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O desenvolvimento sustentável nas atividades de suinocultura e bovinocultura nas propriedades do município de Três Passos-RS a partir de indicadores de desempenho

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UNIJUÍ– Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação Curso Administração

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS ATIVIDADES DE SUINOCULTURA E BOVINOCULTURA NAS PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE TRÊS

PASSOS-RS A PARTIR DE INDICADORES DE DESEMPENHO Documento Sistematizador do Trabalho de Conclusão de Curso

LISIANE MAGALI MATTHES PLETSCH Professora Orientadora: Marisandra Da Silva Casali

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LISIANE MAGALI MATTHES PLETSCH

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS ATIVIDADES DE

SUINOCULTURA E BOVINOCULTURA NAS PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE TRÊS PASSOS-RS A PARTIR DE INDICADORES DE DESEMPENHO

Documento Sistematizador do Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Administração.

Orientador(a): Marisandra Da Silva Casali

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DEDICATÓRIA

À Deus, uma dedicação especial pelas bênçãos dadas. Por ser luz e guia em meu caminho e fonte minha inspiração. Ao meu esposo Adônis e minha filha Kelli Larissa pelo apoio e incentivo, companheirismo e carinho que me ofereceram, à vocês dedico essa conquista como forma de amor e gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Chegar ao final dessa etapa, me faz perceber que foi apenas mais um passo dado, no caminho que desejo seguir. Isso só foi possível com o auxílio de pessoas e instituições que contribuíram com informações para a realização da minha pesquisa, às quais sou imensamente grata.

Com muito carinho agradeço aos professores e coordenação do Curso de Administração da UNIJUI, que me proporcionaram informações e conhecimento. Por meio do Professor Dr. Pedro Büttenbender, agradeço aos demais.

Em especial, à minha orientadora Prof.ª Marisandra da Silva Casali, pela atenção, ajuda, paciência e dedicação em corrigir e responder meus e-mails, e acima de tudo pela motivação e nobres ensinamentos transmitidos, que contribuíram para minha formação e história acadêmica, desejo os mais sinceros agradecimentos.

À meus pais Valdir e Dulce, agradeço pela ajuda durante toda a realização do curso. Ao meu irmão Cleison Rodrigo, agradeço pelo apoio e incentivo sempre que precisei. E à meus avós, com carinho, pela inspiração que me provocam.

Aos meus amigos de coração, que sempre me apoiaram nos bons e maus momentos, muito obrigada!

Aos colegas de curso, pela amizade, companheirismo e troca de aprendizagens, muito obrigada. Em especial a minha amiga Daiani Dal Berto, admiro muito você!

A todos os funcionários da Unijui-campus Três Passos, muito obrigada! Em especial à querida secretária do curso de Administração Carla, pela excelente receptividade, sempre.

Agradeço também, a todas as pessoas e instituições que me auxiliaram na elaboração desta pesquisa, através de informações e dedicação nas entrevistas e questionários.

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PLETSCH. L.M.M. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS ATIVIDADES DE SUINOCULTURA E BOVINOCULTURA NAS PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE TRÊS PASSOS-RS A PARTIR DE INDICADORES DE DESEMPENHO

RESUMO EXPANDIDO

Introdução

A busca e defesa pelo desenvolvimento sustentável tornaram-se, no debate ambiental contemporâneo, mais preferido e necessário. A temática ambiental exige grandes atenções, o aumento da população e consequente consumo, proporcionam degradação ao meio ambiente. Para garantir os direitos das futuras gerações, o Relatório de Brundtland, de 1987, tornou-se o marco que consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável, segundo o qual as novas gerações não devem ser sacrificadas pela busca do crescimento econômico no presente (BURSZTYN, (2012).

Percebendo os impactos ambientais que podem ser gerados pelas atividades desenvolvidas nas propriedades rurais, buscou-se através deste estudo avaliar a Sustentabilidade Ambiental das propriedades rurais que desenvolvem as atividades da Suinocultura e Bovinocultura no município de Três Passos-RS, a partir da aplicação do modelo de indicadores de desempenho especificamente nas dimensões Social e Ambiental (Allegretti, 2013), permitindo verificar o enquadramento destas propriedades em faixas de desequilíbrio, em busca de equilíbrio ou em equilíbrio. E assim, identificar as práticas agropecuárias utilizadas nas atividades da Suinocultura e Bovinocultura de leite nas propriedades do município. Bem como, levantar as principais Leis e Regulações existentes no Brasil que condicionam a atividade da Suinocultura e Bovinocultura de Leite. E a partir disso, propor ações que possam contribuir com práticas sustentáveis nestas atividades.

Metodologia

Os dados foram obtidos a partir de uma pesquisa exploratória à produtores rurais que desenvolvem as atividades da Suinocultura e Bovinocultura de Leite no município de Três Passos-RS e entrevistas à especialistas da área, como o presidente dos suinocultores do município (Assuipassos), representante da Emater e responsável pelos serviços de fiscalização ambiental nas propriedades. Foram aplicados questionários estruturados com perguntas fechadas e abertas à clientes da Agropecuária Florestal, situada no município de Três Passos-RS, através de uma amostra não probabilística e por conveniência, à 30 produtores rurais que praticam as referidas atividades.

Para análise dos dados, o método utilizado foi adaptado de Allegretti (2013), na perspectiva de avaliar a sustentabilidade nas atividades da Suinocultura e Bovinocultura nas dimensões sociais e ambientais. Baseado em Allegretti (2013) criou-se uma matriz de avaliação das duas dimensões, onde os indicadores variam de 1 a 3 para cada item avaliado, sendo (1) em desequilíbrio, (2) em busca de equilíbrio e (3) em equilíbrio. Totalizando o máximo de 30 pontos por dimensão e 60 pontos no total da matriz. Os valores próximos de 1 são considerados críticos e os próximos de 30, pontos de excelência, numa análise por dimensão.

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Resultados e Discussão Dimensão Social

As atividades da suinocultura e bovinocultura desenvolvem grande papel social, pois envolvem a mão de obra familiar, gerando emprego em todas as propriedades. Dentre os critérios avaliados na dimensão social, os indicador de desempenho que demonstrou valor menor que 1 e considerado em situação crítica foi a mão de obra (0,48) nas propriedades que desempenham apenas a atividade da suinocultura e (0,35) nas propriedades que desenvolvem ambas as atividades, classificando-o como indicador “em desequilíbrio”, apontando para a forma de realização dos serviços, seja por ineficiência da mão de obra ou por falta de automação de alguns processos de rotina. Outro indicador que se apresenta em situação crítica é o da segurança. Segundo recomendações e exigências do Ministério do Trabalho, é necessário que o produtor rural utilize equipamentos de proteção individual (EPI), constituídos por botas de borracha, luvas de borracha, máscara de desinfecção, roupas impermeáveis e tampões auriculares, para que possam garantir condições adequadas de trabalho para as pessoas envolvidas, Amaral (2006) apud Allegretti (2013).

Existe pouca preocupação entre os produtores rurais em relação à segurança, pelo fato da mão de obra ser praticamente familiar, ele se torna de pouca importância com índice de 1,75 nas propriedades que praticam somente a atividade da bovinocultura de leite e 1,76 nas propriedades que praticam ambas as atividades. Sendo que na atividade da suinocultura ele se apresenta com índice 2.

Um ponto a ser observado neste indicador que poderia auxiliar na melhoria dos índices é a qualificação da mão de obra, que recebeu valor médio de 1,77 na atividade da suinocultura, 1,78 nas propriedades que desempenham a bovinocultura e 1,68 nas propriedades com ambas as atividades. Isto ocorre em consequência da não realização de cursos de qualificação, assim, a pouca frequência em que realizam algum treinamento deixa este índice em busca de equilíbrio. Este indicador está relacionado com o grau de escolaridade do produtor rural que, segundo Allegretti (2013), a educação é imprescindível para a produtividade de cada individuo, sendo importante para a melhoria das aptidões e capacidade do trabalhador.

