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Perícia contábil no processo de uma reclamatória trabalhista

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTABEIS,

ECONOMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

RAQUEL SIMONI SELL

PERÍCIA CONTÁBIL NO PROCESSO DE UMA

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

IJUÍ (RS)

2012

(2)

RAQUEL SIMONI SELL

PERÍCIA CONTÁBIL NO PROCESSO DE UMA

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis

.

.

Professor Orientador: Msc Teodoro Clebsch

IJUÍ (RS)

2012

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AGRADECIMENTOS

Á Deus, acima de tudo, pela vida, pelas bênçãos alcançadas, pela força e coragem de nunca desistir no meio do caminho.

A minha mãe, que sempre guerreira desempenhou o papel de pai e mãe, me apoiando e incentivando em todos os momentos. Também ao meu irmão que apesar de ainda não entender muito da vida sempre soube a hora que precisei de um abraço carinhoso.

Aos Professores desta Universidade pelos ensinamentos repassados, em especial ao Professor Teodoro pela orientação fornecida.

E a uma pessoa muito especial, meu marido Cassiano, que esteve do meu lado durante toda esta caminhada, sempre com muita paciência e compreensão.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Característica de Auditoria e Pericia ... 24

Quadro 2 Evolução do Valor do Fator de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas Fevereiro/2004 a Dezembro/2008 ... 68

Quadro 3 Variação do Salário Mínimo Nacional ... 70

Quadro 4 Pisos Salariais da Categoria Empregados de Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico do Estado do Rio Grande do Sul ... 70

Quadro 5 Salario base do reclamante ... 71

Quadro 6 Comparação do piso salarial da categoria com o salario base do reclamante ... 71

Quadro 7 Quantificação e Valoração das Horas-Extras, incluindo Repouso Semanal Remunerado (RSR) – em Moeda Corrente Nacional (R$) - Cálculos do Contador Assistente Técnico da Reclamada “Y” ... 73

Quadro 8 correlação entre salario mensal do reclamante e valor da hora extra normal ... 74

Quadro 9 Demonstração do valor da hora-extra do reclamante ... 74

Quadro 10 Calculo do valor das diferenças de horas-extras em férias e dedução dos valores já pagos ao reclamante na vigência do contrato de trabalho. ... 76

Quadro 11 reflexo das horas –extras em 13º salario... 77

Quadro 12 Calculo do FGTS com multa de 40%: ... 79

Quadro 13 Valor das Passagens de ônibus - Período fevereiro/2004 a dezembro/2008 ... 80

Quadro 14 Indenização correspondente a dois vales-transportes por dia de trabalho, observados os dias trabalhados pelo reclamante e autorizada a dedução de 6% sobre o salario básico ... 80

Quadro 15 Multa do Artigo 477,Parágrafo 8° da CLT ... 83

Quadro 16 Atualização das diferenças devidas ao reclamante ate 31/10/2010 ... 83

Quadro 17 Atualização das diferenças devidas ao reclamante ate 31/10/2010 ... 84

Quadro 18 Calculo de juros no período de 13/02/2009 a 31/10/2010 ... 85

Quadro 19 Recalculo de juros no período de 13/02/2009 a 31/10/2010 ... 85

Quadro 20 Acordo na Justiça do Trabalho ... 87

Quadro 21 nova composição dos encargos previdenciários ... 90

Quadro 22 Tabela Progressiva cálculo mensal do Imposto de Renda de Pessoa Física para o exercício de 2010, ano-calendário de 2009. ... 92

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Quadro 23 IRPF retido na fonte ... 92

Quadro 24 Honorários Assistenciais ... 93

Quadro 25 Honorários Assistenciais recalculados ... 93

Quadro 26 resumo da Liquidação de Sentença ... 94

Quadro 27 resumo da Liquidação de Sentença recalculado ... 94

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Sumário

1 INTRODUÇÂO...8

1.1 ÁREA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA ... 8

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 8 1.3 OBJETIVOS ... 9 1.3.1 Objetivo Geral...9 1.3.2 Objetivos Específicos... 10 1.4 JUSTIFICATIVA ... 10 1.5 METODOLOGIA DO TRABALHO ... 10 1.5.1 Classificação da Pesquisa... 10

1.5.2 Plano de Coleta de Dados ... 12

1.5.3 Plano de Análise e Interpretação dos Dados ... 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 13

2.1 CONTABILIDADE ... 13

2.1.1 Objeto da Contabilidade ... 14

2.1.2 Finalidade da Contabilidade ... 15

2.1.3 Usuários da Contabilidade ... 15

2.1.4 Profissão: Contador e Técnicas em Contabilidade ... 16

2.1.5 Princípios de Contabilidade ... 17

2.2 CONCEITO DE PERÍCIA CONTABIL ... 21

2.2.1 Classificação das Perícias ... 21

2.2.2 Característica da Perícia Contábil ... 21

2.2.3 Prova Pericial ... 22

2.2.4 Quesitos ... 23

2.2.5 Laudo Pericial ... 23

2.2.6 Diferenças Entre Perícia Contábil e Auditoria Contábil ... 24

2.2.7 Perícia Judicial ... 25

2.2.8 O Perito Como Auxiliar da Justiça: Atribuições legais do Perito ... 26

2.2.9 Responsabilidades Penais, Éticas, Profissionais e Legais do Profissional Perito... 26

2.2.10 Escusa, Recusa e Substituição do Perito Contador ... 28

2.2.11 Honorários Periciais ... 29

2.3DIREITO PROCESSUAL TRABALHISTA E TUPOS DE AÇÕES QUE PODEM ENVOLVER A PERÍCIA CONTÁBIL ... 29

2.3.1 Processo Trabalhista: Da Petição Inicial a Liquidação de Sentença ... 30

2.3.2 Caminho Normal de Um Processo Trabalhista ... 31

2.3.3 Fase Preliminar da Execução: Liquidação de Sentença ... 33

2.3.4 Liquidação do Cálculo do Contador ... 34

(7)

2.3.6 Erro e Fraude ... 34

3 CASO PRÁTICO ... 35

3.1 O CASO: OS PEDIDOS DO RECLAMANTE ... 36

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS PARTE E DO PRECESSO ... 37

3.3 SENTENÇA DE 1º GRAU – VARA DO TRABALHO ... 41

3.3.1 Preliminar de Mérito em Sede de 1º Grau – Vara do Trabalho ... 44

3.3.2 Mérito ... 45

4 CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ... 61

4.1 A DECISÃO DA VARA DO TRABALHO, PARCIALMENTE ALTERADA PELO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO ... 62

