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O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Cuida-se de recurso de apelação interposto por DINARTE DANTAS ALVARES e MARINHO E ALVARES LTDA em face de sentença que julgou improcedente o pedido formulado nos embargos à execução, reconhecendo o direito da embargada ao crédito no valor de R$ 42.742,25 (quarenta e dois mil, setecentos e quarenta e dois reais e vinte e cinco centavos), decorrente de celebração de contrato de crédito especial empresa - operações parceladas com garantia FGO - pós-fixado.

Em suas razões recursais, os apelantes aduzem a impossibilidade do julgamento antecipado da lide em virtude da necessidade de realização de perícia contábil a fim de constatar os alegados abusos cometidos pela Caixa Econômica Federal na cobrança do crédito.

Alegam constituição irregular do título executivo e não apresentação de planilha de cálculos na forma da lei, impossibilitando a impugnação dos embargantes quanto aos valores cobrados. No mérito, alegam a prática ilegal de anatocismo, cobrança de juros remuneratórios abusivos, face a violação ao limite de 12% ao ano, cumulação irregular de encargos moratório e comissão de permanência, cobranças indevidas de tarifas bancárias e nulidade da Taxa Referencial como fator de correção, bem como da previsão de vencimento antecipado da dívida. Sustentam que o contrato ora executado se encontra repleto de cláusulas ilegais e arbitrárias, as quais elevaram o montante da dívida a valores superiores aos realmente existentes, nos quais já constavam taxas exorbitantes e prefixadas, tornando-se impossível à continuidade do pactuado.

Contrarrazões apresentadas. É o relatório.

PROCESSO Nº: 0801004-58.2015.4.05.8400 - APELAÇÃO APELANTE: MARINHO E ALVARES LTDA (e outro)

ADVOGADO: SEBASTIÃO RODRIGUES LEITE JUNIOR (e outros) APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª TURMA

PROCESSO Nº: 0801004-58.2015.4.05.8400 - APELAÇÃO APELANTE: MARINHO E ALVARES LTDA (e outro)

ADVOGADO: SEBASTIÃO RODRIGUES LEITE JUNIOR (e outros) APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª TURMA

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VOTO

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Depreende-se dos autos que DINARTE DANTAS ALVARES e MARINHO E ALVARES LTDA celebrou com a Caixa Econômica Federal contrato de crédito especial empresa -operações parceladas com garantia FGO - pós-fixado. Em vista da existência do crédito de R$ 45.032,68 (quarenta e cinco mil, trinta de dois reais e sessenta e oito centavos), a referida empresa pública ajuizou ação de execução. Inconformados, os executados opuseram Embargos à Execução, que foram julgados improcedentes pelo juízo a quo.

Inicialmente pontuo ser desnecessária a produção de prova pericial, uma vez que o contrato jungido aos autos, acompanhado da evolução dos extratos e planilha de atualização do débito que discriminam pormenorizadamente a quantia devida, assim como sua evolução, mediante a incidência dos juros e demais encargos pactuados contratualmente e são, portanto, suficientes à instrução do processo e conseqüente julgamento da demanda, não havendo que se cogitar na hipótese de cerceamento de defesa, conforme bem mencionou o juiz a quo.

Na planilha mencionada, demonstra-se a evolução do débito do apelante mês a mês, indicando os índices de juros aplicados, de forma que é possível aferir-se os índices e as taxas que estão sendo cobrados pela CEF, a fim confrontar-se se está havendo conformação com o que foi pactuado contratualmente.

Em assim sendo, forçoso concluir que com os documentos coligidos aos autos, permitiu-se a impugnação, em respeito ao contraditório, além de firmar-permitiu-se a possibilidade do exercício da ampla defesa pelo apelante, não se constatando qualquer irregularidade neste sentido.

Em relação à comissão de permanência, o STJ já admitiu a legalidade de sua cobrança, em caso de inadimplemento, desde que não cumulada com a correção monetária, com os juros remuneratórios ou encargos de mora (juros moratórios ou multa moratória), não sendo tampouco cabível a cobrança da taxa de rentabilidade variável.