Outro ponto crítico encontrado nesta dimensão foi a Legislação Trabalhista. Conforme exigências estabelecidas pela CLT, o trabalhador rural deve ser registrado, receber horas extras, adicionais de insalubridade e periculosidade (ALLEGRETTI, 2013). Todos os produtores contribuem junto à previdência somente por meio de arrecadação sobre a produção rural comercializada. Porém, não destacam métodos de controle das horas extras de trabalho dos funcionários familiares e não registram insalubridade. Assim, os valores médios para este indicador na atividade da suinocultura, bovinocultura e ambas as atividades é respectivamente, (1,80), (1,68) e (1,50), sendo classificados “em busca de equilíbrio”.

Dentre os indicadores avaliados na dimensão social, alguns foram classificados como “em equilíbrio”, como qualidade de vida, participação social, sucessão, desenvolvimento regional e higiene e sanidade.

Ao analisar “qualidade de vida”, o valor médio atribuído a este indicador nas propriedades que desenvolvem apenas a atividade da suinocultura foi de (2,62), na atividade da bovinocultura (2,28), e naquelas que desempenham ambas as atividades, 2,25.

Em relação a participação social dos produtores em entidades do setor, todos participam de alguma entidade, pode se destacar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associações comunitárias rurais, Clube de mães e cooperativas como Cotricampo, Sicredi e

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Cresol. Dessa forma, este indicador recebeu índice de (2,47) na atividade da suinocultura, (2,33) na atividade da bovinocultura e (2,25) em propriedades com ambas as atividades.

O indicador “desenvolvimento regional” buscou avaliar a maneira como as atividades da suinocultura e bovinocultura interferem no desenvolvimento econômico do município através da comercialização da produção e compra de insumos. Comprovou-se que a compra de insumos e compras gerais para a propriedade acontece no comércio local do próprio município, como agropecuárias e cooperativas. A venda da produção de suínos é comercializada com a empresa JBS Foods, que possui sua indústria localizada no município de Três Passos-RS, já a produção de leite destina-se 100% para outros municípios como Esperança do Sul-RS e Palmeira das Missões-RS.

Os indicadores “desenvolvimento regional” e “sucessão” possuem ampla relação. A importância da continuidade econômica destas atividades relacionadas ao seguimento cultural são considerados indispensáveis para a manutenção da renda e identidade cultural. Existe a necessidade dos produtores serem estimulados a permanecer e reinvestir na atividade, a sucessão demonstra a intenção de algum membro da família em dar continuidade às atividades. O valor médio para sucessão familiar na atividade da suinocultura (2,75), na atividade da bovinocultura (2,40) e em propriedades que praticam ambas as atividades (2,92), classificando-se como “em equilíbrio”.

Segundo a pesquisa, os produtores rurais declaram ter histórico familiar vinculado às atividades desempenhadas, seja por “herança familiar”, sendo que muitos trabalham a “vida toda” neste setor. Verificou-se que em 70% das propriedades rurais, o proprietário possui filhos que demonstram ter interesse e tem estimativa em dar continuidade as atividades. O ponto crítico está nas propriedades que desenvolvem apenas a atividade da bovinocultura de leite, onde 75% não possuem filhos com interesse em dar continuidade nestas práticas, ou seja, das 08 propriedades pesquisadas, 06 não possuem sucessão. Isso deve-se ao fato, que ao exercer apenas esta atividade, ela se torna pouco rentável, não servindo de estimulo para que os filhos queiram permanecer.

O valor total da dimensão social para as propriedades que desempenham apenas atividade da suinocultura totalizou (21,94), para a atividade da bovinocultura de leite somou (21,47) e para ambas as atividades gerou (21,24), que lhe atribui faixa de ”em equilíbrio”. Porém é preciso observar que estes valores estão próximos ao valor mínimo para esta faixa, sendo que muitas ações precisam ser desempenhadas a partir de cada indicador.

Dimensão Ambiental

Dentre os indicadores ambientais analisados, atenta-se para aspectos de extrema importância para a preservação do meio ambiente que encontram-se em situação de busca de equilíbrio, como, a falta de licenciamento para exercer atividade da bovinocultura (1,25), tratamento de dejetos (1,52) e o inadequado destino dos dejetos (1,25), seguido da falta de análises de solo (1,82), nesta atividade. O fato de ter licenciamento para a atividade da suinocultura a classifica como “em equilíbrio” nestes indicadores, pois as informações técnicas contribuem para o alcance de metas solicitadas e melhores resultados.

Em entrevista, a Bióloga responsável em verificar e liberar as propriedades rurais para exercer estas atividades no município de Três Passos-RS, refere que “a atividade da Suinocultura no município, basicamente toda ela é integrada a empresas em terminação ou produção de leitões, cujo processo produtivo dá-se conforme as exigências do mercado e em conformidade às leis ambientais. Já a bovinocultura de leite está presente na grande maioria das propriedades rurais, garantido a subsistência de muitas famílias, o nível de preocupação e

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cuidado com as questões ambientais ainda precisa ser construído e ampliado, pois as empresas compradoras de leite, na maioria, não dão assistência técnica ao produtor”.

Verificou-se que todas as propriedades pesquisadas que desenvolvem a atividade da suinocultura possuem licenciamento ambiental, contendo Licença de operação, atribuindo a este indicador valor máximo (3). Dentre as 08 propriedades pesquisadas, que desenvolvem a atividade da bovinocultura de leite, apenas uma apresenta Licença para Operar, sendo que 87,5% das propriedades pesquisadas não possuem licenciamento ambiental, deixando este indicador em situação crítica (1,25).

O indicador tratamento de dejetos apresenta valor médio (2,91), na atividade da suinocultura, estando portanto, em equilíbrio. Todas as propriedades possuem no mínimo uma esterqueira, os produtores conhecem sua capacidade de armazenagem, as mesmas são revestidas com material impermeabilizado, conforme exigências dos órgãos reguladores, porém não são cobertas. Já para a atividade da bovinocultura, este indicador revela valor médio (1,52), pois apenas uma propriedade possui esterqueira com revestimento exigido, sendo que as demais não possuem o revestimento adequado, sendo construídas com tijolos, ou os dejetos depositados em valas sem nenhuma proteção. Também desconhecem sua capacidade de armazenagem.

Para o indicador “tratamento de dejetos” encontra-se em equilíbrio a atividade da suinocultura (2,88), através do IAD (Índice Ambiental de Dejetos), que confronta número de animais manejados, produção de dejetos em litros, TRH -Tempo de Retenção Hidráulica correta e capacidade total das esterqueiras.

Os produtores que desenvolvem a atividade da bovinocultura não possuem esterqueiras dimensionadas com as características necessárias, deixando o indicador apenas em (1,25), o que pode ser ocasionado devido à falta de licenciamento. Não é possível calcular o IAD, pois é desconhecida a capacidade das esterqueiras. Consegue-se apenas calcular a quantidade de dejetos produzidos, sendo que 75% não realizam análise de solo para determinar o volume de dejetos a ser aplicado. Assim aplicam de forma desordenada toda quantidade de dejetos produzida, buscando deixar ao máximo os dejetos nas esterqueiras que possuem.

Segundo a Bióloga responsável por verificar os licenciamentos, “muitos produtores tem consciência de estabilização do dejeto antes da aplicação como biofertilisantes, assim como, respeitam a recomendação agronômica em relação à quantidade aplicada, necessidade de cultura e tipo de solo. Porém, no trabalho à campo, percebe-se que muitos ignoram as informações técnicas e aplicam dejetos constantemente, numa carga superior a tolerada pelo solo e capacidade de assimilação das culturas, provocando contaminação das águas e do solo”.

