THESE
DIPARA
O
DOUTORADO
EM MEDICINA
PARA
SER
SUSTENTADA
EM NOVEMBRO
DE
1871
NA
POR
FILHO LEGITIMO
DE
JoséIgnacioPraxedes de Medeiros e D. Egídia Virgínia Jesus de Medeiros
NASCIDO
EM
CACHOEIRA RAIIIAL'idée morale des temps modernes, c'est
1'amourdu genre humain. Labienveillanrr universelle, qui est 1'esprit de 1'EvaBgile,
embrasselhuniauilé tout entière.
Aimê—Martin.
Disciplina mediei eialtabitcapntillius, el
iaconspectumajjnatorumcollaudabitur. Eccli. XXXVIU-3.
TYPOGRAPHIA
DE
J.
G.
TOURINHO
FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
DIRECTOR
O Ex.rao Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães.
ossns.doutorhs l.'ANNO.
matksias que leccionam
fions.Vicente Ferreirade Magalhães. í Physica emgeral, eparticularmenteem suas „„„„„,„ _ . , . „„ (. applicaçorsaMedicina.
I-rnnwscoRodrigues daSilva Chiinica eMineralogia.
AdrianoAlves deLimaGordilho . . . Anatomiadescriptiva.
2.'ANISO.
Antoniode Cerqueira Pinto Chimlcaorgânica.
JeronymoSodré Pereira
....
. PhysiologiaAntonio Mariano doBomfim BotânicaeZoologia.
AdrianoAlves deLimaGordilho. . . . Repetiçãode Anatomiadcfcrlptiv».
5.*ANNO.
Ç2nÍ"
1
E1
ÀasJo.s6Pcdroza Anatomiageral epalhologlea.
José de GoesSequein Palhologiageral.
JeronymoSodré Pereira Physiologia.
4.* ANNO.
Cons.ManoelLadisláoAranha Dantas . Palhologia externa.
DemétrioCyriaco lourinho Palhologia Internai
Conselheiro Mathias MoreiraSampaio} Part°Simoléstiasde mulherespejadase demenino»
( rcccinnascidos.
8.»ANNO.
Demetrlo;CyriacoTourinho Continuação de Palhologia
interna.
JoséAntonio deFreitas
|
Anatomia^topographtea, Medicinaoperatória,<? Luiz Alvares dos Santos Ma*eEed°lca,
etherapeutica.
6.*ANNO,
RozendoAprígio PereiraGuimarães. . Pharmacia
Salustiano FerreiraSouto Medicinaleeal
DomingosRodrigues Seixas Uygiene,e Historia
da Medicina. JosèAíTonsode Moura Clinicaextorm<in•»•»i.
AntonioJanuário de Faria.
.
.1
ISSJSgíSS
áo!>!£
££
Ignacio;Joséda Cunha! .*
[ '. * */
PedroRibeirodeAraujo JSeecãoAn^seopi»
José Ignacio de Barros Pimentel! .
A
C ACLessoria. VirgilioClymaco Damazio . . . .
J
Augusto Gonçalves'Martins' '. '. '. "j
DomingosCarlosdaSilva. . . .( Secção Clrni-ni™
AntonioPaciíicoPereira
...
iÇ ururglea,
RamiroAITonso Monteiro.' .* ." .'
[\ «eccão MoíU/.»
EgasCa.losMuni/.Sodré deAragão . X
Ç Medica,
ClaudemiroAugusto deMoraesoaldas
O
Sr.Dr.Cincinnato Pintoda
Sllra.O
Sr. I>r.Thomas
d'Aquino Gaspar.
A'SAUDOSAMEMORIA
DE
mm
je:
u
te*
jc
mjm
Pourquoi doncfites-vous1'espérance immortelle, Seigneur, pnisque sans cesseelle doitnousmentir?
Etpourquoi faireainsi la douleur éternelle,
Si yous Toulei queThoiume ait letemps de bénir? Henry Murger.
Á
MEMORIA
DK
MEUS
1N1VOCEKTES
IRMÃOS
Quando o infinito se abre, não ha
encerra-mento maisformidável!...
V. Hugo.
Á MEMORIA
DEMEUS
AVÓS
A dor maistremendadoespirito quebrantam-nae entorpecem-na as lagrjmas.
Meu Deus, meu Deus!—Bemdictosejao teu
nome, porque nos déste ochorar.
Á
MEUS
BONS PAES
& MINHA
CARÁ.
irma
Á
MINHA.
MADRINHA
AO
DR.MANDEL
GOMES
DE
ARGOLLO FERRÃO
AO EMINENTE ORADOR SAGRADO
qR^uw,
Çrcoòxe<
dtu6wj
^etáutílixivo tPmxcoPedro
Borges
JLeitãoAO TENENTE
JOSÉ
MATHIAS
DA SILVA
GUIMARÃES
EÁSUA VIRTUOSA CONSORTE
aExma.Sra.
2). Caitòida 0íoòa Coitei (yuituaúuò
AO
CAPITÃO
JOÃO
CASIMIRO
BARBOZA
eá sua excellentissima família
A
MEU
COMPADRE
CAPITÃO
MARCELLINO
FRAGA
SAMPAIO
E .V SUAEXM.aSR.8
D.
MARIA CONSTANÇA GUIMARÃES SAMPAIO
AOS
ILLM.
SRS.
Henrique Praguer Pharm. Galdino Fernandes da Silva
AOS ILLUSTRISSIMOS SENHORES
CapitãoManuelBaptistaLeone Br. Francisco BaptistadeMoura Leone
Br. Paulo TheolomoMarques Capitão Manuel Francisco de 5. Paraíso
EASUAS EXÇELLEMTIS3IMASFAMÍLIAS
AO
ILLM.
SR.
JOÃO
MENDES
DE
QUEIROZ
E
Á
SUA
EXCELLENTISSIMA FAMÍLIA
Jboò (
Jx.è. Catiòufo Quetiuo £Baôtod e Jbmaiu-io Jb&eA Ofiot-itaJbie<)o eás suas excellentissimasfamilias
AOS JOVENS ACADÉMICOS
EUDÓXIO AURELIANO DE OLIVEIRA DURVAL MENDES DE QUEIROZ
MANUEL
BERNARDINO DA COSTA RODRIGUESAos Srs. Drs. Octaviano Cotrim e Francisco de Paula B. Azevedo Macedi
AOS ILLUSTRISSIMOS SENHORES
TenenteManuelXavier deMiranda CapitãoJosé Antonio deSouza Lopes
Capitão Beltrão José de Magalhães
eás suasEtnias. Familias
AO EXM. SR COMMEXDADOR
E
O
A
S
JOSÉ
GUEDES
e à sua Exma.Fatnilia
AO DR, DEMÉTRIO H.WUEL D\ SILVA
AOS SENHORES DOUTORES
ANTOMOJOSÉ DE SOUZA GOUVEIA CVRO DA SILVEIRA CASTOS VARELLA
eàssuas excellenlissimas famílias
AOS ILLUSTRISSIMOS SENHORES
Coronel José Pinto daSilva José Candido de Sonza
Joaquimde MattosTelles deMenezes Capitão ManuelMoreira de Carvalho e Silva
Dr.SebastiãoPintodeCarvalho Professor José Peixoto da Silva
JoséJoaquimde SanfAnna FidélisdeOliveira e Silva
m mm
sã»
whkd
mim
m
mvm
E a' sua exma. senhora
D. Cândida Firmina de Castilho Silva
ÁS EXCELLENTISSIMAS SENHORAS
»D.JWeftua GatoPuia 3a íltfva ífautode £D. ££eopo£3lua 3e JlWaaf&ãeo Ahcue-.e*
e ás suas excellentissimas famílias
—
—
>tm
>k
ILLJSTRADA C01IGREGAÇÍ0
DA FACULDADE DA
BAHIA
Á
TODOS
OS
COLLEGAS
DOUTORANDOS
EPARTICULARMENTE AOSSRS.DOUTORES Çafòiiio
C
DeJKba^afêãei^
3,%
dveeJ^f^
}oa<|ui.HCatDoíoDeMdCo£R«i* (°0MU3< gf
eMÃ)
dbdtigoJb. SatíoxaDeÔftveita S«*ftae* Jb. &Uei*a3a Sloeêa
íBetuatDo Ç.CinelloDa Coita$<U JbatouioJb.&tta
^taucitto ftoDtiaiiwÇvHiuatãeâ
^
«J)ia* Dê Jb. £tet
SECÇÃO
CIRÚRGICA
DISSERTAÇÃO
PROLAPSO DO
ÚTERO DURANTE
O
PARTO
E SUAS INDICAÇÕES
3
Synonymia.