4.2 O CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA DA PARTE RECLAMADA ... 64

4.2.1 Atualização Monetária dos Débitos Trabalhistas ... 66

4.2.2 Evolução do Salário Mínimo Nacional e do Piso Salarial da Categoria dos Empregados em Indústrias Metalúrgica – 2004 a 2008 ... 69

4.2.3 Diferenças de Horas-Extras Trabalhadas e Não Pagas e Reflexos ... 72

4.2.4 Reflexo das Diferenças de Horas-Extras em Aviso Prévio ... 74

4.2.5 Reflexo das Diferenças de Horas-Extras em Férias ... 75

4.2.6 Reflexo das Diferenças de Horas-Extras em 13° Salário ... 76

4.2.7 Reflexos das Diferenças de Horas-Extras em FGTS, e Multa ... 77

4.2.8 Indenização referente a Vales-Transportes Não Concedidos ... 79

4.2.9 Multas do artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho ... 82

4.2.10 Atualização Monetária ... 83

4.2.11 Juros de Mora sobre os Débitos Trabalhistas ... 84

4.2.12 Retenção Previdenciária do Reclamante ... 85

4.2.13 Contribuição Previdenciária da Reclamada ... 88

4.2.14 Retenção Fiscal do Reclamante ... 91

4.2.15 Honorários de Assistência Judiciária do Reclamante ... 92

4.2.16 Custas Judiciais ... 93

4.2.17 Resumo dos Cálculos de Liquidação de Sentença ... 94

4.2.18 Intimação das Partes e da União do Cálculo de Liquidação de Sentença efetuado por Perito- Contador ... 94

4.2.19 Execução da Sentença Líquida, Certa e Exigível ... 95

5 CONCLUSÃO...98 6 BIBLIOGRAFIA ... Erro! Indicador não definido.

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1 INTRODUÇÃO

A pericia contábil é realizada pelo profissional de contabilidade. É na realidade, uma das atividades exercidas pelo contador da mais alta relevância e que exige um alto grau conhecimentos, não só da própria contabilidade, como também de outras ciências afins, além de uma atitude ética irrepreensível. O contador, quando no exercício da função de perito tem a obrigação de evidenciar todos os esforços possíveis em busca da veracidade dos fatos, transcrevendo no Laudo Pericial os resultados que obteve do exame realizado, procurando agir sempre com o máximo de independência e absoluta ética.

Este trabalho de conclusão de curso será realizado na área da perícia contábil, com aplicação prática em uma ação de reclamatória trabalhista, uma vez que essa tecnologia, a serviço do Poder Judiciário ainda é de pouco conhecimento dos profissionais contábeis. Através deste estudo procura-se demonstrar a importância desse profissional, o perito-contador, como também demonstrar, de maneira sintética, a realização de um de seus trabalhos.

1.1 ÁREA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA

Neste trabalho a área de conhecimento pesquisada é a da Pericia Contábil. O mesmo trata do calculo de liquidação de sentença de uma Reclamatória Trabalhista transitado em julgado na Justiça do trabalho.

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

De acordo com Fonseca citado por Zanna (2005, p. 86) “A Pericia tem como Objetivo fundamentar as informações demandadas, mostrando a veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se meio de prova para o juiz de direito resolver as questões propostas.”

Uma Ação de Reclamatória Trabalhista corre na Vara do Trabalho. Tanto o empregado quanto o empregador podem recorrer à Justiça do Trabalho buscando a solução para um litígio.

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Em geral, é o empregado o autor, o reclamante e o empregador a parte ré, o reclamado. Considerando que o contrato de trabalho segundo ZANNA (2005) é uma relação de convivência continuada cabe ao perito buscar na documentação e na escrituração contábil do empregador, as informações necessárias para cumprimento de sua missão.

Caso o Empregador não disponha dos documentos e registros contábeis com base nos quais o perito possa atuar profissionalmente, ou na hipótese de lhe serem sonegadas tais informações, presume-se que tudo aquilo que o Empregado (reclamante) afirmou no processo é verdadeiro.

Os documentos juntados durante o processo, os depoimentos das partes, os testemunhos, reclamante e reclamado, e se for o caso, a prova pericial servirão de base para a prolação da decisão judicial, na fase de conhecimento. Uma vez dada à sentença, esta servirá de base para os cálculos periciais contábeis na fase da liquidação da sentença.

Pode-se afirmar que a principal característica para se realizar perícias na área trabalhista durante longo tempo é o estudo e atualização permanente. Somente quem conseguir manter-se sempre atualizado, conseguirá atender bem aos objetivos da justiça trabalhista.

Diante o exposto, questionam-se: Da reclamação trabalhista apresentada pelo empregado à Justiça do Trabalho, como o perito contador transformou a sentença do Juiz do Trabalho numa sentença líquida, respondeu de forma adequada a todos os quesitos, bem como verificou se os cálculos estão de acordo com a sentença?

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos deste estudo buscam alcançar, de maneira abrangente, que a pergunta principal seja respondida de forma satisfatória, sem deixar duvidas. A seguir estabelecem-se os objetivos gerais e específicos que deverão nortear a pesquisa, analise e conclusão.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o processo de reclamatória trabalhista, mostrar as fases pelos quais passou a pericia contábil e os procedimentos periciais efetuados em cada etapa, verificando se os mesmos estão de acordo com a legislação vigente, bem como analisar o laudo pericial emitido pelo perito contador nomeado pelo juiz do trabalho na fase de liquidação de sentença.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Revisar a literatura referente os conceitos e às normas profissionais e técnicas que regulam a atividade do perito contador.

Demonstrar todos os trâmites de um processo de reclamatória trabalhista;

Avaliar a importância do Laudo Pericial de liquidação de sentença, em face às decisões nela tomadas pelo Juízo trabalhista;

Revisar e refazer os procedimentos periciais em analise;

Verificar a legislação trabalhista, previdenciária e fiscal pertinente a Pericia Contábil Trabalhista;

Constatar a exatidão ou não dos cálculos efetuados pelo perito-contador.

1.4 JUSTIFICATIVA

Chegando ao final do curso de Ciências Contábeis devemos elaboras um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Para a elaboração deste trabalho escolheu-se a área da Pericia Contábil, a qual é exclusiva do Contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade.

