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Finanças Comportamentais: um estudo comparativo utilizando a teoria dos prospectos com os alunos de graduação e pós-graduação de uma IES

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Finanças Comportamentais: um estudo comparativo utilizando a

teoria dos prospectos com os alunos de graduação e pós-graduação de

uma IES

Gustavo dos Santos Fernandes (Faculdade de Ciências Educacionais e Empresariais de Natal) gugastrong@hotmail.com

Jean Gleyson Farias Martins (Faculdade de Ciências Educacionais e Empresariais de Natal) prof.jeanmartins@gmail.com

Jardeylde Rosendo do Amaral (Faculdade de Ciências Educacionais e Empresariais de Natal) ufrnylde@gmail.com

Arnaldo Barbalho Simonetti Neto (Unifacex) arnaldo@esquadrosengenharia.com.br Daniyel Ferreira de Medeiros (Unifacex)

danbrasil1@gmail.com Resumo:

A Pesquisa desenvolvida tem por finalidade mostrar se o gênero e o tipo de curso na graduação e pós-graduação em uma Instituição de Ensino Superior - IES competem ou não para a tomada de decisões. Foi realizada coleta em uma IES, onde foram entrevistados 129 (cento e vinte e nove) homens e mulheres de vários cursos de graduação e pós-graduação. Aplicou-se a esses dados um questionário dos psicólogos Kahnemam e Thersky, criadores da teoria dos prospectos, mostrando comportamentos variáveis e influências dos componentes emocionais das tomadas de decisões. A pesquisa não mostrou diferença significativa em relação ao gênero e o tipo de curso na tomada de decisão e a exposição ao risco de uma forma geral em comparação com a pesquisa feita por Kahnemam e Thersky. O método utilizado para a pesquisa foi o do Qui-quadrado.

Palavras-chave: Finanças Modernas, Finanças Comportamentais, Teoria dos Prospectos.

Behavioral Finance: a comparative study using the theory of

prospectuses with undergraduate and graduate HEI

Abstract:

The developed research aims to show the gender and the type of course at the undergraduate and graduate at a higher education institution - IES compete or not for taking decisions. Data collection was carried out in an HEI to interview 129 (one hundred twenty-nine) men and women of various undergraduate and graduate. Was applied to this data a questionnaire of Kahnemam and Thersky

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psychologists, creators of the theory of prospectuses showing behavior variables and influences the emotional components of decision making. The study showed no significant difference in relation to gender and the type of course in decision making and risk exposure in general compared to the research done by Kahnemam and Thersky. The method used for the research was the chi-square. Key-words: Modern Finance, Behavioural Finance, Prospect Theory.

1 Introdução

As finanças comportamentais despertaram um novo conceito e influência nos processos de tomada de decisões. Fatores psicológicos passaram a serem levados em conta, não só a linearidade matemática para se decidir sobre algum investimento ou caminho a se seguir. Esses fatores são chamados de vieses cognitivos, são eles que conduzem aos investidores a interpretações equivocadas da realidade, tornando o processo de decisão mais arriscado. Toda decisão acarreta em perdas ou ganhos na vida de quem as toma. Em uma decisão que acarrete perda, se busca uma maior exposição ao risco para recuperar o que se perdeu, em havendo ganho há a tentativa de preservação desse caminho, se privando a novos riscos. As Finanças Comportamentais estudam estas decisões.

O processo de decidir faz parte do cotidiano das pessoas, as decisões podem ser simples ou complexas, tanto em ambiente da vida particular quanto no ambiente empresarial. Para facilitar à tomada de decisão as pessoas buscam informações complementares no próprio ambiente, visto que, essas possam auxiliar a optar pela melhor alternativa (SILVA et al., 2009).

Dessa maneira, quanto mais se compreende os fatores cognitivos, seja em função de suas consequências, quanto em suas causas, mais seguro torna o investidor. O alastramento de experiências e de pesquisa nessa área visa contribuir para criação de novos métodos financeiros, em substituição modelos financeiros tradicionais, nos quais levem em consideração os fatores comportamentais inseparáveis a tomada de decisão, tal como a assimetria das informações. Os investidores constantemente tomam decisões, no momento de uma opção, ele opta por um determinado ativo supostamente racional, contudo, com informações parciais ou limitadas da alternativa a ser escolhida (CARDOSO; RICCIO; LOPES, 2008).