Descida; relaxação; depressão
$abai-xamento;
queda; deslocação
vertical
para
baiano;
precipitação;
hystéroptose
:
procidencia;
prolapso
do
útero.
IIestbien évident qiTun organe suspendu dans
unecavilé spacieuse, au raojcndc ligaments, qui sontsusceptiblesdeceder, será sansaucune douto deplaec par des causes rclativement bien faibles.
I)r. Ch. West. Leçons surlesmaladifs
dcs femmcs.
Definição.—
Prolapso do útero é o accidente no qual se aíTasta esleórgão de sua situação natural, descendo verticalmente atéapparecer mais ou
menos
na vulva, oudemodo
á pender inteirodas partes genilaes.Ordinária resultancia dc causas que crescem o peso do útero ou
veem
en-tibiar as forças de seus ligamentos e sustentadores
—
este terrível accidenteacha logar e ensejo no estado de vacuidade,
como
na plenitude da prenhez, durante o trabalho do parto,como
ainda depois delle.Divisão
e
Denominação*—
Conforme
desenvolvimento maior ou menor,offereceahystéroptosetresgráosdistinctosdeexistência, cuja manifesta-çãodenunciãosempre symptomas
próprios, signaesexclusivos, peculiares. Ac-ceitae quasigeralmenteprofessadaesta divisão,temsido asuadenominação va-riadíssima e talvez caprichosa entre os auctores. Scanzoni e Joulinchamão
—
abaixamento ao 1.° gráo; queda incompleta ao 2.°; completa ao
3
o.
Mme.
Boivin, A. Dugés,
Aug.
Nonat
dizem—
abaixamento, prolapso incipiente;descida propriamente dita, semi-prolapso; queda, precipitação, prolapso
com-pleto. Relaxação; descida; queda é a denominação de Nauche, Capuron,Lis-franc etc.
Kulm
chama—
delapsus ao 2.° gráo. Colombat de 1'Isère, Nácgelé, Hyernaux, Jacquimier,Manning
e Churchilldenominão
prolapso incompleto ao 1.° e 2.° gráos; completo ao 3.° Cazeaux os acompanha,, só divergindoem
considerar abaixamento physiologico os primeiros desvios do órgão jáem
via de deslocação.
M.
Moreau, citadoporManoury
eSalmon
cujas ideias são sobre este ponto asmesmas, chama
—
relaxação; abaixamento; prolapso. Lit-tré e Robin admittem3
gráos principaes, ditos, prolapso incipiente, abaixa-mento, semi-prolapso, queda ou descida; prolapso completo ou precipitação.Dennan,
citado por Churchill,chama
depressão, procedência incipiente; proci-dencia; prolapso. Davis,Burns.Ramsbotham:,também
citados pelo sábio profes-sor doDouhlin, dizem—
abaixamento; prolapso; procidencia.Sabatier e Aslrucchamão
relaxação; queda, descida, semi-prolapso; precipitação, prolapso. As-truc observa que sendo o l.°gráo bastantecommum
nas mulheresmultípa-ras, c vindo (juasi sempre
sem
incommodo
notável, pode ser consideradoco-mo
um
estado ordinário.Quer Desormeaux
que só dois gráos devão ser ad-mittidos:—
oIo, no qual o útero nãotem
ainda transposto oestreito inferior,chamar-se-ha relaxação ou qnedaincompleta; o
2
o, no qual o órgão estáto-talmente fóra da bacia, será precipitação ou queda completa. Chelius
tem
amesma
divisão denominada somente queda.Ha
para Blalin dois gráosprin-cipaes; prolapso incompleto ou completo, subdivididos
em
dois outros cadaum
delles, e simplesmentechamados
i.° e 2°.O
Dr. A. Elleaume dá3
grs:abaixamento; descida; queda ou prolapso completo.
O
Dr. Courtydenomina
de igual
modo
os dois primeiros,chamando
ao ultimo precipitação.Becque-rel e Ch.
West
dizemcom
muita precisão—
I
o
, 2" e
3
ográos simplesmente.
Para oillustre examinador na Universidade de Londres, o I
o
gráo consiste
em
abaixamento maisou
menos
considerável,mas
conservando o órgãoa direcção que lhe é própria, e correspondendo o seu eixo ao do estreito superior, ainda quandoa descida tenha sido tanta que venha o collo repousar no pavimento da vagina;no2°o
fundodo úterovolta-se para traze o seuorifícioparaadiante,de tal sorteque o seu grande eixo corresponde ao do estreito infirior; no
3
o fica oórgão mais oumenos
fóra da cavidade pelviana e pende da vulva.Necropsia
e
anatomia
patliolocjica.
—
Denunciasempre
aau-topsia diversas alteraçõesanatómicas do útero e seus annexos.
A
simplesins-pecção mostra entre os lábios da vulva
um
tumor
vermelho—
azulado, mais oumenos
facilmente rcductivel, apresentando, na forma defenda transversal,um
orifícioem
sua parte inferior:—se falta este tumor, é aceusada então aos lábios da vulva, e pela possibilidade de serem vistas túmidas e lívidas as
paredes da vagina. Doisfactos se revelão muito salientes, na abertura do
ab-dómen;—
a profundeza extraordinária da cavidade pelviana, resultante dades-cida do órgão, dos ligamentose das dobras de Douglas,
e—
ordinariamente atensão exagerada de alguns ou de todos os ligamentos. Por isso que
sempre
dá lugar
uma
queda completa á perturbações circulatórias notáveis no úteroc seus annexos, a necropsia fará reconhecer a hyperemia destas parles pela dilatação das veias cheias de sangue, e muitas vezes pela cor livida ou
cinzen-to
—
ardósia de alguns ou de todos os órgãosda bacia. Essa lensão exagerada dos ligamentos cessa immediatamente que se procura reduzir o útero:—
unia grande mobilidade revcla-se então, permittindo levantar o órgão 3 á (icentímetros além de sua posição normal. Esta mobilidade só desapparece quando,
em
consequência da hyperemia continuae da exsudação quedeliare-sulta, se teem formado adherencias
membranosas
que relcm o órgãoem
uma
posição fixa. As dobras e sulcos da mucosa vaginal desappareeem completa-mente; a superfície da vagina ílca lisa, muitas vezes livida, e, se o prolapso
tem
subsistido muitotempo
em
alto grão, torna se ella muito deseceada, co-berta deuma
camada
espessa deum
epithelio pavimentoso que dá a mucosa oaspectode epiderme.
A
porção vaginal, ordinariamente hypertrophiada,cm
muitoscasos endurecida,
mas
algumas vezestambém
muito túmida eamolleci-da, apresenta
uma
coloração vemelho—
azulada ou cinzento-ardosia; ficapri-vadado seu epithelio
em
roda do orifício e coberta de erosões e ulcerações mais oumenos
profundas.Muitas vezes, depois de longa duração da moléstia, produz se
uma
verda-deira inversão do collo;
—
oorifício começa por dilatar-se sensivelmente; seus bordos f.irmãoum
circulo de8
ák
centímetros de diâmetro, atravez doqualo collo é revirado, de maneira que a sua
mucosa
coberta da secreção vítreaque lhe é particular dá logar á formação de
um
anel vermelho—
azulado ao redor dooriíieio que conduz na cavidade da madre. Yè-se pela abertura desteórgão a hyperlrophia de seu parenchyma; e
um
exame
altento mostra asmesmas
alterações pathologicas do engorgilamento chronico.A
própriacavi-dade é
sempre
bastanlemente augmentada, sobre-tudo na direcçãolongitudi-nal; e asua
mucosa
apresenta todosos caracteres do calharrochronico.A
be-viga e o rectum são os órgãos da visinhança que mais disformes ficão, e que mais se deslocão.
As
perturbações circulatórias se estendem largamente áhy-persecreção da mucosa; e não é raro observar-se
também
a dilataçãovari-quosa das veias hemorrhoidaes. (Scanzoni).
