faculdade de engenharia da universidade do
porto
mestrado integrado em engenharia electrot´
ecnica e de
computadores
T´
ecnicas de Alta Tens˜
ao
Sistemas de Liga¸c˜ao `a Terra - Princ´ıpios de conce¸c˜ao e diferentes tipos de solu¸c˜oes
Grupo:
Ariana Martins
Diogo Pereira
Professor:
Doutor Ant´
onio Machado e
Moura
Conte´
udo
1 Introdu¸c˜ao 2
2 Liga¸c˜ao `a Terra 3
2.1 Liga¸c˜oes `a terra: . . . 4
2.2 Dimensionamento de Sistemas de Terra: . . . 5
2.2.1 El´etrodo Terra . . . 5
2.2.2 Propriedades do solo: . . . 6
2.2.3 Condutores de Terra . . . 8
2.2.4 Sistemas de liga¸c˜ao `a terra . . . 8
3 Frequˆencia de alimenta¸c˜ao ideal para liga¸c˜oes `a terra 9 3.1 Impedˆancia de Terra: . . . 10
3.1.1 C´alculo da resistˆencia de terra no el´etrodo terra: . . . 10
3.1.2 Impedˆancia de cadeia para sistemas terra em apoios: . . . 10
3.1.3 Impedˆancia de terra para sistemas com cabos protegidos com ba´ınha . . . 11
3.2 Intera¸c˜ao entre correntes de defeito e sistemas de terra . . . 12
4 Liga¸c˜oes de Terra em Instala¸c˜oes Especiais 13 4.1 Subesta¸c˜oes isoladas a g´as - GIS substations . . . 13
4.2 Sistemas de terra para vias f´erreas . . . 13
4.3 Torres de telecomunica¸c˜oes . . . 13
4.4 Centrais e´olicas . . . 14 5 Liga¸c˜oes Port´ateis `a Terra 14
6 Conclus˜ao 15
1
Introdu¸
c˜
ao
A importˆancia dos sistemas de liga¸c˜ao `a terra ´e primordial no que diz respeito `a garantia de seguran¸ca e correto funcionamento dos sistemas el´etricos. No entanto, sendo este artigo desen-volvido no ˆambito da unidade curricular de T´ecnicas de Alta Tens˜ao, onde o foco incidir´a nos sistemas relacionados com a Alta Tens˜ao, ainda mais imperativa se torna esta quest˜ao j´a que, devido `as elevadas tens˜oes existentes nestes sistemas, os riscos que as mesmas comportam s˜ao exacerbados, tanto para as pessoas como para os materiais. Assim, um sistema de liga¸c˜ao `a terra deve conseguir garantir:
Seguran¸ca para as pessoas: quer profissionais, quer cidad˜aos comuns;
Manuten¸c˜ao da integridade dos equipamentos e consequente garantia de fiabilidade do sis-tema el´etrico;
Capacidade de resistˆencia aos esfor¸cos mecˆanicos, bem como `a meteoriza¸c˜ao ambiental, de preferˆencia, durante o tempo de vida do equipamento onde est´a instalado;
Capacidade de resistˆencia aos esfor¸cos t´ermicos e `as correntes de fuga.
Seguran¸ca, no caso das linhas de alta tens˜ao (primordialmente, a´ereas), perante acidentes decorrentes do meio onde se envolvem, tais como incˆendios, quedas de ´arvores, embates, etc.
Posto isto, o planeamento, o c´alculo e a montagem dos sistemas de terra merece um estudo delicado e aprofundado de forma a que estes garantam a sua eficiˆencia durante o tempo de vida da instala¸c˜ao. Deste modo, o sistema de terra deve ser projetado de forma a possuir a resistˆencia menor e mais econ´omica poss´ıvel de forma a conduzir as correntes de fuga diretamente para a terra, assegurando os n´ıveis de potencial previstos pelas normas internacionais.
