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Ariane Aparecida de Oliveira

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Academic year: 2021

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G

GÊÊNNEERROOSS TTEEXXTTUUAAIISS EE PPRÁRÁTTIICCAASS DDEE EESSCCRRIITTAA DDOOSS DDOOCCEENNTTEESS DDOO EENNSSIINNOO MMÉÉDDIIOO

Ariane Aparecida de Oliveira ariane_leitura@yahoo.com.br

C

COONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS IINNIICCIIAAIISS

Muitas são as práticas de linguagem que permeiam nosso cotidiano e, especificamente, muitas são as práticas da linguagem escrita que nos cercam; estas práticas de escrita vão desde e-mails, bilhetes, receitas culinárias, currículos, cartas, relatórios, receitas médicas, lembretes, anotações em agendas, boletos bancários etc. nesse sentido, diversos são os textos que fazem parte do nosso dia-a-dia, isto é, que circulam socialmente, num mundo em que as distâncias geográficas diminuem e onde as pessoas precisam se comunicar eficazmente e em contextos cada vez mais diversificados, múltiplos.

Nessa perspectiva, os textos são considerados como o material linguístico observável, em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas (cf. BEUGRANDE, 1997), e se apresentam como gêneros textuais. Assim, os gêneros textuais podem ser definidos por seus aspectos composicionais, seus objetivos enunciativos e estilo, concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Nesse sentido, “os gêneros constituem uma listagem aberta, são entidades empíricas em situações comunicativas”. (MARCUSCHI, 2003, p.4).

Neste estudo, nossa discussão parte da perspectiva da escrita de gêneros textuais produzidos por professores que trabalham a disciplina Língua Portuguesa no âmbito da escola pública. Mediante essa reflexão, temos como objetivo descrever quais são os gêneros textuais que estes professores fazem uso nas diversas esferas do cotidiano e quais dificuldades eles sentem quando trabalham com estes gêneros.

Para não perder de vista o fato de que o nosso trabalho tem que ter alguma relevância (cf. RAJAGOPALAN, 2003), pensávamos em um estudo que chamasse a atenção dos professores a reflexão para as discussões práticas. Nesse sentido, o trabalho sugere a reflexão por parte dos docentes acerca de suas práticas de escrita e também, na perspectiva do ensino, no sentido dos docentes atentarem para a importância do estudo e trabalho com os diversos gêneros em sala de aula.

Considerando estes aspectos, a escrita deve ser entendida como uma prática do cotidiano das pessoas em geral e, especificamente, dos professores, isto é, a escrita se constitui como uma prática inerente à atividade docente. Nessa acepção, o professor deve refletir constantemente sobre a importância dessa prática para sua atuação.

A prática da escrita na escola deve ser trabalhada respeitando-se os princípios básicos da textualidade, uma prática de escrita com função, com valor interacional, com autoria e recepção, onde o que se diz é destinado a um sujeito interlocutor. Isto é, uma prática de escrita “na diversidade de seus usos, cumpre funções socialmente específicas e relevantes” (ANTUNES, 2003, p.47).

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1PPROROCCEEDDIIMMEENNTTOOSS MMEETTODODOOLLÓÓGGIICCOOSS DDAA PPEESSQQUUIISSAA

Nossa pesquisa é de base qualitativa, uma vez que lança um olhar sobre o dizer de alguns sujeitos a respeito de suas práticas de escrita de gêneros textuais e posteriormente reflete sobre a importância dessas práticas para os docentes. Os sujeitos, nessa perspectiva de

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pesquisa, são entendidos como seres constituídos pela linguagem. Estes sujeitos são diferentes entre si, isto é, operam escolhas individuais (cf. ALBANO, 2003).

O desenho de pesquisa de base qualitativa parte do pressuposto de que o mundo social é formado por múltiplos significados que o ser humano constrói (cf. MOITA LOPES, 1994). Tendo em vista esses significados, optamos por investigar as afirmações dos docentes colaboradores e suas práticas de escritas de diversos gêneros textuais.

Os dados são oriundos de atividades didáticas realizadas quando ministrávamos a disciplina Leitura, no ano de 2006, numa turma do 6º período curso de Licenciatura em Letras/ habilitação em Língua Portuguesa e literaturas, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, no Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão – CAWSL/ Assu/ RN.