Etiologia.—
O
Dr. A. Elleaume acordecom
os melhores práticos ees-pecialistas mais notáveis, faz depender a producção do prolapso, da acção de
influencias diversas, classificadas
em
6 grupos,com
adenominação
seguinte:í.° influenciasanatómicas; 2.°physiologicas; 3.°pathologicas; 4.°hyrjienicas;
5.° violências directas; 6.° indirectas.
Pertencem ao Io grupo
—
a mobilidade considerável e natural do útero, a largura dabaciaou da vagina, a curteza congénita da ultima,a fraqueza nativa dos ligamentos: ao2.° ligão-se asmodificações funecionaes produzidas pela idadechamada
—
períodomenstrual ou genital, a fraqueza muscular, o
temperamento
lymphatico. a constituição fraca, os prazeres do
amor
levados ao excesso, aprenhez,ofunecionalismoexagedodoestado puerperal;asdores muitoviolentas
do parto: são do 3.°arelaxação dos ligamentos, a lassidez da vagina, dos ór-gãos genitaes externos, do perinêo, os polypos, os tumores fibrosos e outros desenvolvidos no útero, o engorgitamento deste órgão,os tumorese as
hydro-pesias dosovários, o phlegmão peri-uterino, os tumores existentes nobaixo-ventre, as rupturasdoperinêo, da vagina: ha para o 4.° a stação
em
pé por muitotempo
prolongada e muitas vezes repetida, as oceupações reassumidas logo depois doparto, os trabalhos hahituaes penosos, ascaminhadas forçadas, os excessos, ele: no 5.° estão asmanobras
imprudentes para a extracção doféto, da placentaoude corpos estranhos, a applicação do fórceps, a assistência
desarrasoada de ignorantes intrusos, a pressão exercida sobre a
madre
pelas vísceras abdominaes nas mulheres muito gordas: ao6.°finalmenteprendem-se
os esforços para levantar pesos, ossolavancos porandarem
carro ou ácavallo, as quedas sobre os pés, sobreo assento, as pressõeslargas e violentas sobre oabdómen,
as pancadas sobre esta parte, os vómitos excessivos, os accessosfortes e repetidos de tosse, a constipação, os esforços da defecação, etc.
Pensa Hecquerel que soba relação etiológica, o abaixamento do útero
acha-se
em
duas condiçõesbem
differentes.—-«É
abaixamento primitivo ouidiopa-thico, ou consecutivo ou symptomatico. E' o resultado de moléstias outras do
útero, ou se produz espontaneamente, d'emblée.
Semeiótica.—
Dependentesem
parte dasmudanças
de relação dos dif-ferentes órgãos pelvianos e da posição do próprio útero,em
parle da pertur-bação directa das funeções uterinas, eem
partetambém
das sympathiasque
tendo seu ponto de partida nos soffrimentosdoúterorepercutem sobre órgãos mais ou
menos remotos,—
ossymptomas
do prolapso, diz o Dr. Ch.Whest,
não
estãoem
relação constantecom
a gravidade e o gráo dedeslocação.Em
regra geral, continua elle, a doente soííre mais nos casos rápida e
violenta-mente
desenvolvidos enaquellesque nãosão consecutivos áum
abortoou aum
parto.
A
razão é evidente:—
as crispações dos ligamentose das dobras dope-ritonêo
devem
ser muito mais dolorosas quandoestas partescaem
subitamente,do que quando, depois de amollecidas e relaxadas,
cedem
ao peso do útero, cujos sustentadores são ellas.—
Resulta d'ahi queum
gráo relativamente fracodo prolapso
em uma
nullipara é muitas vezesacompanhado
de soíírimentosmuito maiores que
um
outro gráo da deslocação maisconsiderávelem
mulheres que teem tidofilhos.As
mulheres, faliao illustre medico do Middlesex, designãoa dôr particularque sentem no prolapso pela qualificação expressiva
de—
bearingdown—
es-pécie desensação que fazcrerqueas vísceras dopelvis estão á ponto decahir.A* esta sensação ajunta-se, depois de exercícios moderados,
uma
dôr aguda produsida pela tensãomomentaneamente augmentada
dos ligameutosuterinos:estadôrmuito
incommoda
obrigaa doenteádeitar-se, inclinar-separa adiante,afimde diminuir a pressão que se exerce de cima para baixo sobre o útero.
A
defecaçãoéextremamente
penosa muitas vezes.Quando
o órgão tem des-cido muito, demodo
á repousar habitualmente no pavimento da vagina,liga-se frequentemente
com
adôr—
uma
necessidade de esvasiar o rectum,uma
espécie de tenesmo que traz grande indisposição.A
estesincommodos
ajunta-se quasi sempre,em
maiorou menor
gráo, a dôr nos rins que se ma-nifesta quasi constantementeem
todas as moléstiasdo útero.Em
muitoscasosha
também
uma
grande sensibilidade naregião hypogastrica; dôr que não seexaspera por pressões moderadas,
mas
ao contrario diminue por brandas fric-ções na partedorida:—
esta dôr abdominal é mais especial ao prolapso qne adôr lombar.
Uma
outra sensação muito dolorosa, quesobrevêm
logo nas pri-meirasphases dahystéroptose e antesqueexista qualquermudança
naposiçãoda bexiga, é
uma
necessidade frequente de urinar, aqual é adoente obrigada a satisfazer de meiaem
meiahora,sem
conseguir allivio.Nas
virgens a pressão do collo sobre ahymen
dá lugar á dôres vivíssimas.Todasestasdôres desapparecem inteiramente ou
diminuem
muito, pelomenos,quando
a doente se deita.Em
consequência da deslocação torna-se o órgãoséde de
uma
irritação frequente que produzsempre
escorrimentos leucor-rheicos e fluxos menstruaes mais abundantes, mais prolongados e frequentesque
no estado de saúde.A
circulação deretorno se eííectuacom
difficuldade—
8
—
tempos por perdas sanguíneas mais ou
menos
profusas.Tende
áaugmentar
de volumeo órgão congestionado c irritado; e mais amplo, mais pesado, tor-na-se cada vez
menos
apto á voltar á sua posição natural.Às
desordens da saúdegeral que se manifestão, nada teemem
si decaracte-rísticas:
—
consistem nesse todo desymptomas
queacompanhão
um
grandenu-mero
de moléstias do útero,A
dyspepsiatem
um
logar notávelem
taes des-ordens, por causa da sympathia especialdo úterocom
o estômago.A
consti-pação existe quasi sempre.
No
3" gráo, estamudança
completa de posição do órgão arrastamudanças
consideráveis nossymptomas. Muitas vezes effectivamente observa-se
uma
re-missão notável da dôr:—
parece embotar-se muito a sensibilidade da madre.As
injurias, os choques que não supportaraem
suasituação normal, são agorade pouco eííeitopara ella.
Os
outros órgãos pelvianos, affastadosprofundamente desuas posições naturaes,produzem
diversasperturbações intensas que tornão miserávela existência das infelizes doentes. Manifesta-se ás vezesuma
peri-lonite que pode passar ao estado chronico.
O
órgãoem
procidenciaé ainda origem de muitose novos soíírimentos.As
ulceras e erosões se formão larga-mente:oengorgitamenlo chronico, as erysipelas, a gangrena achão então se-gura opportunidade.A
existência do prolapso nãoimpede
a concepção;mas
a prenhez éextre-mamente
penosa e grave. Todos ossymptomas
produsidos habitualmente se aggravão, e o aborto é a consequência frequente deste estado perigosíssimo.Todavia, por excepção raríssima, segue a prenhezo seu curso
sem
obstáculo,máo
gradoao prolapsocom
todas assuas desordens. (Dr. West.)O
Dr. Churchill falia deuma
tossenervosa intensa que se manifesta muitasvezes.
O
Dr. Meigs relata30
observações de sensibilidade nevrálgica de todoo
abdómen:
simulava estanevralgiauma
verdadeira peritonite. Estesacciden-tcs, diz Churchill, cessarão logo queo útero foi redusido.
Diagnostico.—
Negligencia ou ignorânciapodem
só confundir este ac-cidente, cuja manifestação resalta de caracteres peculiares,cunho
exclusivo que soe sempre indicai -o desbastado, certo.O
allongamento hype» írophico docollo, a inversãoda madre, os polyposfi-brosos que parecera simularem o prolapso, se
alguma
vez o conseguirão, foi sóá vista imperita, inepta, á ausência de qualquer exame, ainda o mais
superfi-cial c deleixado.