2
Liga¸
c˜
ao `
a Terra
De acordo com o NEC - National Electrical Code, define-se como terra ”o estabelecimento de uma liga¸c˜ao condutora, quer propositada, quer acidental, entre um circuito el´etrico ou o equipa-mento e a terra”. Assim, tendo em conta que a liga¸c˜ao `a terra ´e fundamental do ponto de vista de seguran¸ca e fiabilidade da instala¸c˜ao, o planeamento da mesma ´e o primeiro passo a ser efetuado no dimensionamento. O objetivo primordial ´e que a liga¸c˜ao `a terra, efetuada no neutro dos trans-formadores ou nas impedˆancias de terra, seja feita de forma a que as correntes de fuga circulem, de forma m´axima, neste el´etrodo. Para o correto dimensionamento do el´etrodo terra, devem ser tidas em conta trˆes tipos diferentes de tens˜oes:
Tens˜ao de Contacto: segundo a norma IEEE Std 80-2000, define-se como ”a diferen¸ca de potencial existente entre a eleva¸c˜ao do potencial de terra e a superf´ıcie onde se encontra um indiv´ıduo que tenha um membro em contacto com a superf´ıcie em tens˜ao e outro em contacto com a terra.”
Figura 1: Representa¸c˜ao esquem´atica da tens˜ao de contacto e respetivo circuito representativo
O c´alculo da tens˜ao de contacto ´e tal que:
Vc = (Rch+
Rc
2 ).Ich (1)
sendo:
• Rch: resistˆencia do corpo humano (≈ 1000 Ω);
• Rc: resistˆencia de contacto;
• Ich: corrente de choque que atravessa o corpo humano.
Tens˜ao de Passo: segundo a norma IEEE Std 80-2000, define-se como ”a diferen¸ca de potencial sentida por um indiv´ıduo que se encontre a uma distˆancia de um metro da superf´ıcie em contacto, sem ter nenhuma parte do corpo apoiada num objeto ao potencial da terra.”
Figura 2: Representa¸c˜ao esquem´atica da tens˜ao de passo e respetivo circuito representativo
O c´alculo da tens˜ao de passo ´e tal que:
Vpasso = (2.Rc+ Rch).Ich (2)
sendo:
• Rc: resistˆencia de contacto;
• Rch: resistˆencia do corpo humano (≈ 1000 Ω);
• Ich: corrente de choque que atravessa o corpo humano.
Tens˜ao da Malha de Defeito: tens˜ao que surge na malha de defeito - malha que se estabelece entre as partes ativas e a massa.
2.1
Liga¸
c˜
oes `
a terra:
´
E necess´ario considerar diferen¸cas substanciais nos sistemas de liga¸c˜ao `a terra envolvendo sis-temas de baixa tens˜ao (considerados, por norma, todos os sistemas com tens˜oes estipuladas entre 50 V e 1000 V) e de alta tens˜ao. Todos os sistemas de terra respeitantes a baixas tens˜oes exi-gem liga¸c˜oes s´olidas do neutro `a terra e, de nenhuma forma, devem ser inseridas impedˆancias nas liga¸c˜oes `a terra.
A liga¸c˜ao dos sistemas de alta tens˜ao apresenta in´umeras vantagens, tais como:
Em alta tens˜ao, por vezes, ocorrem oscila¸c˜oes a n´ıvel das correntes que, preferencialmente, devem originar curto-circuitos que fluem pelo el´etrodo terra, de forma a que n˜ao existam danos nos equipamentos;
Opera¸c˜ao r´apida face `a extin¸c˜ao de defeitos, restringindo-o `a sua zona de ocorrˆencia; Garantia que nos condutores ativos, a tens˜ao de fase nunca ´e ultrapassada, pelo que,
Atenua¸c˜ao das cargas capacitivas que s˜ao bastante evidentes em linhas a´ereas (note-se que as linhas de alta tens˜ao s˜ao predominantemente a´ereas).