A grande contribuição a respeito do processo decisório veio na área da microeconomia com o desenvolvimento da teoria dos prospectos da autoria de Kahneman e Tversky (1979, 1984), cujo objetivo foi descrever o processo de tomada de decisão de maneira indutiva por meio de experimentos em laboratório.

Por intermédio do uso da teoria dos prospectos, podem-se compreender melhor os vises que interferem no processo decisório, assim como gerar os chamados erros de preferência, identificados como as principais razões que ocorrem no processo cognitivo na tomada de decisão. Os aspectos cognitivos é, sem dúvida, um dos fatos mais instigantes e controversos das finanças moderna.

De acordo com Martins, Dantas, Araújo, Neto e Leone (2015) os possíveis investidores estarão mais aptos em melhorar suas decisões, contanto que usuários obtenham respostas especificas em relações as decisões futuras.

Assim sendo, a presente pesquisa visa contribuir para compreensão dos comportamentos financeiros dos investidores, ademais, explica as falhas cognitivas às quais são sujeitas os agentes, dessa forma, auxilia para melhor aplicação dos investimentos.

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Por meio dessas considerações, o presente artigo tem como questionamento: Até que ponto o gênero, o curso de graduação e curso de pós-graduação competem para que agentes emocionais não interfiram no processo de tomada de decisão?

O objetivo do trabalho é replicar a investigação desenvolvida por Kahneman e Tversky (1979) identificando em estudantes de graduação e pós-graduação o processo de tomada de decisão e a influência do gênero para as questões relacionadas às perdas e aversões aos riscos. A princípio se investigou a capacidade de investimento por curso de graduação e pós-graduação, e depois verificou a disposição de investimentos entre os gêneros (masculino e feminino) e finalmente comparou os resultados da hipótese já testada da pesquisa de Kahneaman e Tversky (1979) com a pesquisa atual.

2 Referencial teórico

As finanças modernas para muitos estudiosos teve seu início a parti da publicação do livro de Gerald M. Loeb (1935) – The Battle for Investment Survival – marca o nascimento das finanças tradicionais (FERREIRA, SILVIA E GUILHERME 2009). Nesta época foi considerado o experte das finanças, ele afirmava que: “uma vez que se obtenha confiança, a diversificação é indesejável... a diversificação é a admissão de que não se sabe o que fazer gerando uma decisão em se apostar na média” (LOEB, 1935).

Bem como Loeb, outros autores corroboravam com as ideias do Modelo Tradicional de Finanças, dentre eles o economista J. M. Keynes (Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda - 1936); John Burr Willians (The Theory of Investment Value - 1938); Graham e Dodd (1934), e Dewing (1953). Os autores afirmavam a teoria de que as ações deveriam se avaliadas e, após tal análise os agentes econômicos comprariam os títulos que lhe apresentassem uma taxa de rentabilidade superior a esperada (RAMOS, 2007).

Para teoria das finanças tradicionais as pessoas são parecidas com um ser humano em uma denominação de “homoeconomicus”. Essa denominação será capaz de fazer cálculos matemáticos com perfeição, praticar futurologia, processar e analisar informações sob o prisma de múltiplas possibilidades infinitas. Em ambientes incertos, mais direcionados a precificação de ativos financeiros, consegue fazê-lo de maneira adequada e de probabilidade a cada cenário possível (MACEDO, 2003; MEDEIROS, 2005; RAMOS, 2007).

Já as finanças modernas tem seus princípios baseado na racionalidade ilimitada do ser humano. Para essa teoria, os investidores são capazes de escolher a melhor alternativa de investimento, analisando as informações disponíveis no mercado de maneira racional, axioma que se tornou um modelo na área (LEONE; GUIMARÃES, 2013).

Na evolução teórica das finanças, as finanças modernas não consideram resultados obtidos no passado para garantir resultados no presente, pois existem padrões e não se pode atribuir a esses ambientes de negócios um caráter eficiente.

A Teoria da Utilidade Esperada, desenvolvida por Von Newmann em 1928, é um conceito central na teoria utilitarista a estimativa que deve ser maximizada nas decisões. Essa utilidade será sempre o que atribui de valor esperado (futuro), ocorrendo de forma subjetiva, a um determinado ativo.

