODESChINI

6

REPoRTAGEm dE CAPA

ProUni transforma destinos

foTo: GIlSoN olIveIrA

24

PRáTiCAs sUsTEnTávEis

Cidades do futuro buscam o equilíbrio

foTo: MArIANA vICIlI

45

PERFil

O outro lado do gestor Paulo Franco

(3)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 3

panorama

Universidade está em

terceiro lugar no País entre as Privadas

puCrs é a

melhor

particular do Sul

pesquisa

beneficiada

AvAliAção do

Ministério da Educação (MEC) posiciona a PUCRS como a primeira universidade particular da Região Sul na graduação e pós-graduação, e a terceira nesse segmento do Brasil (atrás da PUC-Rio e PUC-São Paulo). Ao divulgar o Índice Geral de Cursos, o MEC separa por categorias de instituições de ensino supe-rior (IES) – universidades, faculdades e institutos. Dentre os cursos que participaram do Exame Nacional de Desempenho de Estudan-tes (Enade) 2009, o Turismo da PUCRS

se destaca como o melhor do País entre as instituições privadas e lidera o ranking no Sul quando são contadas também as pú-blicas. Entre as privadas, Jornalismo está em segundo no Brasil. Nesse segmento, Ciências Econômicas e Psicologia ficaram em primeiro na Região Sul e Publicidade e Propaganda, em segundo. Direito lidera no Estado, enquanto Administração e Ci-ências Contábeis conquistaram a segunda colocação.

No Enade 2008, ficaram em primei-ro no Brasil, entre as privadas, Biologia, Sistemas de Informação, Engenharia de Computação, Engenharia de Controle e Automação, Física, Matemática e Química. Em 2007, Odontologia obteve a liderança nacional e Medicina ficou em segundo.

A Pró-Reitora de Graduação, Solange Ketzer, destaca que o resultado reflete a qualidade da Universidade em suas fun-ções de ensino, pesquisa e extensão. “As avaliações oficiais para a graduação e pós nos mostram cada vez mais em patamar de excelência.” Solange afirma que os alu-nos estão sensibilizados sobre a importân-cia de fazer um bom Enade.

Na última avaliação da Capes, a PUCRS ocupa a sétima posição entre as instituições públicas e privadas brasileiras e a segunda, se consideradas as privadas, atrás da PUC-Rio, conforme os conceitos médios das IES com mais de dez programas.

Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy, o resultado “representa um reconhecimento do Ministério da Educa-ção aos esforços da Universidade, visando oferecer o melhor nível de ensino, alicerçado em uma tradição de qualidade e relevância que colocam a PUCRS entre as melhores universidades do Brasil”. 3

A PUCRs

recebe R$ 9,5 milhões para investimentos em infraestrutura em proje-tos de pesquisa por meio do edital Ministério da Ciência e Tecnologia/Financiadora de Estudos e Projetos. Confor-me o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy, entre os investimentos estão a compra de equipamentos para o Biotério – R$ 3,7 milhões; a modernização do Laboratório de Alto Desempenho, vincula-do ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (Ideia) – R$ 1,1 milhão; a construção de um laboratório de apoio à pesqui-sa e inovação em nanotecno-logia e nanociência – R$ 3,1 milhões; e a modernização da infraestrutura do Instituto de Toxicologia, na área de fárma-cos – R$ 1,6 milhão. “As áreas contempladas serão beneficia-das com uma nova realidade em termos de infraestrutura, tanto para pesquisa quanto ensino de graduação e pós--graduação, com laboratórios de usos compartilhados de alto nível”, comemora Audy. 3

PUCRS recebe R$ 9,5 milhões do Ministério da ciência e tecnologia instituto de Toxicologia: investimento na área de fármacos

foTo: GIlSoN olIveIrA

entenda melhor

4 o índice Geral de Cursos (IGC) é um indicador de qualidade de instituições de educação superior nos cursos de graduação (CPC) e pós-graduação (Capes). Como cada área é avaliada de três em três anos no Enade, o IGC leva em conta sempre um triênio. Os conceitos Capes foram divulgados na trienal 2010.

4 o CPC leva em conta fatores como o Enade, feito pelos alunos, percentual de mestres, doutores e professores não horistas no corpo docente, percepção dos alunos em relação à infraestrutura e organização didático-pedagógica e informações coletadas do questionário socioeconômico do Enade. Fonte: MEC

(4)

e s pa ç o d o l e i t o r

Pronta para a

NOvA DéCADA

a

nova década começa num ritmo que estamos prontos para acompanhar. PUCRS Informação é privilegiada por ter a chance de, mais uma vez, mudar. Começa 2011 de cara nova. Depois de muitos debates e reflexões, nossa equipe se lançou à tarefa de somar forças para fazer uma revista com maior exploração gráfica, fotos maiores e vazios que proporcionam leveza, arejamento e consequente facilidade na leitura. O resultado pode ser visto nas páginas desta edição que valorizam, ainda mais, o conteúdo de alta qualidade produzido pela Universidade. Nesta foto, dividimos com você a alegria de mais um Prêmio Destaque em Comunicação – Mídia Impressa, concedido pelo Sinepe à PUCRS Informação, em dezembro. Já conquistamos seis! Um brinde à nova década e às novas ideias que nos fazem melhores.

Magda Achutti

Editora Executiva

A revista PUCRS Informação está cada vez melhor. Lendo a n.º 152, no Eu Estudei na

PUCRS, a senadora Ana Amélia Lemos relembra

de um de seus professores, Cláudio Candiota, hoje com 88 anos e uma memória privilegiada. Não se-ria uma oportunidade para uma boa pauta, uma homenagem a um dos fundadores da Famecos? Quem sabe quantos alunos não guardam dele uma boa recordação, um grande carinho! Fica a dica.

soraya Kath – Porto Alegre/RS

Parabéns à equipe da revista PUCRS

Infor-mação pela importante e necessária iniciativa de

mais um formato para a leitura – a ferramenta permite folhear as páginas na versão digital, simu-lando o manuseio de seu equivalente impresso. é realmente mais um degrau “rumo ao topo”, per-mitindo e facilitando a divulgação das atividades da Universidade.

ir. arMando Bortolini Assessor da Reitoria da PUCRS

Que maravilha ficou a matéria da Ana Paula Acauan, Obsessivo, estável, sensível, arrojado:

quem é você?, publicada na última edição!

Para-béns e muito obrigado. Com base nela, a RBS Tv solicitou duas entrevistas, sendo uma para o tele-jornal Hoje, com abrangência nacional.

ProF. diogo lara – Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular e Celular da PUCRS

Parabéns à repórter Mariana vicili pela maté-ria Provas temáticas no vestibular. Ficou ótima.

ProF.a Marisa sMith – Coordenadora

Pedagógica do Núcleo de Ingresso da PUCRS

Parabéns à equipe da PUCRS Informação por mais essa vitória merecidíssima no 8.º Prêmio Sinepe – Destaque em Comunicação. A cada ano que passa a revista fica melhor. O maior prêmio de vocês são os leitores que conquistam a cada edição. Hoje, não há quem não conheça a PUCRS Informação. Mérito de todos que fazem e acreditam nesse projeto.

Paula oliveira de sá – Porto Alegre

A página 38 da PUCRS Informação n.º 152, com a matéria A arte de ensinar a ser

médico, foi transformada num pôster e

colo-cada na secretaria da Faculdade de Medicina.

caroline Monteiro Faculdade de Medicina da PUCRS

Parabéns pelo trabalho da repórter Sandra Modena na matéria Vamos dançar? Ficou ótima e os alunos também gostaram muito.

ProF. luis FeliPe silveira Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS

Ficamos contentes com a repercussão da matéria PUCRS cria forno para fabricação

de células solares, publicada na revista n.º

151. vocês também estão de parabéns, pois a reportagem que a Sandra Modena preparou ficou muito boa. O material foi traduzido para o espanhol pela revista Photon International, edição em espanhol, e o editor nos ligou para saber detalhes do forno.

