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SENTENÇA C O N C L U S Ã O

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Academic year: 2021

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SENTENÇA C O N C L U S Ã O

Em 23 de outubro de 2017, faço estes autos conclusos a(o) MM. Juiz(a) de Direito da 5ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, Dr(a). Luciana Bassi de Melo Eu, , Lucas Macedo Oliveira de Jesus, Estagiário Nível Superior.

Processo nº: 1011850-79.2015.8.26.0011

Classe - Assunto Procedimento Comum - Direito de Imagem

Requerente: Luciano do Nascimento Silva

Requerido: Benedito Gomes Barbosa Júnior

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Luciana Bassi de Melo

Vistos.

LUCIANO DO NASCIMENTO SILVA ajuizou a presente

ação de indenização por danos morais, cumulada com obrigação de fazer e tutela antecipada, em face de BENEDITO GOMES BARBOSA JÚNIOR alegando, em síntese, que é uma pessoa idônea e após um debate público com o requerido, no evento “VI Saiba Direito”, sobre o assunto “desarmamento”, o requerido promoveu publicação em sua rede social própria “Facebook” difamatória e injuriosa para a imagem do autor, considerando ainda que a postagem difamatória ganhou repercussão viral, causando dano à imagem, reputação e honra do autor.

Com isso, requer a procedência da ação para condenar o requerido a retirar as publicações, que ofendem o autor, de sua rede social além de que seja condenado o requerido em indenização por danos morais.

A Justiça Gratuita foi indeferida (fls. 195).

A tutela antecipada foi deferida na decisão de fls. 211/212. Devidamente citada, a parte requerida contestou a fls. 289/298 aduzindo preliminarmente a inépcia da inicial. No mérito, alega a existência de ofensa recíproca, caso haja de fato ofensa, além de destacar que a sua publicação relatou fatos

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verídicos de forma a não proporcionar injúria a imagem do autor. Relata que os comentários ofensivos destacados pelo autor foram proferidos por terceiros. Com isso, requer a improcedência da ação.

Réplica às fls. 317/324. Tréplica às fls. 327/329.

As partes foram intimadas para declarar ou negar interesse na audiência de conciliação e indicarem provas. Houve manifestação apenas do réu.

É o relatório.

Fundamento e decido.

Configura-se a hipótese de julgamento antecipado da lide, nos termos do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, pois a matéria é eminentemente de direito, aliás, como já se manifestou o Colendo Superior Tribunal de Justiça: “Presentes as condições que ensejam o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim proceder” (REsp nº 2.832/RJ, Rel. Min. Salvio de Figueiredo).

Acrescento que "a necessidade da produção de prova há de ficar evidenciada para que o julgamento antecipado da lide implique em cerceamento de defesa. A antecipação é legítima se os aspectos decisivos estão suficientemente líquidos para embasar o convencimento do Magistrado" (STF - RE 101.171-8-SP).

Inicialmente, destaco que não merece acolhimento a preliminar erguida de inépcia da inicial, tendo em vista que presente o interesse processual do requerente que busca indenização por alegados danos que, segundo ele, foram causados por ato do réu e, ademais, da narrativa dos fatos decorrem legitimamente os pedidos realizados.

No mérito, a ação é improcedente.

Isso porque não restaram comprovados nos autos os danos sustentados pelo requerente ou mesmo ato do requerido que os gerasse. Sendo certo que este ônus da prova era do requerente.

Entendo que não tendo o autor sido capaz de se desincumbir do ônus processual que lhe competia de comprovar a ocorrência do fato constitutivo do direito alegado por ele em sua petição inicial, não há como se acolher os pedidos.

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A publicação contestada não traz, por si só, apesar de não ser das mais agradáveis, danos a imagem ou dignidade do autor, da mesma forma que se encontra dentro do direito constitucional de expressão conferido ao requerido, sem que se possa reconhecer excesso capaz de justificar a censura ou a indenização pretendida, de forma a tornar infundado o pedido de indenização por danos morais.

No mesmo sentido, verifica-se que não se trata de uma publicação inverídica ou caluniosa, uma vez que o requerente não as afasta por completo, ou seja, não nega o que foi ali descrito em qualquer momento. Logo, o que se percebe no caso concreto é que se tratam de meros aborrecimentos decorrentes de um debate entre posicionamentos e ideologias opostos.

Tal animosidade entre as partes já é observada no debate realizado na faculdade e publicado no "youtube", em que ambos os profissionais por várias vezes desdenham do oponente.

A citada publicação que deu causa a suposta injúria e transtornos foi:

“O tal pós-doutor assumiu que nunca leu nada sobre o assunto e ainda afirmou que isso não é importante para sua formação de sua opinião. 2) Com mãos trêmulas e já sem qualquer linda de raciocínio minimamente lógico, sacou de seu bolso, em pleno debate, uma garrafa de whisky e, ali, na frente de toda a plateia, tomou algumas doses! Não, eu não estou brincando, o amigo Taiguara Fernandes e todos os demais presentes podem confirmar. Gostaria de agradecer a todos pela excepcional acolhida e pela oportunidade de desmascarar mais um estelionatário intelectual, dentro de sua própria universidade e na frente de vários de seus alunos. VALEU PARAÍBA!!!”

