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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE GOIABA CV. CORTIBEL (Psidium guajava) ESTOCADAS SOB REFRIGERAÇÃO EM FILMES X-TEND*

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE GOIABA

CV. CORTIBEL (Psidium guajava) ESTOCADAS SOB

REFRIGERAÇÃO EM FILMES X-TEND*

Talita PEREIRA** Lanamar Almeida CARLOS** Jurandi Gonçalves de OLIVEIRA*** Alcilene Rodrigues MONTEIRO****

* Parte de dissertação de Mestrado do primeiro autor, em 2003, no curso de Mestrado em Produção Vegetal, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Laboratório de Tecnologia de Alimentos/UENF - Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil. Trabalho elaborado com auxílio Financeiro da FAPERJ (Projeto de Fruticultura) e pela bolsa de Mestrado concedida pela FENORTE.

** Laboratório de Tecnologia de Alimentos -CCTA - Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF - 28015-620 - Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil

*** Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal - CCTA-UENF- 28015-620 - Campos do Goytacazes - RJ - Brasil Laboratório de Propriedades Físicas - EQA-UFSC - Campus Trindade - 88040-900 – Florianópolis – SC - Brasil. RESUMO: A temperatura de armazenamento e a

embalagem são fatores que influenciam as características físicas e composição química de frutas durante o seu amadurecimento. Neste trabalho avaliou-se a influencia da embalagem no prolongamento da vida de prateleira de goiabas cv Cortibel de polpa branca. Os frutos foram sanitizados e armazenados a 8ºC, com e sem o filme flexível (X-tend). A avaliação do produto foi realizada periodicamente através das medidas de cor, textura, ácido ascórbico e açucares. Os resultados apresentados mostraram que a embalagem foi eficiente na manutenção dos parâmetros de qualidade dos frutos, conservando-os por vinte nove dias. A perda de firmeza foi maior para os frutos sem a embalagem. A manutenção da coloração verde e o teor de clorofila dos frutos embalados foi maior do que para os frutos sem a embalagem. Ocorreu um aumento no teor ácido ascórbico e pH.

PALAVRAS-CHAVE: Goiaba Cv Cortibel; filme X-tend; pós-colheita.

Introdução

A goiaba (Psidium guajava) é um fruto nativo da América tropical, e é a espécie mais cultivada da família das Myrtaceae. É uma excelente fonte de vitamina C e apresenta uma apreciável quantidade de minerais como cálcio, fósforo e ferro 1,6. Fatores como condições climáticas, práticas de plantio, o cultivar utilizado e o manuseio pós-colheita influenciam a vida útil e a qualidade das frutas frescas. A goiaba é um fruto climatérico e apresenta altas taxas de transpiração e perda de massa, resultando em uma vida de prateleira relativamente curta. A perda de massa, dependendo do cultivar, pode chegar até 35%, principalmente em países de clima quente 3,7. O conhecimento dos fenômenos relacionados à maturação, como firmeza dos frutos, a perda

de massa e os fenômenos bioquímicos, são estudos importantes na pós-colheita desse fruto.

Este trabalho teve por objetivo avaliar a influencia da embalagem na qualidade de goiabas cv. Cortibel, armazenadas a temperatura de 8ºC, ao longo do período de armazenamento.

Material e métodos

O experimento foi delineado num fatorial 2x8, cujos fatores e níveis foram: formas de acondicionamento (caixa de papelão sem e com filme), e períodos de armazenamento (1, 5, 9, 13, 17, 21, 25 e 29 dias) com três repetições. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, mediante a análise de variância a 5% de probabilidade e regressão, pelo programa de análise estatística SAS®. As médias dos fatores foram comparadas utilizando-se o teste deTukey,ao nível de 5% de probabilidade.

Matéria-prima

Utilizaram-se frutos de goiabeira, tipo exportação, do cultivar “Cortibel” de polpa branca, no estádio de maturação fisiológica. Os frutos foram colhidos no município de Santa Tereza, ES. A colheita dos frutos foi manual e aleatória, realizada no período da manhã. Após a colheita, os frutos foram acondicionados em papel tipo seda, para prevenir danos mecânicos, e transportados ao local do desenvolvimento do trabalho. O experimento foi realizado no Laboratório de Processamento de Alimentos (LTA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes, RJ.