ProF. adriano MoehlecKe Coordenador do Núcleo de Tecnologia em Energia Solar/Faculdade de Física da PUCRS

escreva para

a redação

4 Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 1 2º andar – Sala 202.02 4 CEP 90619-900 4 Porto Alegre/rS 4 E-mail: pucrsinfo@pucrs.br 4 fones: (51) 3353-4446 e (51) 3353-4338 4 Fax: (51) 3320-3603

(5)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 5

pelo campus

Ministério da Ciência e Tecnologia habilita incuBadora raiar

Projeto de Férias

traz crianças para a PUCRS

Raiar é credenciada no Cati

monTAR FoRmAs

geométricas, saltar, ouvir histórias, dançar, fazer tea-tro, jogar, nadar, tudo isso aconteceu na Universidade em janeiro. O nome expli-ca: Brincando e Aprendendo na PUCRS – Projeto de Férias, curso de extensão promovido pela Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto (Fefid). “A ideia era trazer as crianças para viverem a Instituição”, define a professora Ales-sandra Scarton, coordenadora do curso. As parcerias com os cursos de Matemá-tica, Física, Letras e Nutrição levaram os pequenos para além do Parque Esporti-vo, onde foi realizada a maior parte das atividades.

Uma equipe de três professores e sete monitores acompanhou o grupo de crianças com idades entre 5 e 12 anos. A diversão foi prioridade, mas sem deixar de lado o aprendizado. “Unimos o

lúdi-A inCUBlúdi-AdoRlúdi-A

Raiar da PUCRS foi credenciada no Comitê da Área de Tecnologia da Informação (Cati), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Isso permite que as incubadas na Raiar e que atuam na área de Tecnologia da Infor-mação (TI) prestem serviços a empresas que se beneficiam da Lei da Informática e sejam remuneradas com esses recursos. No Estado, a Raiar é a primeira incubadora vinculada à instituição privada a conquistar o credenciamento.

O Cati, criado em 2001, faz a gestão dos recursos destinados a atividades de pesquisa e desenvolvimento em TI, oriundos de investimentos realizados por empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação que se enquadram como beneficiárias da Lei de Informática. Além de instituições de ensino e pesquisa, desde 2005, incubadoras também podem solicitar credenciamento no Cati.

Em inspeção feita pelo MCT, verificou-se que todas as em-presas da Raiar que desenvolvem produtos ou serviços na área de TI atendem aos requisitos do Comitê. Novas empresas incu-badas com essa característica automaticamente passam a usu-fruir do credenciamento da Raiar. Atualmente a incubadora da PUCRS abriga 28 empresas de base tecnológica e inovação. 3

co às questões pedagógicas, criando um es-paço de vivên-cia cognitiva e motora”, explica Alessandra. Gabriela Aguzzoli, 8 anos, e Sofia Preme-bida, de 6, atrapalharam--se para dizer do que mais gostaram: se dos jogos, dos professores, dos colegas ou da piscina. Os irmãos Lua-na e Tiago Martins, de 7 e 10

anos, participaram do projeto durante duas semanas. Jogaram, brincaram, aprenderam. Tiago, que gostava de nadar, alegrou-se com os truques novos aprendidos na piscina. Luana adora futebol e divertiu-se na quadra com os novos amigos. “Dá vontade de vol-tar no ano que vem”, diz Tiago. O desejo do menino pode rea lizar-se. O projeto deve tornar-se anual, sempre nas férias de verão. 3

Para aprender

foTo : G IlSoN o lIve IrA As crianças se divertiram na piscina do Parque esportivo incubadora abriga 28 empresas de base tecnológica e inovação

(6)

ProUni

transforma destinos

d

urante cinco anos, uma

fa-mília foi “adotada” na Fa-culdade de Direito. Todas as noites, a funcionária pública Maria da Graça le-vava o lanche para a filha Graciela Duarte Boeira, 23 anos, e sempre sobrava dinheiro (e carinho) para umas bolachinhas ao pessoal da secretaria. “Acompanhamos diariamente a batalha da Graciela. Ela e a mãe cativaram todo mundo. No final do semestre, vinha mostrar as notas e depois dizia que as esquecia para ir melhor ainda na etapa seguinte. Lembro sempre dela arrastando um sacolão cheio de livros”, conta a encarregada da se-cretaria do Direito, Jaqueline Alves. Graciela conquistou durante o cur-so uma torcida enorme por seu sucescur-so profissional. O Programa Universidade

para Todos (ProUni), do governo federal, garantiu que a aluna exemplar possa, no futuro, concretizar o sonho de ser Juíza do Trabalho.

Histórias comoventes e de transfor-mação se repetem e, ao mesmo tempo, são únicas. Graciela, Fernanda Azevedo, da Psicologia, Tiago Camargo, da Filo-sofia, e Rita Feula, do Serviço Social, va-lorizaram tanto a bolsa que ganharam a láurea acadêmica. No segundo semestre de 2010, foram 21 alunos destacados no total. Dos 16 laureados no primeiro se-mestre, nove eram do ProUni.

A vitória de Rita, 32 anos, é compar-tilhada especialmente com a filha de 10, que espalhou a novidade da formatura no Orkut. Para a mãe estudar e trabalhar, fi-cava com a avó paterna em Gravataí e só se viam nos finais de semana e feriados. Rita é a primeira dos seis irmãos a

con-alunos

superam

dificuldades

e trilham

caminhos

promissores

4Por ANA PAUlA ACAUAN

r e p o r ta g e m d e c a pa

Não deixei minha filha

perder seu sonho.

Maria da graça

, mãe de Graciela Boeira, diplomada em Direito fo To : G Il So N o lI ve Ir A

(7)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 7

ProUni

transforma destinos

cluir o curso superior e atuará na sua área no Hospital Ernesto Dornelles. Tiago, 23, quer ser padre e, com o ProUni, antecipou a formação em Filosofia. Não conseguiria de forma imediata, com o salário de assis-tente administrativo.

Horas antes de participar da forma-tura de uma das turmas da Faculdade de Direito, que reunia Graciela e outros seis bolsistas do ProUni, a diretora de Políticas e Programas de Graduação da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, Paula Branco de Mello, classificava o Programa como um resgate de talentos silenciosos. Des-de 2005, quando foi criado, formaram-se 130 mil pessoas e, no momento, há 430 mil em sala de aula. “O ProUni muda o perfil da universidade brasileira, tradicio-nalmente elitista. Permite que se discuta a diversidade.”

A PUCRS aderiu ao ProUni desde a sua implantação. A Pró-Reitora de Gra-duação, Solange Medina Ketzer, destaca o compromisso da Universidade em am-pliar a divulgação para que “mais pessoas tenham acesso ao sonho de frequentar o curso superior”.

A professora da Faculdade de Servi-ço Social Gleny Guimarães acredita que o Programa é louvável por dar acesso ao ensino superior a “pessoas de excelên-cia que não teriam essa oportunidade” e resgata uma dívida com a população em função da desigualdade social. Contudo, preocupa-se com a questão da per-manência de alguns desses bolsistas nas universidades. “Muitos travam uma disputa entre a sobrevivência e o estudo.”

A tese de doutorado de Maria Aparecida da Rocha, orientada por Gleny no Programa de Pós-Gradua-ção em Serviço Social da PUCRS, mostra que muitos alunos que têm ProUni contam com a ajuda dos avós, por meio de suas pensões e aposentadorias. Ela entrevistou integrantes de uma universidade comunitária. No trabalho, destaca a determinação desses estudantes em busca de suas metas.

Paula Branco de Mello expõe a preocupação do MEC com a manutenção dos bolsistas. Além da bolsa-permanên-cia (ver quadro), firmou convênio com a Caixa Econômica Federal e a Federação Brasileira de Bancos para a oferta de es-tágios aos alunos. 3

Sei a responsabilidade

que tenho pelo privilégio

do acesso a uma

educação de qualidade.

anelise adaM

, diplomada em Serviço Social e mestranda

A distinção é conferida ao aluno que concluir

o curso de graduação plena, com coeficiente de rendimen- to igual ou superior a 8,5 (oito e meio) nas seguintes condições:

4Nenhum grau inferior a 8

4Pelo menos 2/3 de graus finais iguais ou superiores a 9 4Todo o curso feito na PUCrS, com exemplar procedimento

e sem interrupção, salvo trancamento de matrícula

o qUE é A

regras do programa

4

inGREsso

Pode participar da seleção ao ProUni quem fez o ensino Médio em escola pública ou particular como bolsista integral e realizou o Exame Nacional do Ensino médio (Enem).