Dentre os demais indicadores avaliados na dimensão ambiental, alguns critérios receberam pontuação máxima, ou seja, em equilíbrio, como os indicadores bem estar animal que recebeu índice (3) e vetores e roedores, que também recebeu índice (3) para atividade da suinocultura, limpeza e instalações também recebeu (3) para ambas as atividades. Os demais indicadores também receberam destaque positivo como água e energia, ficando com índice (2,86) para suinocultura, para bovinocultura obteve índice (2,28) e para ambas as atividades, totalizou (2,78). O indicador embalagens e material de saúde para suinocultura obteve índice (2,96), para bovinocultura (2,91) e para ambas as atividades (2,79). Manejo de solo (2,66), (2,62) e (2,04), respectivamente paras atividades da suinocultura, bovinocultura e ambas as atividades. Todos estes indicadores possuem relação com as informações técnicas recebidas pela empresa integradora, e cabe ao produtor rural adequá-las ao manejo de forma eficiente, trazendo bons resultados para a produção.

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O valor total da dimensão ambiental para as propriedades que desempenham apenas atividade da suinocultura obteve índice total de (28,74), para a atividade da bovinocultura de leite totalizou (21,02) e para ambas as atividades totalizou (24,72), que lhe atribui faixa de ”em equilíbrio”. Porém é preciso observar que alguns valores estão próximos ao valor mínimo da faixa, principalmente para a atividade da bovinocultura, sendo que muitas ações precisam ser desempenhadas a partir de cada indicador.

Conclusão

Buscou-se avaliar a sustentabilidade ambiental nas propriedades rurais, através de indicadores de desempenho nas dimensões sociais e ambientais. Os quais revelaram que o município de Três Passos-RS, encontra-se na situação “em equilíbrio” nas duas dimensões avaliadas. A análise de cada indicador separadamente apontou vários pontos críticos, os quais precisam de ações e medidas para melhoraria seu desempenho.

Nesse sentido, a importância de cumprir as leis e regulações, que condicionam as atividades da Suinocultura e Bovinocultura, contribui para a execução de atividades menos poluidoras. O Desenvolvimento Sustentável só acontece se o desenvolvimento social e econômico estiver em harmonia com o meio ambiente.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Indicadores. Atividade de Suinocultura e Bovinocultura.

Referências Bibliográficas:

ALLEGRETTI, Gabriela. Integração das dimensões Social, Ambiental e Econômica na terminação de suínos: construção de indicadores de desempenho e validação em um município do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2013.

BURSZTYN, Maria Augusta; BURSZTYN Marcel. Fundamentos de política e gestão ambiental: os caminhos do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estrutura de Sustentabilidade do Modelo M.A.I.S... 38

Quadro 2 - Faixas de sustentabilidade organizacional do modelo M.A.I.S ... 39

Quadro 3 - Pontuação total e por dimensão das faixas de equilíbrio ... 40

Quadro 4 - Indicadores das dimensões social, ambiental e econômica ... 40

Quadro 5 - Construto dos indicadores de Sustentabilidade para a atividade de Suinocultura e Bovinocultura ... 54

Quadro 6 - pontuação total e por dimensão para a atividade de Suinocultura e Bovinocultura ... 57

Quadro 7 - Desempenho dos Indicadores Sociais nas atividades de Suinocultura e Bovinocultura ... 63

Quadro 8 - Desempenho dos Indicadores Ambientais nas atividades de Suinocultura e Bovinocultura ... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Indicadores para avaliação de desempenho Social na Suinocultura: ... 41 Tabela 2 - Indicadores para avaliação de desempenho Ambiental na Suinocultura ... 45 Tabela 3 - Indicadores para avaliação de desempenho Social na Suinocultura e Bovinocultura ... 55 Tabela 4 - Indicadores para avaliação de desempenho Ambiental na Suinocultura e Bovinocultura ... 56 Tabela 5 - Perfil das propriedades do Município de Três Passos ... 59

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Esquema de Sustentabilidade Corporativa ... 32 Gráfico 1 - Gráfico de desempenho dos Indicadores Sociais ... 63 Gráfico 2 - Gráfico de desempenho dos Indicadores Ambientais ... 68

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LISTA DE SIGLAS

APAs - Áreas de Preservação Ambiental

ARIEs - Áreas de Relevante Interesse Ecológico APPs - Áreas de Preservação Permanente

ASSUPASSOS – Associação dos Suinocultores de Três Passos-RS CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTPE - Capacidade Total das Esterqueiras

EMBRAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento FAO – Food. And Agriculture Organyation

FEICAP – Feira, Exposição Industrial, Comercial e Agropecuária

FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler FUNDESA - Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal

GEE - Gases do Efeito Estufa

IAD - Indicador Ambiental de Dejetos

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços JBS - Jason Business System

LI – Licença de Instalação LP – Licença Prévia

LO – Licença de Operação

M.A.I.S - Método de Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade OMS - Organização Mundial de Saúde

PIB - Produto Interno Bruto PD - Plantio Direto

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RC -Rotação de Culturas

SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente SIPS - Sindicato da Indústria de Produtos Suínos TBL -Triple Botton Line

TRH - Tempo de Retenção hidráulica UCs - Unidades de Conservação UPL- Unidade de Produção de Leitões

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 18 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO ... 20 1.1. Apresentação do Tema ... 20 1.2. Caracterização do Setor ... 21 1.2.1. Setor da Suinocultura ... 21

1.2.2. Setor da Bovinocultura de Leite ... 21

1.3. Problema ou Questão de Estudo ... 22

1.4. Objetivos ... 23

1.4.1. Objetivo Geral ... 23

1.4.2. Objetivos Específicos ... 23

1.5. Justificativa ... 23

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 25

2.1. O Setor Agropecuário e o Meio Ambiente ... 25

2.1.1. Atividade de Suinocultura e Bovinocultura... 27

2.2. Desenvolvimento Sustentável ... 28

2.2.1. Definições ... 28

2.2.2. Dimensões da Sustentabilidade ... 30

2.3. Triple Botton Line ... 31

2.3.1. Dimensão Ambiental ... 32 2.3.2. Dimensão Econômica ... 34 2.3.3. Dimensão Social ... 34 2.4. Indicadores ... 35 2.4.1. Indicadores Ambientais ... 36 2.4.1.1. Série ISO 14000 ... 36 2.4.1.2. Legislações Ambientais ... 36

2.4.1.3. Método para Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade – M.A.I.S ... 37

2.4.1.4. Método para Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade (M.A.I.S) adaptado à Suinocultura ... 39

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2.4.2.1. Mão de obra ... 41 2.4.2.2. Qualidade de Vida ... 42 2.4.2.3. Participação Social ... 42 2.4.2.4. Escolaridade ... 43 2.4.2.5. Segurança ... 43 2.4.2.6. Sucessão ... 43 2.4.2.7. Legislação trabalhista ... 44 2.4.2.8. Desenvolvimento Regional ... 44

2.4.2.9. Qualificação da mão de obra ... 44

2.4.2.10. Higiene e Sanidade ... 45

2.4.3. Indicadores Ambientais ... 46

2.4.3.1. Licenciamento ... 46

2.4.3.2. Tratamento de Dejetos ... 46

2.4.3.3. Dejetos ... 46

2.4.3.4. Bem estar animal ... 47

2.4.3.5. Água ... 48

2.4.3.6. Limpeza das instalações ... 48

2.4.3.7. Descarte de Resíduos Sólidos ... 48

2.4.3.8. Vetores e Roedores ... 48

2.4.3.9. Manejo do solo ... 49

2.4.3.10. Análise do Solo ... 49

3. METODOLOGIA ... 50

3.1. Classificação Da Pesquisa... 50

3.2. Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral ... 51

3.3. Coleta e Análise dos Dados ... 52

3.4. Método de Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade (M.A.I.S) Adaptadado à Atividade da Suinocultura e Bovinocultura de Leite ... 53