Este trabalho traz a oportunidade de aprofundar as técnicas de perícia contábil trabalhista, avançar os conhecimentos, dando base para futuras atuações profissionais.

1.5 METODOLOGIA DO TRABALHO

A metodologia define a maneira que deve ser realizado o trabalho. Serão definidos nessa etapa os caminhos e os instrumentos para coletar e analisar os dados da pesquisa.

1.5.1 Classificação da Pesquisa

Quanto à classificação da pesquisa é explicitado como é realizada a abordagem dentre os pontos de vista da natureza da pesquisa, dos objetivos, dos procedimentos técnicos, os instrumentos de coleta de dados e como é feita a análise e interpretação dos dados. Classificada nos seguintes modos:

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1.5.1.1 Do Ponto de Vista de sua Natureza

Nesse trabalho será utilizada uma pesquisa aplicada, pois busca a resolução de um problema concreto, no caso em estudo será a resolução de um processo trabalhista, com calculo de Liquidação de Sentença efetivado por perito-contador.

Roesch (1999) diz que a pesquisa aplicada refere-se à discussão de problemas, utilizando um referencial teórico de determinada disciplina e a apresentação de soluções alternativas.

1.5.1.2 Do Ponto de Vista de seus Objetivos

Sob o ponto de vista de seus objetivos a pesquisa poderá ser classificada em estudos exploratórios, estudos descritivos ou estudos explicativos. Se classificada desta maneira pelo fato de nos proporcionar uma pesquisa Bibliográfica aprofundada sobre o assunto de Perícia Contábil, bem como um estudo de caso do processo de uma Reclamatória Trabalhista com Cálculo de Liquidação de Sentença.

"A investigação exploratória realizada em uma área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de soldagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa." (VERGARA 1998, p. 45).

A pesquisa descritiva expõe característica de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir a sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Pesquisa de opinião insere-se nessa classificação. (VERGARA. 1998, p. 45).

1.5.1.3 Quanto à Forma de Abordagem do Problema

A pesquisa, quanto a forma de abordagem do problema, é qualitativa ou quantitativa. No projeto em estudo será aplicada a pesquisa qualitativa.

Os dados podem ser tratados de forma quantitativa, isto é utilizando-se procedimentos estatísticos, como o teste de hipóteses, ou de forma qualitativa como, por exemplo, codificando-os, apresentando-os de forma mais estruturada e analisando-os (VERGARA, 1998, p. 57).

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A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e subjetivo do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Ela não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é um instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seus e o estudo significados são os focos principais de abordagem. (VIEIRA, 2010).

1.5.1.4 Do Ponto de Vista dos Procedimentos Técnicos

Aplica-se no trabalho em questão a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e o estudo de caso.

"A pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao publico em geral". (VERGARA, 1998, p. 46).

Para Gil (1999):

A pesquisa documental assemelha-se muito a pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas esta na natureza das fontes, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborado de acordo com os objetivos da pesquisa, podendo ser documentos de primeira mão, ou seja, que nunca receberam qualquer tipo de tratamento analítico, como reportagem fotográficas ou documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados é o caso de balanços patrimoniais, relatório de empresas. (GIL, 1999, p. 66).

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de pesquisa considerados.

1.5.2 Plano de Coleta de Dados

Nesta etapa do trabalho são descritos os métodos utilizados para a obtenção de dados, os quais são importantes para a continuidade da pesquisa e, após ter os dados organizados é necessário o desenvolvimento de análise desses dados, utilizando para tanto informações obtidas nos documentos investigados e na observação dos procedimentos utilizados.

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Será utilizada a observação, fazendo uma análise detalhada do processo de Reclamatória Trabalhista em estudo e o questionamento do Laudo Judicial Contábil nele presente.

1.5.2.1 Instrumento de Coleta de Dados

Para a parte teórica do estudo, serão utilizados livros, revistas, artigos, leis e normas que se relacionem com o objeto que será estudado nesta pesquisa.

Para a parte prática, será utilizado como meio para coleta de dados um processo de reclamatória trabalhista transitado e julgado na Vara do Trabalho, o qual contenha cálculos de Liquidação de Sentença efetivada por perito-contador, os quais serão analisados e refeitos, com base na Legislação Trabalhista, Previdenciária e Fiscal pertinente.

1.5.3 Plano de Análise e Interpretação dos Dados

A análise e interpretação de dados são baseadas em um processo de reclamatória trabalhista, transitado em julgado numa Vara do Trabalho de Ijuí, no qual será analisada principalmente a atuação do Perito-Contador.

Para possibilitar a análise do laudo pericial contábil, quanto aos cálculos de Liquidação de Sentença, serão analisados, previamente a luz da legislação e da jurisprudência, a petição inicial do Reclamante, a contestação da Reclamada e a sentença proferida pelo Juiz da Vara de Trabalho, pedido por pedido do Reclamante.

Após o levantamento de dados serão analisados a petição do processo, bem como as sentenças proferidas pelo magistrado.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta etapa do trabalho apresenta-se a fundamentação teórica, com base na pesquisa bibliográfica com a finalidade de fundamentar o tema proposto para este trabalho.

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A contabilidade é uma ciência social, pois possuindo objeto e finalidades definidos, utiliza-se de técnicas para cumprir com suas finalidades, alicerçando-se nos princípios fundamentais da contabilidade, inerentes a toda ciência. Utilizando de registros a contabilidade acumula e resume dados relacionados com o patrimônio das empresas, tornando mais fácil sua interpretação.

“A contabilidade pode ser definida de diversas formas. Numa visão geral, contabilidade é uma ciência, uma disciplina, um ramo do conhecimento humano, uma profissão que tem por objeto o estudo dos fenômenos patrimoniais”. (CREPALDI. 2003, p. 16).

Um conceito sobre contabilidade pode ser descrito por Basso a seguir:

Entendemos que contabilidade, como um conjunto ordenado de conhecimentos, leis, princípios e métodos de evidenciação próprios, é a ciência que estuda, controlam e observam o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico) e que, como conjunto de normas, preceitos e regras gerais, se constitui uma técnica de coletar, catalogar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de acumular, resumir revelar informações de suas variações e situação especialmente de natureza econômico financeiro. (BASSO, 2011. p. 26).

Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade — NBC Ti, aprovada pela Resolução CFC n°. 785/95 conceitua a contabilidade como:

A contabilidade na condição de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio, busca, por meio de apreensão, da quantificação da classificação, do registro da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas pelo Patrimônio das Entidades particularizadas, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos quanto monetário.

2.1.1 Objeto da Contabilidade

Contabilidade é a ciência que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades, seus fenômenos e variações, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira.

Basso (2005, p.23) detalha o objeto da contabilidade:

O Objeto da contabilidade é o patrimônio, geralmente constituído por um conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma determinada entidade. O patrimônio é enfocado pela contabilidade sob dois aspectos básicos:

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a)Aspecto Qualitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista de sua natureza, como a composição física individual e a natureza jurídica de cada elemento

b) Aspecto Quantitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista do valor monetário intrínseco, isto é, considera os elementos patrimônios como expressão de valor econômico.

2.1.2 Finalidade da Contabilidade

Para Basso (2011, p. 28), "a finalidade básica da Contabilidade é gerar informações de ordem física, econômica e financeira sobre o patrimônio com ênfase no planejamento – processo decisório”.

As principais Funções da Contabilidade são a coleta de documentos dos atos e fatos que ocorrem na entidade, classificar os documentos de acordo com as alterações que provocaram no patrimônio da entidade, registrar os fatos contábeis, acumularem informações quantitativas e qualitativas, resumirem informações do patrimônio em demonstrativos contábeis, revelar as situações patrimoniais, econômicas e financeiras da entidade.

Conforme Basso (2011, p. 29):

Os objetivos da Contabilidade são: controlar o patrimônio da entidade, apurar os resultados decorrentes das variações ocorridas no patrimônio da entidade, evidenciar a situação patrimonial econômica e financeira da entidade, bem como as suas tendências, atentar para o cumprimento de normas, leis e demais dispositivos emergentes da legislação aplicável aos negócios da entidade, bem como fornecer informações sobre o patrimônio a seus usuários, conforme suas necessidades. (BASSO, 2011, p. 29).

2.1.3 Usuários da Contabilidade

Conforme Basso (2011) os principais categorias de usuários da contabilidade são: - Administradores, diretores e executivos – uso da informação contabil no processo decisório, contribuindo para que as questões possam ser tomadas com maior grau de acerto possivel. Detalhes, precisão e agilidade da informação são requisitos básicos; - sócios e/ ou acionistas - uso da informção contábil para certificarem-se da real situação do patrimônio da entidade: segurança, lucratividade e rentabilidade do investimento realizado na entidade;

- bancos, financiadores e investidores - informações patrimoniais, econômicas e financeiras, com vista a avaliar as reais garantias oferecidas quando da concessão de empréstimos e das aplicações de dinheiro na entidade;

- fornecedores - semelhantes aos bancos e financiadores, os fornecedores realizam estudos sobre as demonstrações contábeis da entidade para aquilatar sua capacidade de liquidar obrigações e suas possibilidades de sucesso econômico, como

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- governo federal, estaduais e municipais - efetuam estudos sobre os dados contábeis das empresas para o planejamento e o controle de suas receitas tributárias, bem como das políticas macroeconômicas.

Pode-se também acrescentar a justiça, civel, comum e criminal, estadual e federal e a justiça do trabalho, que com frequência necessitam de dados e informações obtidas a partir de registros e demostrativos contabeis.

2.1.4 Profissão: Contador e Técnicas em Contabilidade

O Decreto Lei n° 9.295/1946, com as alterações introduzidas pela Lei n° 12.249/2010, dispõe no capítulo IV, nos artigos 25 e 26, a respeito das atribuições profissionais dos Contadores e Técnicos de Contabilidade, a saber:

Artigo 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral;

b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações;

c) perícias judiciais ou extra-judiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extra-judiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade.

Artigo 26. Salvo direitos adquiridos ex-vi do disposto no artigo 2º do Decreto nº 21.033, de 8 de Fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados.

Santos (2006, p. 10) Comenta que:

O Contador não deve perder de mente que a contabilidade não é para ele, é para o usuário. A contabilidade é a linguagem dos negócios e essa linguagem conta a história de cada empresa. Aperfeiçoar essa linguagem buscando aumentar seu poder de predição e de utilidade para o usuário é talvez a principal missão do Contador. (SANTOS, 2006, p.10).

De acordo com a lei n 12.249/2010 traz alterações significativas ao Decreto-Lei n 9.295/46, os profissionais da Contabilidade somente poderão exercer a profissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, sendo que para obter o registro no Conselho Regional de Contabilidade de sua abrangência terá que ser aprovado em Exame de Suficiência.

Outra alteração é a extinção de emissão de diploma para Técnicos em Contabilidade a partir de junho de 2015, aqueles já registrados em Conselho Regional de Contabilidade, ou que venham a fazê-lo até 01 de junho de 2015 têm assegurado o seu direito da profissão.

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2.1.5 Princípios de Contabilidade Segundo Crepaldi (2003):

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam à essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade. Concerne à Contabilidade em seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades. São estes os princípios: Princípio da Entidade; Da Continuidade; Da Oportunidade; do Registro Pelo Valor Original; da Atualização Monetária; da Competência e da Prudência. (CREPALDI, 2003, p, 22).

Basso (2011), em relação aos princípios fundamentais de contabilidade, esclarece: Os princípios de contabilidade representam o núcleo central da própria contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela inerente. Os princípios constituem sempre as vigas mestras de urna ciência, revestindo-se dos atributos de universidade veracidade, conservando validade em qualquer circunstância. No caso da contabilidade, seus princípios fundamentais valem para todos os patrimônios, independentemente das entidades a que pertençam das finalidades para as quais sejam usados, da forma jurídica da qual estejam revestido, ou da sua localização. Expressividade e quaisquer outros qualitativos, desde que gozem da condição de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes. (BASSO, 2011, p. 349). Para IUDICIBUS, MARION (2002), princípios são como placas que nos mostram a direção correta a seguir. Os Princípios Fundamentais, na contabilidade exercem a mesma função, são "guias" de direção que se devidamente observados nos levam a objetivos desejados.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da contabilidade, que corno vimos, consiste em apresentar informação estruturada para os usuários. (IUDICIBUS e MARION. 2002 pg. 89).

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universo científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.

O artigo 3º da Resolução do CFC n° 750/93, com a redação dada pela Resolução CFC n° 1.282/2010, enumera os Princípios Fundamentais de Contabilidade: I — o da Entidade; — o da Continuidade — LII — o da Oportunidade; IV — o do Registro Pelo Valor Original; V — o da Atualização Monetária; VI — o da Competência; VII — o da Prudência.