4

BolsAs

O ProUni oferece 100% de isenção das mensalidades da graduação a estudantes com renda familiar por pessoa de até um salário mínimo e meio. Para a bolsa parcial (50%), o máximo é de três salários mínimos.

4

bolsa-PeRmanência

No valor de r$ 300/mês, é concedida pelo governo federal a alunos com bolsa integral em utilização em cursos presenciais com, no mínimo, seis semestres de duração e com carga horária igual ou superior a seis horas diárias de aula.

laureados comemoram a conquista: Rita Feula (E), Graciela Boeira e Tiago Camargo

(8)

ProUni nA PUCRs

bolsistas integrais e parciais* 43.386 Total de diplomados* 41.078 Estagiários na Universidade 476 Estagiários em empresas do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc) 416 Contratados como técnicos administrativos da PUCrS 436 bolsistas de iniciação científica 4145 bolsistas no Programa de Educação Tutorial 416

bolsistas no PET Saúde 421

Fonte: Pró-Reitoria

de Administração e Finanças

* Dados de 10/1/2011

prouni transforma destinos

4

Números e mais algumas histórias de superação

r e p o r ta g e m d e c a pa

Jonas Gonçalves: “Eu me sinto no mundo da ciência, um biólogo” Guilherme e Glaci della Flora: gratidão à PucRs e ao ProUni FO TO : b rUN O TODE SCh INI

oportunidades

na graduação

qUAsE 10%

dos alunos do ProUni fazem alguma atividade na PUCrS. São técnicos administrativos, estagiários ou bolsistas e participam de programas de mobilidade acadêmica. Além do retorno financeiro que muitas vezes garante a sua sobrevivência, eles descobrem suas potencialidades e abrem portas no mercado de trabalho. “há uma janela de oportunidades não esperadas que podem ser decisivas na vida dos alunos do ProUni”, destaca a Pró-reitora de Graduação, Solange medina Ketzer.

Um exemplo é Jonas da rosa Gonçalves, 22 anos. Estudar Ciências biológicas na PUCrS revolucionou sua vida. Deixou a família, a namorada e os amigos em Tramandaí e veio com o dinheiro do seguro-desemprego – trabalhava num supermercado na cidade. Está em Porto Alegre desde os 18 e fez um pouco de tudo para sobreviver. hoje conta com a bolsa de iniciação científica do CNPq e a ajuda de amigos. mora com um deles sem pagar aluguel.

Vale a pena tanto sacrifício? A resposta está no entusiasmo com que Jonas fala na biologia e nas suas descobertas em aulas e pesquisas de campo. Como bolsista, conseguiu o destaque no 11º Salão de Iniciação Científica da PUCrS, com orientação do professor Júlio César bicca marques. A pesquisa resultou de um ano e meio de observação do comportamento de bugios em Itapuã, Viamão. “Eu me senti no mundo da ciência, um biólogo”, comenta. Ele conheceu fora de casa um mundo novo. “A gente se expande e vê tanta coisa que pode fazer.” Uma de suas ideias é cursar pós-graduação no exterior. Apenas lamenta que os irmãos tenham parado de estudar.

obstinação

pelo sonho

“não TEnho

um sonho de ser juiz. Serei.” O determinado Guilherme Della Flora, 22 anos, está cumprindo seu

planejamento profissional. Neste semestre, ele se forma em Direito e espera ser chamado no concurso do Tribunal regional eleitoral (Tre) como técnico judiciário – no qual passou em segundo lugar entre deficientes. Depois de contar três anos de prática jurídica no cargo de analista judiciário, estará pronto para a magistratura. “Nunca vamos esquecer na vida a PUCrS e o ProUni”, diz a mãe, Glaci Della Flora.

Guilherme ficou cego aos quatro anos. Dormiu enxergando tudo e acordou na escuridão. Os médicos atribuem o caso a uma alta súbita da pressão arterial que atingiu a retina. Ainda na infância perdeu o pai. Glaci não conseguia emprego e abriu um restaurante no bairro humaitá, onde reside. Insuficiente, porém, para pagar o curso superior aos dois filhos. Guilherme ingressou em 2006 e depois incentivou o irmão, que faz Ciências Contábeis. No início da Faculdade, Guilherme mal conseguia pagar os gastos com transporte (vinha de van) e material escolar. logo vieram os estágios e novas perspectivas. Trabalha na Procuradoria-Geral do Estado, pela qual é concursado, enquanto aguarda pelo TrE.

(9)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 9 Fonte: pesquisa da Prograd/PUCRS com alunos do ProUni em 2010 ATividAdEs nA UnivERsidAdE

prouni transforma destinos

4

Números e mais algumas histórias de superação

Anelise Adam: “o ProUni contribuiu para abrir as portas da minha mente”

Tassiani Poltronieri é trainee da Braskem

mente aberta

para o novo

sEGURA E

motivada, Anelise Adam, 39 anos, está pronta para o mercado de trabalho, mas quer se aperfeiçoar ainda mais. Formou-se em janeiro e retorna à PUCrS como mestranda em Serviço Social. Para ela, a Universidade é sinônimo de ensino de qualidade. “Com a iniciação científica, conheci o mundo da pós-graduação. É um curso referência, com nota 6 na Capes. Tive aulas com as autoras das obras que eu li.” Para ela, o ProUni não representou somente a isenção das mensalidades. “Abri as portas da minha mente.”

Antes de conseguir a bolsa, Anelise trabalhava de dia e estudava à noite em outra Faculdade particular. Não se dedicava como queria. Na PUCrS, manteve-se com o que ganhava na iniciação científica e como estagiária na Promotoria de Defesa dos Direitos humanos. No dia a dia do ministério Público Estadual, participou, com a assistente social, de visitas domiciliares, entrevistas com pessoas que tiveram os direitos violados e seus familiares, além de contribuir com subsídios para as decisões dos promotores.

Chance numa

grande empresa

qUAndo mEninA,

Tassiani Poltronieri queria viajar. Agora tem chances concretas de morar em São Paulo. Diplomada em Química Industrial pela PUCrS, aos 23 anos, participa do Programa de Trainee da braskem (foi uma das 12 selecionadas no País). Em um ano, conheceu plantas petroquímicas, áreas de planejamento estratégico, desenvolvimento de embalagens e manutenção no rio Grande do Sul e em São Paulo. Está se descobrindo e expandindo as suas possibilidades.

Trabalhar numa grande empresa, logo depois de concluir a graduação, não é novidade. No caso de Tassiani, parecia improvável. Cursava o técnico de Química, na Escola liberato, em Novo hamburgo, quando veio o Exame Nacional de Ensino médio e o ProUni. Na Faculdade, foi bolsista de iniciação científica por dois anos. Participou, inclusive, de um projeto que teve depósito de patente. “Sempre falo bem da PUCrS. Nos laboratórios tudo é novo e limpo. Fora o corpo docente, que é fantástico.”

FOTO: brUNO TODESChINI

(10)

novAs EsPECiAlizAçõEs mARço

Psicoterapia cognitivo-comportamental direito ambiental

Planejamento no trabalho social

Segurança alimentar, trabalho e inclusão produtiva direito Previdenciário

Fatores humanos e Gestão de Segurança

ABRil

métodos quantitativos: estatística e matemática aplicadas Direito, mercado e economia

Treinamento físico personalizado Enfermagem pediátrica bioética

Gestão em comércio internacional Gestão estratégica em logística

Governança corporativa e gestão de riscos

Educação Continuada

oferece cursos inéditos

n o v i d a d e s a c a d ê m i c a s

A EdUCAção

Continuada traz novidades em 2011. No pri-meiro semestre estão previstos 18 novos cursos de especialização. Com isso, o espaço passa a contar com mais de uma centena de cur-sos do tipo em todas as áreas do conhecimento. A especialização em Bioética, por exemplo, pro-põe a reflexão sobre problemas bioéticos, sejam eles filosóficos, científicos, jurídicos, ambientais ou econômicos, utilizando me-todologia interdisciplinar.