As finanças modernas estão baseadas em quatro pilares, que são: Teoria do portfólio; Teorema da irrelevância dos dividendos; O CAPM e por fim; e, a Hipótese dos mercados eficientes (HME). De acordo como Thaler e Mullainathan (2000), essas teorias são postuladas na Teoria Econômica Neoclássica em que o investidor toma decisões baseadas na racionalidade ilimitada e metodologicamente estruturada em consonância com a Teoria da

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Utilidade Esperada, visto que, enfrenta as restrições, procurando sempre maximizar a sua função utilidade (THALER; MULLAINATHAN, 2000).

Entretanto, as Finanças Modernas passaram a ser colocadas em “xeque” em função das descobertas empíricas que havia vieses cognitivos no comportamento na tomada de decisões nos agentes econômicos, refutando a ideia de que os investidores eram perfeitamente racionais (MURCIA; BORBA, 2006). Após a afirmação de que o agente econômico não consegue racionalizar todas as informações existentes no mercado, a teoria moderna passar a ser questionada, surgindo às finanças comportamentais (ROSA; MILANI, 2015).

Mas, as constatações contra o comportamento racional dos agentes econômicos eram evidentes. Kimura e Basso (2003) mencionam que diversas pesquisas tem contrapondo os postulados teóricos e os resultados evidentes da hipótese de mercado eficiente, ressaltando que as Fianças Modernas não teve base teórica para elucidar as anomalias apresentadas no mercado. Simon (1957), por exemplo, verificou que nem sempre os agentes econômicos analisavam todas as alternativas no processo de tomada de decisão e, quando encontravam uma alternativa que lhes beneficiasse, interrompiam as procuraras por investimentos.

O principal estudo de relevância em Finanças Comportamentais sucedeu em 1979 com a publicação do artigo Prospect Theory: analysis of decision under risk. O trabalho, Kahneman e Tversky pesquisaram o comportamento, as atitudes e o processo de tomada de decisão do investidor em situações que envolviam risco no cotidiano do mercado financeiro. Os resultados obtidos deram origem à Teoria do Prospecto e a um dos principais vieses do comportamento: a aversão à perda. Por esse viés, foi comprovado que as pessoas sentem muito mais a dor da perda do que os benefícios de um ganho equivalente (KOBBERLING; WAKKER, 2005). Nesse mesmo sentido Guilherme (2009), a compreensão de como são realizadas as decisões podem ser orientadas por fatores comportamentais e emocionais inerente aos agentes, torna-se essencial para análise de que forma esses agentes lidam com o sentimento de prejuízo e/ou lucros.

Segundo Leone e Guimarães 2013 as pesquisas no campo das finanças comportamentais tem como finalidade identificar e compreender as falácias cognitivas responsáveis pelos erros de avaliação dos agentes econômicos, de maneira a adaptar os modelos econômico-financeiros atuais e, assim, nortear e auxiliar os investidores a selecionar melhor seus ativos financeiros de maneira mais apropriada.

Tratando especificamente da teoria dos prospectos, o processo de investir não é uma tarefa fácil para os investidores, o ato de decidir sobre a escolha de determinado ativo A ou B, adiar a escolha, liquidar, aumentar, diminuir, trocar por outro ativo ou até mesmo aborta não é algo simples que se possa descrever. Por mais que todo o processo de decisão siga a racionalidade, apoiada em indicadores quantitativos, não tem como os agentes dissociares dos vieses cognitivos, sejam eles de forma explicita e implícita. Dessa maneira as decisões não descrevem modelos normativos, e sim, as decisões estão sempre sujeitas a desvio ou atalhos mentais para tomarem decisão (KAHNEMAN; TVERSKY, 1974).

A teoria dos Prospectos reconhece que o investidor possui resposta mais extrema ao prejuízo do que ao lucro, o descontentamento ligado à perda de um ativo é normalmente maior do que a felicidade associado a ganhos de um ativo do mesmo valor (PAVÃO; GREJO; MORAES, 2016). Em vista disso, mesmo que os valores cognitivos diferirem entre investidores e atributos, Tversky e Kahneman (1981) sugere que a função de valor é frequentemente em forma de S, côncava acima do o ponto de referência e convexa abaixo dele. A Figura 1 representa a função de valor explicada na Teoria do Prospecto

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Fonte: Kahneman; Tversky (1979)

Figura 1 - Função hipotética de valor da teoria dos prospectos

Refere-se, então há uma tendência que os agentes econômicos possuem em não aceitar um ganho maior em função de uma perda considerável, isto é, a maioria dos investidores optam em aceitar retornos menores, mas que possuam maior probabilidade de ganho (MARTINS; DANTAS; ARAÚJO; NETO E LEONE, 2015). Nesse mesmo sentido Macedo Junior (2003, p. 52), na Teoria do Prospecto “as pessoas dão peso inferior aos resultados prováveis em comparação aos que são obtidos com certeza. Esta tendência, chamada de efeito certeza, contribui para a aversão ao risco nas escolhas que envolvem ganhos seguros”.