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A Resolução CFC n°. 1.282/10 atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC n°. 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, e que passa a denominar de "Princípios Contábeis".

2.1.5.1 O Princípio da Entidade

O artigo 4º, capítulo e parágrafo único, da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) n°. 750/93 fornece o conceito do Princípio da Entidade:

Artigo 4°. O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O Patrimônio pertence à Entidade, mas à recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomo não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico Contábil.

Numa Reclamatória Trabalhista, confrontam-se em litígio duas unidades contábeis, com patrimônios individualizados, a saber, o reclamante e o reclamado, ambos com direitos e obrigações, reconhecidos na sentença transitada e julgado.

2.1.5.2 O Princípio da Continuidade

O Princípio da Oportunidade é definido pela Resolução CFC 750/93 com a redação dada pela Resolução CFC n° 1.282/10, no artigo 6°:

Artigo 6°. O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

Somente após sentença transitada em julgado, com o cálculo da liquidação de sentença, efetuado pelas partes ou pelo perito contador, devidamente homologado em juízo, é que se forma a dívida, a obrigação trabalhista, constituindo um passivo para o reclamado, empregador.

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2.1.5.3 O Principio Pelo Registro Pelo Valor Original

A Resolução CFC n° 750/93, com a redação dada pela Resolução CFC n°. 1.282/2010, discorre no artigo 7°, sobre a aplicação do Princípio do Registro pelo Valor Original.

Artigo 7°. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devam ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.

§ 1°. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:

I — Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações;

II — Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalente de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis.

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade;

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada liquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída liquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade;

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras. Dispostas a isso, em unia transação sem favorecimentos;

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

§ 2° São resultantes da adoção da atualização monetária:

I — a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II — para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido;

III — a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.

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Numa Ação de Reclamatória Trabalhista seja na fase de instrução do processo, seja na fase de Liquidação de Sentença, devem ser levantados, quer pelas próprias partes, quer pelo perito contador, os valores originais, tanto efetivamente pagos pelo empregador ao empregado, quanto a ele devidos na época da prestação de serviço.

2.1.5.4 O Princípio da Competência

O artigo 9° da Resolução CFC 750/93, com a redação dada pela Resolução do CFC n° 1.282, dispõe sobre a aplicação na Contabilidade do Principio da Competência:

Artigo 9º O Principio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.

Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

Quando do Cálculo de Liquidação de Sentença os valores pagos e devidos ao reclamante pelo reclamado devem ser levantados mês a mês, seguindo o principio da competência.

Uma exceção se constitui no Imposto de Renda Retido na fonte (IRPF) sobre as diferenças salariais e reflexos pagos ao reclamante, na fase de execução de uma Ação Reclamatória Trabalhista, que segue o principio de caixa.

2.1.5.5 O Princípio da Prudência

A aplicação do Principio da prudência na valoração dos elementos patrimoniais é descrita no artigo 10, caput e parágrafo único, da Resolução CFC n° 750/93, com a redação dada pela Resolução CFC n° 1.282/10, a saber:

Artigo 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior valor para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a qualificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.

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Na área pericial contábil a obediência ao principio da prudência reflete-se na responsabilidade, pontualidade, no zelo que o perito-contador deve ter ao desempenhar suas tarefas, conforme esclarece a Norma Brasileira de Contabilidade Profissional do Perito (NBC PP) n° 01, aprovada pela Resolução CFC n° 1.244/2009, nos itens 28 a 44.

2.2 CONCEITO DE PERÍCIA CONTÁBIL

Perícia (do latim peritia) é o conhecimento proveniente da experiência; habilidade, talento; espécie de prova consistente no parecer técnico de pessoa habilitada a formulá-lo.

A Resolução do CFC nº 1.243/2009, que aprova a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Profissional (NBC TP) n° 1, conceitua no item 2:

NBC TP 2- A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

Portanto, a perícia contábil tem sua amplitude relacionada à causa que a deu origem. Assim, uma perícia que envolva questões tributárias levará em conta não somente a contabilidade em si, como também a legislação fiscal que rege a matéria relacionada aos exames.

2.2.1 Classificação das Perícias

Segundo Sá (2008), “é possível classificar as perícias em três grandes grupos gerais: Perícias Judiciais, Perícias Administrativas e Perícias Especiais”.

“É exemplo de pericia judicial a verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a concordata que ela. pediu. Exemplo de uma administrativa é a verificação contábil para apurar corrupção. Exemplo de uma especial é a pericia que se faz para a fusão de sociedade”, (SÁ, 2008, p. 7).

2.2.2 Característica da Perícia Contábil

Segundo Alberto (2009), “a perícia se reveste de alguns aspectos gerais que a caracterizam”:

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a) surge de um conflito latente e manifesto que se quer esclarecer;

b) constata, prova ou demonstra a veracidade de alguma situação, coisa ou fato; c) fundamenta-se em requisitos técnicos, científicos, legais, psicológicos, sociais e profissionais; e

d) deve materializar, segundo forma especial, á instância decisória, a transmissão da opinião técnica ou científica sobre a verdade fática, de modo que a verdade jurídica corresponda àquela, (ALBERTO, 2009 p.20).

“A especificidade exige do trabalho pericial a perseguição plena, pelo exame contábil, do objeto para o qual se deseja a opinião.” (SÁ, 2008, p.4). Tudo o que for pertinente a opinião a ser emitida deve ser objeto de exame da perícia.

“A característica fundamental da tecnologia contábil da perícia é a especificidade, ou seja, possuir um objeto determinado, requerido, para que possa gerar uma opinião abalizada em matéria contábil”, (SÁ, 2008, p.3).

Já Negra (2002) fala que “A perícia contábil se constitui de um conjunto de procedimentos utilizados por um profissional contábil que domina profunda e amplamente os conhecimentos da contabilidade”.

2.2.3 Prova Pericial

A prova no processo deve ser bastante robusta e eficaz, com força suficiente para trazer a luz da ciência o que não se consegue vê de forma clara dentro dos autos.