Profissionais que cursarem Fatores Humanos e Gestão de Segurança estarão mais bem capacitados para atuar nessas

á reas em sistemas tecnológicos complexos, como aviação, saúde, transportes e produção de ener-gia. Oferecida pela Faculdade de Ciências Aeronáuticas, pode in-teressar a pilotos, controladores de tráfego aéreo, mas também a engenheiros, médicos, enfermei-ros, psicólogos, gestores, investi-gadores de acidentes e técnicos de segurança do trabalho.

Outros cursos inéditos abor-dam campos que vão desde Trei-namento Físico Personalizado a Enfermagem Pediátrica e Gestão Estratégica em Logística. Entre os destaques da Educação Conti-nuada também estão as

especia-lidades médicas. Ao todo, serão 27 práticas médicas hospitalares, oito a mais do que em 2010. Além disso, desde janeiro, dez novas certificações adicionais estão sen-do oferecidas.

Para o segundo semestre, o diretor do espaço, Maurício Tes-ta, prevê a consolidação de par-cerias com outras Instituições de Ensino Superior (IES), como Fee vale, Univates e Universida-de Universida-de Caxias do Sul. “PretenUniversida-de- “Pretende-mos unir as áreas de excelência de cada IES e oferecer cursos ainda mais qualificados. Vamos cooperar em vez de competir”, defineTesta. 3 Fatores humanos e Gestão de segurança pode interessar a pilotos FO TO : b rUN O T ODE SC h INI

FOCO NA AvIAçãO

Em dEzEmBRo,

foi publi-cada a primeira edição da revis-ta eletrônica Aviation in Focus (http://revistaseletronicas.pucrs.br/ ojs), da Faculdade de Ciências Aero-náuticas e do Centro de Microgra-vidade. A publicação recebe artigos acadêmicos em inglês, português, espanhol e francês e terá sempre

uma entrevista com profissional de renome na

área. Os assuntos estão inseridos em quatro temas: Aviação e Segurança de voo, Aviação e Saúde, Aviação e Línguas e Aviação e História.

A editora, professora Ana Bocor-ny, acredita que a iniciativa será mui-to benéfica para os alunos.

“Forma-mos pilotos para atuarem pelo mundo; são pesquisadores nas empresas. Muitos assumem posi-ções de destaque, gerenciais. A revista dá visibilidade, publicando o que es-tão produzindo”, observa. Além de alunos, também podem participar professores e comandantes (brasilei-ros e estrangei(brasilei-ros). 3

inscrições e

informações

4 Prédio 15, sala 112 4 (51) 3320-3727 4 www.pucrs.br/ educacaocontinuada

(11)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 11

Mudanças curriculares

e novas certificações adicionais

n o v i d a d e s a c a d ê m i c a s

divERsos

CURsos

de graduação da PUCRS passam por mudanças curriculares em 2011 para se adequarem às novas necessidades. As alterações mais significativas ocorrem nos cursos de Letras, Psicologia, Educação Física e Ciências Biológicas. Confira nos quadros ao lado. 3

Produção intelectual

aberta à

COMUNIDADE

é diFíCil

mensurar a quantidade de teses, dissertações, vídeos, áudios, ma-térias ou artigos científicos produzidos na PUCRS. Agora, imagine poder en-contrar tudo isso num mesmo lugar. O Repositório Institucional da Univer-sidade tem essa proposta: preservar a memória reunindo toda a produção in-telectual relevante da Instituição num ambiente digital aberto à comunidade. Será utilizado um software livre, de-senvolvido originalmente pela HP e pelo Instituto de Tecnologia de Mas-sachusetts, o DSpace, customizado.

O Repositório Institucional abri-gará quatro grandes comunidades: documentos institucionais, publica-ções científicas, objetos de aprendi-zagem e produção artística e cultural. Em cada comunidade, a produção da PUCRS será organizada em co-leções dentro de subcomunidades. Professores e pesquisadores poderão depositar os arquivos digitais de seus trabalhos científicos nas coleções de artigos, resumos, livros ou capítulos de livros. No site, será possível reali-zar uma busca dinâmica por

palavra--chave – em português e inglês –, autor ou subcomunidade, que dará acesso a todo o material indexado que a PUCRS produziu sobre o tema. No primeiro semestre devem es-tar no ar dois projetos-piloto, um na Biblioteca Central e outro na Facul-dade de Odontologia. A Biblioteca Central será responsável por operar o Repositório Institucional e a Pró--Reitoria de Pesquisa e Pós-Gradua-ção atuará como gestora política da comunidade de publicações cientí-ficas. 3

4Alunos do bacharelado poderão cursar disciplinas específicas da licenciatura (e vice-versa), permitindo que concluam as duas modalidades em cinco anos.

4há novas certificações adicionais: ensino de Ciência e biologia: Tópicos Especiais, biologia Celular e molecular, Diversidade Animal, Diversidade de Vegetais e Fungos, Ecologia e microbiologia e Parasitologia. Elas podem ser cursadas por alunos e diplomados da Faculdade de biociências e interessados de outros cursos. 4Na licenciatura foi aumentada a carga horária em disciplinas que integram o conteúdo específico biológico à ação pedagógica.

Ciências

Biológicas

4 Começa a ser oferecido o bacharelado e a licenciatura em dois períodos: manhã e noite (antes o bacharelado era apenas de manhã e a licenciatura à noite). 4 há a possibilidade de o aluno realizar dupla formação (licenciatura e bacharelado) em cinco anos, sendo necessário cursar mais 48 créditos da licenciatura para o bacharelado e 30 créditos do bacharelado para a licenciatura. Para quem é diplomado num desses cursos, basta cursar esses créditos a mais para obter a dupla formação.

educação

Física

4 A partir do segundo semestre do curso, serão oferecidas oito disciplinas na modalidade semipresencial. São elas: Prática em Psicologia I e II, Teorias Sociocognitivas, Prática em Psicopatologia, Psicologia dos Grupos II, Avaliação Psicológica: Técnicas Projetivas II e Pesquisa em Psicologia I e II.

4 Para fortalecer e ampliar novas áreas de atuação e novos fundamentos em Psicologia, estão disponíveis novas disciplinas: Saúde Coletiva, Psicologia da Família, Psicologia da Saúde e Intervenção Psicossocial.

4 A faculdade oferece as certificações adicionais em Desenvolvimento humano e Psicologia Social e Saúde. As disciplinas que formam as certificações poderão ser cursadas por alunos e diplomados em Psicologia e de diferentes áreas como eletivas e/ou em regime de disciplinas isoladas.

psicologia

4os alunos que concluírem a licenciatura em língua Inglesa ou em língua Espanhola poderão obter uma segunda licenciatura (em língua Portuguesa) cursando mais 810 horas (500 horas/aula e 300 horas de estágio), em dois semestres. 4Começará a ser oferecida a disciplina Texto e Gramática, de quatro créditos, a todos os alunos de graduação da PUCrS interessados em melhorar a escrita (segundas e quartas-feiras, das 17h30min às 19h).

letras

(12)

núcleo projeta

modelo inédito de

reabilitação cognitiva

4Por ANA PAUlA ACAUAN

As cicatrizes do

TRAUMA

o TRAUmA

na infância pode deixar cicatrizes. Irreversíveis,

es-sas marcas afetam o desenvolvimento de crianças e adolescentes, a vida de adultos, e seus efeitos perduram entre idosos. vítimas de agressões ou negligência têm mais probabilidade de usarem drogas, sofrerem de transtornos de humor, depressão e ansiedade, com prejuízos à memória e às funções executivas (de resolução de pro-blemas, raciocínio abstrato, planejamento e flexibilidade mental). Essas são algumas das conclusões de projetos desenvolvidos na PUCRS pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Trauma e Estresse (Nepte), vinculado à Faculdade de Psicologia (Fapsi).

A pessoa também corre o risco de ficar mais vulnerável biologicamente. “O trauma pode mudar a maneira como ela enfrenta o estresse e a torna menos adaptada ao am-biente”, explica o biólogo e professor Moi-sés Bauer, do Laboratório de Imunologia Celular e Molecular/Instituto de Pesquisas Biomédicas e do Nepte. O psiquiatra e pro-fessor Rodrigo Grassi de Oliveira, da Fapsi e Nepte, complementa que o trauma favorece, inclusive, o aparecimento de diabetes, hiper-tensão e enxaqueca.