4. AS ATIVIDADES DE SUINOCULTURA E BOVINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE TRÊS PASSOS-RS NAS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E SOCIAL ... 58

4.1. Práticas agropecuárias utilizadas nas atividades da Suinocultura e Bovinocultura nas propriedades do Município de Três Passos-RS ... 58

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4.2. Principais Leis e Regulações existentes no Brasil que condicionam a atividade da

Suinocultura e Bovinocultura de Leite ... 60

4.3. Indicadores de desempenho nas dimensões Social e Ambiental para as atividades de Suinocultura e Bovinocultura no município de Três Passos-RS ... 63

4.4. Ações que possam contribuir para as práticas sustentáveis nas atividades de Suinocultura e Bovinocultura ... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 73

REFERÊNCIAS ... 74

APÊNDICES ... 77

Apêndice A – Questionário Indicadores de Desempenho na Suinocultura e Bovinocultura no Município de Três Passos - RS: ... 77

Apêndice B - Entrevista Indicadores de Desempenho na Suinocultura e Bovinocultura no Município de Três Passos – RS ... 80

ANEXOS ... 81

Anexo A - Critérios para Bovinocultura... 81

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INTRODUÇÃO

Os problemas ambientais causados pela destinação inadequada de dejetos no meio rural estão se tornando cada vez mais um problema para o meio ambiente e para as pessoas que vivem nas áreas rurais. Os dejetos gerados nas atividades de suinocultura e bovinocultura apresentam um potencial poluidor muito elevado, face à grande quantidade de contaminantes presentes nestes, principalmente aos recursos hídricos, quando mal manejados. Este cenário resulta, segundo Castro (2009), na poluição dos recursos hídricos através da inserção de dejetos de forma direta, como a matéria orgânica e de forma indireta por meio de lançamento em excesso de dejetos como adubo orgânico. Estas atividades constituem de grande potencial poluidor, que deve receber especial atenção no sentido de que este risco seja minimizado.

O grande volume de dejetos gerados nas atividades da suinocultura e bovinocultura, associadas ao alto potencial poluidor, são fatores que merecem grande atenção, de modo a se encontrar alternativas de manejo menos traumáticas possíveis, que possibilite a continuidade do crescimento das atividades. A atividade da suinocultura, segundo Oliveira (1993), através da concentração da produção e dos animais, gera um volume muito grande de dejetos com uma carga orgânica alta, além da presença de coliformes fecais, resultando em severos danos ambientais relacionados à destruição de recursos naturais renováveis, principalmente a água.

Para Palhares (2014), as preocupações com as consequências desse modelo de desenvolvimento, ao qual a humanidade engajou-se, sustentado em grande parte pelas tecnologias modernas, levantam uma questão crucial: como manter o crescimento econômico para atender a toda população do planeta com um a disponibilidade de bens compatíveis com a dignidade humana, sem esgotar os recursos naturais.

Percebendo os impactos ambientais que podem ser gerados pelas atividades desenvolvidas nas propriedades rurais, buscou-se através deste trabalho avaliar a Sustentabilidade Ambiental das propriedades rurais que desenvolvem as atividades da Suinocultura e Bovinocultura no município de Três Passos-RS, a partir da aplicação do modelo de indicadores de desempenho especificamente nas dimensões Social e Ambiental (Oliveira, 2002). Desta forma, conseguir identificar as práticas agropecuárias utilizadas nas atividades da Suinocultura e Bovinocultura de leite nas propriedades do município. Bem como, levantar as principais Leis e Regulações existentes no Brasil que condicionam a

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atividade da Suinocultura e Bovinocultura de Leite e assim propor ações que possam contribuir para práticas sustentáveis nestas atividades.

As motivações para o estudo deu-se devido ao tema ser de grande importância para a Suinocultura e Bovinocultura de Leite e para a economia do Município de Três Passos, principalmente para as pequenas propriedades rurais que atuam na agricultura familiar e neste sentido dependem desta atividade para evitar o êxodo rural, fortalecer o produtor e gerar emprego e renda para a população. E, acima de tudo, a preocupação com o Meio Ambiente, que está sofrendo impactos com a grande geração de dejetos.

Assim, para Ferreira (2013), a ideia não é abdicar do progresso, fundamental para manter o mundo em movimento, mas encontrar um modelo de desenvolvimento que não esgote os recursos naturais, combinando crescimento econômico e conservação ambiental.

Para uma melhor compreensão, o presente trabalho está dividido em quatro capítulos. O primeiro traz a contextualização de Estudo, com a apresentação do tema, caracterização do setor, questão de estudo, objetivos geral e específicos, finalizando com a justificativa.

No segundo capítulo consta o referencial teórico, representando a base teórica na qual se fundamenta esta pesquisa. São abordados assuntos relacionados ao Setor Agropecuário e o Meio Ambiente, definições sobre a Atividade da Suinocultura e Bovinocultura, abrangendo Desenvolvimento Sustentável, suas definições e dimensões, referindo-se ao Triple Botton Line – TBL. E ainda, referências sobre Indicadores Ambientais, a Série ISO 14000 e Legislações Ambientais.

No terceiro capítulo, definem-se as questões metodológicas com algumas orientações teóricas e classificação da pesquisa, em seguida apresenta-se o universo e amostra, da mesma maneira os sujeitos da pesquisa e análise e interpretação dos dados. No quarto capítulo, encontram-se os resultados obtidos a partir dos questionários e entrevistas realizadas para a construção deste trabalho.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO

1.1. Apresentação do Tema

O Brasil, ao longo dos anos tem se destacado no cenário mundial, nos aspectos relacionados ao segmento agropecuário, através de décadas tornou-se um país com uma grande exportação de produtos agropecuários, sendo considerado como uma das maiores potências mundiais no que diz respeito à criação animal. Segundo a Zoetis, companhia global líder em saúde animal, o país tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, ultrapassando a marca de 212,8 milhões de cabeças. Mantém-se, também, como o quarto maior produtor de carne suína, com 34,9 milhões de animais abatidos, produzindo mais de 3,4 milhões de toneladas, representado 10% das exportações mundiais.

O crescimento da participação do país no cenário mundial do agronegócio aumenta exponencialmente. Dois dos três maiores produtores exportadores de carne das Américas são empresas brasileiras. Segundo o ministério da Agricultura (2014), até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carne bovina supra 44,5% do mercado mundial, e a de carne suína 14,2%. Segundo a Zoetis, tal representatividade acarreta maiores níveis de exigência quanto às práticas de produção e saúde animal.

Três Passos, capital da Região Celeiro, localiza-se no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, distante 480km da capital Porto Alegre, 60km da divisa com o Estado da Santa Catarina, 25km da fronteira com a República da Argentina com ligação pela BR-468, onde a travessia é de balsa, ligando Porto Soberbo a El Soberbio (FEICAP, 2015).

Na área rural, o município possui em torno de 1.750 estabelecimentos rurais, com média de área de 13,43 hectares, sendo uma região de minifúndios, predominando a agricultura familiar. A atividade mais representativa é a leiteira, seguida da suinocultura, avicultura, fumicultura, hortigranjeiros e agroindústria familiar. O setor da agroindústria é fortalecido com uma unidade da Jason Business System (JBS), que tem abate diário de 2.400 suínos no município.

No município de Três Passos-RS, segundo dados da Secretaria da Agricultura (2015), na atividade leiteira, são produzidos mais de 20 milhões de litros de leite/ano, por mais de 800 famílias, de mais de 9.800 vacas leiteiras.