Ressalte-se, ainda, que são as instituições financeiras autorizadas a cobrá-la, com base na Lei nº 4.594/64, tendo finalidade, segundo já decidido pelo STJ (3ªT, RESP 345651, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJU 26/05/2003), semelhante à da correção monetária, que é atualizar o valor da dívida, a contar de seu vencimento, por isso, a vedação da cumulação de ambas (Súmula 30 do STJ).

Por oportuno, segue o aresto do julgamento proferido em recurso repetitivo representativo de controvérsia:

DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS 139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.

1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz respeito

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ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua prestação.

2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida.

3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC.

4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art. 170 do Código Civil brasileiro.

5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional, somente adotada se impossível o seu aproveitamento.

6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

(REsp 1058114/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 16/11/2010)

Desse modo, indevida a cobrança cumulativa da comissão de permanência com outros encargos.

No presente caso, pela documentação anexada aos autos do feito executivo, conforme relatou o juiz sentenciante, pela análise da planilha de débitos em anexo, "à Comissão de Permanência não foram somados nem juros de mora e nem multa contratual. Não se constata, desse modo, qualquer abusividade na cobrança da comissão de permanência, não tendo a parte embargante, outrossim, demonstrado que a taxa fixada pela Caixa ultrapassou os parâmetros razoáveis de mercado".

Quanto à capitalização mensal de juros, o tratamento dado às instituições financeiras acarreta a possibilidade de sua incidência, quanto aos respectivos contratos, desde que firmados a partir de 23-08-2001 e devidamente pactuados.

Para tanto, basta que se proceda à leitura do art. 5º da Medida Provisória 2.170 - 36, cujo texto foi abrangido pela cláusula de perpetuidade do art. 2º da Emenda Constitucional 32/2001:

"Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano." (art. 5º da MP 2.170 - 36).

Assim, a disposição legal acima citada, ao afastar a vedação constante do art. 4º do Decreto 22.626/33, possibilita a capitalização de juros sobre juros, desde que as partes tenham expressamente convencionado neste sentido.

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BANCÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS REMUNERATÓRIOS. CONTRATO QUE NÃO PREVÊ O PERCENTUAL DE JUROS REMUNERATÓRIOS A SER OBSERVADO.

I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE.

ORIENTAÇÃO - JUROS REMUNERATÓRIOS

1 - Nos contratos de mútuo em que a disponibilização do capital é imediata, o montante dos juros remuneratórios praticados deve ser consignado no respectivo instrumento. Ausente a fixação da taxa no contrato, o juiz deve limitar os juros à média de mercado nas operações da espécie, divulgada pelo Bacen, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o cliente.

2 - Em qualquer hipótese, é possível a correção para a taxa média se for verificada abusividade nos juros remuneratórios praticados.

II - JULGAMENTO DO RECURSO REPRESENTATIVO - Consignada, no acórdão recorrido, a abusividade na cobrança da taxa de juros, impõe-se a adoção da taxa média de mercado, nos termos do entendimento consolidado neste julgamento. -Nos contratos de mútuo bancário, celebrados após a edição da MP nº 1.963-17/00 (reeditada sob o nº 2.170-36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. Ônus sucumbenciais redistribuídos.

(REsp 1112879/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 19/05/2010)

É de se ver, portanto, que as instituições financeiras poderão proceder à capitalização de juros em periodicidade inferior a um ano, desde que observados dois requisitos: a) tenha o contrato nascido sob a égide da MP n. 2.170-36, de 23.8.2001 (redação original na MP nº 1.963-17, de 30.03.2000) e b) exista expressa previsão contratual neste sentido.

No caso dos autos, o contrato foi firmado em 14/02/2013, portanto, após 31/03/2000, o que tornaria possível a capitalização dos juros com periodicidade inferior a um ano, desde que expressamente prevista no contrato.

Por sua vez, de acordo com a cláusula terceira do contrato em questão (identificador nº 4058400.623192), houve expressa previsão a respeito da incidência de juros de forma capitalizada.