No entanto, a existˆencia de liga¸c˜ao `a terra introduz susceptˆancia no caminho at´e `a terra, o que pode representar inconvenientes, em zonas com ´ındices cer´aunicos elevados.
2.2
Dimensionamento de Sistemas de Terra:
A primordial importˆancia de um sistema de terra, sobretudo no que diz respeito a sistemas de alta tens˜ao, ´e ser dimensionado de forma a suportar esfor¸cos qu´ımicos e mecˆanicos num intervalo de tempo, comum ao tempo de vida da instala¸c˜ao el´etrica a que est´a afecto. Deste modo, existem parˆametros el´etricos que devem ser considerados, tais como:
Corrente de fugas: de acordo com a norma IEEE Standard, ´e o valor eficaz da corrente que flui para a terra ap´os a ocorrˆencia de um defeito;
Dura¸c˜ao da falha: instante de tempo que decorre desde do in´ıcio do defeito at´e que o mesmo ´e extinto;
Propriedades do solo: conjunto de caracter´ısticas geol´ogicas, qu´ımicas e mecˆanicas que caracterizam o solo onde ocorre o aterramento.
Nota para o facto da corrente de fugas depender do tipo de liga¸c˜ao do neutro com a terra. A liga¸c˜ao `a terra de um sistema compreende o el´etrodo terra, os condutores de terra e os condutores protegidos com blindagem.
2.2.1 El´etrodo Terra ´
E imperativo que a escolha do material do el´etrodo terra permita ao mesmo tornar-se resis-tente `a corros˜ao e ao stress mecˆanico provocado por eventuais caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas do solo onde o mesmo ser´a implementado, quer seja durante a instala¸c˜ao, quer seja durante o normal funcionamento do sistema el´etrico.
Existem in´umeras formas de aterramento, desde das que recorrem a esferas, placas, fitas met´alicas, at´e configura¸c˜oes de cablagens. A liga¸c˜ao `a terra ´e constitu´ıda por trˆes partes dis-tintas: as conex˜oes que ligam o sistema ao el´etrodo, o pr´oprio el´etrodo e a terra em volta do mesmo.
Para se avaliar a liga¸c˜ao `a terra, electricamente, devem ser considerados trˆes parˆametros: a resistˆencia, a capacidade e a indutˆancia. A indutˆancia permite quantificar a oposi¸c˜ao `a corrente que flui, ou tende a fluir, para o solo.
Os el´etrodos terra podem apresentar as seguintes configura¸c˜oes:
• De superf´ıcie: quando se emprega fita ou cablagem, ordenada sob a forma horizontal ou fechada em anel;
• Em estaca vertical: quando se emprega uma vara condutora que penetra o solo de forma a encontrar estratos com condutividades diferentes;
• Em malha reticulada: realiza¸c˜ao de uma matriz, horizontal, enterrada no solo;
• El´etrodo de funda¸c˜ao: empregue em constru¸c˜oes de bet˜ao, em que o el´etrodo ´e agrupado `a constru¸c˜ao, fazendo parte das funda¸c˜oes da infraestrutura em causa.
2.2.2 Propriedades do solo:
A propriedade do solo de primordial importˆancia no dimensionamento do sistema de terra ´e a resistividade, dada por:
ρ = RA
l (3)
No entanto, h´a que notar que, no seu estado natural, o solo ´e um mau condutor el´etrico, tanto pior se o solo se encontrar seco ou gelado. No entanto, as caracter´ısticas posteriormente indicadas exercem influˆencia no seu comportamento:
• Tipo de solo; • Humidade; • Concentra¸c˜ao de sais; • Temperatura; • Granulometria; • Estratifica¸c˜ao.