O questionário é composto de 06 instrumentos de coletas de dados, que abordam seis perguntas diversas sobre escrita nas diversas esferas do cotidiano. Estes instrumentos de coleta foram aplicados aos docentes pelos alunos da graduação em Letras na referida turma.

As questões estão assim distribuídas:

I. O que você, professor (a), costuma escrever: 1. na esfera do lar?

2. na esfera pessoal? 3. na esfera da religião?

4. na esfera do trabalho (escolar)?

5. na esfera acadêmica ou da formação docente?

II. Em qual (is) dessas esferas você efetiva a prática da escrita com mais freqüência? Por quê?

III. Como você caracterizaria a prática de escrita a essa (s) esfera (s)?

IV. Em qual (s) das mencionadas práticas de escrita você encontra maior dificuldade no tocante à elaboração? Por quê?

V. Em que consistem as dificuldades acima relacionadas?

VI. Em sua opinião, o que se faz necessário para a superação ou minimização dessas dificuldades?

Os colaboradores deveriam preencher um quadro com informes referentes a caracterização composto por itens como: cidade (onde reside), idade, sexo, escolaridade, profissão, função e tempo de experiência.

A partir destes dados construímos o seguinte quadro:

I

IDDAADDEE SSEEXXOO EESSCCOOLLAARRIIDDAADDEE PPRROOFFIISSSSÃÃOO TTEEMMPPOODDEEEEXXPPEERRIIÊÊNNCCIIAA P1 43 Feminino Graduação Professora 20 anos

P2 34 Masculino Graduação Professor 12 anos P3 21 Feminino Graduação (cursando) Professora 2 anos P4 37 Feminino Graduação Professora 15 anos P5 24 Feminino Graduação Professora 3 anos P6 21 Feminino Graduação (cursando) Professora 2 anos

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Vemos que os colaboradores são 06 professores, com idade entre 21 e 43 anos, sendo que 05 são do sexo feminino e 01 do sexo masculino, 04 são graduados, 02 estão cursando graduação em Letras e têm de 2 a 20 anos de experiência como docentes. Estes dados são relevantes para entendermos que as variáveis são fatores importantes quando trabalhamos com sujeitos.

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2DDISISCCUUTTIINNDDOO GGÊÊNNEERROOSS TTEEXXTTUUAAIISS EE PPRRÁÁTTICICAASS DDEE EESSCCRRIITTAA

Para Silva (2009), o estudo dos gêneros textuais tem passado por algumas mudanças, trazendo diferentes perspectivas teóricas ao longo de sua história. Há desde os postulados teóricos de alguns autores sobre gêneros textuais e outras propostas que adotam a perspectiva gêneros discursivos.

Nesse sentido, muitos trabalhos têm sido publicados sobre os gêneros textuais em diversas esferas de atividades e circulação, tais como: a esfera familiar, a jurídica, acadêmica e a esfera escolar, sendo esta, talvez, a mais conhecida e discutida quando se trata de abordar o trabalho com os gêneros textuais. Isto porque “o trato dos gêneros diz respeito ao trato da língua em seu cotidiano nas mais diversas formas” (MARCUSCHI, 2008, p.149).

No âmbito escolar, no entanto, “o ensino nunca levou em conta a infinita variedade dos gêneros textuais existentes na vida social, limitando-se a abordar somente os gêneros escritos literários de maior prestígio – o conto, o romance, às vezes a crônica, raramente a poesia” (BAGNO, 2002, p.55). Para Geraldi (2006, p.65), “a produção de textos na escola foge totalmente ao sentido de uso da língua: os alunos escrevem para o professor (único leitor, quando lê os textos). A situação de emprego da língua é, pois, artificial”. Assim, na escola, os docentes têm a difícil tarefa de trabalhar com os mais diversos gêneros de texto, sendo que estes também devem estar relacionados ao cotidiano dos discentes. No entanto, as discussões acerca dessa tarefa são muitas, porque muitos são os gêneros, as atividades, as práticas e as esferas de circulação dos gêneros textuais.

Nesse aspecto, “produzir e entender textos não é uma simples atividade de codificação e decodificação, mas um complexo processo de produção de sentido mediante atividades inferenciais” (MARCUSCHI, 2008, p.99). Assim, uma vez que o texto é único, não-reproduzível, não-reiterável ou repetível (cf. BAKHTIN, 2005, p.27), ele não existe como texto a menos que alguém o processo como tal (cf. BEUGRANDE, 1997).