Acondicionamento dos frutos

Os frutos foram higienizados, secos e separados em ISSN 0103-4235 Alim. Nutr., Araraquara

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24 lotes, com seis frutos por lote. Doze lotes foram acondicionados em embalagem flexível denominada comercialmente de Xtend , com dimensão 35 x 35 cm e, capacidade para 2 Kg. Em seguida as embalagens foram fechadas com elástico de borracha, de acordo com as especificações do fabricante (StePac L. A., Ltd., Israel) e colocados em caixas de papelão, própria para goiaba. Os outros doze lotes foram colocados diretamente na caixa revestida com papel seda, sem a embalagem, simulando o processo de comercialização. As condições ambientes de armazenamento foram: temperatura de 8oC ( 2ºC) e umidade do ar de 88% ( 2). A umidade e temperatura do ar foram monitoradas por um termohigrômetro digital marca Dwyer instruments INC. (Modelo 485).

Análises dos frutos

As análises foram realizadas no primeiro dia após a colheita e em diferentes estádios de maturação com intervalos de quatro dias. Foram utilizados aproximadamente 228 frutos para cada experimento. Acidez total titulável. (ATT). A acidez total titulável foi realizada de acordo com A.O.A.C2.

pH da polpa. O pH dos frutos foi determinado utilizando-se um pHmêtro digital marca pH 330/SET.

Sólidos solúveis totais. (SST). O teor de sólidos solúveis totais foi determinado usando amostras de suco da polpa dos frutos e medido em um refratômetro digital de bancada ATAGO (modelo PR 201).

Coloração da casca. A coloração da casca dos frutos foi determinada através de um colorímetro de Hunter marca Hunterlab modelo Miniscan. Os resultados foram expressos por meio dos parâmetros de Hunter: “L” (luminosidade), “a” e “b” (cromaticidade).

Perda de massa. Os frutos foram pesados em uma balança ( 0.05g), OHAUS modelo Plus e a perda de massa fresca, durante o armazenamento, foi determinada conforme

equação M x100 M M M o n o

, onde M é a massa dos frutos, Mo a massa no tempo inicial (primeiro dia pós-colheita) do armazenamento e Mn é a massa para os dias posteriores de análise (n = 5, 9, 13, 17, 21, 25 e 29).

Firmeza de polpa. Retirou-se superficialmente a casca de cada fruto, com auxílio de uma lâmina de corte. As medidas foram feitas em três pontos eqüidistantes, na região equatorial, utilizando-se um penetrômetro digital de bancada, marca TR Turoni, modelo 53205, com probe de 8 mm de diâmetro.

Pigmentos da casca. A casca dos frutos foi removida na forma de discos de 6,5 mm de diâmetro e, colocados em

tubos de ensaio contendo 5 mL de dimetilsufóxido, por 48 horas. A absorbância do sobrenadante foi lida em um espectrofotômetro marca Shimadzu, UV mini 1240. A clorofila foi quantificada nos comprimentos de onda 665 nm e 649 nm e os carotenóides quantificados no comprimento de onda de 480 nm. A quantificação dos pigmentos foi obtida a partir de equações propostas por Wellburn11.

Ácido ascórbico. A concentração de ácido ascórbico foi determinada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), em cromatógrafo marca SHIMADZU, detector UV-VIS. As condições cromatográficas foram as seguintes: coluna ODS-II C18 (ID 4,6 x 250 mm) e loop de 20 L, comprimento de onda 254 nm, vazão de 1 mL/min. A fase móvel foi preparada a partir de brometocetiltrimetil amônia 5 mmol/L e fosfato monobásico de potássio 50 mmol/L com pH ajustado para 4,0 com H3PO4, conforme descrito por Benlloch4.

Açúcares. Os teores de glicose, frutose e sacarose foram determinados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), em cromatógrafo SHIMADZU, com detector de índice de refração modelo RID 10A. As condições cromatográficas foram: coluna Lichrospher 100 NH2 5 m (250 x 4 mm), e loop de 100 L. A fase móvel utilizada foi uma solução aquosa de acetonitrila a 75% com vazão de 1mL/min de acordo com Macrae8.