Quando se pensa em risco, os indivíduos são levados a pensar na possibilidade de perdas ou ganhos em função de uma distribuição de probabilidade dos possíveis resultados, porque a dor da perda gera um impacto maior do que a realização de um ganho (RADAVELLI, 2007).

3 Metodologia da pesquisa

A presente pesquisa se caracteriza como descritiva, com abordagem quantitativa. Foram aplicados questionários a uma amostra 129 estudantes de pós-graduação, em que, utilizou-se a metodologia proposta por Kahneman e Tversky (1979), os estudantes de pós foram submetidos a realizar escolhas individuais diante de possibilidade nas quais envolviam condições hipotéticas de certeza ou de incerteza (prospectos). O questionário da pesquisa encontra-se no apêndice.

O questionário foi aplicado de forma aleatória aos alunos de pós-graduação que se encontravam presentes em sala de aula no momento da aplicação. Apesar de o instrumento apresentar os problemas em sequência, foram apresentadas ordens diferentes para distintos respondentes, essa maneira de aplicação teve como propósito maior diminuir potenciais efeitos de ordem nas decisões a serem tomadas. Vale lembrar também que, os alunos de pós-graduação não tinham obrigação de se identificar no ato do preenchimento da pesquisa. Por fim, foi ditos aos alunos que não havia respostas nem certas e nem erradas, pois as respostas dependiam apenas das preferências pessoais de cada indivíduo.

O diagnóstico envolveu dois aspectos: Os alunos de pós-graduação foram segmentados por curso de MBA (Gestão Financeira, Auditória/Perícia Contábil e Gestão e Planejamento Tributário) e por gênero (feminino e masculino).

O primeiro grupo a ser submetido à pesquisa foram os alunos de pós-graduação do curso de MBA em Gestão Financeira (GRUPO 1), fizeram parte 64 alunos. No segundo momento, foram aplicados os questionários com os alunos do curso de MBA em Auditória e Perícia Contábil (GRUPO 2), totalizando 33 alunos. Por fim, o terceiro foram com os alunos de MBA

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em Gestão e Planejamento Tributário (GRUPO 3), formado por 32 alunos. Os questionários apresentavam 16 questões: as questões de número 1 a 8 abordaram as probabilidades de ganhos com ou sem riscos de perda; as questões de 9 a 12 evidenciam as probabilidades de perdas com maiores ou menores prejuízos; e finalmente, as questões 13 a16 são indiferentes, as alternativas levam ao efeito de neutralidade mesmo com sendo apresentadas de maneiras diferentes.

4 Resultados da pesquisa

Após a coleta de dados ter concluído, aplicaram-se aos resultados os testes de Kruskal-Wallis (propósito de verificar por Cursos de MBA e Graduação) e U Mann-Whitney (para verificação por gênero) verificando se existiam diferenças. Vale resaltar que eram consideras significativas as diferenças que possuíram o Asymp. Sig inferior a 5%. Por fim, confrontou-se os resultados obtidos com os achados por Kahneman e Tversky (1979), Cruz, Kimura e Krauter (2003) e Rogers et al. (2007).

Na tabela 1 é possível observar os dados encontrados para as análises iniciais, por curso de MBA e Graduação.

Questão Frequência das respostas por Curso de MBA

Frequência das respostas por Curso de Graduação

Asymp. Sig. Asymp. Sig.