Para que seja poss´ıvel entender melhor a varia¸c˜ao da resistividade com estas caracter´ısticas, vem que:
Tabela 1: Varia¸c˜ao da resistividade do solo com a sua constitui¸c˜ao geol´ogica Tipo de Solo Resistividade (Ωm)
Solos ar´aveis 50-500 Argila 300-5000
Areia 1000-8000 Calc´ario 500-5000 Granito e Arenito 100-10000
Basalto 10000-20000
Figura 4: Varia¸c˜ao da resistividade com a) sais b) humidade c)temperatura do solo
Claro est´a que, a resistividade do solo ter´a influˆencia direta na tens˜ao de contacto, j´a indicada anteriormente. Assim, ´e poss´ıvel analisar atrav´es de:
Tabela 2: Varia¸c˜ao da tens˜ao de contacto com a resistividade do solo Resistividade (Ωm) Tens˜ao de Contacto (V)
0 10 50 10,74 100 11,5 200 13 300 14,5 400 16 500 17,5 1000 25 2000 40 3000 55
Para o estudo dos solos recorre-se a diversas an´alises tais como cartas geol´ogicas, perfura¸c˜oes, diagramas s´ısmicos e mapas de resistividade.
2.2.3 Condutores de Terra
Em altas tens˜oes, ´e comum que os cabos apresentem ba´ınhas met´alicas ou armaduras em volta do condutor. Durante a ocorrˆencia de defeitos, s˜ao este tipo de cabos que ficam respons´aveis por deixar fluir as correntes de defeito at´e `a terra. O condutor de terra dever´a ser um cabo isolado para n˜ao ser afectado pela corros˜ao ou outro tipo de desagaste que pode comprometer a seguran¸ca do sistema.
2.2.4 Sistemas de liga¸c˜ao `a terra
O dimensionamento da blindagem exige um tratamento cuidado j´a que, considerando apenas o efeito da blindagem, este efeito pode ter consequˆencias que afectam o funcionamento do sis-tema el´etrico e podem contribuir para o aumento das perdas por efeito Joule. Existem v´arios tipos de liga¸c˜ao `a terra, mas, independentemente do sistema a adoptar, cujas diferen¸cas ser˜ao posteriormente explanadas, estes sistemas devem ser capazes de garantir:
• A condu¸c˜ao `a terra das correntes capacitivas, mantendo as blindagens a um potencial seme-lhante ao da terra, em regime normal;
• A condu¸c˜ao das correntes de fuga n˜ao devem ser comprometidas aquando da ocorrˆencia de um curto-circuito;
• A integridade da rigidez do isolamento entre a blindagem e a terra no caso de ocorrˆencia de sobretens˜oes.
Sistema de liga¸c˜ao r´ıgida `a terra
Nos sistemas de liga¸c˜ao r´ıgida `a terra ´e realizada uma liga¸c˜ao direta entre as trˆes fases e a terra para que seja, o mais poss´ıvel, uniformizar o potencial do sistema com a terra.
Figura 5: Esquema representativo das liga¸c˜oes r´ıgidas `a terra
Note-se que n˜ao ´e adoptada nenhuma configura¸c˜ao espec´ıfica para evitar a passagem das cor-rentes pela blindagem, que ao n˜ao serem controladas, ir˜ao contribuir para o incremento das perdas Joule. ´E prudente proceder `a liga¸c˜ao das blindagens entre si e `as terras numa distˆancia de, apro-ximadamente, 2 quil´ometros caso os n´ıveis de tens˜ao em uso se aproximem dos limites de tens˜ao de rotura da ba´ınha.
Sistema de liga¸c˜ao especial `a terra
Estes sistemas s˜ao caracterizados pela circula¸c˜ao permanente de corrente pela blindagem, em regime normal de funcionamento. Para evitar as elevadas perdas, opta-se por se proceder `a liga¸c˜ao das blindagens, promovendo a forma¸c˜ao de circuitos fechados. Isto promove a pr´atica do aumento da dist˜ancia entre fases para diminui¸c˜ao de perdas e diminui a absor¸c˜ao das correntes capacitivas na linha, por meio da diminui¸c˜ao da sec¸c˜ao do condutor.