Resultados e discussões

pH, Acidez Total Titulável (ATT) e Sólidos Solúveis Totais (SST)

O período de armazenamento, formas de acondicionamento e interação entre período de armazenamento e forma de acondicionamento, apresentaram efeito significativo sobre o pH das goiabas estudadas neste trabalho. Para a acidez titulável o efeito foi significativo apenas para o período de armazenamento, enquanto que para SST o efeito não foi significativo apenas para a interação entre as formas de acondicionamento e período de armazenamento. A Tabela 1 mostra os resultados referentes às médias obtidas em cada período para pH, acidez e sólidos solúveis totais.

Ao longo do período de armazenamento verificou-se que o pH diminuiu com o tempo de armazenamento e conseqüentemente ocorreu aumento na acidez. Este comportamento possivelmente, pode ter ocorrido devido a formação de ácidos orgânicos (ácido poligaracturônico) proveniente da degradação da parede celular. E a sua manutenção dos níveis apresentados, muito provavelmente, foi devido a baixa temperatura e a inibição do etileno catalítico resultando em baixa taxa de respiração dos frutos e, conseqüentemente, menor consumo dos ácidos orgânicos.

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Tabela 1 - Médias dos valores de pH, acidez total titulável (ATT) e Sólidos solúveis totais (SST) de Goiabas Cv. Cortibel sem (SF) e com filme x-tend (CF) em diferentes períodos de armazenamento.

Observa-se que os teores de sólidos solúveis totais (SST) apresentaram tendência de aumento ao longo do período de armazenamento para frutos sem embalagem, enquanto que para frutos embalados os valores mantiveram-se constantes. A embalagem em conjunto com a refrigeração retardou o aumento dos sólidos solúveis totais, devido provavelmente ao retardo no amadurecimento dos frutos provocado pela modificação da atmosfera no interior da embalagem. Os valores médios dos teores de SST mantiveram-se muito próximos até o final do período de armazenamento, provavelmente devido à baixa taxa respiratória e conseqüentemente baixo consumo de açúcares. Chitarra e Chitarra5 observam que as baixas temperaturas têm a capacidade de retardar as atividades metabólicas, reduzindo a síntese e degradação dos polissacarídeos e carboidratos. Constatando que, neste estudo, as condições de temperatura e umidade relativa foram mais importantes para a manutenção dos teores de sólidos solúveis do que o tipo de embalagem utilizada.

Coloração da Casca

O comportamento dos parâmetros de Hunter luminosidade (L) e cromaticidade (a e b) da casca dos frutos estão mostrados na Tabela 2, nos diversos períodos de

armazenamento. Para os frutos embalados sem o filme o efeito foi significativo do período de armazenamento e formas de acondicionamento (P < 0,05). E não significativo para a interação entre o período de armazenamento e formas de acondicionamento (P > 0,05), para os parâmetros luminosidade (L) e cromaticidade (a, b) da casca de goiabas. Para os frutos com o filme, não houve o efeito significativo (P > 0,05).

Os valores observados para os parâmetros a e b foram crescentes durante todo o período de armazenamento. Os valores de a mantiveram-se negativos, passando de -9,58 a -0,96 para frutos sem o filme e de -9,23 a -6,49 para frutos com o filme. O aumento nos valores destes parâmetros indica uma perda da coloração verde da casca, com o decorrer do amadurecimento dos frutos. Entretanto, para os frutos com a embalagem a perda da coloração verde foi menos acentuada. Os valores obtidos para o parâmetro b, que corresponde ao aumento da coloração amarela, foram sempre positivos e crescentes durante todo o período de armazenamento. Para os frutos sem a embalagem foi de 24,91, no primeiro dia pós-colheita e, 31,51 no último dia. Para os frutos com o filme o aumento foi menos acentuado de 23,17 para 28,68, mostrando que a embalagem retarda o processo de maturidade dos frutos.