1 68,60% 32,70% 2 55,90% 62,80% 3 3,30% 65,30% 4 56,90% 77,50% 5 28,90% 27,50% 6 89,00% 46,50% 7 12,10% 78,70% 8 93,50% 63,50% 9 20,80% 48,30% 10 13,50% 34,00% 11 26,40% 76,90% 12 57,10% 28,70% 13 92,30% 23,70% 14 57,60% 25,80% 15 95,90% 46,64% 16 32,70% 77,30%

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Tabela 1 - Análise da frequência das respostas por curso de MBA e Graduação

Para investigar, se as diferentes amostras (Cursos de MBA e Graduação) observadas sugerem realmente diferenças significativas foi utilizado o teste não paramétrico Kruskal-Wallis. Observou-se que apenas a questão três não passou no teste com nível de significância de 5%, em relação à mensuração ao valor "P", isto é, a questão 3 se encontra abaixo do nível de

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significância de 5%, apresenta-se um percentual de 3,30% não passando no teste. Isto significa que o Curso de MBA em Gestão Financeira 35,66%; Curso de MBA em Auditória/Perícia Contábil 13,95%; Curso de MBA em Gestão e Planejamento Tributário 20,16%. Os 69,77% dos pós-graduandos optaram pela alternativa B (não oferece risco de perda e menos rentável). Os que optaram pela alternativa A (maiores possibilidades de perda e mais rentável): O Curso de MBA em Gestão Financeira 13,95%; Curso de MBA em Auditória/Perícia Contábil 11,63%; Curso de MBA em Gestão e Planejamento Tributário 4,65%, o total que optaram pela alternativa 30,23%.

Já ao analisar a frequência das respostas do curso de graduação, no qual, foi utilizado teste

Kruskal-Wallis, não foi possível encontrar nível de significância de 5% em relação ao valor

de "P", ou seja, não diferenças significativas de risco entre os discentes.

Para avaliar as frequências das respostas dos gêneros, utilizou-se o teste de Mann-Whitney, indicado para comparação de dois grupos. Isto é, verifica-se se há evidências para acreditar que valores de um grupo A são superiores aos valores do grupo B. No caso da presente pesquisa procurou saber se o gênero dos alunos influenciava nas respostas. As frequências podem ser observadas na tabela 2.

Questão U de Mann-Whitney Asymp. Sig. 1 17,10% 2 85,40% 3 40,70% 4 7,30% 5 62,70% 6 42,70% 7 51,60% 8 39,60% 9 1,10% 10 20,90% 11 16,40% 12 77,40% 13 49,40% 14 71,40% 15 76,40% 16 21,30%

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Tabela 2 - Análise da frequência das respostas por gênero

Em virtude dos resultados do teste de Mann-Whitney, buscou-se vitrificar se o gênero dos pós-graduandos poderia influenciar a sua resposta. Os resultados evidenciam que homens e mulheres nem sempre se comportam da mesma forma quando são expostos a situação de perdas ou a riscos. Cada questão presente nos instrumentos de pesquisa apresentava duas alternativas (A e B). A opção por uma delas estava associada a um cenário de maior risco (Alternativa A) ou de menor risco (Alternativa B).

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Observou-se que apenas à questão nº 9 apresentou diferenças significativas de percepção (Nível de Significância < 5%), e os resultados podem ser conferidos na tabela abaixo:

Gênero Questão 09 Total Alternativa A Alternativa B Masculino 31 28 59 52,54% 47,46% 100,00% Feminino 52 18 70 74,29% 25,71% 129 83 46 64,34% 35,66% 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Tabela 3 - Análise da frequência das respostas da questão nº 9

Na questão nº 9, que envolve perdas financeiras, identificou-se que 64,34% dos respondentes preferiram à alternativa A (maior risco). Entretanto, desses 52,54% eram do sexo masculino, contra 74,29% eram mulheres. Dentre os 35,66% que escolheram pela alternativa B (menor risco), 47,46% são homens e apenas 25,71% são mulheres. Esta questão enfatizava perdas financeiras, pode-se concluir que as mulheres diante de prejuízos se comportaram de maneiras menos conservadora do que os homens.

Por fim, os resultados da presente pesquisa foram comparados com os resultados identificados nos estudos comandados por Kahneaman e Tversky (1979), obtiveram-se os resultados apresentados na tabela 4.

