TÍTULO: CONFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS COMO ALTERNATIVA PARA REUTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS POR CENTRAIS DOSADORAS DE CONCRETO.
TÍTULO:
CATEGORIA: EM ANDAMENTO
CATEGORIA:
ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA
ÁREA:
SUBÁREA: ENGENHARIAS
SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: FACULDADE REDENTOR
INSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): VINICIUS COPARI PEREIRA
AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): MURIEL BATISTA DE OLIVEIRA
1 RESUMO
A construção civil é responsável por uma parte significativa dos impactos negativos causados ao ambiente podendo causar interferências no meio físico, biótico e antrópico. Alguns trabalhos já alertam para os riscos referentes às perdas de materiais, à geração excessiva de resíduos e aos lançamentos não monitorados no meio ambiente. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta para a redução de resíduos da construção civil, especificamente aqueles gerados pelas centrais dosadoras de concreto. O estudo prevê a análise dos resíduos e a posterior utilização como agregado no próprio concreto a ser produzido por essas centrais, além da utilização desses resíduos como material na confecção de tijolos ecológicos de solo cimento.
2 INTRODUÇÃO
A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social, mas, por outro lado, apresenta-se como grande geradora de impactos ambientais, quer pelo consumo de recursos naturais, quer pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos. O setor tem o desafio de conciliar uma atividade produtiva dessa magnitude com condições que conduzam a um desenvolvimento sustentável consciente e menos agressivo ao meio ambiente (OLIVEIRA, 2012).
Estudos indicam que a construção e manutenção de obras de habitação, estradas, hospitais e escolas consomem até 75% dos recursos naturais extraídos no planeta.
Além da questão do material, a busca de novas soluções construtivas, o emprego viável de novas ferramentas, a reciclagem de resíduos, o desenvolvimento sustentável e acabar com o desperdício no ramo através de racionalização e planejamento, fazem com que novos materiais, ou ainda, materiais de elevado desempenho e sistema construtivo mais eficiente sejam os principais objetivos na tentativa de estabelecer uma relação saudável entre baixo custo, sustentabilidade e qualidade das obras e, esses são desafios encarados por pesquisadores, engenheiros, arquitetos e a própria sociedade (MIELI, 2009).
O crescimento acelerado das cidades de pequeno e médio porte, como é o caso da região noroeste do estado do Rio de Janeiro, vem aumentando cada vez
mais o mercado da construção civil, que por sua vez tem a necessidade de implantar tecnologias e meios de construção mais eficiente, com menor impacto ambiental e de baixo custo.
Um bom exemplo de racionalização de construção são as Centrais Dosadoras de Concreto, que oferecem serviços de mistura, transporte, bombeamento e concretagem de pavimentos de concreto. Os serviços oferecidos por essas Centrais, reduzem gastos com materiais, mão de obra e transporte, tendo como fator principal a agilidade na concretagem, que ao ser feita por processos manuais levaria um tempo bem maior.
Por outro lado, tem-se uma grande carência de estudos para reaproveitamento dos resíduos que são gerados pelo processo de produção dessas Centrais, que não são poucos, principalmente aqueles que ficam nas caixas de decantação após a lavagem dos caminhões betoneiras, bem como os resíduos provenientes da sobra de outros materiais, aos quais podem ser reaproveitados em outros usos.
Nos últimos anos técnicas de reaproveitamento de resíduos tem surgido no país. Alguns municípios como Belo Horizonte, São Paulo, Ribeirão Preto, Campinas possuem programas que incentivam a coleta e o reaproveitamento do entulho em obras de pavimentação, servindo como base, e na fabricação de pré-moldados de concreto, como é caso do “Ecobloco”, produzido em Belo Horizonte. Outro exemplo é a Usina de Reciclagem de Fortaleza, capaz de processar 200 toneladas de resíduos por hora, e transformados em novos materiais como brita, concreto e tijolos ecológicos (O ESTADO, 2010).
