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PREÇOS DOS CEREAIS VÃO MANTER-SE ALTOS NOS PRÓXIMOS 10 ANOS

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Flutuações dos Preços nos Mercados dos Cereais – Razões e Consequências

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PREÇOS DOS CEREAIS VÃO MANTER-SE ALTOS NOS PRÓXIMOS 10 ANOS

Conclusões do Seminário

’’Flutuações dos Preços nos Mercados dos Cereais – Razões e Consequências’’

1. FACTORES DETERMINANTES DA EVOLUÇÃO RECENTE DOS MERCADOS

FACTORES DE NATUREZA CONJUNTURAL:

• A ocorrência de factores climáticos adversos em varias regiões da UE e extra UE, reduzindo neste último caso o potencial exportador;

• O aparecimento de OGMs não autorizados pela UE, cultivados em países tradicionalmente exportadores para a EU, como exemplo, o milho da Argentina;

• Aumento do preço do petróleo, da energia de produção agrícola e dos transportes;

• Excesso de liquidez nos mercados financeiros, acompanhada de especulação no mercado de futuros das ‘’commodities’’ (*);

• Depreciação do dólar americano;

• Restrições à exportação em alguns países tradicionalmente exportadores, como o Vietname e a Tailândia;

• Reduzidos stocks.

FACTORES DECORRENTES DAS POLÍTICAS E DOS MERCADOS AGRÍCOLAS:

• Estabelecimento de taxas de exportação durante parte da campanha, por parte de alguns países exportadores, como a Rússia, a Ucrânia, a argentina e o Brasil;

• Implementação generalizada do desligamento das ajudas da produção, o que provocou uma redução efectiva de superfícies cultivadas na Europa e muito especialmente em Portugal até 2007;

• Legislação comunitária referente às restrições, à importação e ao processo de aprovação de novos eventos OGM;

• Estabelecimento de novas regras e limites reduzidos para o acesso à intervenção; • Rigidez da oferta e da procura no curto prazo;

• Insuficiente investimento na agricultura nos países em desenvolvimento;

• Transferência da especulação financeira, nomeadamente a proveniente do sector imobiliário para o sector agro-alimentar, com realce para a Bolsa de Chicago e certos canais da OMC.

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Flutuações dos Preços nos Mercados dos Cereais – Razões e Consequências

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FACTORES DE NATUREZA ESTRUTURAL:

• Aparecimento de novas utilizações para os cereais, nomeadamente a produção de etanol, essencialmente nos EUA: 25% da produção de 2007/2008 foi absorvida com este destino, impedindo a sua colocação no mercado mundial;

• Nesse mesmo período da UE não mais de 1% da produção foi usada para o mesmo fim; • Aumento crescente da procura mundial das ''comodities'', devido ao aumento do poder de

compra e das alterações dos hábitos alimentares com o aumento do consumo de carne por parte das economias emergentes, nomeadamente da China, índia e América Latina;

• Abrandamento do crescimento das produtividades na UE; • Preços elevados da energia;

• Mudança gradual das políticas da OCDE, que conduziu a uma dinâmica de especulação, o que levou ao aumento dos preços.

Estruturais

Decorrentes das políticas

Dinâmica de especulação

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Flutuações dos Preços nos Mercados dos Cereais – Razões e Consequências

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2. PREOCUPAÇÕES NACIONAIS DE FUNDO

• Manutenção de uma política Agrícola Comum no pós 2013, como resposta a desafios comuns – sustentabilidade, competitividade e globalização;

• Manutenção da actividade produtiva em todas as regiões da UE, incluindo as mais frágeis.

Pode-se considerar que a Proposta da CE não dá resposta aos factores estruturais da alta de preços mundial – não incentiva a oferta e é excessiva no alinhamento com a OMC.

3. PREOCUPAÇÕES NACIONAIS DO SECTOR DOS CEREAIS

• Criação de instrumentos específicos para garantir um nível de produção em sectores e regiões mais frágeis – oposição a desligamentos;

• Simplificação da PAC, em particular da Condicionalidade, redução dos custos administrativos;

• Medidas de gestão de mercado têm de ter em conta a perspectiva dos excedentes, mas também do abastecimento das regiões deficitárias – algo que foi sempre reconhecido pelo agora inoperante contingente do milho.