Questões Alternativas Pesquisa

atual Kahneman e Tversky (1979) 1 Alternativa A :($2500:33%; $2400:66%;$0:1%) 33% 55% Alternativa B ($2400:100%) 67% 45% 2 Alternativa A: ($2500:33%;$0:67%) 36% 45% Alternativa B :($2400:34%;$0:66%) 30% 55% 3 Alternativa A :($4000:80%;$0:20%) 70% 45% Alternativa B: ($3000:100%) 31% 55% 4 Alternativa A :($4000:20%;$0:80%) 31% 44% Alternativa B :($3000:25%;$0:75%) 69% 56%

5 Alternativa A: (Viagem de três semanas para Inglaterra, França e Itália: 50%;Nada: 50%).

20% 38%

Alternativa B : (Viagem de uma semana para a Inglaterra:100%)

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6 Alternativa A: (Viagem de três semanas para Inglaterra, França e Itália: 5%;Nada: 95%).

27% 35%

Alternativa B: (Viagem de uma semana para Inglaterra:10%;Nada: 90%). 73% 65% 7 Alternativa A: ($6000:45%;$0:55%) 31% 33% Alternativa B: ($3000:90%;$0:10%) 69% 67% 8 Alternativa A:($6000:0,1%;$0:99,9%) 43% 53% Alternativa B : ($3000:0,2%;$0:99,8%) 57% 47% 9 Alternativa A: (-$4000:80%;$0:20%) 64% 73% Alternativa B: (-$3000:100%) 36% 27% 10 Alternativa A: (-$4000:20%;$0:80%) 53% 51% Alternativa B: (-$3000:25%;$0:75%) 47% 49% 11 Alternativa A: (-$6000:45%;$0:55%) 56% 59% Alternativa B: (-$3000:90%;$0:10%) 44% 41% 12 Alternativa A: (-$6000:0,1%;$0:99,9%) 49% 45% Alternativa B: (-$3000:0,2%;$0:99,8%) 51% 55% 13 Sim 44% 52% Não 56% 48% 14 Alternativa A: ($0:75%;($4000:80%;$0:20%):25%) 26% 54% Alternativa B: ($0:75%;($3000:100%):25%) 74% 46% 15 Alternativa A :($1000:50%;$0:50%) 43% 47% Alternativa B ($500:100%) 57% 53% 16 Alternativa A :(-$1000:50%;$0:50%) 67% 62% Alternativa B: :(-$500:100%) 33% 38%

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Tabela 4 - Frequência dos prospectos na pesquisa e comparação com a pesquisa de Kahneaman e Tversky (1979) Teste Qui-Quadrado

Valor gl Asymp. Sig. (2-sided) Pearson Chi-Square 40,000 33 0,187 Likelihood Ratio 54,718 33 0,10 Linear-by-Linear Association 0,09 1 0,764 N of Valid Cases 64

Fonte: Dados da pesquisa (2016) Tabela 5 - Teste Qui-Quadrado

Apresenta-se na tabela 5 o teste Qui-Quadrado. Este teste foi aplicado com intuito de identificar se há diferenças significativas entre a pesquisa atual e o experimento desenvolvido por Kahneman e Tversky (1979). Ao nível de significância de 5%, não foi verificado nenhuma diferença relevante entre as pesquisas. A pesquisa atual demonstrou que os

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estudantes de pós-graduação são racionais quanto às decisões e totalmente avessos a correr riscos, possivelmente reflexo atual da crise instalada no Brasil.

5 Considerações finais

Este estudo teve como objetivo verificar se há influência no processo decisório, a ser tomado, pelo gênero e pelo indivíduo que está cursando uma graduação ou pós-graduação. Em relação ao gênero observou-se que diante de uma situação de risco homens e mulheres possuem um comportamento semelhante, já em relação a perdas financeiras as mulheres são mais agressivas no tocante a se correr riscos em relação aos homens.

Quando comparamos o artigo com a pesquisa principal feita pelos criadores da Teoria dos Prospectos (Kahneman e Tversky), obtiveram-se praticamente os mesmos resultados. Alunos de uma graduação/IES são racionais em suas decisões e avessos ao risco.

Há, possivelmente, mais motivações a serem analisadas com maior profundidade e que certamente influenciarão mais intrinsicamente nos processos decisórios em relação a riscos a serem vividos. Como por exemplo: a conjuntura política de um país? A quantidade de moeda circulante, oportunidade e economia aquecida? São fatores, que certamente, concorrem para um posicionamento psicológico na tomada de decisões e a exposição aos riscos.

A aversão ao risco financeiro, possivelmente, tenha motivações mais complexas do que as relacionadas neste artigo, onde o mesmo se limitou aos fatores pesquisados.

Referências

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Referências

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