O reaproveitamento de resíduos das centrais dosadoras de concreto na fabricação de tijolos ecológicos é uma opção. A vantagem do tijolo ecológico é que não precisa ser levado ao forno, sua cura se dá através de água e sombra, contribuindo com a redução do aquecimento global e com o desmatamento.
Outra aplicação dos resíduos se dá com a adição do material no próprio concreto fabricado pela Central, podendo vir o resíduo como agregado junto com a areia e a brita, fazendo com que o mesmo retorne ao processo de produção.
Buscando uma solução mais sustentável para o setor da construção civil e contribuindo para diminuir o descarte de resíduos das Centrais Dosadoras de Concreto, este trabalho irá propor um estudo desses resíduos com o objetivo de inserir este material na produção de tijolos ecológicos e no próprio concreto usinado.
3 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma metodologia para reutilizar os resíduos produzidos pelas centrais dosadoras de concreto na produção de tijolos ecológicos e no próprio concreto usinado.
Como objetivos específicos tem-se:
Analisar os resíduos das centrais de concreto;
Produzir tijolos ecológicos de solo e cimento com adição desses resíduos em diferentes porcentagens;
Avaliar a resistência dos tijolos com diferentes proporções de resíduos; Chegar a um traço onde a resistência dos tijolos fique dentro dos parâmetros necessários de norma;
Incorporar o resíduo como agregado no processo de fabricação do concreto usinado e avaliar a resistência do mesmo;
Fazer os testes de laboratório necessários a avaliação dos tijolos e do concreto;
Fazer um estudo estatístico com os resultados obtidos para apresentação dos resultados finais da pesquisa.
4 METODOLOGIA
A pesquisa será desenvolvida com revisão bibliográfica em livros, artigos, trabalhos acadêmicos e científicos, dissertações, teses e testes de laboratório.
Os materiais a serem usados são: areia (solo), cimento Portland, brita, água e resíduos gerados em centrais dosadoras de concreto.
Estes resíduos serão coletados na empresa Estrutural Concreto, que é uma central dosadora de concreto, localizada no município de Itaperuna. Os resíduos passarão por identificação e caracterização, serão triturados com auxílio de marreta e triturador elétrico, gerando um material mais fino.
Após serem definidos as características dos resíduos e conhecendo-se sua granulometria, será iniciada a dosagem de cimento e de resíduos a ser usado em cada traço. Serão feitos, inicialmente, dosagens de 5%, 10% e 15% de cimento e resíduos em massa.
Após a análise dos traços, com diferentes proporções de materiais, será iniciada a confecção dos tijolos ecológicos, como ilustra a Figura 1.
Serão confeccionados 20 blocos por traço, de diferentes modelos, como mostra a Figura 2.
Os tijolos serão submetidos a ensaios de resistência mecânica preconizados pela norma.
Serão produzidos tijolos e testados até que se obtenha a resistência necessária, com a maior porcentagem possível de resíduos de concreto.
O triturador de solo e de resíduos e a prensa de tijolos estão disponíveis no laboratório da Faculdade Redentor e serão usados para a confecção dos tijolos ecológicos. O laboratório de ensaios mecânicos conta com uma máquina de ensaios universal onde serão feitos os testes de compressão para avaliar a resistência dos tijolos.
O concreto com os resíduos incorporados será testado de acordo com a NBR 5738 que rege sobre os procedimentos para moldagem e cura de corpos de prova.
As formas devem ter altura igual ao dobro do diâmetro.
Introduzir o concreto nas formas e adensar utilizando uma haste. Armazenar em local protegido de intempéries.
Desenformar com idade de 24 horas. Identificar os corpos de prova.
Colocar em um recipiente com água, deixando-os completamente submersos até o momento do ensaio.
Figura 3 - Procedimentos para ensaio de resistência de concreto Fonte: acervo do autor.
