• Nenhum resultado encontrado

Seis poetas italianos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Seis poetas italianos"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Seis poetas italianos, por Aurora Fornoni Bernardini

Literatura Italiana Traduzida ISSN 2675-4363AURORA FORNONI BERNARDINI POESIA ITALIANA TRADUÇÃOem​agosto 18, 2020

Ennio Morlotti (1910-1992) - Fiori

Como em minhas viagens sempre gosto de ler poesia e sobre poesia, em minha última viagem à Itália li alguns livros de Alfonso Berardinelli que encontrei nas livrarias, sobre o assunto, como ​La poesia verso

la prosa. Controversie sulla lirica moderna[1]​; Poesia non poesia[2]; Il pubblico della poesia [3],​Alfonso

Berardinelli, Franco Cordelli (2015), havendo já lido no Brasil ​Da poesia à Prosa​ [4], e fui anotando o

nome dos poetas e dos poemas que, por alguma característica, ele apreciava. Entre os que guardei, estão os seis abaixo.

Como concordo com a ideia que a melhor leitura é a tradução (atenta, claro), resolvi traduzir os poemas para o português. Não são poemas herméticos, logo não cheguei a descobrir aquela “língua pura” que às vezes os tradutores descobrem, como diz Walter Bejamin, mas me ative ao “tom” de cada poema, o que considero extremamente importante conservar na tradução. O tom de Sereni e Fortini é grave, sóbrio: evitei portanto abreviações (tipo para: pra) e usei uma linguagem culta, “nero” foi traduzido, por “ atro”, por exemplo.

(2)

1. Vittorio Sereni I versi

Se ne scrivono ancora. Si pensa ad essi mentendo

ai trepidi occhi che ti fanno gli auguri l’ultima sera dell’anno.

Se ne scrivono solo in negativo dentro un nero di anni

come pagando un fastidioso debito che era vecchio di anni.

No, non è più felice l’esercizio. Ridono alcuni: tu scrivevi per l’Arte. Nemmeno io volevo questo che volevo ben altro.

Si fanno versi per scrollare un peso e passare al seguente. Ma c’è sempre qualche peso di troppo, non c’è mai alcun verso che basti

se domani tu stesso te ne scordi.[5]

Os versos

Ainda se escrevem. Neles pensa-se mentindo

aos trépidos olhos que na última noite do ano

desejam-te o melhor. Escrevem-se só no negativo dentro de um atro de anos

como pagando uma dívida enfadonha velha de anos.

Não, não é mais feliz o exercício. Riem alguns: tu escrevias pela Arte. Nem eu queria isso que queria outra coisa.

Fazem-se versos para sacudir um peso

e passar ao seguinte. Mas sempre há algum peso a mais, não há nunca algum verso que baste

(3)

2. Franco Fortini Gli ospiti

I presupposti da cui moviamo non sono arbitrari.

La sola cosa che importa è il movimento reale che abolisce lo stato di cose presente.

Tutto è divenuto gravemente oscuro. Nulla che prima non sia perduto ci serve. La verità cade fuori della coscienza. Non sapremo se avremo avuto ragione. Ma guarda come pendono le loro stuoie attraverso la tua stanza.

Come distribuiscono le loro masserizie,

come spartiscono il loro bene, come fra poco mangeranno la nostra verità! Di noi spiriti curiosi in ascolto

prima del sonno parleranno.[6]

Os hóspedes

Não são arbitrários os pressupostos que nos movem.

A única coisa que importa é O movimento real que extingue O estado presente das coisas.

Tudo tornou-se gravemente obscuro. Nada nos serve que antes não se perca. Cai fora da consciência a verdade. Não saberemos se estivermos certos. Vê só como pendem suas esteiras pelo quarto que é teu.

Como distribuem seus trastes, como repartem seu bem, como

daqui a pouco hão de comer nossa verdade! Antes do sono de nós

(4)

3. Pier Paolo Pasolini

Io sono una forza del passato. Solo nella tradizione è il mio amore. Vengo dai ruderi, dalle chiese, dalle pale d’altare, dai borghi

abbandonati sugli Appennini o le Prealpi, dove sono vissuti i fratelli.