Com relação à Taxa Referencial como fator de correção, a Súmula 295 do STJ já estabeleceu sua validade como indexador para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91, desde que pactuada. In casu, igualmente houve a previsão contratual para sua aplicação, de acordo com a Cláusula 2ª.

Por sua vez, não cabe a limitação dos juros moratórios a 12%. Conforme entendimento já sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, "A norma do §3º do art. 192 da Constituição, revogada pela EC nº 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar" (súmula 648, STF).

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Com efeito, no caso dos autos, não verifico que as taxas cobradas superem em muito as normalmente utilizadas em operações ordinárias de natureza similar, de modo a resvalar na abusividade.

Quanto à alegação de que o contrato de descrito na inicial, por ser de adesão, apresenta conteúdo obrigacional eivado de várias cláusulas abusivas e ilegais, as quais ocasionaram excessiva onerosidade na apuração do débito da requerida, entendo que se trata de impugnação genérica do recorrente, o qual não apontou qual ou quais a(s) cláusula(s) que seriam o motivo da onerosidade excessiva ou do desequilíbrio contratual, limitando-se a questionar genericamente a dívida, de modo que este Juízo, a teor do que prescreve a Súmula 381[1] do Superior Tribunal de Justiça, não pode rever, de ofício, as cláusulas contratuais ao argumento de abusividade, sendo necessário o expresso requerimento da parte interessada, atrelado à indicação explícita, por ela, das disposições do negócio jurídico que seriam abusivas.

Ademais, é cediço que "o fato de o contrato ser de adesão não significa que possua cláusula abusiva ou leonina" (TRF5, 1ª Turma, AC 117965, Rel. Des. Federal JOSÉ MARIA LUCENA, DJ 11/12/1998, p. 147; TRF5, 3ª Turma, AC 75114, Rel. Des. Federal JOSÉ MARIA LUCENA, DJ 07/02/1997, p. 6015).

Com tais considerações, NEGO PROVIMENTO à apelação. É como voto.

[1] "Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas".

EMENTA

DIREITO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO DE CRÉDITO ESPECIAL EMPRESA. NÃO VERIFICAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CONTRATO. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DA DÍVIDA E DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.

I - Cuida-se de recurso de apelação em face de sentença que julgou improcedente o pedido formulado nos embargos à execução, reconhecendo o direito da embargada ao crédito no valor de R$ 45.032,68 (quarenta e cinco mil, trinta de dois reais e sessenta e oito centavos), decorrente de celebração de contrato de crédito especial empresa.

II - Conforme noticiado na sentença, através dos extratos e da planilha de atualização da dívida acostados ao processo de execução, demonstra-se a evolução do débito mês a mês, indicando os índices de juros aplicados, de forma que é possível aferir-se os índices e as taxas que estão PROCESSO Nº: 0801004-58.2015.4.05.8400 - APELAÇÃO

APELANTE: MARINHO E ALVARES LTDA (e outro)

ADVOGADO: SEBASTIÃO RODRIGUES LEITE JUNIOR (e outros) APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª TURMA

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sendo cobrados pela CEF, a fim confrontar-se se está havendo conformação com o que foi pactuado contratualmente.

IV- O STJ já admitiu a legalidade da cobrança da comissão de permanência, em caso de inadimplemento, desde que não cumulada com a correção monetária, com os juros remuneratórios ou encargos de mora (juros moratórios ou multa moratória).

V - O tratamento dado às instituições financeiras acarreta a possibilidade de incidência de capitalização de juros em periodicidade inferior a um ano, quanto aos respectivos contratos, desde que observados dois requisitos: a) tenha o contrato nascido sob a égide da MP n. 2.170-36, de 23.8.2001 (redação original na MP nº 1.963-17, de 30.03.2000) e b) exista expressa previsão contratual neste sentido. Precedentes do STJ.

VI - Não cabe a limitação dos juros moratórios a 12%. Conforme entendimento já sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, "A norma do §3º do art. 192 da Constituição, revogada pela EC nº 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar" (súmula 648, STF).

V - Apelação não provida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à apelação, nos termos do voto do Relator.

Recife (PE), 20 de outubro de 2015 (data do julgamento).

Referências

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