Os blocos e corpos de prova serão ensaiados em relação a resistência mecânica, de acordo com a NBR 5739 que rege sobre ensaios de corpos de prova cilíndrico, no laboratório da Faculdade Redentor em Itaperuna ou da Central de Concreto, com idades de sete, quatorze e vinte e oito dias.
Os resultados obtidos serão analisados e, a partir desses, serão desenvolvidos os relatórios necessários, norteando o seguimento da pesquisa segundo os objetivos do trabalho.
5 OS RESÍDUOS DAS CENTRAIS DOSADORAS DE CONCRETO
Deu-se início a parte prática do projeto coletando-se da caixa decantadora da central dosadora de concreto, uma pequena amostra do resíduo. A mesma foi levada para o laboratório, onde foram realizadas as pesagens e medidas do resíduo molhado (Figura 4).
Na figura 5 observa-se o material sendo deixado secar naturalmente, o material já seco e o material destorroado, pronto para ser submetidos a ensaios de caracterização.
Figura 4 – Sequência de procedimentos de coleta de amostra Fonte: acervo do autor.
Figura 5 – Secagem da amostra Fonte: acervo do autor.
6 RESULTADOS PRELIMINARES
Até o momento a pesquisa já se desenvolveu na parte de revisão bibliográfica e na coleta e pesagem de amostras de resíduo recolhido na Central Dosadora de Concreto.
A tabela 1 e o gráfico 1 apresentam os valores referentes a três pesagens do material coletado. A partir destas amostras já foi possível levantar alguns dados que serão essenciais para dar seguimento ao estudo.
Tabela 1 – Dados amostrais
Gráfico 1 – Porcentagem ficante e de quebra do material amostrado
Os próximos passos da pesquisa são:
Identificação e caracterização dos resíduos
Confecção de diferentes traços para a fabricação dos tijolos Instalação das máquinas (triturador e prensa)
Confecção dos tijolos Cura dos tijolos Ensaios Mecânicos Análise de resultados
Elaboração de trabalhos científicos
AMOSTRA PESO TOTAL QUEBRA % FICANTE % DE QUEBRA
1ª PESAGEM 10463,4 g 0 g 100% 0%
2ª PESAGEM 8553,7 g 1909,7 g 81,75% 18,25% 3ª PESAGEM 4145,6 g 6317,8 g 39,62% 60,38%
FONTES CONSULTADAS
ANDRERE, Pedro Augusto Ramos SANTOS, Harlen Inácio dos. Disposição Final de Resíduos da Construção Civil. Estudo de caso. Universidade Católica de Goiás. 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND – ABCP. Fabricação de tijolos de solo-cimento com a utilização de prensas manuais: prática recomendada. Publicações, ABCP, São Paulo, 1988.
CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Impactos Ambientais dos Canteiros de Obras: Uma Preocupação que vai além dos Resíduos. 2011.
FREITAS, Isabela Maurício. Os Resíduos de Construção Civil no Município de Araraquara-SP. Dissertação de Mestrado, 86 p. Centro Universitário de Araraquara – UNIARA. Araraquara, 2009.
Gestão Ambiental da Construção Civil. A Experiência do SindusCom SP, São Paulo, 2005.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT. Utilização de blocos de solo-cimento na construção de habitações. São Paulo, IPT, Relatório 14.120 – IPT, 1985.
Jornal O ESTADO, Reciclagem na Construção Civil, Março 2010. Disponível em: http://www.oestadoce.com.br.
JÚNIOR, Nelson Boechat Cunha (coord). Cartilha de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a Construção Civil. Sinduscon-MG, 2005.
MIELI, Priscilla Henriques. Avaliação do Tijolo Modular de Solo-Cimento como Material na Construção Civil. UFRJ Escola Politécnica, 2009.
OLIVEIRA, Muriel Batista. Produção de tijolos ecológicos de solo-cimento e suas vantagens. V Congresso De Iniciação Científica – FAC REDENTOR. 2012. Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado do Rio de Janeiro, Relatório Síntese 2013. Disponível em: http://www.rj.gov.br