Nesse aspecto, é preciso considerar que “inter-relacionamos-nos por meio da linguagem em diferentes situações de interação” (PEREIRA E RODRIGUES, 2009, p.3) e que o processamento textual por parte do interlocutor ocorre mediante estratégias de interlocução, “vale dizer, na medida em que o reconhecimento do sentido dessa produção implique o reconhecimento de uma ação entre sujeitos de linguagem” (PÉCORA, 1999, p. 88 – grifos do autor).

Em resumo, vale dizer, também, que as interações ocorrem por meio da linguagem, em situações diversas e quase sempre através da mediação de um ou mais gêneros de texto.

Produzir texto implica produzir gêneros de texto, estes, por sua vez, se configuram como sendo práticas sociais, textuais e discursivas. Nos postulados propostos por Coutinho apud Marcuschi (2008, p. 84), o gênero opera como a ponte entre o discurso e o texto.

Vejamos a figura abaixo:

(objeto da figura) Discurso Gênero Texto (objeto do dizer)

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Fig. 01 – FONTE: Coutinho (2004) apud Marcuschi (2008, p.84)

De um lado, temos o discurso como objeto do dizer, que é visto como uma prática linguística e social. Do outro, temos o texto como objeto que sugere uma configuração, isto é, uma esquematização que conduz a uma figuração (cf. Coutinho apud MARCUSCHI, 2008).

Para Meurer, Bonini e Motta-Roth (2005, p.8-9), o gênero “é um fenômeno que se localiza entre a língua, o discurso e as estruturas sociais”. Assim, é de fundamental importância o docente reconhecer a importância do uso dos gêneros de texto, uma vez que estes se configuram como organizadores da vida social, isto é, desde panfletos distribuídos em via pública, cartazes de anúncios de vendas diversas, que desempenham a função de divulgar produtos, no geral, com vistas à venda ou prestação de serviços, até operações mais complexas; tais como contratos, sejam estes de compra e venda de inúmeros produtos ou serviços, contratos de trabalho, que estabelecem as relações entre empregado e empregador através de cláusulas, contratos de locações ou certidões de casamentos, por exemplos, são algumas das inúmeras atividades sociais realizadas mediante gêneros textuais.

Todos os gêneros têm uma forma, isto é, uma estrutura e uma são feitos com vistas a determinado(s) objetivo(s), contém uma função, bem como um estilo e um conteúdo, mas sua determinação se dá basicamente pela função e não pela forma. (MARCUSCHI, 2008, p.151). Temos assim gêneros estruturalmente mais curtos, outros mais longos, com ou sem ilustrações (tabelas, gráficos, mapas, etc.), com poucas páginas, inúmeras ou apenas uma página etc. O fato é que todos nós fazemos uso de diversos gêneros em nossas práticas de escrita do cotidiano.

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3GGÊNÊNEERROOSS TTEEXXTTUUAAIISS EE PPRRÁÁTTIICCAASS DDEE EESSCCRRIITTAA DDOOSS DDOOCCEENNTTEES S DDOO EENNSSIINNOO MMÉDÉDIIOO

Nosso Instrumento de coleta de dados (questionário) é composto de um quadro para caracterização dos sujeitos colaboradores, como já descrito anteriormente e seguido de seis perguntas. A primeira questão direcionada aos docentes subdivide-se em cinco itens: O que o professor(a), costuma escrever: na esfera do lar? Na esfera pessoal? Na esfera da religião? Na esfera do trabalho (escolar)? Na esfera acadêmica ou da formação docente?

Quando perguntados sobre os gêneros que costumam escrever, na esfera do lar, os professores colaboradores responderam1:

Receitas culinárias, lista de supermercado. (P12) Valores de despesas acumuladas mensalmente. (P2)

Geralmente leio livros de ficção de autores brasileiros e estrangeiros, como também revistas. (P3)

Lista de compras, orçamento mensal... (P4) Lista de supermercado. (P5)

Receitas culinárias, lista de compras, orçamento mensal. (P6)

1

As respostas forma transcritas conforme constam nos dados, sem alteração de qualquer natureza.

2

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Na esfera do lar, os gêneros escritos com maior recorrência são as listas de compras (a serem feitas em supermercados), também chamadas lista de supermercado, seguidos pela lista de despesas mensais, denominadas de orçamento mensal.