Sistema de liga¸c˜ao `a terra resistivo
O neutro e a terra s˜ao conectados atrav´es de uma resitˆencia. Em sistemas acima dos 11 kV ´
e utilizada uma LER - Liquid Earthing Resistor. O valor da resistˆencia ´e arbitrado mediante a magnitude das correntes de fuga.
Sistema de liga¸c˜ao `a terra com reatˆancias
Atrav´es deste m´etodo, utiliza-se uma reatˆancia entre o neutro e a terra. H´a apenas uma condi¸c˜ao que deve ser verificada neste tipo de liga¸c˜ao: ´e recomendado que a corrente de defeito n˜ao deva ser reduzida a menos de 60 % da tens˜ao nominal de forma a evitar a ocorrˆencia de sobretens˜oes dinˆamicas.
Sistema de liga¸c˜ao `a terra ressonante
Utiliza-se uma reatˆancia entre o neutro e a terra de forma a compensar a fase de da corrente capacitiva. Este m´etodo tem duas grandes vantagens: durante a ocorrˆencia de um defeito fase-terra, a prolifera¸c˜ao de um arco el´etrico ´e suprimida automaticamente sem que haja interrup¸c˜ao da corrente; para al´em disso, ´e poss´ıvel que a rede continue a operar, apesar da ocorrˆencia do defeito, na medida em que a capacidade da corrente de defeito `a terra ´e compensada. No entanto, este tipo de sistema, pode comprometer o funcionamento das fases ”saud´aveis”bem como tornar a localiza¸c˜ao do defeito mais dif´ıcil.
3
Frequˆ
encia de alimenta¸
c˜
ao ideal para liga¸
c˜
oes `
a terra
Antes de mais, para que possa ser determinada e definida uma frequˆencia de alimenta¸c˜ao, ´e necess´ario estudar um conjunto de aspectos:
• a medi¸c˜ao da resistˆencia de terra e a formula¸c˜ao do modelo de terra; • c´alculo da impedˆancia de terra;
• c´alculo das correntes de defeito para v´arios locais;
3.1
Impedˆ
ancia de Terra:
3.1.1 C´alculo da resistˆencia de terra no el´etrodo terra:
A resistˆencia de um el´etrodo hemisf´erico de raio r, num solo com resistividade ρ ´e dada por:
R = ρ
2πr (4)
A resistˆencia de terra varia de tal modo que quando maior e mais complexo for o sistema, menor dever´a ser o seu valor. A n˜ao ser que o sistema de terra seja muito extenso ou se situe num solo com uma resistividade muito baixa, a impedˆancia de s´erie dos condutores de terra ´e consideravelmente mais baixa que a resistˆencia de terra.
3.1.2 Impedˆancia de cadeia para sistemas terra em apoios:
O dimensionamento da impedˆancia de cadeia depende do tamanho e do tipo do fio-terra, do tamanho e formato da base do apoio e, finalmente, da natureza do solo em volta do apoio e aonde ser´a feita a conex˜ao. Para que sejam percet´ıveis as diferen¸cas advindas da altera¸c˜ao de um destes parˆametros em rela¸c˜ao `a resistˆencia de cadeia, repare-se na varia¸c˜ao da mesma, para solos com diferentes resistividades e para diferentes valores de resistˆencia do apoio, `a frequˆencia industrial (50 Hz).
Figura 7: Varia¸c˜ao da impedˆancia de cadeia com a resistˆencia do apoio (50 Hz)
Note-se que, este parˆametro tamb´em apresenta varia¸c˜oes significativas caso estejamos a falar de HVAC ou HVDC (High Voltage AC ou High Voltage DC ).
Figura 8: Varia¸c˜ao da impedˆancia de cadeia para AC e DC (50 Hz)
Deste modo, pode-se concluir que este ´e mais um dos fatores que poder´a contribuir para um amplo crescimento do transporte de energia, em DC.