Período de armazenamento (dias) Tratamento*

1 5 9 13 17 21 25 29

L

SF 53,96d 55,85cd 58,83cd 60,86bc 59,79bc 59,75bc 6853a 64,95ab

CF 52,83a 54,81a 57,93a 56,50a 58,16a 59,36a 61,10a 57,92a

a (verde)

SF -9,58d -8,61cd -7,9bcd -5,85bc -5,25b -5,15b 0,62a -0,96a

CF -9,23b -8,99ab -8,34ab -8,09ab -6,51ab -6,3ab -4,66a -6,49ab

b (amarelo)

SF 24,91b 24,54b 25,04b 27,76ab 27,44ab 27,91ab 32,22a 31,51a

CF 23,17a 21,78a 23,08a 24,28a 26,76a 26,67a 29,91a 28,68a

* As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, nas linhas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Período de armazenamento (dias)

Tratamento

1 5 9 13 17 21 25 29

pH

SF 4,07b 4,00b 4,71a 4,79a 3,23e 3,72c 3,64cd 3,46d

CF 4,07c 4,32b 4,64a 4,77a 3,18e 3,95c 3,66d 3,71d

ATT (% de ácido cítrico)

SF 0,36c 0,45bc 0,53ab 0,53ab 0,47bc 0,52ab 0,62a 0,65a

CF 0,36e 0,46cd 0,49c 0,53bc 0,39de 0,47cd 0,62ab 0,67a

SST (0Brix)

SF 7,40c 7,70bc 7,60bc 7,90bc 8,10abc 8,90ab 8,30abc 9,20a

CF 7,40a 7,20a 7,50a 7,70a 8,00a 7,80a 7,90a 7,90a

*As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, nas linhas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Tabela 2 - Médias dos parâmetros de Hunter (luminosidade L e cromaticidade (a e b)) obtidos para goiabas Cv. Cortibel embaladas sem (SF) e com filme X-tend (CF) em diferentes períodos de armazenamento.

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Perda de Massa

O comportamento da perda de massa dos frutos, obtidos neste trabalho são apresentados na Figura 1. Os frutos sem o filme apresentaram redução da massa de 24,10%, detectado no vigésimo nono dia pós-colheita, enquanto que para frutos protegidos com o filme, analisados no mesmo período, a perda de massa foi de 8,9%. A maior perda de massa apresentada pelos frutos sem o filme, ocorreu muito provavelmente pela perda de água decorrente das taxas de transpiração, enquanto que as menores perdas em frutos embalados, podem ser explicadas pelo fato da embalagem não permitir a perda de água em excesso para o meio externo, alcançando o equilíbrio no micro ambiente, pela mudança da atmosfera. Os resultados obtidos neste trabalho estão de acordo com Yamashita & Benassi12 que estudaram o uso atmosfera modificada em embalagens flexíveis combinada com refrigeração (7ºC) em goiaba “Kumagai”, de polpa branca.

0 5 10 15 20 25 30 5 9 13 17 21 25 29

Período de es tocagem (dia)

P e rd a d e m a s s a ( % ) Sem f ilme Com f ilme

FIGURA 1 - Perda de massa de goiaba dos frutos de goiabas estocadas por vinte nove dias.

O incremento da perda de massa é menor em frutos armazenados sob refrigeração, podendo tal fato ser atribuído a baixa transpiração exercida pelo fruto. Confirmando os resultados obtidos neste trabalho, Mosaca & Durigan9 estudaram o comportamento de frutos mantidos dentro de filmes plásticos e sob refrigeração durante o amadurecimento, sendo que estes apresentaram menor perda de massa fresca quando comparados apenas com frutos mantidos sob refrigeração.

Segundo Sigrist10, quanto menor a temperatura e maior a umidade relativa, menor será a transpiração do fruto. Tais aspectos são explicados pelo melhor desempenho das embalagens no ambiente refrigerado. A temperatura e a umidade relativa são os principais fatores a alterar a taxa de transpiração dos frutos, cuja magnitude pode depender da senescência e da deterioração do fruto.