O segundo item, o que o professor costuma escrever na esfera pessoal, os colaboradores responderam:

e-mail, cartas, bilhetes. (P1) Poemas e contos. (P2)

Livros de ficção, (romances). (P3) Carta, e-mail... (P4)

Leio bastante, escrever no momento não lembro. (P5) Nada! (P6)

Na esfera da religião, os sujeitos responderam que:

Não tenho nenhum hábito de escrever nada com relação a religião (P1) Meu discurso é oral e em grupos. (P2)

Reflexões sobre espiritualidade. (P3) Quase não escrevo (P4)

Pensamentos, meditações bíblicas (P5)

Leio bastante a bíblia e costumo escrever o que entendo. (P6)

Na esfera do trabalho (escolar):

Planejamentos anuais, bimestrais; diários escolares, (P1) Ofícios, atas, requerimentos, avaliações, exercícios, etc. (P2) Informativos e livros didáticos. (P3)

Planos diários, esquema, resumos, (P4) Planejamentos, diários (P5)

Planejamentos anuais, mensais e diários; (P6)

Na esfera acadêmica ou da formação docente:

Já faz bastante tempo que não escrevo algo que faça parte da minha formação. (P1)

Estando afastado da formação continuada, nada escrevo. (P2)

Os textos estudados na sala de aula e textos mais aprofundados, de outros livros e/ ou internet. (P3)

Fichamentos (P4)

No momento estou fazendo meu projeto de mestrado (P5) Romances, resenhas, seminários (P6)

Nas respostas dadas as perguntas, observamos que os docentes citam inúmeros gêneros de textos pertencentes a diversas esferas do cotidiano e que, por sua vez,

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compreendem atividades específicas, isto é, para cada atividade que fazemos, há o manuseio de um ou mais gêneros. Nesse sentido, há atividades que são realizadas apenas por um ou mais gêneros específico(s). Quando, por exemplo, P5 responde que na esfera da religião escreve Pensamentos, meditações bíblicas, estes gêneros não são, no geral, utilizados e/ou estudados na esfera do trabalho escolar. Outros gêneros como Romances, resenhas, seminários (P6), utilizados na esfera acadêmica ou da formação docente, não são os mesmos escritos na esfera do lar e levados a supermercados ou lojas de conveniência, esferas onde, costumeiramente, os sujeitos colaboradores fazem uso da Lista de compras ou orçamento mensal... (P4).

A segunda questão efetuada aos professores pergunta em qual (is) dessas esferas o professor efetiva a prática da escrita com mais frequência e por quê. Os docentes responderam:

Na esfera do trabalho escolar, o motivo é justamente o trabalho que exige muita escrita e empenho. (P1)

Na esfera do trabalho, por necessitar de produção textual atualizada. (P2) Na esfera pessoal, acadêmica e do trabalho. Gosto muito de ler ficção que correspondem ao conteúdo que é visto no meu trabalho e busco estudar a bibliografia dada como referência no curso de Letras. (P3)

Na esfera do trabalho, devido a necessidade diária. (P4)

Na esfera do trabalho porque exige bem mais de nós. É uma obrigação! (P5) Na esfera acadêmica, visto que, é uma das práticas mais efetivas da minha vida. (P6)

A esfera do trabalho, especificamente, do trabalho escolar, na opinião das colaboradoras, é onde ocorrem com mais frequência as práticas de escrita. A escrita nesta esfera se configura como uma necessidade diária (P4), que exige escrita e empenho (P1 e P5), necessita produção de texto atualizada (P2). Os professores colaboradores P3 e P6 citam que escrevem com mais frequência na esfera acadêmica e pessoal.

A terceira questão indaga como os docentes caracterizam a prática de escrita nessa(s) esfera(s):

É necessário muito tempo para sempre esta em dia com o diário escolar. (P1) Uma formalização da língua exige um domínio normativo da escrita que a representa. (P2)

Realizo com mais dificuldades leituras da esfera acadêmica, pois a linguagem utilizada pelos autores dos textos é mais elaborada. (P3)

Uma prática para o auto-conhecimento, auto-ajuda, pensamento crítico diante da realidade. (P4)

Prazeroso! Embora seja um trabalho, gosto muito do que faço. (P5) Não tenho nenhuma dificuldade, tudo faz parte da minha formação. (P6)

As docentes caracterizam a prática de escrita na esfera do trabalho escolar como sendo necessária (P1), que exige um domínio normativo da escrita (P2), que é prazeroso (P5) e que faz parte da formação (P6). Nesse sentido, entendemos que é necessário o docente ter, também, o domínio das normas de composição dos gêneros, isto é, o aspecto composicional de cada gênero textual.