Bauer e a doutoranda Andréa Wieck investigarão o estresse associado a alterações inflamatórias. O professor diz que há um elo unindo esse processo ao envelhecimento e a doenças crônico-inflamatórias, como o câncer. Inclusive, existem no mundo testes de uso de anti-inflamatórios contra depressão.

Tal como numa lesão motora, a reabilitação pode ser alternativa para essas vítimas. Um modelo iné-dito está sendo criado pelo Nepte, envolvendo de exercícios físicos a treinos cognitivos (com testes de memória, por exemplo). “Como ocorre com alguém que tem um derrame, as áreas do cérebro afetadas morrem, mas isso não significa que outras não pos-sam ser treinadas”, diz Grassi.

O professor da Fapsi Christian Kristensen destaca que o diferencial do Núcleo é reunir profissionais de diferentes áreas, permitindo a avaliação dos efeitos biológicos, endócrinos, psicológicos e cognitivos do trauma para posterior intervenção. Segundo ele, na fase adulta, os indivíduos expostos ao trauma na in-fância estão predispostos a sofrerem novas agressões ou a se transformarem em agentes de atos violentos. 3

p e s q u i s a

entenda melhor

4 o transtorno de estresse pós-traumático (TePT) se desenvolve depois da exposição a um trauma severo, com uma reação que envolve intenso medo, impotência ou horror. Acarreta sofrimento e prejuízo social e leva a pessoa a ter insônia, irritação e dificuldade de concentração. Nem todos os expostos a essas situações terão TEPT. A maioria apresenta uma reação aguda por até um mês.

Fonte: Christian

Kristensen

Ambulatório tratará bancários

o PRoJETo

do Núcleo de estudos e Pesquisa sobre Trauma e estresse com bancários que sofreram assaltos, em parceria com o sindicato da categoria, resulta na criação de um ambulatório no hospital São lucas. Eles participam de psicoterapias semanais que incluem o uso de realidade virtual, em parceria com o Grupo de realidade Virtual, da Faculdade de Informática. O paciente fica exposto à situação durante vários minutos para se dar conta de que pode superar o trauma. “É o enfrentamento que levará à superação do medo e da ansiedade”, explica o professor Christian Kristensen. Dos 30 bancários investigados, seis apresentavam estresse pós-traumático e fazem tratamento.

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As cicatrizes do

TRAUMA

Pesquisa avaliará 5 mil pessoas

As PsiCóloGAs

Janaína Pacheco e Tatiana Irigaray, com professores do Pós-Graduação em Psicologia e sob a coordenação de Irani Argimon, abordarão os efeitos do trauma na infância. Serão avaliadas 5 mil pessoas na Capital, de adolescentes a ido-sos. A investigação pretende entender a associação entre os maus-tratos e uso de drogas, depressão, estresse pós-traumático e ajustamento psicológico (que envolve autoestima, competência social, desempenho acadêmico e relação com os pais). A pesquisa faz parte do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Capes. Neste ano, deverão ser conhecidos os primeiros resul-tados. O estudo, até 2015, tem a participação de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado.

PúBliCo dA

PEsqUisA REsUlTAdos oBsERvAçõEs REsPonsávEl

61 idosos atendi-dos num ambula-tório de geriatria Quanto maior o grau de negligência sofrida durante a infância, menor é o desempenho em testes de memória foram controlados fatores que poderiam interferir nos resultados, como idade, escolaridade e transtornos psiquiátricos rodrigo Grassi de Oliveira, orientador da dissertação de Tatiana De Nardi 17 mulhe-res com depressão e histórico de trauma na infân-cia* o trauma infantil e a depressão trazem prejuízos no desempenho da memória recente São menores entre elas os níveis de bNDF (neutrofina que estimula a regeneração nervosa e mantém a plasticidade do cérebro, permitindo adaptação ao meio) moisés bauer, orientador da tese de rodrigo lopes, com colaboração de rodrigo Grassi 17 mulhe-res vítimas de agres-sões do parceiro com his-tórico de trauma na infância Mostram sintomas do transtorno de estresse pós-traumático, prejuízos na atenção e memória, ansiedade e depressão foram identificados outros fatores de risco: desemprego, pobreza, história de exposição à violência e uso de álcool pelo companheiro Christian Kristensen, orientador de iniciação científica de roberta hatzenberger, Ana Paula lima, beatriz lobo e letícia leite 30 crianças de seis a 12 anos que sofre-ram maus--tratos, indicadas por ser-viços de proteção à infância Apresentam problemas afetivos, ansiedade, transtorno de déficit de atenção – hiperatividade, desafiante opositor e de conduta. Têm dificuldade em planejar e alternar as tarefas 73% foram vítimas de familiares – 30% dos pais Christian Kristensen, orientador de dissertação de Cibila dertelmann

* Houve grupos-controle para comparação de resultados com pessoas saudáveis

Revelações de estudos

Como o processo começa

Pesquisa coordenada por moisés Bauer mostra que um trauma na infância pode levar a depressão, a prejuízo na memória e a BndF reduzido. Com o estresse, diminui o estímulo do cérebro para as glândulas adrenais (localizadas na parte superior dos rins) produzirem cortisol. com menos hormônio, aumenta a possibilidade de inflamação. esse processo também leva à proliferação diminuída de linfócitos, deixando as pessoas mais suscetíveis a infecções e doenças crônico-inflamatórias.

mais doenças crônico-inflamatórias

ligadas ao estresse Adrenais menos cortisol

mais inflamação

(14)

Fora dos presídios

brasil precisa reduzir população carcerária

o BRAsil

tem a terceira população carce-rária do mundo, atrás só dos EUA e da Chi-na, com 500 mil presos. Porto Alegre abriga o maior presídio da América Latina, o Cen-tral, com 5 mil pessoas, diante da capacidade para 1,8 mil. Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais e Ciências Sociais da Faculdade de Direito da PUCRS, Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, a pena de prisão se justifica apenas para cerca de um terço dos apenados, condenada por crimes violentos. Os demais cometem deli-tos menores, como furto e venda de merca-dorias ilícitas. “A prisão acaba tornando-os piores, pois se associam à criminalidade organizada.” Sem contar que 44% no Brasil são presos preventivos (não foram julgados). Tratar sobre penas alternativas é um dos objetivos da pesquisa Descarcerização

e Sistema Penal – A construção de Políticas Públicas de Racionalização do Poder Puni-tivo, aprovada pelo Conselho Nacional de

Justiça Acadêmico e Capes. A PUCRS atua-rá no projeto com as Universidades de Bra-sília, sob a coordenação de Ela de Castilho, e Federal de Pernambuco, com a liderança de José Luiz Ratton. Azevedo lembra que, com a parceria, a pesquisa poderá mostrar a realidade em diferentes regiões e a partir da ótica do Direito, Sociologia e Criminologia.

Prevenção e

monitoramento

duas profissionais que fizeram mestrado na PUCrS, orientadas por rodrigo de Azevedo, estudaram mo-nitoramento eletrônico dos presos e prisão preventiva. Na sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais, fernanda vasconcellos constata que há diferenças nas decisões das várias Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Estado quanto aos julga-mentos de pedidos de habeas

cor-pus para réus que cumpriam prisão

preventiva. Percebe uma “disputa no interior do campo jurídico entre os defensores de uma concepção pautada pelos princípios penais ga-rantidores dos direitos do acusado e os que decidem pela adesão à de-manda social punitiva”.

A defensora pública Janaína oli-veira conclui a sua dissertação neste mês de março sobre o uso do moni-toramento eletrônico. “Pela forma como é pensado e empregado, den-tro do cenário atual de populismo punitivo, trata-se de mecanismo de controle que se agrega ao sistema penal, não caracterizando verdadeira alternativa à prisão.” Janaína verifica que o monitoramento será destina-do a pessoas que se encontram fora do sistema prisional, ainda que possa haver situações em que, às avessas da previsão legal, sejam liberadas vagas de penitenciárias, como vem ocorrendo no regime aberto do rS, em casos de prisão domiciliar.

p e s q u i s a

fo To : GI lS o N ol Ive Ir A

Cada grupo conta com alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado.