Firmeza dos frutos

A análise estatística mostrou, que houve efeito significativo do período de armazenamento (P < 0,05), e não significativo para as formas de acondicionamento e

interação entre esses (P > 0,05), na firmeza de goiabas estudadas neste trabalho. A Figura 2 mostra o comportamento da firmeza dos frutos ao longo do período de armazenamento, onde se observou diminuição deste parâmetro nos dois tratamentos, sendo que os frutos sem a embalagem apresentaram maior perda de firmeza (87,80 N a 40,90 N) do que para frutos embalados com o filme (87,80 N a 63,70 N). Esse comportamento reflete o feito positivo da embalagem na manutenção da vida útil dos frutos.

0 20 40 60 80 100 120 1 5 9 13 17 21 25 29

Período de estocagem (dia)

F ir m e z a ( N ) Sem filme Com filme

FIGURA 2 - Firmeza dos frutos de goiabas estocadas por vinte nove dias.

Pigmentos da Casca: clorofilas e carotenóides

Nas Figuras 3 e 4 estão apresentados os resultados referentes aos teores de clorofilas e carotenóides totais encontrados na casca de goiabas, respectivamente nos diversos períodos de armazenamento. Tanto a clorofila quanto os carotenóides apresentaram diferença significativa durante o período de armazenamento e forma de acondicionamento (P < 0,05) e não significativo para interação entre os fatores (P > 0,05). Os frutos sem a embalagem apresentaram maior degradação da clorofila. Em contra partida, ocorreu o aumento no conteúdo de carotenóide, indicando que estes são sintetizados ao longo do período de armazenamento. Houve um aumento nos valores da quantidade de clorofila da casca no nono e no vigésimo primeiro dia de armazenamento, o que não era esperado. Este comportamento pode ter sido influenciado, muito provavelmente, pela não uniformidade dos estádios de maturação dos frutos na seleção.

O teor de carotenóides (Figura 4) apresentou aumento até o vigésimo quinto dia de armazenamento, para os frutos armazenados sem embalagem e, diminuiu no vigésimo nono dia. A partir desse período, possivelmente iniciou-se sua degradação com o processo de senescência. Os frutos armazenados sob atmosfera modificada, o aumento nos teores de carotenóides, foi menos acentuado e apresentou também um decréscimo ao final do período de armazenamento. Esses resultados indicam que a embalagem retardou a degradação dos carotenóides em comparação aos

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frutos não embalados. Ao compararmos os parâmetros de cromaticidade (a e b) que mostram a mudança de coloração dos frutos estudados, observou-se uma concordância de comportamento. Ou seja, à medida que a cor da casca dos frutos mudava as tonalidades de verde (aumento nos valores de a) ocorreu redução das clorofilas. E, com aumento nos valores de b ocorreu aumento no teor de carotenóides.

Ácido Ascórbico

Os resultados obtidos para os teores de ácido

Período de armazenamento (dias) Tratamento

1 5 9 13 17 21 25 29

SF 76,80a 86,47a 81,70a 122,50a 148,88a 152,32a 159,23a 171,67a

CF 76,80a 136,59a 118,94a 108,12a 90,88a 129,40a 142,82a 111,88a

*As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, nas linhas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 1 5 9 13 17 21 25 29 33

Período de estocagem (dia)

C a ro te n o id e s ( m g /1 0 0 g a m o s tr a ) Sem f ilme Com f ilme

FIGURA 4 - Conteúdo de carotenóides em goiabas Cv Cortibel estocadas por vinte nove dias.

Tabela 3 – Médias dos teores de vitamina C (mg/100 g) de goiabas “Cortibel” de polpa branca, sem (SF) e com filme X-tend (CF) em diferentes períodos de armazenamento.

0 50 100 150 200 250 300 1 5 9 13 17 21 25 29 33 Período de estocagem (dia)

T e o r d e c lo ro fil a ( m g /1 0 0 g a m o s tr a ) Sem f ilme Com f ilme

FIGURA 3 - Conteúdo de clorofila total em goiabas Cv Cortibel estocadas por vinte nove dias.

ascórbico das goiabas estudadas neste trabalho, estão mostrados na Tabela 3.