Irreductivel sempre, o allongamento hypertrophico
vem
denunciar-se
in-specção daspartos.
A
ausência do focinho de tença, o achar os bordos de seuorifíciocercando o pedículo do
tumor
ecom
situação na bacia, asuperfície lisadeste
tumor
e a ausência de qualquer escorrimento, esymptomas
constitu-cionaes
graves—
expõem
a inversão reveladasem
possível semelhançacom
oprolapso. Mosirâo finalmente ospolypos, a consistência mais compacta do
tu-mor, a ausência de
um
orifícioem
sua parte inferior, a possibilidade quasi constante de descobrir esseorifíciomais oumenos
alto nabacia, a falta de des-locação da vagina e a hypertrophia docorpo do útero, patente áspesquizasda palpação abdominal,Hlarcha
e
frequência.—
Geralmente progressivo e lento percorreo prolapso o estádio que lhe é próprio, poucas vezes rápido ou de chofre, che-gando, só por excepção, ao marco extremo. Dependente entretanto de causas innumeras que
surgem
repetidas eem
quasi incessante acção, éfrequentíssima a sua apparição,embora
muitomenos
vezes desenvolvasecom
inteireza.Por
natural e necessária consequência das condições etiológicas a mulher multi-para <: a victima de principal selecção deste accidente, mais poupadaa
nulli-para que
menos
estremeceu aos anceiosdo amor, e,máo
gradoa abstenção? nãoimmune
a virgem que ao contrario mais soffre quando é accommettida.Em
114
doentes tratadas por Scanzoni99
erão mães; somente 15 não tinhãotido filhos.
O
Dr. Alexandre Manro, citadopor Churchill, falia deum
caso deprolapso
em uma
menina
de3
annos.Madame
Boivin e A.Dugés
pensão que a hysléroptose pode ser congénita.Prognostico»—
Sem
a classificação rigorosa de mortal, é todaviauma
moléstia gravee perigosa, e geralmente incurável se chegouao completo des-envolvimento do
3
o gráo. Muitoincommoda
e penosa, ainda nas primeiras phases de existência, se é negligenciada ou inconvenientemente tratada,
augmenta
sempre, cresce perturbadora, estragando funeções de órgãos mais oumenos
remotos, solapandomesmo
completamente a saúde.Complicações.—
E' muitas vezes o prolapso complicado de metrite; eé á esta circumstancia, diz Aug. Nonat, que se deve ligar a leucorrhéa que a
maioria dos auctores
tem
attribuido ádeslocação.O
phlegmão peri-uterino ébastante frequente.
As
ulcerações e erosões, as hemorrhagias, a erysipela, a gangrena acontecem muito, e dão á moléstiaum
caracter arriscadoe grave.O
engorgitamento sóouacompanhado
do allongamenlohypertrophico do collo,é
uma
complicaçãoquese mostraem
não pequenonumero
decasos.Ao mesmo
tempo
que o útero desce de sua posição natural, inclina-se quasi sempre pararara-—
10
—
mente
produzem-se osoutros desvios.A
inversão do collo éum
accidenteque
muitas vezes se
vem
reunir, trazendo maiores embaraços á bystéroptose.A
prenhez é citada pelos práticoscomo
uma
complicação muito frequente.Tem
sido encontrados cálculos vesicaes no diverliculum do reservatório urinário, situadoadiante do útero deslocado. Produzem-se necessariamente a cystocélee a rectocéle, se chega o accidente ao completo desenvolvimento.
Os
tumores
hemorrhoidaes, as hérnias intestinaesem
pontos mais oumenos
remotos são complicações frequentes.Apparecem
quasisempre
aggravando a deslocação—
a congestão, a hypertrophia, a inflammação, o amollccimento, o reviramento ouinversão eas flexõesdo útero. Diversas desordens funecionaes que
podem
attingirum
grão muito elevado, trazendo graves e até funestasconsequências—
sãoem
muitos casos o triste apanágio das victimas infelizes desta affecçâo. (Nonat. Courty, Churchill.)TRATAMENTO
Em
medicina todomclhodo excludvôéde-feituoso: toda anlícipação nas investigações leva oespirito ou ao vago das tlieorias, ou
ao exclusivismo das seitas.
Dr. DemétrioTouriinho
—
Tkesedeconcurso.As
indicações das moléstias do útero, pensa oDr
Courty,provem
doca-racterphlegmasico damoléstia, dacronicidadede sua marcha, dos diversos
ele-mentos que a constituem elhe dão sua phisicnomia, taes
como
a congestão, o engorgitamento,a hypertrophia,os fluxos, a ulceração, a dôr,—
emíim
asdiffe-rentes perturbações devisinhança, arepercussãosympathica damoléstia sobre o sysíemanervoso eo apparelho digestivo, e ascomplicaçõesque
podem
sobrevir.Com
applicaçãoao prolapso, as primeiras indicações quasi geralmenteacon-selhadas são:
—
reducção e contenção.A
primeira fácil e simplestem
sidosempre
praticadacom
osmelho-res resultados, preenchendo assim inteiramente a sua destinação. Difíicil,
complicada, insufficiente
em
seus meios, a segundatem
dado lugar áideias as mais encontradas, á opiniões as mais contradiclorias e
capri-chosas. E' assim que algnns auctores encarecem sobre-maneira o
em-prego dos meios mechanicos, ao passo que outros regeitão-n'os in limine por
—
11—
Dr. Ch.
West
á tal respeito:—
pensa elle que dependendo o necidente decir-cumstancias variadíssimas, o tratamento para serapropriado deve dilTerir
con-forme os casos. E' no tratamento desta deslocação, diz Churchill, que se
re-conhece a importância de
uma
exacta apreciação das causas e do grão damoléstia.
llertucçã».—
E'uma
operação fácilcquasi sempre feliz
em
seos resul-lados:—
algumas vezes pode produzir-se espontaneamente.O
Dr. Courtyaf-firma que na maioria das doentes o decubitus horisontal basta para reduzir o
tumor; a possibilidade do coito e a facilidade da fecundação demonstrão a
verdade desta asserção.
Em
outrasdoentesvem
ajuntar-se ás disposições favo-ráveis da posição horisontal, a acção natural das paredes da vagina que secontrahindo de baixo paracima elevão o útero e fazem-n'o reentrar na bacia.
Scanzoni, certamente
monos
exagerado que o illustrc Professor deMont-pcllier, falia
também
deum
casode reducção espontânea, produzida peloder-ramamento
casual deuma
porção de agua friasobre o órgãoprocidente.Ha
circumstancias queimpedem
a reducção, pensão Churchill, Clarke,A
inflammaçãodaspartes internasdo tumor produzindo adhereneias eexpondoa doente á maiores perigos, certas dores persistentes no tumor, e sobretudo a manifestação concomitante delias e de
symptomas
geraes ordinários deuma
inflammação peritoneal, tacs
como
sede, lingua pastosa, pulso pequeno e rá-pido, tensão e sensibilidade do abdómen, vómitos,—
contra-indição, affirmaChurchill citando Clarke, qualquer tentativa de reducção.
A
applieacão de sangue-sugas, compressas tépidas á principio, frias aode-pois, banhos no assento, fomentações cmollientes e o
emprego
de outrosmeios anti-phlogisticos
conseguem
a maioria das veses destruir a irreducti-bilidade proveniente do engorgitamento e inflamação quepodem
complicar o accidente. (Scanzoni).Si o utero se acha consideravelmente tumefeito, diz Churchill, a reducção jmmediata pode ser muito difficil e até impossível; então será preciso tirar
sangue, dar purgativos, banhos quentes, e fazer sobre o órgão deslocado
fo-mentações quentes. Si estes diversos meios combinados
com
o repouso abso-luto na posição horisontal, falhão,— pode se applicar sobre otumor
algumas sangue-sugas ou praticaruma
ou muitas incisões sobre o próprio tecido doutero. Jalouset, Berchelman eLabalt usarão deste recurso
com
successoli-songeiro. Fica
porem
entendido que é preciso omaior cuidado para não feriro perilonêo. Si o prolapso é antigo e o utero muito volumoso, continua elle,
—
12
—
própria moléstia. Richter relata
um
factoem
apoio desta proposição. Iíamuito poucoscasosde absolutairreductibilidade:
—
quando
acontecem, dãomui-to facilmente accommettiilas á gangrena, e indicão opportunidade então para a ablação do órgão.