Zanna (2005, p.46) esclarece o conceito de prova:

A prova é algo material ou imaterial, por meio da qual o individuo se convence a respeito de uma verdade ou de sua ausência. A prova valida é a maneira pela qual cada um de nós atinge a certeza do que seja verdadeiro ou não verdadeiro (...), o conhecimento da verdade depende do método de investigação aplicado em cada caso. Como consequência temos que métodos mais adequados e mais inteligentes de investigação conduzem o perito a conclusões mais precisas, mais criveis e mais verdadeiras. (...) quanto mais clara e evidente for a prova, mais fácil será para o individuo convencer-se da certeza que ela transmite.

A prova pericial é um instrumento que contribui para a fundamentação da sentença, é uma atividade técnica cientifica integrada pelas etapas de verificação, constatação e analise do objeto em questão, visa à demonstração da verdade, ou seja, a prova pericial contábil auxilia o juiz dando a instrução necessária sobre algum fato que dependa de conhecimento especial.

De acordo com o artigo 420, caput, do Código de Processo Civil (CPC), “A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”.

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2.2.4 Quesitos

Diz o CPC no artigo 426, caput e incisos I e II: “Compete ao juiz: I - indeferir quesitos impertinentes; II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.” (CPC, artigo 426).

De acordo com ZANNA (2005), a necessidade da prova pericial decorre de dúvidas a respeito da verdade que as partes desejam evidenciar ao magistrado. Estas duvidas e divergências apresentadas sob a forma de quesitos (perguntas) tem o objetivo de esclarecer e dar respostas a questões relacionadas com as controvérsias suscitadas nos autos no processo. Ao responder os quesitos, o perito cumpre a missão para a qual foi nomeado. Espera-se que suas respostas sejam taxativamente esclarecedoras.

Hoog (2008, p. 139) comenta sobre a oportunidade, o momento adequado da apresentação dos quesitos:

O normal é que os quesitos sejam apresentados e deferidos antes da proposta de honorários, para que o Sr. Perito possa mensurar o número de horas a serem gastas. Mas, é possível que os quesitos sejam, apresentados a qualquer tempo. Portanto, interessante solicitar ao Exmo. Juiz que sejam apresentados antes da proposta dos honorários. Durante a diligência, as partes podem apresentar quesitos suplementares (CPC, 425), porém somente antes da apresentação do laudo, não podendo os mesmos ampliarem o objetivo da perícia.

“O perito deve observar as perguntas efetuadas pelas partes, no momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às respostas a quesitos integrantes do laudo pericial, ou do parecer pericial contábil às explicações sobre o conteúdo da lide ou sobre a conclusão”, (NBC TP 01, RESOLUÇÃO CFC nº 1.243/09, item 87).

2.2.5 Laudo Pericial

O laudo pericial é o relato do técnico ou especialista designado para avaliar determinada situação que estava dentro de seus conhecimentos. O laudo é a tradução das impressões captadas pelo técnico ou especialista, em torno do fato litigioso, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou.

O conceito de laudo pericial é dado por Theodoro Junior:

É o relato das impressões captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio de conhecimentos especiais de que o examinou. Vale pelas informações que

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contenha, não pela autoridade de quem a subscreveu, razão pela qual deve o perito indicar as razões em que se fundou para chegar a conclusões enunciadas em seu laudo. (Theodoro Junior, 2003, p.521).

A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica – Profissional nº 01 (NBC TP 01), aprovado pela Resolução CFC 1.243/2009, conceitua o laudo pericial contábil e o parecer contábil no item 58, assim:

O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho, (NBC TP 01, RESOLUÇÃO CFC nº 1.243/09, item 58).

2.2.6 Diferenças Entre Perícia Contábil e Auditoria Contábil

De acordo com Sá (2008, p.16) “a auditoria permite muito maior delegação, que a pericia contábil; auditoria é mais “revisão” e perícia mais “produção de prova” por verificação, exame, arbitramentos etc.”

Sá (2008, p.16) esclarece ainda a diferença entre pericia e auditoria:

A perícia serve a uma época, a um questionamento, a uma necessidade; a auditoria tende a ser a necessidade constante, atingindo um numero muito maior de interessados, sem necessidade de rigores metodológicos tão severos; basta dizer que a auditoria consagra a amostragem e a perícia a repele, com critério habitual. Hoong (2008, p. 116) apresenta as principais características de auditoria e perícia:

Quadro 1 Característica de Auditoria e Pericia

PERÍCIA AUDITORIA

1 – Executada somente por pessoa física, na esfera judicial, pois depende de um profissional de nível universitário (CPC, artigo 145). E tem autoridade e independência de juízo acadêmico concedido pelo juiz. Responde civil e criminalmente pelo resultado de sua opinião. Pode ser realizado por pessoa jurídica quando extrajudicial, hipótese do artigo 8º da lei 6.404/76.

1 – Pode ser executado tanto por pessoa física quanto por pessoa jurídica. Não tem autoridade; é um prestador de serviço contratado pela empresa com independência e responsabilidade civil e criminal sobre a opinião.

2 – A perícia serve a uma época, questionamento específico, por exemplo apuração de haveres na

2 – Tende à necessidade constante, como exemplo: auditoria de balanço, repetindo-se anualmente.

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dissolução de sociedade.

3 – A perícia se prende ao caráter científico de uma prova com o objetivo de esclarecer controvérsias. Não se repete, é específica.

3 – Auditoria se prende à continuidade de uma gestão; parecer sobre atos e atos contábeis. É continua e repetitiva.

4 – É específica, restritas aos quesitos e pontos controvertidos, especificados pelo condutor judicial.

4 – Pode ser específica ou não; exemplo: auditoria de Recursos Humanos, ou em toda a empresa.

5 – Sua análise é irrestrita e abrangente. 5 – Feita por amostragem; observa os atóis e fatos mais significativos pela sua relevância.

6 – Objetivo do Trabalho: emissão de Laudo Pericial. 6 – Objetivo do trabalho: emissão de parecer de auditoria, relatório de auditoria para orientação preventiva ou corretiva.

7 – Usuário do serviço: as partes e principalmente a justiça.

7 – Usuários do serviço: sócios, investidores e administradores.

8 – As normas técnicas são: Resolução CFC nº 1.244/09, que trata dos nomes profissionais do perito-contador .

Resolução CFC 1.243/09, que trata dos nomes relativos a perícia contábil.

8 – As normas técnicas são: Resolução CFC 820/97: Trata das normas de Auditoria Independente; Resolução CFC 821/97: Trata das normas de Profissional do Auditor Independente; Resolução CFC 915/01: Trata das normas profissionais e sigilos; Resolução CFC 932/02: Trata da revisão externa pelos pares. E a Resolução CFC 981/03: Trata da relevância da auditoria.