3.1.3 Impedˆancia de terra para sistemas com cabos protegidos com ba´ınha
No que diz respeito a redes de distribui¸c˜ao urbana, que apresentam valores de alta tens˜ao baixos, ´e comum recorrer-se ao uso de cabos com ba´ınhas. Este tipo de cabo assume a primoridal fun¸c˜ao de ligar as terras das subesta¸c˜oes, permitindo, deste modo, a cria¸c˜ao de um extenso sistema de aterramento. Assim, deste modo, surge uma quest˜ao que deve ser avaliada, resultante da
extens˜ao que o cabo ter´a de percorrer e o seu consequente efeito na magnitude da impedˆancia de terra.
Figura 9: Varia¸c˜ao da impedˆancia de terra com o comprimento do cabo
Nota apenas para o facto de cabos com ba´ınhas em pl´asticos se exceptuarem a este comporta-mento.
3.2
Intera¸
c˜
ao entre correntes de defeito e sistemas de terra
A principal importˆancia da determina¸c˜ao das correntes de defeito diz respeito ao dimensiona-mento dos dispositivos de prote¸c˜ao. No entanto, o c´alculo destas correntes ´e tamb´em necess´ario para se determinar a quantidade de eletr˜oes que flui para a terra, no caso de ocorrˆencia de um defeito e para determinar qual a eleva¸c˜ao de potencial provocada pelo mesmo. A determina¸c˜ao da corrente de defeito ´e feita tendo em conta a sua componente sim´etrica e a sua componente assim´etrica, determinadas atrav´es de equa¸c˜oes respeitantes aos regimes estacion´arios. No entanto, as aproxima¸c˜oes consideradas nestas equa¸c˜oes introduzem erros de elevada magnitude, pelo que devem ser efetuadas corre¸c˜oes.
Quando um defeito `a terra ocorre numa subesta¸c˜ao, a corrente regressa atrav´es da terra, pelo caminho de menor impedˆancia e entra na rede de terras ligada ao neutro. Caso o sistema de terras estivesse conectado `a subesta¸c˜ao, passaria a estabelecer-se outro caminho de retorno para a corrente de defeito, tal como ´e indicado na figura seguinte.
Figura 10: Circuito representativo do caminho da corrente de defeito
Assim, Igr ´e dada por:
Igr = If
zc− zmp,c
zc+ ((ZeA+ ZeB)/lAB)
(5)
Assim, pode-se concluir que, quando estamos perante circuitos de pequenas dimens˜oes, a mag-nitude da corrente que regressa pela terra ´e altamente influenciada pelos valores de impedˆancia da subesta¸c˜ao. Por outro lado, quando estamos perante linhas a´ereas, cuja extens˜ao ´e elevada, a magnitude das impedˆancias de terra das subesta¸c˜oes s˜ao suficientemente baixas, em compara¸c˜ao com as impedˆancias longitudinais, de forma a que n˜ao s˜ao criadas interferˆencias na corrente de distribui¸c˜ao.
4
Liga¸
c˜
oes de Terra em Instala¸
c˜
oes Especiais
4.1
Subesta¸
c˜
oes isoladas a g´
as - GIS substations
As subesta¸c˜oes isoladas a g´as s˜ao caracterizadas pela pequena ´area que ocupam e pelos elevados transit´orios que sofrem em opera¸c˜oes de reconfigura¸c˜ao. Assim, ao contr´ario do que j´a foi indicado, que para dimensionamento ´e comum utilizarem-se equa¸c˜oes respeitantes ao estudo dos regimes estacion´arios, aqui torna-se vital avaliar os comportamentos transit´orios para dimensionamento das terras.
4.2
Sistemas de terra para vias f´
erreas
Devido aos n´ıveis de tens˜ao espec´ıficos que existem nas linhas f´erreas, alimenta¸c˜ao AC que varia entre os 25 kV e os 132 kV, as subesta¸c˜oes implantadas perto destes sistemas podem cau-sar problemas de interferˆencia que podem alterar todo o comportamento do sistema no caso de ocorrˆencia de defeitos.