Mesmo que de fato ocorra um descontentamento do autor com a publicação do requerido, tal fato não é suficiente para justificar o ato judicial de compelir o mesmo a pagar uma indenização por danos morais, uma vez que, como já dito aqui, não houve dano à honra e moral do requerente ou a sua imagem, constatando que as expressões do requerido se encontram dentro do direito constitucional de expressão sem a identificação de excesso que justifique uma indenização.

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provocações recíprocas, considerando os documentos juntados na contestação. Fato esse que torna mais claro ainda que se tratam de meros transtornos cotidianos de figuras públicas com posicionamentos opostos, o que, de fato, não autoriza a pretendida indenização no caso concreto.

Ainda, ressalto que não houve prova do alegado compartilhamento da publicação e pelo que se extrai dos autos os cometários que incomodam o requerente vem de seguidores do réu, ou seja, pessoas contrárias as suas teses.

A propósito:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - Alegação de que o réu fez publicação inverídica, caluniosa e difamadora sobre o autor em rede social - Improcedência - Insurgência do requerente - Arguição de cerceamento de defesa - Provas dos autos que se mostravam, de fato, suficientes para apreciação da lide - Juízo que houve por bem julgar a lide antecipadamente e que fundamentou adequadamente a sentença - Inteligência dos arts. 130 e 330, I, CPC/1973, correspondentes aos artigos 355, I, e 370, § único do CPC/2015 - Preliminar afastada - Dano moral não configurado - Existência de ofensas recíprocas entre as partes na rede social - Fatos narrados que não atingiram a honra, imagem ou causaram dor e constrangimento ao autor - Decisão mantida - RECURSO DESPROVIDO.

(TJSP; Apelação 1002070-47.2015.8.26.0066; Relator (a): Miguel Brandi; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/12/2016; Data de Registro: 13/12/2016)

AÇÃO COMINATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA "Post" publicado pela ré em rede social (Facebook) noticiando suposta má prestação de serviço de hospedagem a animais pelo pet-shop da autora Comunicação do aludido fato não caracteriza ato ilícito Exercício regular de direito Inocorrência de manifestação injuriosa e difamatória, que ultrapasse o direito de crítica e de livre manifestação Liberdade de expressão se sobrepôs aos direitos fundamentais da honra e da privacidade no caso concreto Sentença de improcedência mantida Recurso não provido. (TJSP; Apelação 1005480-59.2016.8.26.0008; Relator (a): Francisco Loureiro; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VIII - Tatuapé - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 16/10/2017; Data de Registro: 16/10/2017)

O dano moral é o sofrimento psíquico ou moral, isto é, as dores, os sentimentos, a tristeza, a frustração etc. Apresenta-se como aquele mal ou dano que atinge valores eminentemente espirituais ou morais, como a honra, a paz, a liberdade

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física, a tranqüilidade de espírito, a reputação, a beleza etc. Ora, o autor não provou que efetivamente experimentou qualquer destas sensações. Ademais, o dano moral é o dano que não afeta o patrimônio do ofendido.

Para Pontes de Miranda, “dano não-patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio”. Por sua vez, Orlando Gomes ensina que “a expressão dano moral deve ser reservada exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito patrimonial. Se há conseqüências de ordem patrimonial, ainda que mediante repercussão, o dano deixa de ser extrapatrimonial”.

Nesse sentido: Indenização Dano moral - A indenização por dano moral não cabe, se verificado que os autores não sofreram dor significativa a justificá-la, bastando a de ordem material, evitando que se tire lucro indenivido do infortúnio ( RJTJSP, 149:171).

Assim, para a responsabilidade civil, nos termos do artigo 186, do Código Civil, quatro são os elementos da responsabilidade civil: a ação ou omissão, culpa ou dolo do agente, relação de causalidade, e o dano experimentado pela vítima.

Deste modo, faz-se necessária, dentre outros pressupostos, a comprovação da conduta do réu e do dano pelo requerente, além do nexo causal, já que impossível se exigir daquele a prova de fato negativo e não se trata de caso de presunção, para que surja, a favor da parte requerente, o direito à indenização dos prejuízos suportados.

Por esta razão, caberia, sim, ao autor comprovar nos autos a efetiva ocorrência daquele fato constitutivo do direito alegado por ela em sua petição inicial, contudo, não foi a conduta adotada pela requerente no presente caso concreto.

Portanto, como se viu, não tendo o requerente sido capaz de se desincumbir daquele ônus processual que lhe incumbia de comprovar a efetiva ocorrência do fato constitutivo do direito alegado por ela em sua petição inicial, o pedido de indenização por danos morais não pode ser acatado, como medida de rigor.

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a presente ação ajuizada por LUCIANO DO NASCIMENTO SILVA em face de BENEDITO GOMES

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artigo 487, inciso II, do Novo Código de Processo Civil,

Pela sucumbência, arcará o autor com as custas e despesas processuais, além de honorários de advogado, fixados em 10% do valor da causa.

P.R.I.C.

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