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Já a Suinocultura, é considerada também, uma atividade de grande importância para a economia das famílias. Atualmente, são mais de 135 produtores de suínos, cuja atividade representa significativos ganhos de retorno de ICMS ao município, aliada à agroindustrialização dessa produção do município, na unidade da JBS, que está ampliando suas instalações com a indústria de embutidos. São terminados mais de 150.000 animais/ano no município para abate. Dos 135 produtores envolvidos, 114 produtores possuem sistema de Terminação, 13 produtores possuem UPL- Unidade de Produção de Leitões e 08 creches. No sistema de terminação a capacidade de alojamento é de cerca de 60.630 suínos por lote, já nas UPL são 10.050 matrizes alojadas e nos crechários a capacidade de alojamento por lote é de 15.500 leitões. O município de Três Passos-RS é um dos maiores produtores de suínos de Estado de Rio Grande do Sul, segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Suínos – SIPS.

1.2. Caracterização do Setor

1.2.1. Setor da Suinocultura

Segundo a EMBRAPA (2015) - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a carne suína é a mais produzida e consumida do mundo, devido ao crescimento populacional e também ao aumento do poder aquisitivo da população, especialmente nos países emergentes. A tendência é que aumente ainda mais tanto a produção, quanto o consumo.

A suinocultura no Brasil é uma atividade predominantemente praticada em pequenas propriedades rurais. Aproximadamente 82% dos suínos são criados em unidades de até 100 hectares, empregando mão de obra tipicamente familiar e conferido fonte de renda e estabilidade para quem a pratica (EMBRAPA,2015).

1.2.2. Setor da Bovinocultura de Leite

O Brasil é o sexto produtor mundial de leite, com 1,3 milhões de produtores de leite e produção de 27,5 bilhões de litros/ano, movimentando R$ 64 bilhões/ano e empregando 4 milhões de pessoas. Os principais produtores são os Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, que, em 2008, foram responsáveis por 81,7% do total produzido no País. O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionalmente obtidos, como o café

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beneficiado e o arroz. O agronegócio do leite e seus derivados, onde o Brasil se posiciona como o sexto produtor mundial, desempenha um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. Para cada dólar de aumento na produção no sistema agroindustrial do leite, há acréscimo de, aproximadamente, cinco dólares no Produto Interno Bruto-PIB, o que coloca o agronegócio do leite à frente de setores importantes como o da siderurgia e o da indústria têxtil (BANCO DO BRASIL, 2010).

De maneira geral, os produtores encaram a produção de leite como um complemento dos demais empreendimentos da propriedade; isto tem reflexo direto na produtividade da atividade, 1550 litros/vaca/ano, que é muito baixa. Embora esta produtividade suplante a média nacional (900 litros/vaca/ano), fica muito aquém daquela dos demais países do Mercosul: Argentina - 3500 litros/vaca/ano; Uruguai - 2580 litros/vaca/ano; Chile - 2400 litros/vaca/ano e Paraguai - 1850 litros/ vaca/ano (Revista Indústria de Laticínios, 1996). Entretanto é possível observar-se que em algumas bacias leiteiras esse conceito de produção marginal está mudando, já existe grande número de produtores em fase de especialização na produção de leite, fazendo da atividade a principal fonte de renda da propriedade.

A agricultura é um dos setores mais importantes da economia do município, gerando emprego, renda e inserção social a mais de 1.600 famílias. Segundo dados da Secretaria da Agricultura do município (2015), as propriedades do município de Três Passos, de base familiar possuem em média 12,0 hectares. A Secretária da Agricultura trabalha através de programas que visam melhoraria principalmente da economia das famílias, de forma sustentável através do estímulo ao associativismo, do acompanhamento técnico gratuito aos agricultores e incentivos para aumento da produção.

1.3. Problema ou Questão de Estudo

Qual atual situação das atividades de suinocultura e bovinocultura no município de Três Passos-RS nas dimensões da sustentabilidade ambiental e social?

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1.4. Objetivos

1.4.1. Objetivo Geral

Analisar a Sustentabilidade Ambiental das propriedades rurais que desenvolvem as atividades da Suinocultura e Bovinocultura no município de Três Passos-RS, a partir de indicadores de desempenho ambiental e social.

1.4.2. Objetivos Específicos

 Identificar as práticas agropecuárias atualmente utilizadas nas atividades da Suinocultura e Bovinocultura de leite nas propriedades do Município de Três Passos-RS;

 Descrever as principais Leis e Regulações existentes no Brasil que condicionam a atividade da Suinocultura e Bovinocultura de Leite;

 Verificar e analisar os indicadores de desempenho nas dimensões Social e Ambiental para a suinocultura e bovinocultura;

 Propor ações que possam contribuir para as práticas sustentáveis nas atividades de Suinocultura e Bovinocultura.

1.5. Justificativa

A Suinocultura e a Bovinocultura de Leite, constituem-se atualmente como as principais atividades produtivas existentes no meio rural brasileiro, sendo de extrema importância para a economia do Rio Grande do Sul. Segundo dados do Ministério da Agricultura (2014), a bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. O rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvimento de dois segmentos lucrativos, as cadeias produtivas de carne e leite.

Em relação à suinocultura, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), o Brasil encontra-se em quarto lugar no ranking de produção e exportação mundial de carne suína.

A importância econômica destas atividades é inegável, segundo Tramontini (2000), gera cerca de 2,5 milhões de empregos na região sul do Brasil, a atividade está presente na maioria das pequenas propriedades rurais, auxiliando assim, na fixação do homem no campo. Garcia e Palmeira (2006), relata que a suinocultura e as atividades ligadas a ela, ocupam lugar

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de destaque na matriz produtiva do agronegócio brasileiro. A suinocultura viabiliza a bacia leiteira, devido ao uso dos dejetos dessa produção como adubação para as pastagens e produção de grãos. Representa, para inúmeros municípios gaúchos e para um grande número de propriedades rurais, base de sustentação econômica. Segundo dados do Informativo da Prefeitura Municipal de Três Passos, no ano de 2014 foram produzidos 30 milhões de litro de leite no município, sendo aproximadamente 700 produtores que atuam nessa atividade. Já na atividade da suinocultura, seguindo o mesmo informativo, o município conta com 90 mil suínos alojados por lote em sistema de UPL, creche e terminação.

No entanto, o grande volume de dejetos gerados nestas atividades, podem se tornar sérios fatores de risco para o surgimento de impactos ambientais, devendo então ser convenientemente tratados, através de uma atividade bem conduzida.

Diante do exposto, torna-se importante analisar como estas atividades estão sendo conduzidas no município de Três Passos – RS, no sentido de verificar como está acontecendo o manejo e destinação dos dejetos oriundos das atividades da suinocultura e bovinocultura de leite, como ocorre o processo de licenciamento ambiental que condicionam estas atividades. Visualizar a real e atual situação, proporcionado assim que as atividades tenham continuidade, auxiliando na busca do desenvolvimento sustentável.

A presente pesquisa constitui-se de uma ferramenta importante para o aprendizado do acadêmico. Para produtores e o meio rural servirá para uma melhor compreensão da maneira de gerir os dejetos produzidos por estas atividades, melhorando assim, todo o processo produtivo. Para sociedade, no mesmo sentido poderá servir de instrumento para minimizar os impactos causados ao meio ambiente. Para o meio acadêmico torna-se relevante o referido estudo, pelo crescente interesse ao tema relacionado às questões ambientais.