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A quarta questão refere-se a qual(s) das mencionadas práticas de escrita o professor encontra maior dificuldade no tocante à elaboração e por que:

A maior dificuldade é encontrar tempo para escrever no que se refere a minha formação acadêmica visto que já terminei a faculdade. (P1)

A esfera acadêmica, por estar afastado do meio universitário. (P2)

Tempo insuficiente para estudar, ler, resumir todos os assuntos dos quais me interessam na leitura. (P3)

Na esfera pessoal e religiosa, por mera questão de importância (P4)

No meu projeto. Porque exige tempo e isso não estou tendo, ou seja, ainda preciso organizar a minha vida. (P5)

a leitura na esfera pessoal, já faz bastante tempo que não escrever nada sem ser por obrigação. (P6)

As dificuldades oriundas da prática de escrita, na opinião das colaboradoras, são referentes aos fatores de tempo: escassez e organização de tempo (P1, P3 e P5) e importância ou prioridade (P4).

A quinta pergunta tem como objetivo investigar em que consistem as dificuldades relacionadas anteriormente:

As dificuldades consistem em eu ter terminado o curso de Letras e não ter feito logo uma especialização. (P1)

Num entrave do desenvolvimento intelectual. (P2)

Buscar orientação em várias fontes, consultar dicionário, pedir orientação a professores. (P3)

Falta de disponibilidade, uma questão de valorização (P4)

Essas dificuldades consistem em organizar minhas prioridades na vida. (P5) Como não tenho lido nada de interessante também não tenho escrito ou efetivado a sua prática. (P6)

Como vemos, as dificuldades encontradas estão relacionadas a término de curso de graduação (P1), falta de disponibilidade, prioridades e valorização (P4 e P5).

A sexta e última questão indaga acerca de que na opinião dos professores o que se faz necessário para a superação ou minimização dessas dificuldades:

Estou com planos de tirar uma licença da escola para ter tempo para fazer a especialização. (P1)

Volta a universidade a fim de dar continuidade aos meus estudos. (P2) Programar tempo para cada atividade na semana e finais de semana. (P3) Pensar em organizar melhor o tempo, possibilitando um tempo disponível para Deus e, também, para mim. (P4)

Para a superação dessas dificuldades é necessário no mínimo esforço da minha parte e compreensão da minha família. (P5)

A organização do meu tempo. (P6)

Para a superação das dificuldades encontradas no trato com a escrita de gêneros, na esfera do trabalho escolar, as docentes admitem a necessidade, especificamente, de

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organização de tempo (P1, P3, P4 e P6), citam, ainda, que é preciso voltar à universidade (P2) e também esforço (P5).

A seguir, temos um quadro que resume os gêneros escritos pelos professores colaboradores da pesquisa. Vejamos:

F FIIGGUURRAA0011::TTAABBEELLAA::PPRRÁÁTTIICCAASSDDEEEESSCCRRIITTAAEEGGÊÊNNEERROOSSUUTTIILLIIZZAADDOOSS PRÁTICAS DE ESCRITA E GÊNEROS UTILIZADOS P1 P2 P3 P4 P5 P6 TOTAIS 1 Receitas culinárias 1 1 2

2 Lista de supermercado/ de compras 1 1 1 1 4 3 Valores de despesas acumuladas

mensalmente (orçamento) 1 1 1 3 4 e-mail 1 1 2 5 Cartas 1 1 2 6 Bilhetes 1 1 7 Poemas 1 1 8 Contos 1 1

9 Livros de ficção (romances) 1 1 2

10 Reflexões sobre espiritualidade 1 1

11 Pensamentos 1 1

12 Meditações bíblicas 1 1

13 Planejamentos anuais e bimestrais 1 1 1 1 4

14 Diários escolares 1 1 1 3 15 Ofícios 1 1 16 Atas 1 1 17 Requerimentos 1 1 18 Avaliações 1 1 19 Exercícios 1 1 20 Informativos 1 1 21 Esquema 1 1 22 Resumos 1 1 23 Fichamentos 1 1 24 Projeto 1 1 25 Resenhas 1 1 39

No geral, os docentes colaboradores apontaram 25 gêneros que são escritos por eles, totalizando 39 ocorrências. Temos, assim, desde gêneros que são escritos na esfera do lar, tais como: receitas culinárias ou listas de compras; na esfera da religião: pensamentos e reflexões; bem como gêneros que são escritos na esfera do trabalho escolar: resumos, avaliações, planejamentos, ofícios, exercícios etc.