9 – O seu objeto é a prova de um ato ou ato. 9 – O seu objeto é a segurança dos controles internos. Fonte: HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova Pericial Contábil. Curitiba, Juruá, 2006. p. 106, com as alterações provenientes das Resolução CFC nº 1.243/2009 e 1.244/2009.

2.2.7 Perícia Judicial

Perícia Judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais da justiça, por determinação ou necessidade dos seus agentes.

Ela se motiva no fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um profissional para poder decidir. No caso da Perícia Contábil, a especialização é a que se refere a todos os fenômenos relativos ao patrimônio individualizado de pessoa, pessoas, empresa, instituição e grupo de empresas. O trabalho, pois, deve ser conferido pelo juiz a um contador, perito de sua confiança por ele designado, todas as vezes que as partes requererem e for julgado procedente o pedido. (SÁ, 2008, p.57).

O artigo 421 do Código de Processo Civil (CPC), instituído pela Lei 5.869/73, determina: “O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do

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despacho de nomeação do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos.”

Pericia Contábil Judicial “é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre assuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao patrimônio aziendal ou de pessoas”. (SÁ. 2008, p. 57).

Segundo Pilecco e Viero “A perícia judicial tem como objetivo fundamentar as informações demandadas, mostrando a veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se meio de prova para o juiz de Direito resolver as questões propostas.”

2.2.8 O Perito Como Auxiliar da Justiça: Atribuições legais do Perito

O Conselho Federal de Contabilidade, mediante a Resolução 1.244/09, editou a Norma Brasileira de Contabilidade Profissional (NBC PP 01), conceituou o perito- contador no item 1, assim:

1.- Perito é o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada. Dispõe o Código de Processo Civil (CPC):

“Artigo 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.”

E o artigo 145 do CPC complementa:

“Artigo 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou

científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421.”

Segundo Rosa (2002) “o perito deve ser sempre aquele que possui conhecimento técnico – cientifico do assunto a ser esclarecido e sua atuação se dá com ares de função judicial”.

2.2.9 Responsabilidades Penais, Éticas, Profissionais e Legais do Profissional Perito Hoog (2008) comenta a responsabilidade penal-criminal do perito contador:

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Este tipo difere da responsabilidade civil pelo fato de que o agente sofre uma pena, como exemplo a prisão, que é restrita ao seu direito de ir e vir; a atribuição da pena criminal independentemente da civil; a penal é para uma repressão pública enquanto a civil é para as violações privadas, busca reparar o dano restaurado a situação que existia antes do ilícito, sendo a indenização o meio de reparação, pois são processos conduzidos por Juízes diferentes; ação civil no fórum civil e a ação criminal no fórum criminal, podendo ser na esfera estadual ou federal.

O Código Penal, a partir de 28.08.2001, passou a ser grafado por força de Lei 10.268/01, que veio a alterar dispositivos do Dec.-lei 2.848, de 07.12.1940, como segue:

Os artigos 342 e 343 do Dec.-lei 2.848, de 07.12.1940 – Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:

Falso testemunho ou falsa perícia

"Artigo 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:

§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta².

§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade³."

"Artigo 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta."

Dispõe o artigo 147 do Código de Processo Civil (CPC) acerca da Responsabilidade Civil do perito judicial:

Artigo 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer. Quanto à responsabilidade e ética, a NBC PP 01, aprovada pela Resolução CFC n° 1.244/09, dispõe nos itens 31:

Item 31, “A responsabilidade ética do perito decorre da necessidade do cumprimento dos princípios éticos, em especial, os estabelecidos no Código de Ética Profissional do Contabilista e nesta Norma.”

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Quanto à responsabilidade civil e penal, a NBC PP 01 dispõe nos itens 35 e 36:

Item 35, “A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce a função de perito-contador, as quais consistem em multa, indenização e inabilitação.”

Item 36, “A legislação penal estabelece penas de multa, detenção e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a descumprir as normas legais.”

2.2.10 Escusa, Recusa e Substituição do Perito Contador

“A função do perito, entretanto, exige rigores éticos e morais que ditam procedimentos igualmente rigorosos; denunciar o impedimento é um ato de dignidade, mais que qualquer outro, embora a lei cerceie a parcialidade (artigo 146 e 423 do Código de Processo Civil)” (SÁ, 2008, p. 65).

Dispõe o Código de Processo Civil no artigo 146, caput e parágrafo único e nos artigo 423 e 424: caput e parágrafo único:

Artigo 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.

Parágrafo único. A escusa será apresentada, dentro de cinco dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (artigo 423).

Artigo 423. O perito pode escusar-se (artigo 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (artigo 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.

Artigo 424. O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.

Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

Sobre a recusa do encargo de perito pelo próprio profissional (escusa do perito), Hoog (2008) assim se manifesta:

“Foi e sempre será uma grande honra, um privilégio ímpar a nomeação de um contador na função de perito judicial. Pois é uma forma de reconhecimento e valorização profissional, ser o auxiliar da mais alevada das prestações de serviço, a Justiça. Porém, existem fatores de recusa do honroso encargo. Deve i profissional impedido fazê-lo por escrito no prazo máximo de cinco dias da sua intimação, conforme prevê o artigo 423 do CPC. Se o perito não o fizer no prazo, está obrigado

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a cumprir a tarefa. Neste caso, deve o perito formalizar a sua recusa sob a forma de uma petição, requerendo que o Dr. Juiz venha a desobrigá-lo da honrosa incumbência, bem como demonstrar as razões de sua recusa.” (HOOG, 2008, p.72).

2.2.11 Honorários Periciais

Os honorários são a remuneração do perito-contador e do perito-contador assistente pelos serviços prestados, sendo que a forma de fixação do trabalho pericial de ambos é diferenciada. Os honorários perito-contador e do perito-contador assistente estão previstos na Resolução do CFC 857/99 - NBC P 2 - Normas Profissionais do Perito, no seu item 2.5.

O perito deve salientar em seu orçamento, que caso houver quesitos suplementares, poderá haver honorários complementares. Já para a resposta de quesitos de esclarecimentos não haverá cobrança de novos honorários, pois se trata apenas de aclarar detalhes do trabalho realizado. Poderá haver também o pedido de complementação dos honorários, se a importância previamente depositada for insuficiente para garanti-los.