4.3
Torres de telecomunica¸
c˜
oes
De um prisma econ´omico, a pr´atica de utilizar apoios destinados ao transporte e distribui¸c˜ao de energia para implanta¸c˜ao de transmissores de telecomunica¸c˜oes tornou-se crescente. Deste modo,
´
e poss´ıvel que ocorram situa¸c˜oes em que o transporte de energia apresente n´ıveis de tens˜ao muito mais elevados do que os utilizados nas telecomunica¸c˜oes o que, pela mesma base cient´ıfica, descrita para as linhas f´erras, pode resultar na adultera¸c˜ao do dimensionamento das correntes de defeito.
4.4
Centrais e´
olicas
Devido ao facto de existir mais abundˆancia de recurso natural (vento) em locais com ele-vadas altitudes, existe uma rela¸c˜ao direta com a resistividade dos solos nestes mesmos locais. Para al´em do mais, os subesta¸c˜oes respons´aveis pela inje¸c˜ao de e´olica na rede s˜ao, por quest˜oes t´ecnico-econ´omicas, bastante compactas e a sua resistˆencia de terra pode n˜ao ser t˜ao baixa como o desej´avel, impedindo que as correntes de defeito fluam para a terra.
5
Liga¸
c˜
oes Port´
ateis `
a Terra
O uso de liga¸c˜oes `a terra port´ateis assume um especial interesse no que diz respeito aos trabalhos em tens˜ao, que s˜ao, cada vez mais, uma ferramenta important´ıssima no que concerne `a garantia de fiabilidade do sistema e `a minimiza¸c˜ao das interrup¸c˜oes sofridas pelo mesmo. Deste modo, `a semelhan¸ca dos sistemas de terra convencionais, este sistema visa criar um caminho para a fluˆencia das correntes de fuga, diretamente `a terra e pode ser aplicado a linhas, cabos ou subsesta¸c˜oes, providenciando trabalhos nestes locais, de forma segura.
6
Conclus˜
ao
Dentro da ´area de electrotecnia, mais concretamente no que diz respeito ao dimensionamento de sistemas el´etricos, o estudo dos sistemas de terra continuar´a a ser vital, na medida em que tˆem, obrigatoriamente, de serem implementados com ˆexito j´a que, o seu mau dimensionamento traz adjacentes in´umeros problemas, quer de seguran¸ca para os cidad˜aos e t´ecnicos, quer para a integridade do sistema.
Ap´os a elabora¸c˜ao deste trabalho, foi poss´ıvel concluir que o dimensionamento de um sistema de terra engloba v´arias fun¸c˜oes complexas que variam consoante in´umeros crit´erios, desde do local onde ´e feita a instala¸c˜ao at´e ao tipo de instala¸c˜ao que est´a a ser projetada. Para al´em do mais, continuam a ser desenvolvidos trabalhos experimentais que visam a melhoria e o aumento de efic´acia destes sistemas e tentam colmatar todas as falhas que ainda existem.
Apesar do limite imposto `a complexidade desta monografia, o tema em quest˜ao apresenta muito mais quest˜oes que poderiam ser aprofundadas, sobretudo no que concerne ao atual desenvolvimento destes sistemas.
7
Bibliografia
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• Beltz, R. and Peacock, I and Vilcheck, W - Application Considerations for High Resistance Ground Retrofits in Pulp and Paper Mills
• Seal, M.D - Resistance Grounding System Basics
• General Cable - Liga¸c˜oes `a Terra em Circuitos de Alta Tens˜ao
• Beltani, J.M - Medi¸c˜ao de Malha de Terra em Subesta¸c˜oes Energizadas • IEEE - Guide for Safety in AC Substation Grounding
• TransGrid - Portable Earthing of High Voltage Conductors
• Oliveira, D.X.P - Importˆancia das Condi¸c˜oes de Seguran¸ca nos Trabalhos em Tens˜ao • Prasad, D. and Sharma, H.C - Designing and Earthing and Bonding System for High Voltage
Substations