Giro per la Tuscolana come un pazzo, per l’Appia come un cane senza padrone. O guardo i crepuscoli, le mattine

su Roma, sulla Ciociaria, sul mondo, come i primi atti del Dopostoria, cui io assisto, per privilegio d’anagrafe, sull’orlo estremo di qualche età

sepolta. Mostruoso è chi è nato dalle viscere di una donna morta. E io, feto adulto, mi aggiro più moderno di ogni moderno

a cercare i fratelli che non sono più.[7]

Eu sou uma força do passado. Apenas na tradição está meu amor. Venho das ruínas, das igrejas, dos retábulos, dos burgos

abandonados nos Apeninos ou Prealpes, onde viveram os irmãos.

Vagueio pela Tuscolana feito um louco, pela Appia feito um cão sem dono. Ou olho para os crepúsculos, as manhãs pairando sobre Roma, a Ciociaria, o mundo, como os primeiros atos do Após-História, aos quais assisto, por um privilégio do registro, na orla extrema de alguma idade

sepulta. Monstruoso é quem nasceu das vísceras de uma mulher morta. E eu, feto adulto, ando à volta

mais moderno que qualquer moderno à procura dos irmãos que já não são.

(5)

4. Andrea Zanzotto “Sì, ancora la neve”:

Che sarà della neve che sarà di noi?

Una curva sul ghiaccio e poi e poi... ma i pini, i pini

utti uscenti alla neve, e fin l’ultima età circondata da pini. Sic et simpliciter?

E perché si è – il mondo pinoso, il mondo nevoso – perché si è fatto bambucci-ucci, odore di cristianucci,

perché si è fatto noi, roba per noi? E questo valere in persona ed ex-persona un solo possibile ed ex-possibile?

Hölderlin: “siamo un segno senza significato”: ma dove le due serie entrano in contatto? Ma è vero? e che sarà di noi?

E tu perché, perché tu?

E perché e che fanno i grandi oggetti e tutte le cose-cause

e il radiante e il radioso? I nucleo stellare

à in fondo alla curva di ghiaccio,

versi invettive calligrammi ricchezze, sì, ma che sarà della neve dei pini

di quello che non sta e sta là, in fondo?[8]

“Sim, a neve ainda”:

O que será da neve que será de nós? Uma curva no gelo

e depois, depois... mas e os pinheiros, os pinheiros saindo todos da neve, e até a última idade

circundada por eles . Sic et simpliciter?

E porque se fez – o mundo pínico, o mundo nevoso – Porque se fez meninão-ão, cheiro de cristão,

porque se fez nós, coisa para nós? E este valer em pessoa e ex-pessoa um único possível e ex-possível?

Hölderlin: “ somos um signo sem significado”: mas onde é que as duas séries entram em contato? Mas é verdade? E o que será de nós?

E tu, por que, por que tu?

E por que e o que fazem os grandes objetos e todas as coisas-causas

E o radiante e o radioso? O núcleo estrelar

á no fundo da curva de gelo

orre invectivas caligramas riquezas, sim, mas o que será da neve dos pinheiros daquilo que não está e está lá, no fundo?

(6)

5. Amelia Rosselli

Contiamo infiniti cadaveri. Siamo l’ultima specie umana. Siamo il cadavere che flotta putrefatto su della sua passione! La calma non mi nutriva il sol-leone era il mio desiderio. Il mio pio desiderio era di vincere la battaglia, il male, la tristezza, le fandonie, l’incoscienza, la pluralità dei mali le fandonie, le incoscienze le somministrazioni d’ogni male, d’ogni bene, d’ogni battaglia, d’ogni dovere d’ogni fandonia: la crudeltà a parte il gioco riposto attraverso il filtro dell’incoscienza. Amore amore che cadi e giaci supino la tua stella è la mia dimora.

Caduta sulla linea di battaglia. La bontà era un ritornello che non mi fregava ma ero fregata da essa! La linea di demarcazione tra poveri e ricchi.[9]

Contamos infinitos cadáveres. Somos a última espécie humana. Somos o cadáver que flutua putrefato sobre uma sua paixão! A calma não me alimentava o sol-leão era o meu desejo. Meu pio desejo era de vencer a batalha, o mal,

a tristeza, as lorotas, a falta de consciência, a pluralidade

dos males, as lorotas, as faltas de consciência as subministrações de todo mal, de todo bem, de toda batalha, de todo dever

de toda lorota: a crueldade à parte o jogo reposto através do filtro da insconsciência. Amor amor que cais e jazes supino a tua estrela é minha moradia. Caída na linha de batalha. A bondade era um refrão que não me ludibriava mas o era por ela! A linha de demarcação entre pobres e ricos.