Pralica-se para a reducção artificial
uma
espécie de laxis moderada, <jue consiste ern segurarcom
3
ou \ dedos a parte inferior do tumor, e empur-ra-lo na bacialentamente,acompanhando
com
1 ou 2 dedos até que o ór-gão tenhatomado
quasi a sua posição normal, ecom
a cutramão
aííastandoos bordos da vulva para facilidade da operação.
CoiãfeeiçÃo*—
>Certos meios de contenção teem por effeitouma
curapallialiva simplesmente; o fim de outros é a cura radical,
É
o pratico tantomais levado a contentar-se
com
os primeiros, quanto a experiência mais de-monstra todos os dias o risco queacompanha
os segundos, além deserem
insuíficientes para a realisação do fim que se pretende atlingir.Uns
e outros,notavelmente os meias conteDtivos artificiaes,
podem
ser favorecidosem
sua acção pelo tratamento medico (Courty).Tratamento
BaieaSSco.—Os
revulsivos, os resolutivos associados aosreconstituintes, aos tónicos, á hydrotherapia, etc, constituem os principaes agentes deste tratamento.
A
eletricidade e as douches frias, exercem sobre asfibras musculares dos ligamentossuspensores
uma
acçãolocal, cuja associaçãocom
a hydrotherapia geral e os tónicospodem
produzir os melhores effeitos.Ainda quando não se possa ler certeza sobre o gráo de eíficacia deste trata-mento, far-se-ha
bem
tentando-ocom
perseverança, pois que se lhedevem
bellas curas, assevera o Dr.Courty.—
« Vejo ainda, falia o illustre Professor,«
uma
das primeiras doentes que submetti, ha perto de20
annos, áum
« tratamento hydrotherapico de cerca de
G
mezes poruma
queda damadre
« que tornava a
marcha
absolutamente impossível, e provocava ataqueshys-« tericoshorríveis: desde esse
tempo
não tem ella tido maissymptomas
hys.« tericos sérios, e caminha tanto e tão facilmente
como
antes de adoecer:« islo
sem
auxilio depessario! »Estes meios são os únicos que
podem
produzir nos tecidosuma
modifica-ção natural, capaz de combater a causa própria do abaixamento.Todos
os outros meios,ditos contentivos, quer os corpos estranhos, quer os pontos de apoio naturaes creados por operaçõescirúrgicas á custa dos tecidossubjacentes ao útero, são apenas sustentadores artificiaes, algumas vezes intoleráveis e muitas outras incapazes de prestar ao órgãoum
apoio sufficiente para supprir—
13
—
Ciara
pallialiva.—
Os
meios contentivos puramente meclianicos secem
multiplicadoem
taes proporções, que bastara innumcral-os para dar-sea melhor prova de sua insuíficiencia. Aqui,
como
em
todas as operaçõesci-rúrgicas notáveis pelo
numero
dos processos, falia Courty, a apparencia da riqueza não faz senão dissimular apobreza real. Scanzoni affirma queexpe-riências numerosas lhe teem provado nãoser
algum
destes instrumentosap-plicavel igualmente á lodos os casos; e crê que jamais se inventará
um
que preencha todas as condicções necessárias. Estesábio Professorestabelececomo
principio valiosíssimo e muitorecommendado
na escolha eemprego
dospes-sarios a maior attenção e importância para o gráo de sensibilidade differente
das parlesaííectadas nos difíerentes indivíduos, e para a natureza e
modo
de acção da causa que produziu o accidenle; tendo-selambem
em
muita conta apossibilidade de applicação dos remédios tópicos tão necessários para obter
uma
cuia duradoura.A
primeira investigação pensa Ch. West.em
cada caso de hysléroptose, é conhecer a cauza que o produziu, eempenhar
todos oses-forços para determinar de
uma
maneira precisa as condições de saúde queexistião antes do accidente. Para este eminente especialista o
emprego
dos meios mechanicos acha opportunidade nas seguintes condicções: l.aem
todosos casos de prolapso externo ou procidencia; 2.a nas descidas antigas no 2.°
gráo
com
relaxação da vagina e enfraquecimento dos sustentadoresuterinos; 3.° nas rupturas extensas do perineo; e, pelamesma
rasão,quando
foremidosas as mulheres; i.a nos casos de abaixamento pouco considerável,
mas
acompanhado
de indisposição extrema e dor violenta; 5.a nas complicações de prolapso da vagina,com
ousem
descida do rectum ou da bexiga; ecm
to-dos os casos consecutivos á qualquer deslocação dos órgãosvisinhos.
Não convém
estes meios ou são contra-indicados: 1.° nos gráos ligeiros de hystéroptose; 2.° nus casosem
que á descida damadre
ainda recente, seajunta a persistência de
um
estado hypertrophicopuerperal, resultado da invo-lução incompleta do órgão depois doaborto ou do parto; 3.° quandouma
mo-léstia uterina de qualquer natureza tenha sido a causa da deslocação do
ór-gão, estando ainda essa moléstia
em
uma
phase que reclameum
tratamento. Esses diversos meios mechanicos são internos ou externos: os primeiros obrãoimmediatamente
sobre o órgão deslocado; os segundos, difíerentesata-duras ou fundas, são distinados á produzir compressão sobre o sacrum, o
pe-rineo, ou
mesmo
o púbis.Os
internos sãochamados
pessarios.Ha
delles2
espécies: uns que são sustentados pelas próprias paredes da vagina, outros quevem
prender-se por meio«deuma
haste áum
ponto de apoio exterior.— U
—
Resulta dahi a escolha variada destes instrumentos, conforme o estado de integridade e resistência da vulva e do perinêo, ou a impossibilidadede qual-quer apoio porestas partes prestado.
Deve
o pessario ter muito pouco peso, e oííereceruma
superfície lisa e detal sorte construída que exerça igual pressão
em
todos os seos pontos decon-tacto.
É
preciso que o apoio fornecido por elle seja uniforme, e abranjauma
superfície bastante larga.
Um
pessario globoso ouum
poaco oval, de ma-deira ou de outra matéria cuja superfície se possa tornar perfeitamente pollida,preenche ae condicções exigidas (West).
Recommendão
alguns autores os pessarios metallicop, oucos,quando
éne-cessário demorar muito o instrumento.
O
Dr. Ch. Muriac dizem
uma
nota da traducção da obra do Dr.West:
—
Os
pessarios de metal não teem a inaltera-bilidade que lhesquerem
conceder a priori.Nas Memorias
daAcademia
realdecirurgia,
Morand
cita a observação curiosa da perfuração deum
pessario de ouroem
diversos pontos, depois deuma
demora
muito prolongada na vagina: por estas aberturas atravessoua mucosa formando excrecencias; c tendo oar-rancamento do pessario produzido
uma
ferida circular, resultou deliauma
ci-catriz que retrahiu de tal
modo
a vagina que o útero ficou contidoem
suapo-sição normal.
De
mais, os metaes preciosos são caros, e esta circumstancia cria verdadeira impossibilidade para o uso geral de taes pessarios. Por poucotempo
servem
perfeitamente os de buxo.
A
borracha oITerece muitas vantagens por causa da sua molleza e elasticidade,mas
não é tão própriacomo
a madeira, e altera-semuito rapidamentepela acção das secreções vagineas (West). Diversas matérias prestão se ainda ao fabrico dos pessarios:
—
a esponja, a cortiça, o vidro, o marfim, agomma
elástica, a gutta -percha, etc,teem
sido de muito uso entreos práticos.
As
formas mais empregadas são:—
a circular e a oval.A
primeira pode serapplicada nos casos incipientes, e
quando
a vagina offerece aindaalguma
re-sistência: a segunda convém,
quando
ha relaxação immediata da vagina.Quando
o caso exige, diz Churchill citando Clarke, pode-sesem
nenhum
perigo fazer uso de
um
pessario oval de 12 centímetros de diâmetro.O
Dr. Rlundell prefere os globosos por fornecerem aos órgãosum
apoio maiscon-siderável.
O
Dr. Davis diz que o pessario mais fácil de supportar é aquelle que melhorsatisfaz átodas as indicações, éum
pedaço deesponja finacolloca-do no fundo da vagina. Ch.