A importância que as atividades representam para o município, o enorme potencial poluidor presente nos dejetos, bem como a necessidade de mantermos condições adequadas de vida para as gerações futuras, constituem as principais motivações, que levaram a trabalhar com este tema.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico representa a base teórica na qual se fundamenta esta pesquisa. Foram abordados assuntos relacionados ao Setor Agropecuário e o Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Gestão Ambiental, Definições e Dimensões de Sustentabilidade, Triple Botton Line – TBL, Indicadores e Indicadores Ambientais, além de definições sobre a Atividade da Suinocultura e Bovinocultura. Sendo referenciado também, o Método de Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade – M.A.I.S e sua adaptação à Suinocultura.

2.1. O Setor Agropecuário e o Meio Ambiente

Segundo Souza et al (2008) no final do século XX, constatou-se indícios quanto à capacidade da natureza continuar oferecendo todos os recursos necessários para a sobrevivência da humanidade. Por um lado, o crescimento da população, já seria o suficiente, permitindo que muitos dos recursos naturais se esgotem em poucos anos. Do outro lado, o consumo desordenado e a exploração das riquezas naturais sem a devida reposição têm contribuído para o estágio atual de degradação, sendo consequência do processo de desenvolvimento econômico corrente.

Para Palhares (2014), o homem vem provocando impacto no meio ambiente desde a Pré-história, “quando deixou de ser extrativista, passou a viver em grupos, inventou o fogo e aperfeiçoou a agricultura e a pecuária, fundamentais para o desenvolvimento das sociedades”. As interferências das ações humanas sobre o meio ambiente, segundo o mesmo autor, ficaram mais evidentes durante a Revolução Industrial, no século 17, quando a industrialização e o consumo de carvão na Europa começaram a causar problemas nas cidades. Em sua obra, ressalta que a década de 1960 assistiu a uma intensificação do debate ambiental, onde diversas obras foram publicadas sobre as questões ambientais. Na mesma época foi criado o Clube de Roma, reunindo pesquisadores alertados sobre o excesso da poluição e degradação causado pelo crescimento econômico, na obra intitulada Limites ao Crescimento previa-se um cenário de impossibilidade de perpetuação do crescimento econômico em virtude da exaustão dos recursos ambientais por ele acarretada.

Para Bursztyn (2012), o conceito de meio ambiente se refere:

Em termos amplos, o meio ambiente inclui e transcende os elementos do mundo natural, como a fauna, a flora, a atmosfera, o solo e os recursos hídricos. Engloba, também, as relações entre as pessoas e o meio onde vivem. Portanto, tratar a questão

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ambiental demanda conhecimentos sobre o meio físico e biótico e a dimensão socioeconômica e cultural, tudo isso circunscrito a um dado contexto político- institucional, onde aqueles aspectos interagem (Bursztyn, 2012, p.42).

Segundo Ferreira (2013), a agropecuária é uma das atividades que causam maior impacto sobre o meio ambiente, alterando o equilíbrio ecológico e diminuindo a biodiversidade dos biomas. “Dos biomas brasileiros, o que mais sofre pressão dessa atividade é o Pampa, que tem 71% da sua área ocupada com estabelecimentos agropecuários”.

Até 2050, a demanda mundial por alimentos deverá crescer cerca de 70%, aponta a FAO – Food. And Agriculture Organyation, órgão da ONU para a agricultura e alimentação. Isso significa que a produção agrícola também precisará crescer para suprir essa demanda, e a necessidade de produzir volumes crescentes de alimentos de forma sustentável é um grande desafio (FERREIRA, 2013).

Ainda, segundo o mesmo autor, o Brasil, ao longo dos séculos, passou do extrativismo e da agricultura de subsistência para uma exploração agroindustrial intensa. De acordo com a Food Agriculture Organizatio (FAO), o país terá a maior produção agrícola do mundo na próxima década, com aumento de 40% até 2019. Porém, esse crescimento não pode vir acompanhado por uma maior utilização dos recursos. É preciso seguir ampliando os conhecimentos científicos e tecnológicos que possam propiciar a produção de mais alimentos, sem, no entanto, degradar e colocar em risco os biomas.

O Brasil caminha para um crescimento econômico, que demanda um aumento da produção de alimentos e outros produtos, ao mesmo tempo cresce a conscientização pela necessidade de produção de forma ambientalmente sustentável. Para Guinoza (2013), em seu artigo, “O único desenvolvimento possível”, foi a partir das revoluções científica, industrial e francesa que se instituiu o progresso como único meio de proporcionar à humanidade bem-estar e felicidade, com ganho monetário e consumo material. Para alcançar tal objetivo, inventou-se “dominar” a natureza a qualquer custo, explorando indiscriminadamente seus recursos. Mas, em certo momento do século XX, começaram a surgir indícios de que esse modelo de desenvolvimento seria insustentável no longo prazo.

No setor agropecuário, a gestão ambiental começou a ganhar relevância desde a Segunda Guerra Mundial com as modificações tecnológicas e produtivas. Agrotóxicos, fertilizantes químicos, dejetos resultantes das produções, e que em grande quantidade podem poluir os solos, ar e as águas superficiais e subterrâneas, são exemplos dos impactos negativos da atividade da agropecuária no meio ambiente ao qual teve que se voltar à gestão ambiental

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tanto das empresas envolvidas com o setor como também o produtor que se dedica a estas atividades (MIRANDA, 2005).

A intensificação das atividades agropecuárias, especialmente a criação de suínos em confinamento gera um volume muito grande de dejetos. Nesse sentido é crescente a preocupação com o seu destino, tanto pela questão ambiental, como pela possibilidade de se tornar um recurso de importância econômica. A utilização de dejetos como fertilizantes, sem que haja planejamento de seu uso pode provocar impacto ambiental. Este fato ocorre especialmente devido ao descarte de dejeto sem o devido tratamento. Para Palhares (2014), a crescente produção de alimentos pode causar impactos nos cursos dá agua, no solo e na atmosfera, poluição por diversos contaminantes e emissões de gases do efeito estufa (GEE).

2.1.1. Atividade de Suinocultura e Bovinocultura

Mesmo considerando a importância econômica, social e cultural da suinocultura, a produção tem um potencial poluidor muito grande devido ao grande volume de dejetos gerados por animal e a concentração em pequenas áreas. Por apresentar uma composição química variável decorrente da alimentação e do manejo diferente, possui um impacto ao meio ambiente (MELLER, 2007).

Os dejetos de suínos são compostos de fezes e de urinas dos animais, resíduos de rações em comedouros, água excedente dos bebedouros, utilizada na higienização das baias, além de pelos e poeira das instalações (DIESEL, 2002 apud ALVES, 2007).

Segundo Palhares (2014), uma das características marcantes dos confinamentos, principalmente da suinocultura, é a produção de grandes volumes de dejetos em pequenas áreas. Os dejetos são compostos por fezes, urina, pelos, resíduos das instalações(areia, cimento), sobras de alimentação e de água dos bebedouros.

Decorrente de vários fatores como a falta de formação de pessoal, orientação técnica aos produtores e a ineficiência na fiscalização governamental, faz com que exista uma contaminação maior ao meio ambiente destacando principalmente em águas e lençóis freáticos, alterações no solo, além da poluição do ar causada pelos gases: CO2, CH4 e cheiro desagradável de H2S (BELLI FILHO et al 1997 apud ARAUJO, 2007).

Geralmente a prática mais adotada pela suinocultura brasileira é de armazenar os dejetos em lagoas ou tanques e posteriormente aplicar em pastagens ou lavouras como

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fertilizante do solo. Porém em muitos casos, dependendo do volume de aplicação, o solo não consegue mais absorver e reciclar essa demanda, que muitas vezes supera a recomendação dos órgãos ambientais fiscalizadores (KUNZ et al, 2009 apud VIVAN, 2010).