Os resultados observados para os frutos sugerem incremento dos teores de ácido ascórbico concomitantemente à evolução do amadurecimento. Ou seja, frutos num estádio de maturação mais avançado, apresentam maio res teor es d e v itamin a C. I sto o cor r eu , provavelmente, devido à necessidade de síntese de comp os to s antiox id an tes par a a man uten ção d o metabolismo do órgão do vegetal.

Açúcares

Observa-se através um incremento nos teores de sacarose, seguido de uma diminuição com a maturação do fruto (Tabela 4). Essa queda ao final do período de armazenamento provavelmente se deve a ação da invertase, enzima que atua na hidrólise da sacarose, transformando-a em açúcares de cadeia menor. O decréscimo nos teores de sacarose foi baixo isto é, as b aix as temp er atu r as r etard ar am o p ro cess o d e senescência dos frutos, por meio da diminuição da velocidade de consumo de açúcares para a manutenção do metabolismo, hidrólise de sacarose e consumo de monossacarídeos. Houve efeito significativo do período de armazenamento e formas de acondicionamento, mas não para a interação entre esses.

O teor de glicose apresentou redução constante desde o primeiro (10,57 mg sacarose/100 g de amostra) até o último dia de armazenamento (11,27 mg sacarose/100 g de amostra), tanto para frutos embalados como para os não embalados. Verificou-se também, que a glicose foi o açúcar encontrado em maior quantidade.

Os valores médios dos teores de frutose variaram de 21,46 a 15,16 mg/100 g de amostra para frutos não embalados e 21,46 a 18,09 mg/100 g, para frutos embalados mostrando um decréscimo ao longo do período de armazenamento.

A análise estatística mostrou que tanto a glicose como a frutose houve o efeito significativo do período de armazenamento e interação entre período e forma de acondicionamento, mas não significativo para formas de acondicionamento.

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Período de armazenamento (dias) Tratamentos

1 5 9 13 17 21 25 29

Sacarose

SF 10,57c 11,40ab 11,44ab 11,36ab 11,40ab 11,52a 11,55a 11,27b

CF 10,57c 11,46a 11,35ab 11,23b 11,33ab 11,29ab 11,36ab 11,27ab

Glicose

SF 22,50a 17,66b 16,17bc 15,24bc 15,94bc 16,90b 14,51bc 12,92c

CF 22,50a 17,67b 16,57cb 16,16bcd 14,88bcd 13,56d 14,72cd 14,88bcd

Frutose

SF 21,46a 18,2abc 18,1abc 17,31bc 18,83abc 20,22ab 18,02abc 15,16c

CF 21,46a 18,9ab 18,37ab 18,03b 17,13b 16,00b 18,17ab 18,09b

* As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, nas linhas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Tabela 4 - Médias dos teores de sacarose (mg/100 g) de goiabas “Cortibel“ de polpa branca, sem (SF) e com embalagem (CF) em diferentes períodos de armazenamento.

Conclusão

O estudo mostrou que a embalagem denominada X-tend foi eficiente na manutenção da vida útil de goiabas Cv. Cortibel de polpa branca durante vinte e nove dias. O prolongamento do tempo de estocagem é beneficia a comercialização e reduz as perdas pós-colheita desses frutos. Os resultados ainda mostram que há viabilidade de exportação via marítima dos frutos o que os tornando mais competitivo no mercado externo.

PEREIRA, T.; CARLOS, L.A.; OLIVEIRA, J.G.; MONTEIRO, A.R. Chemical composition and physical characteristics of guava Cv. Cortibel (Psidium guajava) stored at 8oC and packed with X-tend film. Alim. Nutr., Araraquara, v. 16, n.1, p. 11-16, jan./mar. 2005.

ABSTRACT: Storage conditions, temperature and packaging are parameters that influence the chemical composition and physical characteristics of fruits during development and ripening. In this work the influence of packaging was evaluated by physical and chemical characteristics of guava fruits during development and ripening. The guavas were obtained in the southeast of Brazil, Espírito Santo state and stored at 8oC with and without X-tend film. Parameters such as firmness, color, vitamin C content and sugars were periodically assessed. The shelf life of twenty days was the positive effect of packaging. Chemical and physical characteristics were maintained as well as the quality of the fruits with the package.

KEYWORDS: Guava cv Cortibel; post harvest; X-tend film.

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