West
dá muita importância aos globosos: indica-osre-—
15
—
pousar no pavimento da vagina, resullão grandes dores locaes e
uma
reper-cussão sympalhica muito pronunciada. São muito úteis, diz elle, os grandespessarios globosos nos prolapsos consideráveis e anligos, e nos casos de
rela-xação extrema da vagina.
O
Dr. Solari falia deum
novo pessario, devidoaRainal de Lion, echamado
anel coníenlivo. Diz elle: «Le
pessaire (anneau contentif) appliqué parune
<
main
habilc et exereée force la malrice a demeurer aux lieu et place que« la nalure lui a assignés.
Le
nouveau pessaire cst enporcelaine finesouf-« flée.
Le
poids est légèrement plus lourd, mais sa consistance calcaire, sa« surface lisse font oublier ce pelit inconvénient. Je suis convaincu qu'
un
« pessaire de ce genre bien appliqué rendra leschirurgiens maitres de ces
« affections prétendues presque incurables a cause de lamauvase eonfection « des pessairesdont onse servait. »
A
natureza do presente trabalho não nos permitteuma
discripçãominu-ciosa dos i
nnnmeros
pessarios existentes e até hoje empregados, e muilomenos
a appreciação de suas vantagens e defeitoscomo
meios de cura do prolapso. Cremos, porém, que ha alguns casosem
que, observadas certascondicçoes indispensáveis, a applicação destes meios mechanicos pode ser de
algum
proveito, de notável utilidade talvez.Ciara radical*
—
Consisteem
modificações produzidas no perinco, na vulva e na vagina por meio de operações cirúrgicas diversas,com
o fim de exercer sobre o útero reduzidouma
contenção natural e permanente.Preten-de-se
com
estas operações a obstrucçãomais oumenos
completa, ousomentea coarctação ou estreiteza das passagens quepodem
facilitarasrecahidas.DiíTe-rentes processos operatóriosteem sidoensaiadospara a realisacão desse deside-ratum;infelizmenteporem, parece que,
embora
enriquecida de preciosos traba-lhos, tem embalde a scienciaempenhado
forças para vencer laes difficuldades. Adstrieto ao plano de acanhados limites, traçado pela natureza do pre-sente escripto, não temos lugar para apreciar mais de espaço e discutirto-dos esses processos; e principalmente carecemos muito os dados valiosíssimos e indispensáveis que só aobservação clinicapode dispensar convenientes.
As-sim, pois, oceupar-nos-
hemos
muito ligeiramente desta parte, baldoque
so-mos
dos precisos recursos.A
coarctação ou estreiteza pode ser produzida nosseguiutes pontos:na
vul-va
—
épisioraphia, operaçãopoucoproveitosa,devidaá Frickeem
1833; na por-ção vulvarda
vagina, élytroraphia inferior, praticada por Malgaigne, sern re^ sultado; élytro-épisioraphia de Simon, igualmente improfícua;na
vulva e no—
1(>—
perinêo, episio-perineoraphia, de Stoltz, vulgarisada por Becker
Brown
quecomo
diz Courty,em
1861 sobre 41 doentes obteve38
curas,2
melhoras euma
só recahida: finalmente na vagina, êlytroraphia de Marshall-Hall,modi-ficada por lreland, Velpeau, Diellenbach, Scanzoni, etc,
mas sempre sem
proveito.A
coartação da vaginatem
sidotambém
provocada por suppuração e forma-ção deum
tecido cicatricial relractil, resultantes ou da excisão deuma
zona da mucosa vaginal inteiramenteem
redor dotumor
(Romain-Gerardim), ou da excisão deum
retalho da vagina e do útero no seu vértice (Mayer). Pode-seainda provocar a coarctação pe\3Lcaulerisação.Para consegui-laLaugierem-pregou o nitrato acido de mercúrio, Benj. Philipps o acido nítrico; Velpeau, Laugier, e Evory
Kennedy
com
vantagem, o ferro candente;Selnow
o acidosulfúrico.
Em
lodos estes casos, affirma Courty, a cauterisacão é insufliciente eperi-gosa. Diz Churchill que obteve bons resultados
em
2
ou3
casos pelaeauleri-saçflo ligeira
com
o acidonítrico e a introducção poralgum
tempo
deum
sa-quinho de metico, na vagina, guardando a doente a posição horisontal.
A
ligadura, a sutura encrespada de Bellini,chamada
colpodesmoraphia, equivalem á sutura depois da excisão...sempretrabalho inútil!.O
processo de Desgranges. simples ou cáustico é engenhoso,mas
necessita muitas vezes derepetição, e não deixa de serperigoso (Courty). Ultimamente Pauli propoz a coarctaçãodavagina, provocando pela introdução econservação de
2
pessarios redondosnesse órgãouma
inflammação violenta,acompanhada
deum
traba-lho de cicatrisação. Preconisadoembora
pelo seu autor que só lhe descobre vantagens; muito recente ainda, este processo não permilte pronunciar-se por agoraum
juiso seguro sobre a suautilidade e valor práticos (Scanzoni).PROLAPSO
DURANTE
0
PARTO
There is no aflection of lhe uterus
com-mon, espccially aniong the pooercr class,
tham Uns; and no means should be neglected
which can prevent so serious a calamity.
Ramsbotham.
Plus les enfants ont été nonibreux, plus
les conditions de prolapsus sont favorables.
Churchill [Maladiesdes femmes.)
—
17
—
trábalhô do parlo, que mais fácil e naturalmenteo prolapso do úteropodeter lugar.
Immensas
e variadíssimas circumstancias favoráveis to las todas causadesteaceidenle, se reunein
como
em
terrível conluio para prolusil o inevitá-vel !... E, parece que devera ser esteum
sueeesso frequentíssimo,irrevogá-vel, certo sempre, se
uma
providencia mysteriosa c conservadora o nãore-movera
felizmente.As gtandes modificações que se dão durante a prenhez nos órgãos próprios da geração, as alterações notáveis, profundas, intimas experimentadas pelo Útero, quer
em
sua vida própria, querem
soas relações na bacia, quer ainda nas condições deum
funccionalismo larga nente activado até omomento
do trabalho, e sohre-modoaugmentado
e violento nessa occasião arris-ala, tudoisto, e mais ainda muitas outras circumstancias exteriores e aceidentaes, são
para a produccão do prolapso
—
provados e incontestáveis incentivos, maisfá-ceis e naturaes durante o parto que
em
condições outras.Sabemos
que nessemomento
os diversos ligamentos já bastante allongados, se distendemconsi-deravelmente arrastados pelos movimentos do útero
em
violentíssimascon-tracções;
—
a vagina, a vulva, o perinêocedem
muito á desmedida energia, áviva impetuosidade daquella potencia que os impelle
enorme:—
e, pois, épro-vada opportunidadc esta para tal accidente.
Crescido
grandemente
em
peso e volume, tendo osligamentosem
distensão extrema e porventura incapazes então, fracos paraum
tão desmesurado es-forço, compellido por innumeras influencias que todas actuão para deslocai-o,o útero na occasião do trabalho
immenso
do parto, quasi destruído o apoio de seus sustentadores quecedem
largamente vencidos de estupenda potencia,—sópor mysteriosa providencia pode conservar-se seguro e tixo de tão frágeis
pri-sões... só por verdadeira maravilha pode aíer-se soslido, quando devera
ne-cessariamente precipitar-se arrancado!...