A suinocultura se caracteriza como uma atividade de grande importância econômica, pela capacidade de produzir grande quantidade de proteína de qualidade em pouco espaço físico e curto espaço de tempo. Ao mesmo tempo, esta atividade é fonte geradora de contaminação e poluição do meio ambiente. Segundo as recomendações básicas, na produção de suínos, desenvolvidas pela FUNDESA (Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal), a atividade da suinocultura é considerada pelos órgãos ambientais de alto potencial poluidor. Por isso, é importante atuar com responsabilidade para a correta destinação dos dejetos. O manejo dos dejetos possui três objetivos principais: aumentar o máximo possível a concentração de dejetos; dar a eles o melhor valor agronômico, como fertilizante de plantas e impedir a contaminação do meio ambiente. O destino final dos dejetos vai depender de como o projeto de construção foi elaborado e do sistema de manejo adotado.

Em relação ao manejo dos dejetos da bovinocultura leiteira, sua operação adequada é um requisito básico ao sucesso de qualquer empreendimento agropecuário. O bovino usado para a produção leite pode ser analisado como uma máquina que processa o alimento, convertendo apenas parte deste em leite, o restante é eliminado em forma de resíduos, que possuem grande capacidade de poluição (HARDOIM, 1999).

2.2. Desenvolvimento Sustentável

2.2.1. Definições

Para Palhares (2014), a publicação do Relatório de Brundtlandt ou Nosso Futuro Comun, pode ser considerado o avanço no comprometimento com um desenvolvimento mais consciente de suas consequências ambientais e um marco formal sobre conceituação de desenvolvimento sustentável.

O relatório, segundo Bursztyn (2012), propõe uma perspectiva de conciliação entre desenvolvimento e meio ambiente, introduzindo na agenda internacional a noção de desenvolvimento sustentável. Várias medidas a serem tomadas pelos países foram propostas, como:

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A limitação do crescimento populacional; a garantia de recursos básicos no longo prazo; preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso de fontes energéticas renováveis; aumento da produção industrial nos países não industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; controle de urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; e atendimento às necessidades básicas (Bursztyn, 2012, p.93).

Conforme Bursztyn (2012), além da publicação do Relatório de Brundtlandt, ocorreram outros eventos e acordos ambientais, como a Rio 92, que deveria elaborar estratégias e medidas para deter e reverter a degradação ambiental. Além da Agenda 21, que para satisfazer as necessidades básicas, elevar o nível de vida de todos, obter melhor proteção e gestão dos ecossistemas, é necessário estabelecer uma associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável. Recentemente na Rio 2012, objetivou-se renovar compromissos políticos com o desenvolvimento sustentável, avaliar progressos e atrasos na implementação de compromissos dos encontros anteriores e tratar de novos desafios.

Segundo Pretty (2007) apud Allegretti (2013), os sistemas de alta sustentabilidade podem ser aqueles preocupados em fazer o melhor uso dos recursos naturais, sem danificá-los, sendo isto possível, norteando quatro princípios chave da sustentabilidade: integrar processos biológicos e ecológicos (reciclagem de nutrientes); minimizar o uso de recursos não renováveis (reduzir danos ao homem e ao ambiente); fazer uso produtivo dos conhecimentos e habilidades dos produtores e fazer uso produtivo da capacidade coletiva das pessoas.

A gestão ambiental na agropecuária deve ser reconhecida como uma ferramenta fundamental para produzir de maneira menos impactante. Segundo Palhares (2014), aplicar boas práticas agropecuárias são uma maneira do produtor criar e incrementar um modo de gerenciar adequadamente seu sistema produtivo, pensando no ambiente, na lucratividade do agronegócio e no consumidor final.

Segundo Barbosa (2011), as propriedades rurais brasileiras estão se modernizando em virtude das inovações tecnológicas e de gestão no setor agroindustrial. O uso de energias renováveis é uma alternativa tecnológica capaz de gerar ótimos resultados, melhorando a gestão dos recursos econômicos da propriedade, reduzindo problemas ambientais pelos resíduos orgânicos e evitando problemas à saúde humana em razão da contaminação do meio ambiente, além de contribuir para a estabilização dos níveis de consumo dos recursos naturais e solucionar o problema de abastecimento energético mundial. Os produtores rurais utilizam tecnologias que geralmente são escolhidas por sua eficiência e rentabilidade econômica. Entretanto, essas opções tecnológicas, ao causarem danos ambientais, afetam negativamente o bem-estar de outros agentes que utilizam os recursos ambientais comuns.

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A Suinocultura e Bovinocultura de Leite encontram no Desenvolvimento Sustentável um grande desafio, pois à medida que cresce a produção o impacto ambiental das atividades tende a se agravar se não for acompanhado por um gerenciamento ambiental. Segundo Palhares (2014), os dejetos da suinocultura e bovinocultura de leiteira são aqueles que trazem os maiores desafios para o seu manejo e uso agronômico, por causa de sua natureza líquida e elevada diluição.

Com vistas ao desenvolvimento sustentável, é necessário que os recursos ambientais, dada sua finitude, sejam objeto de gestão. Isto possibilita que sejam estabelecidas condições para o uso de tais recursos, com o objetivo maior de garantir que atuais e futuras gerações tenham acesso a eles.

Gestão Ambiental é considerada uma nova área do conhecimento, que envolve conhecimentos de uma série de outras ciências:

Trata-se de um conjunto de políticas, programas e práticas que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente. A gestão é realizada por meio da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos e atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto (IBAMA, 2006).

Para Palhares (2014), torna-se importante estabelecer políticas públicas de incentivo à gestão agropecuária, incorporando práticas agropecuárias mais sustentáveis, tornando-se fator relevante para a sustentabilidade na agropecuária brasileira, deixando que o Brasil continue a atender as demandas internas e externas, tanto as atuais como as futuras.

2.2.2. Dimensões da Sustentabilidade

Sachs (1993), informa que ao pretendermos avaliar a sustentabilidade de uma atividade ou organização devemos encontrar indicadores e instrumentos específicos relacionados ao Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável como sinônimos, citando cinco dimensões inter-relacionadas de sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural.

Na dimensão social Sachs (1993), requer que a coesão da sociedade e sua capacidade de trabalhar em prol de objetivos comuns sejam mantidas e que as necessidades individuais bem-estar, saúde, expressão cultural e educação sejam cumpridas.

Sobre a dimensão ecológica, segundo Sachs (1993), a sustentabilidade causa um aumento das capacidades de recursos do planeta através da criatividade e uso de tecnologias

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corretas, pretendendo minimizar os danos provocados ao meio ambiente pelo uso consciente, ou diminuição de recursos finitos.

Em relação ao ponto de vista econômico Sachs (2002), sugere que a sustentabilidade deve ser encontrada pela alocação e gerenciamento eficiente dos recursos e de um fluxo continuo de investimentos públicos e privados.

Sobre sustentabilidade cultural Sachs (1993), se expressa a favor do desenvolvimento baseado nas raízes endógenas dos processos de modernização e dos sistemas de produção integrados, em conjunto com processos que buscam mudanças sem enfrentar a continuidade cultural, encontrando-se com o conceito de eco desenvolvimento, localizando respostas específicas para regiões, ecossistemas e culturas.

Seguindo o mesmo autor, a sustentabilidade espacial sugere iniciativas para a redução da concentração nas cidades, promovendo o manejo sustentável para a agricultura e exploração das florestas por meio de incentivo à industrialização, desse modo gerando tecnologias limpas e de preservação da biodiversidade.

2.3. Triple Botton Line

Ainda que o tema da sustentabilidade tenha se desenvolvido ao ponto de ter sua importância globalmente aceita, ainda era necessária a criação de um modelo que tornasse a discussão mais tangível para as organizações. Nesse sentido, surgiu o Triple Botton Line (LIMA, 2008), no qual a discussão se daria em torno dos seguintes pilares: Econômico, com a criação de empreendimentos viáveis, atraentes para os investidores; Ambiental, com a interação de processos com o meio ambiente sem causar-lhe danos permanentes; Social com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade.