4. PERSPECTIVAS DO SECTOR DOS CEREAIS E SECTORES A JUSANTE

4.1 PERSPECTIVA DA COMISSÃO

• Os mercados manter-se-ão em alta ainda durante os próximos 10 anos, porém não ao nível excepcional que atingiram este ano;

• A jusante, os sectores mais afectados serão os da pecuária; • Operar num quadro de maior liberalização;

• Aumento das superfícies cultivadas, dadas as condições favoráveis de mercado e as metas institucionais para a produção de biocarburantes;

• Diminuição dos stocks públicos e privados com consequente aumento do factor volatilidade e incerteza nos mercados;

• Elevado preço dos fertilizantes, nomeadamente os azotados, em grande parte devido ao custo dos combustíveis;

• Inexistência de propostas no âmbito do Health Check, que visem acomodar a nova e tendencialmente persistente alta de preços dos produtos de base.

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4.2 PERSPECTIVA DO PONTO DE VISTA DAS POLÍTICAS

A análise da evolução da PAC, ao longo de todas as reformas vai no sentido de obedecer às exigências da OMC, desprotegendo o mercado interno com o perigo de voltar a pôr em causa o rendimento de alguns produtos, nomeadamente os que não conseguirem uma ligação mais forte ao mercado, mas que são também necessários na defesa do mundo rural e da sua sustentabilidade.

Foi apresentada a sugestão para que a agricultura saia da OMC, uma vez que esta não terá legitimidade para gerir estes assuntos, optando-se pela FAO ou a ONU, deixando a agricultura de estar entregue aos comerciantes.

O Exame à Saúde da PAC não resolve os problemas actuais e os desafios. Tem que haver mecanismos de protecção, porque, de contrário, ficamos desprotegidos. A agricultura não é comparável ao comércio e à indústria.

A agricultura tem uma forte componente social e ambiental, que importa respeitar e promover. A função prioritária da agricultura deverá ser a produção de bens alimentares, pelo que devem ser assegurados níveis de rendimento compensadores aos produtores, garantindo preços acessíveis aos consumidores.

4.3 PERSPECTIVAS DA PRODUÇÃO DE CEREAIS (SEM MILHO E ARROZ)

• Consumo mundial de cereais superior à oferta nos próximos anos, pelo que se prevê continuar alguma volatilidade nos preços;

• Margens muito reduzidas na produção de cereais em Portugal, mantendo-se as mesmas condições de preços (receita) e de custos dos factores de produção (despesa);

• Necessário maximizar receita (agrupando produção, planificando actividade com fileira, agir como fileira juntamente com a indústria) e minimizar custos (agrupando produção, planificando produção com indústria dos factores de produção);

• Essencial garantir armazenamento de cereal junto da produção nacional; • Produtores têm de se familiarizar com instrumentos financeiros.

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4.4 PERSPECTIVAS DA PRODUÇÃO DE MILHO

• Segundo os dados apresentados pelo CIC, em 26/6/08, a produção mundial de milho (756 milhões de toneladas) não vai ser suficiente para suprir as necessidades mundiais (782 milhões de toneladas).

• O Stock Mundial de milho vai ficar ao nível mais baixo dos últimos 25 anos.

• O preço médio do milho pago em 2007, em Portugal é igual, em valor Corrente nominal, ao pago em 1988 (20 anos atrás).

• A cotação média do milho comercializado pelos produtores nacionais de milho no período 2006 a 2007 teve um acréscimo de 29%, passando de 170 euros/ton. para 220 euros/ton. • O aumento médio dos factores de produção foi durante o último ano de 26%, tendo os

adubos sofrido acréscimos médios de 84% e o gasóleo agrícola de 42%.

4.5 PERSPECTIVAS DA INDÚSTRIA DA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

• A concorrência energia/alimentação comporta riscos a ter em conta;

• Adaptação da indústria e da fileira às novas condições de mercado; negociação com as cadeias de distribuição;

• Aposta nos biocombustíveis de 2ª geração (lenho-celulósicos, palhas, algas, biomassa). Disponíveis em 2015 (?);

• Importações de produtos com as mesmas regras da união europeia;

• Opções políticas devem ter em conta a competitividade da pecuária – sem ela não haverá sustentabilidade nem desenvolvimento do mundo rural.

É necessário saber se os decisores políticos querem manter a pecuária na união europeia e assegurar a auto-suficiência alimentar. Esta é a grande questão a responder.

4.6 PERSPECTIVAS DA INDÚSTRIA DA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Por mais que a Europa queira, o mercado não funciona sozinho. O Estado tem o dever de prever as necessidades – acreditar mais nos agentes económicos.

É preciso um acompanhamento apertado ao mercado de capitais. Os mercados financeiros não podem continuar com tanto proteccionismo. A especulação tem de ter regras, pois o principal problema é financeiro – em 1992 os cereais estavam ao preço de hoje.

É necessário proteger as micro e pequenas empresas. Na indústria não pode acontecer o que acontece no comércio. As grandes superfícies destruíram o comércio, a indústria e a agricultura.