E
se á estes perigos por assim dizer de natureza e até certopontoinevitá-veis,
veem
ajuntar-se os perigos provocados, exterioresoude occasião,pode-mos
então aflirmarsem
receio quenenhuma
opportumdade é mais favorável,mais certa e
nem
mais natural.Se
ao agitar intimo da mulher que se estorcecm
esforços extenuantes deum
trabalho longoe difficil—au^menta-se a pro-vocação exterior deuma
assistência desarrasoada eimprudente;—
se aosdes-vios da natureza quese
desmanda
por excesso de trabalho,reúnem
-se os er-ros, os soccorros imperitos ou intempestivos de interpretes inexperientes dasciencia, de fátuos ministros da arte,— certamente
ha
se de lamentar a triste—
18-consequencia deste grave accidente,
como
de oulros nãomenos
graves, e ás vezes fataes.Certasposiçõesordenadasporparteiras ineptas;o
emprego
constantede meios perigosose impossíveis quelembram,
principalmente entre nós, estas mulhe-res ignorantese supersticiosas que desgraçadamentesedizem do officio; certas praticas e funeslas abusões acceitaspor ellas á guisa de garantir o futnro ao pobresinho que vae, por issomesmo,
nascer martyr; insanosesforços, emuitas vezes caprichos intencionaes dealgumas parturientesqueem
momentos
de im-paciência e mentido desanimo chegão á comprimir,como
delirantes, de cima para baixoo ventre,em
anceiostolosde expellir presto aorigem únicade suas dorese soffrimentos; o abuso do fórceps, e a sua applicação mal dirigida; astracções imprudentes; a versão intempestiva e desnecessária;
—
e os diversos soccorrosque asciencia aconselha contra-indicados ou mal dirigidos—
eis fáceisoccasiões para fazerexplosão o prolapso, porventurajá
começado
pelosdesviosda natureza que exorbitou.
Observações de Garin e Ducreux affirmão casos de prolapso produzido
ex-clusivamentepelas contracções uterinas determinadas pelo parto. Mauriceau, P. Portal,
Brodman
fallão de hystéroptoses incompletas que desappareceram nos primeiros mezes da gestação, para virem mais tardereproduzir-se nomo-mento
do trabalho. (Colombat de 1'Isere.)Maygrier dá muita importância,
como
vigoroso incentivo á existência destadeslocação, á acção mais ou
mesnos
viva das operaçõemanuaes
postasem
uso paraa terminação do trabalho.Para este illustrepratico sãotambém
de gran-de influencia na producção do prolapso os attritoschoques (frottements) da cabeça doféto, quando o trabalho torna-se longo. Chailly-Honoré considera o abaixamento do útero no termo da gestaçãocomo
um
accidcntefrequentíssi-mo; sem
constituir por issonenhum
obstáculo ou difficuldade ao parto. Con-traria a maioria dos melhoresauctores, conlradictoriaem
suas própriasideias,caprichosa talvez, semelhante opinião só por presumpção será sustentada. Pensa o illustrado Professorde Heidelberg, o Dr. Naígélé,
que
podeacon-tecer que o seguimento inferiorda
madre
queencerra caa beça doféto seja ar-rastado pelas forças expulsoras, antes da dilatação completa doorifício uterino,até o estreito inferior e ainda ao nivel dos grandes lábios:
—
mais—
que ha
exemplos de «chutes de 1'utérus tout entier avec son conlenu.»
Colombat
de1'Isère acredita serem de muita influencia na producção do accidente
—
asdo-res violentas do parto, as posições mal indicadas, a stação
em
pé, as tracções—
19
-O
Dr. Nauilin Filho apresentou á Sociedade de Medicina de Tolosa1
observações notáveis de prolapso durante o parto.
O
Dr. Chailly-Honoré quefalia destas observações, relata apenas
uma
delias:—Uma
senhora ia lero seu3
o parto:—
o collo doútero estava
extremamente
rígido; as aguas tinhãocor-rido
prematuramente:—
o trabalho eslava paralisado.De
repente, nomeio das mais vivas dóres e violentíssimos esforços de expulsão, o útero, carregado do producto da concepção precipita-se, e sae atravez da vulva Os Drs. Naudiu-Gaussad
chamados
immediatamente, reconhecem o accidente, dilatão arlificcialmente o collo, esperão a expulsão natural, efazem depois delia a reducção
sem
difliculdade.M.Moreaudiz:
—
«Lorsque lachutede 1'utérus a lieu pendant le travail de renfentement, elle arrive quand lesfemmes
abandonnées à ellesmèmes,
ouassisléespar des personnes peu expérimentées, restent long-temps deboul, se
promenent, font des efíorls violens pour accélérer leur dehvrance avant que
la dilatation soit sufíisante. L'application du furceps, lorsque le coln'cst
com-plétement dilate, des traclions inconsiderées sur le cordon quand le placenta n c-st pus delaché, peuvent encore Toccasioner.» Relata estedistinctoclinico o seguinte caso de observação de Portal e Moreau, cirurgião do Hotel Dieu:
—
«Uma
rapariga primipara soííria desde muito deuma
relaxação do útero:livre deste incominodo durante toda a prenhez, foi accommettida de prolapso
no
momento
do parto pelas dores vivas que lhe motivarão grandes esforços.Fez Portal a dilatação artificial lenta doorifício do collo, e conseguiu a extrac
-ção de
uma
menina
robusta que viveu dous annos. EíTectuado o delivramento,Moreau
reduziu o úterosem
dificuldade.A
mulher não sotíreumás
conse-quências,mas
não leve mais filhos.»Manoury
eSalmon
afíirmão que o prolapso pode ter logar durante o parlo;e nestes casos ou existia já incipiente e fazexplosão nessa hora, ou se desen-volve (dVmblée) sob a influencia dosesforços da parturiente.
As
diííiculdadesque então resullão, dizem elles,
chamão
toda, attenção do parteiro.«O
úterodescido fora da vulva, ou ainda, algumas vezes, pendente entre as coixas da mulher, não se acha mais submettido ás contracções dos músculos
abdomi-naes; fica reduzido á suas contracções próprias, o que prolonga muito otra-balho. Demais, serrado entre a superfície do tronco do féto e as paredes da
bacia, acaba por perder,
em
consequência desta pressão continuauma
grandeparte desua energia primitiva. Felizessão os casos
em
quea hystéroptose nãose oppõe por indurações á dilatação docollo; taes indurações produzidas
—
20
—
No
juizo de Jacquimier,quando
a deslocação não preexiste á prenhez, ora desenvolve-se de maneira lenta e gradual, ora mostra-se bruscamente,em
consequência de grandes movimentos, de esforços, etc.Pode
apresentar3
gráos,como
no prolapso ordinário. Muitas vezes limita-se ao Io gráo; o 2o,menos
frequente, pode acontecersem
consequências ar
-riscadas; o
3
o, quasi
sempre
grave, é felizmenteraro. Acontece muitasvezes,
asseveraelle, que deslocações incompletas, tendo desapparecido inteiramente, são reproduzidasno
momento
do trabalho. Aug.Nonat
considera de subidainfluencia para o desenvolvimento desta deslocação
—
o parto laborioso e pro-longado, a applicação do fórceps, as tracções exercidas sobre o féto, aplacen-ta, etc.
Cazeaux
aftirma que pode sobrevir a hystéroptose durante o trabalho,quando
as mulheresabandonadas aos seus próprios recursos, ou assistidaspor
pessoas pouco experimentadas, tição muito
tempo
em
pé, passeião, fazem es-forços violentos para apressar o seu delivramento, antes que o collodo úteroesteja sufticientemente dilatado. Crê o Dr. Ghurchill que as bacias largas, as
dores muito vivas
podem
dar lugar ao aeeidentecom
facilidade. Cila ellea seguinte observação do Ur. Gruhn:—
«Uma
mulher de25
annos, no quartomez
de sua prenhez, foi accommeltida de prolapso,em
consequência deum
esforço violenlo a prenhez seguiu regularmente a sua marcha.
No
termo dagestuçã ) foi o Dr.
Cruhn
chamado:—
havião36
horasque o trabalhocome-çara, e
2i
que as aguas tinhão corrido.O
útero pendia entre as caixas da doente.O
menino
apresentava se pelo vértice; e o collo tinha a aberturade
uma
moeda
de2
francosNão
podendo conseguirmaior dilatação, o Dr.Gruhn
fez de cada lado docollo
uma
incisão deuma
pollegada de extensão, epoudc
cxtrahir
um
menino
morto»mas
bem
conformado.A
extracção da placentafoiacompanhada
de hemorrhagias mui abundantes que cederão áinjecçõesde aguafria.