(7)

6. Sandro Penna

Il mare è tutto azzurro. Il mare è tutto calmo. Nel cuore è quasi un urlo di gioia. E tutto è calmo. (1937)

È pur dolce il ritrovarsi per contrada sconosciuta. Un ragazzo con la tuta ora passa accanto a te.

Tu ne pensi alla sua vita – a quel desco che l’aspetta. E la stanca bicicletta

ch’egli posa accanto a sé.

Ma tu resti sulla strada sconosciuta ed infinita. Tu non chiedi alla tua vita

che restare ormai com’è. (1939) [10]

O mar é todo azul. O mar é todo calmo. No imo é quase um urro

de alegria. E tudo é calmo. (1937)

É doce no entanto o reencontrar-se em rincão desconhecido.

Um rapaz de macacão passa agora ao teu lado.

Tu pensas na sua vida

– na mesa posta que o espera. E na exausta bicicleta

que ele encosta junto a si.

Mas tu ficas no caminho desconhecido e sem fim. Tu só pedes à tua vida Pra ficar como já é. (1939)

______________________

Como citar: BERNARDINI, Aurora Fornoni. “Seis poetas italianos”. In "Literatura Italiana Traduzida", v.1., n.8, ago. 2020. Disponível em:

https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/210272

[1]​ BERARDINELLI, Alfonso. ​La poesia verso la prosa. Controversie sulla lirica moderna. ​Torino: Bollati Boringhieri, 1994. [2]​ BERARDINELLI, Alfonso. ​Poesia e non poesia.​ Torino: Einaudi, 2008.

[3]​ BERARDINELLI, Alfonso; CORDELLI, Franco. ​Il pubblico della poesia​. Roma: Casrelvecchi, 2015.

[4]BERARDINELLI, Alfonso. ​Da poesia à prosa. Maria Betânia Amoroso (org.). Trad. Mauricio Santana Dias. São Paulo:

Cosac Naify, 2007.

[5]​ De: SERENI, Vittorio. ​Gli strumenti umani. ​Torino: Einaudi, 1965. [6]​ De: FORTINI, Franco. ​Questo muro.​ Milano: Arnoldo Mondadori, 1973. [7]​ De: PASOLINI, Pier Paolo. ​Poesia in forma di rosa. ​Milano: Garzanti, 1962. [8]​ De: ZANZOTTO, Andrea. ​La beltà. ​Milano: Mondadori, 1968.

[9]​ De: ROSSELLI, Amelia. ​Variazioni beliche. ​Milano: Garzanti, 1964. [10]​ De: PENNA, Sandro. ​Tutte le poesie. ​Milano: Garzanti, 1970.

Referências

Documentos relacionados

Kristian Rodrigo Pscheidt 1 Resumo: Os países latino-americanos possuem, historicamente, um modelo ímpar de democracia, estruturado na figura de um líder popular, consagrado

As modificações impressas na zona costeira e na plataforma interna de São Bento do Norte (porção setentrional do Estado do RN), estão

FIGURA 2: Aparato hióide de Sotalia guianensis (UFSC 1079) indicando as medidas utilizadas neste trabalho: (1) comprimento ao centro do basihial – da borda rostral à caudal,

Ao defender o ponto de vista cognitivo, Duval (2011b) apresenta cinco ideias que devem ser levadas em consideração e que definirão a decomposição dos objetivos do ensino

Diante disso, esse estudo tem como objetivo estimar um modelo explicativo para o comportamento da série trimestral do número de óbitos por câncer de pele na Região Sul

Estes juízos não cabem para fenômenos tão diversos como as concepções de visões de mundo que estamos tratando aqui.. A velocidade deste mundo

ANTEVISÃO E CONSUMAÇÃO DO APOCALIPSE INDÍGENA 166 O causador da destruição indígena, que no poema anterior surgia envolto por um halo de mistério como um monstro marinho

Portanto a poesia se torna parte relevante da sociedade e da história como um instrumento literário de compromisso com o registro da realidade do contexto histórico