Haverá coleta de dados para identificar quais são as penas alternativas e como se dá sua execução. O grupo fará entrevistas em varas judiciais especializadas e locais onde os condenados prestam serviços à comunidade. O primeiro órgão desse tipo surgiu em Porto Alegre nos anos 80. Os presos atuam em mais de cem entidades cadastradas. Também serão investigados os projetos-piloto de monitoramento ele-trônico de presos e propostas de reforma da legislação penal em tramitação no Con-gresso Nacional.

O professor da PUCRS lembra que o Brasil tem mais de 600 mil pessoas cum-prindo penas alternativas. Isso não signifi-ca esvaziamento das prisões, mas se deve em parte à criação dos Juizados Especiais Criminais, em 1995. “Antes pequenos de-litos nem viravam processos.” Hoje, por meio da transação penal, o acusado aceita cumprir uma medida alternativa, mas não é julgado e considerado culpado pelo delito. Ao final de quatro anos de projeto, serão sugeridas medidas para desafogar o siste-ma carcerário. Os grupos levarão em conta resultados obtidos em pesquisas anteriores (exemplos ao lado). 3

(15)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 15

s a ú d e

Saúde na

PONTA DA

AGULHA

acupuntura pode aumentar

imunidade de idosos

qUAndo o

fisioterapeuta Tiago Pavão apresentou ao professor Moisés Bauer uma proposta de pesquisa envolvendo acupuntura e resposta imunológica em idosos, foi recebido com um certo ceticismo. Bauer, pesquisador do Laboratório de Imunologia do Estresse, do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS, sabia dos efeitos analgésicos da acupuntura (especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina) em humanos e animais, mas não imaginava que pudesse ter algum efeito expressivo no sistema imune.

Pavão, que também é acupunturista, insistiu na ideia. Com o apoio de Bauer e das pesquisadoras Mi-cheli Pillat e Amanda Machado, ambas da PUCRS, e Priscila vianna, da UFRGS, utilizou a pesquisa para elaborar sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica. “Existem poucos estudos publicados sobre ciência e acupuntura. Sabíamos que diminuía o estresse e a ansiedade, mas não o que ocorria imunologicamente”, observa Pavão. Foram selecionados 24 voluntários saudáveis (12 idosos e 12 jovens adultos), que passaram por duas sessões semanais de acupuntura, durantes três sema-nas. Os três pontos em que as agulhas foram aplicadas e manipuladas tinham relação com a ansiedade e o estresse, fazendo a ligação entre o hipotálamo e a hi-pófise (localizadas no cérebro). Os voluntários tiveram amostras de sangue coletadas antes e após as sessões de acupuntura.

Mesmo com poucas aplicações, o impacto foi gran-de. Os resultados surpreenderam até o cético Moisés

Tiago Pavão: convite para doutorado na Flórida e artigo na neuroscience Letters

Além da

redução do

estresse e da

ansiedade, foi

observado o

aumento de

linfócitos, células

responsáveis

pela defesa ou

imunidade do

organismo

foTo: Ar QUIvo Pe SSoAl

Bauer. Além da redução do estresse e da ansiedade, em am-bos os grupos, foi observado o aumento na proliferação de linfócitos (responsáveis pela defesa do organismo).

Nos idosos, em que essa proliferação geralmente diminui ao longo dos anos, o estímulo foi ainda maior, ficando num nível tão bom quanto o dos jovens. “Esse

foi o achado mais importante, pois ocorreu uma reversão completa do dano do envelhe-cimento imunológico. Entretanto, ainda não sabemos quanto tempo dura esse efeito, se pode ser melhorado e como isso acontece. Não sabemos quais proteínas estão sendo produzidas”, destaca o professor Bauer. Es-tudos recentes nessa área apontam que os efeitos da acupuntura ainda são observados um mês após o final das sessões.

Apesar dessa descoberta, os pesquisa-dores observam que deve ser levado em conta o fato de que a sessão de acupuntura, por si só, pode influenciar o estado subjeti-vo dos pacientes e poderia, de certa forma, confundir os resultados. Para demonstrar definitivamente a utilidade da acupuntura

na estimulação da proliferação dos linfócitos, será neces-sário realizar diferentes estudos com um número maior de voluntários.

O trabalho foi publicado recentemente na revista

Neu-roscience Letters. Por causa do artigo, Tiago Pavão foi

convidado a fazer doutorado na Universidade da Flórida (EUA). 3

(16)

viagem por

dentro

do

Cor po

Com o

surgimento da videocirurgia, no fi-nal da década de 1980, os médicos consegui-ram realizar o sonho de “viajar” pelo interior do corpo humano com uma microcâmera que percorria o abdômen. O método cirúrgico, mi-nimamente invasivo, permitia diagnosticar e tratar doenças sem a necessidade de submeter o paciente a grandes cortes. Em setembro de 1991, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) tornou-se o pioneiro entre os hos-pitais universitários do País ao realizar a primeira videocirurgia terapêutica de ve-sícula. Antes o método somente havia sido aplicado no Hospital Albert Einstein (SP). Hoje o HSL realiza cerca de 5 mil video-cirurgias por ano, o que representa 25% de todo o movimento cirúrgico da Instituição. O setor conta com sete torres para a reali-zação dos processos e a equipe é composta por 11 médicos titulares e 11 aspirantes. “é a mais democrática das cirurgias. Utiliza-mos o mesmo procedimento para usuários do SUS, convênios e particulares”, define o chefe do Serviço de Cirurgia Geral, Plínio Baú.

No início, a técnica era usada principalmen-te no aparelho digestivo. Agora pode ser uma opção em casos de transplantes e em especiali-dades como cirurgia geral, digestiva, bariátrica

e pediátrica, urologia, ortopedia e neurocirur-gia. Apenas em situações muito específicas a videocirurgia não é indicada. “Se a doença im-pedir a anestesia geral, no câncer avançado e quando há deficiência na coagulação”, lista Baú. A técnica também oferece vantagens: me-lhores resultados estéticos, reduzida dor pós--operatória, menor chance de complicações como pneumonia e hérnias. Além disso, há menos sangramento, o período de internação é curto e o retorno ao convívio familiar e social mais rápido.

A auxiliar de loja Silvana Correia de Melo, 51 anos, foi uma das primeiras operadas pelo então novo método no HSL, em julho de 1992. Ela precisava tratar uma forte crise de vesícula, dias depois de ter feito uma cesariana. “Não foi uma opção e, sim, uma necessidade. Soube que o Dr. Baú estava apresentando a nova técnica e o procurei”, recorda Silvana. Ela conta que foi convidada a fazer a videolaparoscopia sem cus-tos. “Fiquei entusiasmada e confiei plenamente na equipe. A recuperação foi rápida, sem dor e, na parte estética, ficaram apenas algumas marquinhas ao redor do umbigo. Foi uma ex-periência marcante porque era uma inovação e, melhor, não atrapalhou a amamentação do meu filho recém-nascido”, lembra. 3

hsl realiza cerca de 5 mil videocirurgias por ano

s a ú d e

É a mais

democrática

das cirurgias.

Plínio

Baú

a técnica de

videocirurgia

completa

20 anos

no hospital

são lucas

(17)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 17

viagem por

dentro

do

Cor po

mil

vezes esperança

dEniCE olivEiRA,

43 anos, desde a juventude acalenta o sonho de cursar Medicina. “Tenho muita vontade de ajudar as pessoas”, argu-menta. Como as finanças não permitiram, fez trabalhos domésticos e costurou bombachas para se sustentar. Aos 31 anos, quando deu à luz Ana Luísa, outro desafio se impôs: o diabetes. Com a doença, perdeu a visão e, gradativamente, o funcionamento dos rins. Em 2010, assistida no Hospital São Lucas, começou a diálise peritoneal (terapia de subs-tituição renal). Cinco semanas após ingressar na fila dos transplantes, veio a notícia: um novo rim esperava por ela. “Achei que ia demorar anos. Minha filha chorou, com medo, mas foi tudo bem”. O desejo de ser médica permanece.