O
útero foi reduzido facilmente, e tudo mais passousem
novidade.N'um
artigodo diccionariodos diceionarios de medicinae cirurgia lé-se:«Le prolapsus utérin peut aussi s'eíTectuer durant la grossesseou pendantle travail de la parlurition.—
Un
chirurgiend Orléans a été appellé auprès d'unefemme
en travail, laquelle ressenlit à son arrivée une três vive douleur, ets'écria— que tout était sorti—; elle ne se trompait pas:
—
le chirurgian vit,en examinant Ia chose avec attention, que la matrice était pendente entre les cuissesde la malade, etque son oritice étaitouvert de 1'étendue d'une pouce
j
il le dilatadoucement, perça les eaux, tira
un
enfant vivant et delivre la—
21—
pas besoin J*etnpIoyer par la suite depessaire pourla maintenir dans sa
si-tuation. (Sabatier) (Concluindo, diz o auetor do arligo:
—
«existem talvez maisde
100
casos semelhantes.»O
Dr. F.Ranse
publicou na GazetaMedica
de Paris de1866
ades-cripção de
um
facto deprecipitação total doútero durante o parto, tratada peloDr. Frogé.
—
«Era
uma
mulher que depois de longos esforçosem um
traba-« lho difficil, acabava de deitar se para repousar
um
pouco: de repenteuma
« dor mais violenta que todas as precedentes se manifesta, e amadre
saesubtamente en bloe aos olhos da parteira aterrada». Outra observação
im-portante appareceu publicada na Gazeta dos Hospitaes pelo Dr. Ch. Bailly,
em
Setembro
de 1867. Foium
caso de hystéroptose tratada pelo Dr.Demar-quay.
—
«O
accidente teve logar lenta e gradualmente.Examinada
a doente, apresentava queda completa da madre, complicada de hypertrophiae ulceração do lábio anteriordo collo, de atropina dolábio posterior, de cys-tocéle incompleto, queda de
um
ovário e rectocele.0
Dr. Aubinais falia deum
facto observado por ellecomo
adjuvante do Dr. Mercier. « Era a senhorade
um
Capitão de cabotagem de Trentemoult, de35
annos de idade, multi-para: tevesempre
os seos partos muito rápidos e felizes, estasenhora.Nobre
e generosa oceupava-se muito pouco de si, para entregar-se dedicada aos seos penosos cuidados de mãi de família. Depois do seu ultimo parto teve a im-prudência de levantar-se no 3.° dia, e dar-se á trabalhos fatigantestodo essedia: desde então sentiu grande peso no baixo ventre, e,
como
continuou atrabalhar, viu que
um
tumor se apresentava na vulva. Consultou então ao seu medico o Dr. Tigé, que reconhecendoum
prolapso, aconselhou orepou-so e applicou
um
pessario.Algum
tempo depois concebeu ella novamente, equando
se manifestarão as primeiras dores, o prolapso quejá existiaincipi-ente, fez explosão
em
grão completo de desenvolvimento. Mercierchamado
na falta de Tigé, quiz lemporisar. As contracções erão enérgicas e repetidas, e acabeça conservava-seimmovel: notimde
24
horas, perdendo ascontracçõesem
força e frequência, applicou-se o centeio que não produziu erteho.A
Se-nhora acostumada a parir
com
presteza, atemorisou-se muitocom
tal demora,e, ja bastante fatigada, pediu a terminação prompta do trabalho, confessan-do-se exhausta de forças: fe/-se então a dilatação lenta o gradualdo collo, e,
á pedido da parturiente, a extracção do fêto por meio do fórceps. Apezar das maiores cautelas, deu-se a ruptura parcial do collo: e,
mau
grado a ella,depois daextracção daplacenta, o Dr. Mercier fez a reducçáo immediata do
_
22
—
Imbert relata diversos casos de bysléroptose durante a prenhez e o parto,
observados porTrincavella, Marrigue, Pichausel, Levret, Harvée,
Wan-Leu-wen,
Eberhard-Gcekel, Haluc, Chopart etc. Estes casossãosempre
graves,dizelle.
No
de observação deTrincavella,deu-seoaborto e amulher morreu; Ebcr-hard-Goekel tirou o félo ja enduricido; Chopart, Halucfizerão incisõesnocollo.Quando
o prolapsotem
logarduranteo porto, diz elle, ésempre
muito penoso echeio de perigos,alémdecausarmuitos
incommodos
cdores multiplicadas. Faliatambém
Velpeau de muitas outras observações depráticos distinctos, nasquaesse vè,
que
sealguma vezhouve possibilidadede expulsãonatural, foisempre
li-gada á grandes embaraços, á perigos reaes... e, o
que
é mais, originando quase sempremás
consequências, não poucas vezes falaes!É
assim que, falia osábio Professor, Harvey relata
um
facto de expulsão natural seguida damorte
da mulher; Fabricius, Burton, Richter recorrerão a arte; Henschell e Mis-eogliano precisarão empregar o fórceps; Boislard e
Py
fizerãouma
longainci-são de cada lado do collo, e os meninos morrerão; Jalouset falia de
um
caso quase semelhante: Lauverjad cita a mulher Avard que sócom
o auxilio delargas incisões sobre ocollo pode expellir
um
menino
morto;Chemin
d'Evreuxfez
também
incisões cruciacs de 18 linhas nas paredes do collo:Dupuy
espe-randoa expulsão espontânea, teve a decepção de ver romper-se o colloem
di-versos pontos, por causa dos esforços descomedidos á quea mulher foi
obri-gada; Fascola citaum facto de ruptura do útero até ofundo. » Concluindo, diz
elle: «
Nada
me
fará modificar a opiniãodeqne as dislocaçõesdamadre
tornãoo parto muito difficil eperigoso, e, as vezes, inteiramente impossível.
CoBisâfllerações.—
Certae incontestável, pois, resalla a todas as vistas a influencia altamente revolucionaria do prolapso uterino,como
causa pode-rosa e certa deimmensas
difíieuldades, de sérios embaraços na hora incerta earriscada do trabalho do parto.
Nenhum
parteiro, ainda omenos
habilitado ou o mais caprichoso, poderásem
crime de lesa-sciencia negar a veracidade desta asserção, demonstrada a luz de factosconsummados,
evidente ao simplesbom
senso, comprehensivele ao alcanceaté deolhos ignorantes e profanos.
E
nãosó embaraçose difíieuldades,mas
perigosreaessurgem
terríveis, im-previstos, inevitáveispor ventura, á perturbar amarcha
regular e precisado
parto, á impedir, transviar, subverter até a
ordem
eharmonia
admiráveis desse estupendo agitar do funecionalismoanimal,— soberbo prodígio daorgani-sação viva realisandoem
ultima phase a maravilhasuprema
da procreação,—
23
—
na phrase poética de
um
illustre talento contemporâneo—
o sublime epilogo dodrama
santo da reproducção, cujo é a mulher augusto protagonista.A
experiênciatem
provado que realmente este acidente pode trazer nãosó longas demoras, grandes estorvos,
mas
ainda estragos indeléveis, cruéismutilações!
A
mulher
é victima dehorríveis soffrimentos, dores vivíssimas; efica exposta por muito
tempo
a tristes consequências.A
expulsão espontânea do féto torna-seem
taes condições muito difficil, emuitas vezes absolutamente impossível.
A
razão é clara e de íacildemonstra-ção:
—
deslocado o órgão, e conseguintemente fora das condiçõesindispen-sáveis e necessárias de sua vida própria; arredado dos meios carecidos para
íixar-seenérgico, falto dos elementos adjuvantes e inicitadoresde acção,
com-prehende-se
que
o seu funccionar será grandemente modificado e pervertido,nesse estado
anómalo
e falso, sobre tudo na occasião de sua maior actividade,de seu esforço supremo.
Affastado da bacia, e portanto fora da prisão abdominal, fica subtrahido á influeneia das contracções dos músculos d'aquelle
nome,
e reduzido apenas á suas contracções próprias muito enfraquecidas já pela posição estranha que occupa: resulta, pois, d'ahi diminuição considerável deacção, abatimento pro-fundo domovimento
ordinário, tibiezae langor pronunciadissimos da energia primitiva doórgão.De
mais, collocado nesta posição falsa e deprimente, ficaserrado entre a superfície do tronco do féto e as paredes dabacia, perdendo assim de mais
em
mais,em
consequência desta pressão que se estabelececonlinua, os últimos alentos das mesquinhas forças que lhe restão ainda,
INDICAÇÕES
l/observalion clinique peut seule en donner une solution satisfaisante.
Aug. Nonat—Maladies deTutens.
A
reducção—
primeira indicação constantee quasegeraldospráticos nopro-lapso ordinário, não pode caber agora racional e proveitosa.
Circumstanciasoutras, mais serias e particulares alterão muito,