Conforme Lima (2008), o termo Triple Botton Line - TBL é utilizado para definir o conjunto de valores, assuntos e processos que as empresas devem ter em conta de modo a minimizarem os danos resultantes das suas atividades e de modo a criar valor econômico, social e ambiental. O termo Triple Botton Line foi criado por John Elkington em 1994, tendo sido amplamente divulgado. Segundo o autor, sustentabilidade é “o princípio de assegurar que nossas ações hoje não limitarão a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as gerações futuras”.

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Considerando esta teoria, o autor enfatiza que tanto a sociedade como as organizações, não consideram somente o lucro como questão primordial, devendo um enfoque diferenciado ser dado aos resultados sociais e ambientais das organizações. Somente o equilíbrio destes três pilares leva a existência da sustentabilidade dentro de uma organização (Figura 01).

Figura 1 - Esquema de Sustentabilidade Corporativa Fonte: Elkington (1998) apud Allegretti (2013)

O grande desafio proposto por esta teoria, segundo o autor é a procura de uma visão equilibrada destas três dimensões. Sendo que a diversidade de interesses e entendimentos do conceito de sustentabilidade ao longo do tempo, vem envolvendo novos atores na determinação de valor para as organizações empresariais. Sendo elas consideradas de grande porte ou aquelas menores propriedades rurais podem ser modificadas, mas a análise equilibrada e interligada deste triângulo não deixará de fundamentar este conceito dinâmico e em constante estruturação que é a sustentabilidade.

No presente relatório, a sustentabilidade foi pesquisada segundo a perspectiva do Triple Botton Line, entendida pelas dimensões ambiental, social e econômica, com enfoque especial às questões ambientais e sociais, descritas a seguir.

2.3.1. Dimensão Ambiental

A dimensão ambiental da sustentabilidade considera aspectos associados aos recursos naturais e questões voltadas aos impactos causados por ações de empresas a esses recursos.

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Segundo Oliveira (2005), esta dimensão trata da preservação dos recursos naturais na produção de recursos renováveis e da limitação na produção de recursos não renováveis, do respeito à capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais e da redução do volume de resíduos e poluição, por meio da conservação de energia e da reciclagem. A autora destaca também, que são importantes a promoção da autolimitação do consumo de materiais por parte dos países ricos e dos indivíduos de todo planeta, sobretudo a definição de regras para uma adequada proteção ambiental, criando uma máquina institucional, bem como selecionando instrumentos econômicos, legais administrativos necessários para seu cumprimento.

Para Claro e Claro (2004), a dimensão ambiental pode ser dividida em três sub-dimensões. A primeira foca na ciência ambiental e inclui ecologia, diversidade do hábitat e florestas; a segunda inclui a proteção da saúde humana por meio da diminuição da contaminação química e da poluição e a terceira focaliza na conservação e na administração de recursos renováveis e não renováveis.

De acordo com Sachs (1993), os resultados da sustentabilidade ambiental podem ser fomentadas através das medidas:

 Intensificação do uso de recursos potenciais dos vários ecossistemas, com um mínimo de danos aos sistemas de sustentação da vida, para propósitos socialmente válidos;  Limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos

facilmente esgotáveis ou ambientalmente prejudiciais, substituindo-os por recursos ou produtos renováveis ou abundantes, e ambientalmente inofensivos;

 Redução do volume de resíduos e de poluição, por meio da conservação e reciclagem de energia e recursos;

 Autolimitação do consumo material pelos países ricos e pelas camadas sociais privilegiadas em todo mundo;

 Intensificação da pesquisa de tecnologias limpas e que utilizem de modo mais eficiente os recursos para a promoção desenvolvimento urbano, rural e industrial;  Definição de regras para uma adequada proteção ambiental, concepção da máquina

institucional, escolha de instrumentos econômicos, legais e administrativos necessários para assegurar o cumprimento das regras.

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2.3.2. Dimensão Econômica

A dimensão econômica da sustentabilidade é analisada através de aspectos micro e macroeconômicos. Do ponto de vista microeconômico são considerados os resultados econômico-financeiros alcançados pelas empresas. E os macroeconômicos, buscam caracterizar o bem estar econômico, seja de um indivíduo, de município, região ou de uma sociedade de maneira em geral. Segundo Oliveira (2005), a sustentabilidade econômica suporta a diversificação das atividades produtivas, desenvolvimento econômico inter-setorial equilibrado, segurança alimentar, contínua atualização dos instrumentos de produção e acesso a ciência e tecnologia.

De acordo com Sachs (1993), a dimensão econômica pode ser possibilitada através de alocação e gestão mais eficientes de recursos e por fluxos regulares de investimentos públicos e privados.

2.3.3. Dimensão Social

De acordo com Oliveira (2005), a sustentabilidade social deve nortear-se pela busca da equidade na distribuição de renda e de bens, com o objetivo de diminuir a desigualdade entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres e de promover a igualdade de acesso a recursos e serviços sociais e ao emprego pleno.

Sachs (1993), coloca a sustentabilidade social como a consolidação de um processo de desenvolvimento baseado em outo tipo de crescimento e orientado para outra visão do que é a boa sociedade. A finalidade desta dimensão é construir uma civilização do “ser” em que exista maior equidade na distribuição do “ter” e da renda, de modo a melhorar os direitos e as condições de grandes massas da população e a reduzir a distância entre os padrões de vida de abastados e não abastados.

Ainda para o mesmo autor, existem as melhorias sociais internas e externas às organizações, relacionadas não apenas com questões da equidade, mas também em relação à qualidade de vida de maneira geral.

Já, para Claro e Claro (2004), a dimensão social refere-se no aspecto social relacionado às características dos seres humanos, como suas habilidades, dedicação e experiências, incluindo tanto o ambiente interno das organizações quanto o ambiente externo.

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2.4. Indicadores

Segundo HAMMOND, et al. (1995) apud Allegretti (2013), o termo indicador tem por objetivo informar sobre o desenvolvimento de uma meta, notar uma tendência ou um fenômeno não verificado de imediato.

Sobre indicadores, Ferreira, Cassiolato e Gonzales (2009), referem:

Indicador é uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado.

Indicadores devem proporcionar respostas imediatas às mudanças ocorridas em determinados sistemas, ser facilmente executados, permitir enfoque integrado, relacionando-se com outros indicadores e permitir a análirelacionando-se das relações percebidas. Deve também relacionando-ser dirigido ao usuário, ser útil e significativo para seus propósitos. Todos os elementos envolvidos na realidade estudada são de extrema importância (MARZAL; ALMEIDA, 2000).

Avaliações sobre sustentabilidade informam situações de risco, podem prever situações futuras, informar e guiar decisões políticas, corrigir eventuais desvios, definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade, facilitar o processo de tomada de decisão, quantificar e simplificar as informações, detectar distúrbios de planejamento e contribuir a identificar tendências importantes (MARZAL, 1999).

Ao analisar sustentabilidade Altieri (1989), salienta que alguns critérios devem ser incorporados na construção de indicadores: produtividade, equidade, estabilidade, resiliência, onde somente de forma inter-relacionada permitirão uma avaliação do sistema integral pesquisado.

Segundo Gallopin (1996) apud Allegretti (2013), é necessário a participação dos atores envolvidos no sistema avaliado, tanto à formação das políticas públicas como da própria sociedade civil, para consequentemente legitimar estes sistemas, elaborar o conhecimento e apropriar-se da consciência da realidade ambiental e social.

Referências

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