A marca de mil transplantes, alcançada em dezembro no HSL, com Denice, e o sucesso em mais de 80% dos casos no primeiro ano são motivo de celebração, mas não escondem o problema da crescente bus-ca por órgãos. Para o médico Marcelo Hartmann, chefe do Serviço de Transplantes do HSL, “é fundamental conscientizar as pessoas sobre a importância das doações em vida”. Dados de 2009, do Sistema Na-cional de Transplantes, mostram que 34,6 mil pessoas esperavam por um rim em todo o Brasil. Porém, conforme a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, houve apenas 4,2 mil procedimentos cirúrgicos. Os transplantes no HSL tiveram início em 1978, com a equipe dos professores Henrique Barata e Domingos d’Avila, atual chefe do Servi-ço de Nefrologia. Referência nas áreas de rins e pâncreas, o hospital se mantém, desde 2002, como o único centro de saúde do RS a realizar transplantes renais intervivos por meio de videolaparoscopia. A Insti-tuição também foi a primeira a transplantar um pâncreas isolado, em 2003. Atualmente são realizados 65 transplantes ao ano, sendo apro-ximadamente 75% em pacientes do SUS.

A formação de novos cirurgiões ocorre no Programa de Pós-Gra-duação em Medicina e Ciências da Saúde. À área de concentração em Nefrologia estão vinculados a linha de pesquisa Diálise Extrarrenal e Transplante e o Laboratório de Transplantes, coordenado pelo profes-sor David Saitovitch. 3

fo To S: G Il So N o lI ve Ir A marcelo hartmann (E), denice oliveira, henrique Barata e domingos d’ávila

4POr EDUArDO bOrbA – ESPECIAl

história

precursora

sEmPRE ExisTiU

a curiosidade médica de poder ver o corpo humano por dentro para saber o que real-mente se passa em seu interior. Durante a 1ª Guerra mundial, por exemplo, os médicos aproveitavam os grandes ferimentos que os soldados sofriam nas ba-talhas para poderem espiar, pelo orifício, como fun-cionava o organismo.

As bases da avaliação do sistema digestivo come-çaram em 1822, quando o cirurgião norte-americano William beaumont acompanhou o jovem Alexis St. martin, que sofreu um acidente com arma de fogo em michigan. O ferimento cicatrizou parcialmente, deixando à mostra o interior do abdômen, num orifí-cio do tamanho de um punho, aberto anos a fio. Até a sua morte, em 1880, o paciente serviu de experiên-cia para estudos.

Como é feita

A videocirurgia é realizada com anestesia geral. A cavidade peritoneal é insuflada com gás carbônico, para introdução dos portais, os chamados trocateres, que permitem o acesso de todo instrumental necessário para sua realização. Um monitor conec-tado à microcâmera introduzida no paciente, pelo primeiro portal, mostra o interior do corpo.

o médico William Beaumont acompanhou o paciente

(18)

Nunca foi tão seguro

vOAR

preocupação com

segurança foi

debatida em evento

internacional

4Por MArIANA vICIlI

qUAndo o

Fokker 100 do voo 402 da TAM caiu num bairro residencial, em São Paulo, em outubro de 1996, não mudou apenas o destino dos envolvidos no aci-dente, mas de todos os atuais passageiros de companhias aéreas. “Pode-se dizer que houve uma melhora de 90% em termos de segurança daquele desastre para cá. Per-cebemos o empenho e a preocupação das empresas em garantir a segurança de voo”, garante o coronel-aviador Carlos Alberto da Conceição, Chefe da Primeira Seção da 6.ª Subchefia do Estado-Maior da Aero-náutica, que participa de investigações de acidentes aéreos.

Hoje a aviação é um dos segmentos mais seguros do mundo. A taxa de aciden-tes aeronáuticos é de menos de um em 1 mi-lhão, segundo a International Air Transport Association (Iata), com dados de 2009. Para discutir as técnicas e protocolos que permitem tamanha eficiência, a Faculdade de Ciências Aeronáuticas e o Centro de Mi-crogravidade da Faculdade de Engenharia realizaram o 1.º Seminário Internacional de Segurança em Sistemas Tecnológicos Complexos. Especialistas reuniram-se na PUCRS para abordar, dentre esses siste-mas, principalmente a questão da aviação.

Sistemas tecnológicos complexos são utilizados onde há tecnologia e grandes protocolos de segurança. Além da ae-ronáutica, as empresas hospitalares, de energia e de mineração trabalham de forma direta com a criação e aplicação desses processos que proporcionam maior eficácia e proteção. “A aviação aprendeu muito com outras áreas. Esse seminário buscou a interdisciplinarida-de e a troca interdisciplinarida-de experiências”, interdisciplinarida-destaca o coordenador geral do evento, professor éder Henriqson.

Apesar da importância, o tema é pou-co estudado no Brasil. “Queremos apro-ximar a indústria da pesquisa e colabo-rar com a transferência de inteligência, apresentando a PUCRS como centro de referência no setor”, explica Henriqson.

A fase atual é considerada ultrassegu-ra paultrassegu-ra voar: em 2009 a média de aciden-tes catastróficos por 100 mil decolagens foi de 0,098, enquanto em 1949 esse nú-mero chegava a 2.868. O coronel-aviador Conceição ressalta a importância da in-vestigação dos acidentes para a preven-ção: “É importante identificar os fatores que contribuíram para a ocorrência e formular recomendações sobre seguran-ça de voo. Infelizmente nem sempre as recomendações são seguidas”, observa.

Donizeti Andrade, professor do Insti-tuto Tecnológico de Aeronáutica, destaca o papel da segurança desde o projeto das aeronaves. “A integridade do produto e da manutenção é muito importante quando o objetivo é evitar acidentes na aviação. Tivemos medidas ano a ano,

manutenção de aeronaves e controle do estresse: fundamental para evitar acidentes

t e n d ê n c i a

foTo: dIvU lGAÇÃo FO TO : br UNO TODE SC h IN I

(19)

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 19 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0

permitindo que o número de acidentes baixasse. é uma área que necessita de atualização constante”. O profes-sor ainda chama a atenção para os próximos desafios da aviação, como os personal jets (como ficará a ques-tão do controle do espaço aéreo?), voos não tripulados, motores elétricos, preocupação em minimizar vibração e ruído nos helicópteros e o futuro da propulsão (con-sumir e poluir menos e reduzir o barulho), entre outros. Além dos fatores técnicos, a questão humana tam-bém foi destacada no evento. O professor Christian Kristensen, da Faculdade de Psicologia, alerta para o efeito do estresse no organismo, tanto nas atividades rotineiras das tripulações como depois de acidentes: “O estresse tem efeito direto sobre o desempenho huma-no. Com pouco estresse, não ficamos suficientemente alertas, e a sobrecarga também é ruim. O desempenho diminui, cai rapidamente”, observa.

Ao longo do primeiro ano depois dos desastres, como a queda de um avião, por exemplo, a prevalência de estresse pós-traumático em sobreviventes e fami-liares costuma ser de aproximadamente 30% a 40%; em equipes de resgate, 10% a 20% e, na população em geral, 5% a 10%. “A maioria das pessoas se recupera ao longo do tempo, mas é importante detectar o estresse pós-traumático precocemente para uma intervenção psicossocial e, quando necessário, farmacológica”. Quando não tratado corretamente, o estresse pós-trau-mático pode levar a outros distúrbios, como depressão, pânico e abuso de substâncias lícitas e ilícitas . 3

Em dEzEmBRo,

a Faculdade de Ciências Aeronáuti-cas (Faca) e a Azul Linhas Aéreas assinaram parceria que garantirá o ingresso de alunos diplomados pelo curso na segunda fase do processo seletivo de pilotos da companhia aérea. Eles serão dispensados de participar da triagem. Sen-do aprovaSen-dos nas demais fases, são contrataSen-dos, por um período mínimo de dois anos, como copilotos da empresa, para pilotar jatos modelos Embraer 190 e 195 e turboélices ATR a partir de 2011.

O diretor de Operações da Azul, Álvaro Neto, disse estar muito satisfeito com a parceria por acreditar na qualidade do trabalho desenvolvido na PUCRS. “é a união da empresa mais inovadora com a melhor escola de formação de pilo-tos do País”, declarou. Álvaro Neto adiantou também que a relação será aprofundada em 2011, pois a empresa está em expansão e planeja contratar mais 200 profissionais entre pilotos e copilotos, além dos 300 atuais, aumentar o número de rotas e a frota de aeronaves.