Uma vez entregue o laudo, que é o resultado do trabalho do perito, o mesmo não pode ser retirado dos autos para forçar o pagamento dos honorários. Pode o perito, requerer que os honorários sejam pagos em juízo antes do início dos trabalhos, conforme está previsto nos artigos 19 e 33 do CPC.

Quanto à remuneração dos serviços do assistente técnico, esta não se vincula aos autos do processo. Trata-se de um acordo particular entre o profissional e a parte que o indicou, através de um contrato de prestação de serviços. O perito assistente técnico deverá oferecer proposta, ajustando com a parte os seus honorários e forma de pagamento, se orientando nos procedimentos aprovados pelos Conselhos Regionais de Contabilidade.

Conforme o artigo 33 do CPC, cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, enquanto a remuneração do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.

2.3 DIREITO PROCESSUAL TRABALHISTA E TUPOS DE AÇÕES QUE PODEM ENVOLVER A PERÍCIA CONTÁBIL

Processo do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado,

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determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.

Diz o artigo 643, caput da CLT:

Os dissídios oriundos das relações entre empregados e empregadores, bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços em atividades reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo com o presente título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do trabalho.

Quanto à competência da Justiça do trabalho, uma exceção refere-se aos acidentes de trabalho, que continuam sujeitos à competência da Justiça Ordinária, conforme dispõe o parágrafo 2° do artigo 643 da CLT:

§ 2º. As questões referentes a acidentes do trabalho continuam sujeitas à justiça ordinária, na forma do Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934, e legislação subsequente.

2.3.1 Processo Trabalhista: Da Petição Inicial a Liquidação de Sentença

Diz o Artigo 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiaria do direito processual do trabalho, exceto naquilo que for incompatível com as normas deste Título”, (CLT, Artigo 769).

O inicio de um processo trabalhista se dá pela Petição Inicial, onde o reclamante expressa seu desejo de acionar o reclamado. A petição é o ato inicial do processo trabalhista, é a peça processual que instaura o processo jurídico. Dela decorrem os atos subsequentes do processo

O artigo 840 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dispõe sobre a forma de apresentação da reclamação trabalhista (petição inicial), nos seguintes termos:

Artigo 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.

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“Em suma: havendo norma jurídica trabalhista, ainda que não consolidada, sua aplicação se impõe, ficando reservado ao Direito processual Civil apenas a tarefa de suprir lacunas do processo do trabalho”, (GIGLIO, 1997, p. 148).

2.3.2 Caminho Normal de Um Processo Trabalhista

O caminho normal de um processo trabalhista pode ser assim projetado:

1º - Distribuição e/ou protocolo: o advogado do reclamante, devidamente munido de procuração, protocola o processo trabalhista junto à Vara do Trabalho (CLT, Artigo 837). Nas localidades em que houver mais de 1 (uma) Vara do Trabalho, a reclamação será, preliminarmente, sujeita a distribuição (CLT, Artigo 838);

2º - Autuação: as primeiras folhas da Petição Inicial, a primeira manifestação do reclamante no processo, são numeradas e envolvidas em uma capa, identificando o reclamante, o reclamado e o tipo de processo, o qual recebe um número, como identificação (CLT, artigo 711);

3º - Notificação (Citação): o reclamado (réu) é notificado para comparecer perante a Vara do Trabalho para tomar ciência da reclamatória trabalhista que é movida contra ele (CLT, Artigo 841);

4º - Contestação: é a resposta do reclamado (réu) na qual, este impugna os fatos alegados pelo reclamante, no todo o em parte (CLT, Artigo 847);

5º - Audiência de Julgamento: o reclamante e o reclamado comparecem a audiência acompanhados de duas testemunhas se houver, apresentando, nesta ocasião também, as demais provas (CLT, Artigo 845). A audiência de julgamento será contínua; mas se não for possível, por motivo de força maior conclui-la no mesmo dia, o juiz marcará a tal continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação (CLT, Artigo 849);

6º - Conciliação: aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação (CLT, Artigo 846). Se houver acordo entre as partes, lavra-se o termo (CLT, Artigo 846, § 1º);

7º - Leitura da Reclamação e Defesa: não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir a sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (CLT, Artigo 847);

8º - Instrução do Processo: terminada a defesa, pode o juiz interrogar os litigantes (CLT, Artigo 848). Serão, a seguir, ouvidos as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver (CLT, Artigo 848 § 2º);

(32)

9º - Razões finais: terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais (CLT, Artigo 850 parte inicial);

10º - Conciliação: em seguida, o Juiz renovará a proposta de conciliação (CLT, Artigo 850, parte final);

11º - Sentença: com base nas provas apresentadas e no Direito, o Juiz profere a sentença, decidindo a lide (CLT, Artigo 850, parte final);

12º - Recursos: das decisões cabem os seguintes recursos: recurso ordinário para instancia superior (CLT, Artigo 895) e recurso de revista para a Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho (CLT, Artigo 896);

13º - Trânsito em Julgado da Sentença: A sentença transita em julgado quando não mais é possível interpor recurso. “Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”, (CPC, Artigo 467);

14º - Liquidação: após a sentença ter transitado em julgado (CLT, Artigo 876), o processo trabalhista passa para a fase de liquidação, na qual, é solicitada às partes ou ao Perito-Contador o cálculo de liquidação de sentença, tendo como objetivo apurar o valor da condenação (CLT, Artigo 879, caput a parágrafos);

15º - Intimação: as partes são intimadas a manifestar-se sobre o cálculo de liquidação de sentença, no prazo comum, de cinco dias (CLT, Artigo 852-h, § 7º);

16º - Impugnação: elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir as partes, prazo sucessivo de dez dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão (CLT, Artigo 879, § 2º);

17º - Intimação: elaborada a conta pelas partes ou pelos órgãos auxiliares da justiça do Trabalho, o Juiz procederá a intimação da União para manifestação no prazo de dez dias, sob pena de preclusão (CLT, Artigo 879, § 3º);

18º - Sentença e homologação do cálculo: Não havendo manifestação contrária, segue a homologação do laudo pericial, contendo os cálculos de liquidação de sentença;

19º - Citação: requerida a execução, o Juiz mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as condições estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas a União para que se faça em quarenta e oito horas, ou garanta a execução, sob a pena de penhora (CLT, Artigo 880 e 882);

Referências

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