Vejamos o gráfico a seguir no qual temos os percentuais referentes aos gêneros citados pelos sujeitos colaboradores:

F

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Vemos que a recorrência maior está na escrita dos gêneros na esfera do lar: lista de supermercado, lista de compras e a lista de valores de despesas acumuladas mensalmente (orçamento), que totalizam 10% e 8% respectivamente. Na esfera do trabalho escolar, temos os planejamentos anuais e bimestrais (10%), seguidos pelo diário de classe (8%). Há outros gêneros que também são representativos nas práticas de escrita dos colaboradores, tais como: cartas, receitas culinárias e livros de ficção (romance), que totalizam 5% cada. Os demais gêneros citados somam 3% cada e são eles: fichamentos, informativos, avaliações, exercícios, requerimentos, resumos, projetos, resenhas, atas, ofícios, meditações bíblicas, pensamentos, reflexões sobre espiritualidade, contos, poemas, bilhetes.

A

ALLGGUUMMAASS CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS

Nossa discussão investigou as práticas de escrita de gêneros textuais produzidos por professores de Língua Portuguesa, que atuam em uma escola pertencente a rede pública de ensino. Mediante essa reflexão, observamos que os docentes colaboradores escrevem diversos gêneros textuais nas diversas esferas do cotidiano, que vão desde listas (supermercado, de compras e a lista de valores de despesas acumuladas mensalmente (orçamento)), planejamentos anuais e bimestrais, diário de classe, cartas, receitas culinárias e livros de ficção (romance), fichamentos, informativos, avaliações, exercícios, requerimentos, resumos, projetos, resenhas, atas, ofícios, meditações bíblicas, pensamentos, reflexões sobre espiritualidade, contos, poemas e bilhetes.

No geral, os sujeitos encontram dificuldades no tocante as práticas de escrita de gêneros, seja na esfera escolar ou pessoal, por falta de tempo, tendo em vista que desenvolvem outras atividades, tais como estudo ou atividades religiosas. As opiniões dos docentes é que se faz necessário superar as dificuldades encontradas com esforço, organização de tempo e, principalmente, cursos de formação acadêmica complementar à graduação.

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Assim, vemos que a escrita deve ser entendida como uma prática do cotidiano das pessoas em geral e, especificamente, dos professores, isto é, a escrita constitui uma prática inerente à atividade docente. Nessa acepção, o professor deve refletir constantemente sobre a importância dessa prática para sua atuação, isto é, sendo, nesse sentido um educador crítico que conduz seus alunos a constante reflexão, uma vez que ao educador crítico, cabe a tarefa de estimular a visão crítica dos alunos, de implantar uma postura crítica, de constante questionamento das certezas (RAJAGOPALAN, 2003).

No geral, os docentes colaboradores escrevem diversos gêneros textuais, especificamente, gêneros na esfera do lar e na esfera do trabalho escolar, pois se configura como uma necessidade diária e que também exige empenho. No trato com os gêneros textuais, os colaboradores sentem dificuldades devido a falta de tempo, outros docentes admitem que não priorizam ou não dão a importância necessária para a escrita.

Em face do exposto, depreendemos que a tarefa do professor escritor de gêneros constitui-se numa importante e difícil atividade, uma vez que o docente deve refletir e conhecer sobre as formas e as funções que os gêneros textuais desempenham nas diversas esferas do cotidiano, tanto na esfera do lar, como também nas esferas do trabalho, da escola, o que faz com que esse conhecimento seja partilhado com os alunos. Os reflexos são alunos que desenvolvam práticas de escrita melhores e relevantes para suas vidas.

Portanto, o principal interesse do enfoque aqui apresentado para o campo aplicado dos estudos da linguagem está em compreender que escrever implica escrever gêneros de textos. Que as práticas de escrita de texto devem ser vistas como uma prática de linguagem interativa, nas quais os gêneros desempenham um papel fundamental.

Nesse aspecto, a escrita de gêneros se configura como uma atividade situada, reflexiva, isso porque ela não é reduzida a um resultado final dissociado das condições de produção (cf. MONDADA, 2008). Quem escreve, escreve para alguém e com determinadas condições de tempo, espaço, opiniões e saberes.

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Referências

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