Hoje a Faculdade forma cerca de 20 alunos por ano e recebe 60 novos estudantes a cada vestibular. Conforme o diretor da Faca, professor Elones Ribeiro, há uma movimentação entre os alunos e interessados em ingressarem no curso em razão do convênio. Des-de 1997, a PUCRS formou cerca de 600 pilotos. 3

Decola convênio

entre Ciências

Aeronáuticas e Azul

sobre a Azul

Com dois anos de operações, a Azul linhas Aéreas conecta 28 des-tinos no País em 200 voos diários. A frota de 26 jatos será acrescida em 2011 de mais 12 aviões Embraer 195 e dez turboélices ATr-72. A empresa é a terceira no mercado doméstico de aviação, atrás das líderes TAm e Gol. Desde o início das operações,

média de acidentes catastróficos

por 100 mil decolagens

1949

2.868

0,098

2009

Fonte: Prof. Donizeti Andrade, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica

os aviões da Azul trans-portaram cerca de 7 milhões de passageiros.

(20)

Possíveis vazamentos de

CO

2

poderão ser detectados

4Por MArIANA vICIlI

Em 2011,

o Centro de Excelência em Pes-quisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono da PUCRS (Cepac) dará continuidade ao Projeto Carbometano Brasil, financiado pela Petrobras. Por meio dele, será injeta-do dióxiinjeta-do de carbono (CO2) em um poço

perfurado na jazida de carvão Charquea-das, em Triunfo (Região Metropolitana de Porto Alegre), para que expulse gás metano e seja testada a sua capacidade de armaze-nar CO2. Esse armazenamento seria uma

alternativa no combate ao efeito estufa. Uma das preocupações é como detectar um possível vazamento desse dióxido de carbono injetado e fazer um diagnóstico mais efetivo do impacto ambiental. Pen-sando nisso, desde 2008, o Laboratório de Tratamento de Imagem e Geoprocessa-mento desenvolve uma metodologia para monitorar, via imagens de satélite, as áreas suspeitas de vazamento de CO2. O projeto

conta com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e foi testado em poços de petróleo da Bahia, onde o dióxido de car-bono é injetado para que haja o aumento da pressão no campo, permitindo a extração do óleo residual (mais de 70% do petróleo existente no campo. Em condições normais esse percentual fica entre 30% e 40%).

O coordenador do Laboratório, profes-sor Regis Lahm, explica que, antes de o gás ser injetado em Triunfo, será feita a

carac-laboratório de

Tratamento

de imagem e

Geoprocessamento

o lABoRATóRio,

vinculado à Faculdade de Filosofia e Ciências hu-manas, funciona desde 1995. Auxilia os usuários na preparação, organiza-ção e análise de dados geográficos e ambientais, utilizando a tecnologia do Sistema de Informações Geográficas. Informações coletadas em campo, mapas analógicos e dados de dife-rentes fontes são processados digital-mente e permitem ao usuário atua-lizar, analisar, estruturar e consultar bancos de dados georreferenciados de forma continuada e integrada.

3A imagem do satélite mostra, ao sul, o Recôncavo baiano. Quanto mais vermelha é a imagem, mais densa é a vegetação

Antes de o gás ser injetado, a vegetação é avaliada e padronizada 6 fo To S: dI vU lGA ÇÃ o

contato

4 (51) 3353-4192 4 lahm@pucrs.br

a m b i e n t e

terização da vegetação em torno do poço por meio de diversos tipos de medições, como a altura das plantas, diâmetro do caule e área de cobertura, entre outras, obtendo uma padronização de como a vegetação se comporta. Os

da-dos de campo são conciliada-dos com imagens de satélite e coletados novamente após a injeção para verificar se houve alterações na paisagem. As imagens do local serão monitoradas em diferentes épocas do ano. De acordo com o professor, cerca de um ano após a injeção do dióxido de carbono, podem ser notadas alterações, caso haja va-zamentos. “Se houver o excesso de CO2 nas

raízes das plantas, elas deixam de ter o seu funcionamento biológico normal, não fa-zem corretamente a fotossíntese e apresen-tam alterações, como tonalidade diferente e ângulo foliar (entre a folha e a superfície do solo) modificado”, explica Regis Lahm. Dependendo do local, pode haver a possibi-lidade de o dióxido de carbono escapar por falhas e fraturas na terra. Os pesquisadores escolheram as áreas de investigação com base em mapas geológicos que mostram onde estão essas falhas e fraturas, pois são áreas com mais chances de isso acontecer. Em Triunfo as avaliações iniciaram em

janeiro, numa zona predominantemente de mata nativa. Os testes feitos na Bahia foram prejudicados pelos desmatamentos causados por moradores da região, dificultando um diagnósti-co mais detalhado. Futuramente essa tecnologia desenvolvida na PUCRS poderá ser utilizada pela Petrobras onde houver interesse da empresa. 3

(21)

AGT

apoia mentes brilhantes

no Cepac, um exemplo de sucesso: Rafael Prikladnicki (E) e João marcelo Ketzer, gestor do Centro

auxílio em projetos

com empresas e governos

é papel da agência

b

as

t

idores

há dEz

anos, a Agência de Gestão Tecnológi-ca (AGT) surgiu para aproximar a Universidade das empresas. O saldo foi tão positivo que resul-tou no Parque Científico e Tecnológico (Tecno-puc). Agora a Agência tem como papel principal auxiliar os pesquisadores no desenvolvimento de projetos institucionais em busca de recursos públicos e privados. Os frutos aparecem com a aprovação em editais (a PUCRS consegue par-ticipar de, aproximadamente, 90% dos ofere-cidos pela Financiadora de Estudos e Projetos/ Ministério da Ciência e Tecnologia) e muito mais. Alguns projetos superam seus objetivos e transformam-se em estruturas de pesquisa. São os casos do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac) e do Ins-tituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer), cujas obras começaram em janeiro.

“Estou certo de que há mentes brilhantes na PUCRS ainda sem a atuação que poderiam ter. Precisamos ver como melhor apoiá-las”, destaca o professor Ricardo Bastos, que dirigiu a AGT de dezembro de 2004 a dezembro de 2010 e agora é assessor da Pró-Reitoria de Administração e Finanças (Proaf). “O foco

da AGT deve estar sempre alinhado com o posiciona-mento da Universidade. Hoje a Instituição parti-cipa fortemente na busca por recursos, pois tem cre-dibilidade e profissionais competentes”, resume.

Rafael Prikladnicki, o novo diretor, que atua na AGT desde maio de 2009, diz que as prioridades dos próximos anos são de dar mais agilidade aos proces-sos e se relacionar ainda melhor com os parceiros e a comunidade acadêmica. “A Universidade é referên-cia brasileira na gestão da inovação e queremos con-solidar essa posição.”

Para cumprir sua missão, a Agência se di-vide em quatro setores: Gestão de Projetos, Execução Financeira, Prestação de Contas e Negociação. Ao todo, trabalham três profes-sores, 11 técnicos administrativos e três esta-giários. Uma curiosidade é que a AGT abriga profissionais de outros setores, como Hospi-tal São Lucas (para tratar de questões na área da saúde), Setor de Compras da Proaf e Pro-curadoria Jurídica. Tudo para agilizar os pro-cessos, pois a execução dos projetos depende, por exemplo, da contratação de profissionais, compra de materiais, orçamento de obras ou reformas necessárias e prestação de contas. Um trabalho próximo é feito com a Divisão de Obras e a Gerência de Recursos Humanos.

A ação da AGT tem reflexos no ensino e em novos negócios. As pesquisas de ponta atraem alunos e há muitos casos de companhias que financiam bolsas de pós-graduação. Empresas incubadas, muitas vezes formadas por estudantes, surgem de laboratórios de pesqui- sa. 3

projetos

4 A PUCrS tem 140 projetos institucionais em execução

inovapuc

4 A AGT faz parte da rede voltada ao processo de inovação e empreendedorismo da PUCrS

PUCrS INforMAÇÃo Nº 153 4 mArÇO-AbrIl/2011 4 21

fo To : GI lS o N ol Ive Ir A

Referências

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