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4.7 PERSPECTIVAS DA BIOTECNOLOGIA

Do ponto de vista da biotecnologia, foi focada a problemática dos OGM, em termos de disponibilidade futura de matérias-primas para a alimentação, animal e humana, e obviamente para diminuir a tensão nos preços de mercado, quer pela aprovação (mais célere) dos mesmos eventos que existem nos principais países fornecedores, quer pelo fim da politica de tolerância zero aos eventos transgénicos ainda não aprovados na EU, mas com parecer positivo da EFSA e autorizados nos países terceiros. Trata-se de um factor de melhoria da competitividade das Fileiras utilizadoras de cereais como a Fileira da Pecuária.

Esta questão, como a aprovação tardia do milho herculex ou o GA 21, não permitiu a importação de derivados de milho dos EUA como o corn gluten feed e DDG (importantes na alimentação dos bovinos e em especial das vacas leiteiras) ou de milho da Argentina e criou uma maior pressão no mercado de cereais europeu (e na soja), agravando os preços de mercado.

Trata-se de um assunto importante, visto que no Health Check da PAC não existe qualquer referência a este aspecto, quer na parte da inovação e novos desafios (os das novas tecnologias), quer ao nível da disponibilidade de matérias-primas e aumento da oferta. Inclui-se nas mesmas "armas" que temos de ter para competir com as importações de carne, leite e ovos provenientes de países terceiros.

4.8 PERSPECTIVAS DOS CONSUMIDORES

Para os consumidores, a crise alimentar tem várias causas prováveis e todas elas concorrem para uma escala dos preços dos alimentos e que assume uma maior expressão, uma vez que esta crise está enquadrada em outros factores: crise financeira, desemprego e baixos rendimentos.

A expressão do aumento do preço dos cereais tem reflexos directos nas bolsas portuguesas, o que provoca já em algumas famílias fome. As cooperativas de consumidores, enquanto organizações de consumidores, tentaram reagir com informação prévia e aumento do stock destes produtos.

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Flutuações dos Preços nos Mercados dos Cereais – Razões e Consequências

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5. VÁRIAS ANÁLISES DE EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO SECTOR DOS CEREAIS

5.1Análise retrospectiva dos Preços Médios dos Cereais Nacionais (Base 100-2004)

5.2 Evolução das cotações de trigo mole e milho no Mercado Nacional de 2004-2008

Fonte: GPP

(%)

2004

2005

2006

2007

2008

Trigo Mole

panificável

100

87

97

132

191

Trigo Mole

Forrageiro

100

85

95

141

185

Milho

Forrageiro

100

90

97

133

153

Fonte: GPP

Cot ações Tr Mole Forrageiro (valores médios)

50 100 150 200 250 300 350

J an-04 J an-05 Jan-06 Jan-07 Jan-08

€/t

Trigo Mole Forr Média Simples Trigo Mole Forrageiro

Produção

FRA (Rouen)

Cot ações Milho (valores médios)

50 100 150 200 250 300 350

J an-04 J an-05 J an-06 J an-07 J an-08

€/t

Milho Média Simples Milho Forrageiro Produção

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5.3 Evolução das cotações de milho e sorgo nos mercados representativos Mundial e UE

Fonte: DGAGRI Fonte: DGAGRI 303 267 285 304 100 150 200 250 300 350 We ek 0 We ek 3 We ek 6 We ek 9 We ek 12 We ek 15 We ek 18 We ek 21 We ek 24 We ek 27 We ek 30 We ek 33 We ek 36 We ek 39 We ek 42 We ek 45 We ek 48 We ek 51 We ek 2 We ek 5 We ek 8 We ek 11 We ek 14 We ek 17 We ek 20 We ek 23 $ /t

US YC3 FOB Gulf

Argentina maize Up River Brazillian maize

Sorghum US FOB Gulf

Sources: IGC/WPI 212 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 Wee k 1 Wee k 4 Wee k 7 Wee k 10 Wee k 13 Wee k 16 Wee k 19 Wee k 22 Wee k 25 Wee k 28 Wee k 31 Wee k 34 Wee k 37 Wee k 40 Wee k 43 Wee k 46 Wee k 49 Wee k 52 Wee k 3 Wee k 6 Wee k 10 Wee k 13 Wee k 16 Wee k 19 Wee k 22 Wee k 25 €/ t

Dlvd Bordeaux

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5.4 Variação do saldo import/export na UE

Fonte: GPP

• Aumento total das importações, devido ao aumento das importações de milho; • Para Portugal o aumento foi significativo;

• Pela primeira vez a UE desde há décadas foi importador líquido de cereais: 8.6 mt (há um ano atrás: 5 mt exportador líquido)

-15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30

Importação Exportação Saldo

m io t o n 2006/2007 2007/2008

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