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O Regime de Exceção 1964/67 e o AI-5

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O Regime de

Exceção

1964/67

e o AI-5

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O REGIME DE EXCEÇÃO (64/67)

E A GÊNESE DO AI-5

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O GOVERNO CASTELO BRANCO, O REGIME DE

EXCEÇÃO (64/67) E A GÊNESE DO AI-5

Reiteradamente caracterizado como "legalista" e "moderado", o perfil de Castelo Branco serviu até mesmo para adjetivar um conjunto de militares que com ele partilhariam uma formação intelectual mais refinada [...], um apego às normas legais e uma forma mais branda de tratar os inimigos da "revolução". Atributos tão atraentes parecem derivar muito mais da benevolência dos biógrafos que o beneficiaram do que propriamente de uma análise do desempenho do primeiro general-presidente (FICO, 2004, p. 32-33).

Castelo Branco, como se sabe, foi escolhido para a Presidência da República contra a vontade do general Costa e Silva, que, nas primeiras horas após o golpe, autonomeara-se "comandante-em-chefe do Exército Nacional" e líder do "Comando Supremo da Revolução". Se a escolha de seu nome (que o próprio Castelo articulou com competência entre políticos civis) impediu a imediata ascensão de Costa e Silva (nomeado "apenas" ministro da Guerra), durante o seu governo Castelo não conseguiu, como pretendia, interromper a temporada de punições "revolucionárias"; proibiu atividades políticas dos

estudantes; decretou o AI-2; não logrou impedir que militares radicais conquistassem poder

político; ajudou a redigir e assinou a Lei de Segurança Nacional que instituiu a noção de "guerra interna"; fechou o Congresso Nacional e decretou uma Lei de Imprensa restritiva (FICO, 2004, p. 33).

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Além de tudo, foi conivente com a tortura, que já era praticada nos primeiros momentos após o golpe (é costume afirmar-se que a tortura só se tornaria freqüente no pós-68). De fato, diante das acusações que irrompiam na imprensa, Castelo viu-se obrigado a mandar seu chefe da Casa Militar – o futuro presidente Ernesto Geisel – averiguar os fatos. Geisel voltou tergiversando e Castelo omitiu-se. Como se não bastasse, teve de admitir ser sucedido por aquele que se tornara o condestável de seu governo – precisamente o general Costa e Silva (FICO, 2004, p. 33).

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Terá sido o fracasso de Castelo de pôr cobro aos anseios punitivos de militares radicalizados que fomentou o crescimento do que então se chamava de "força autônoma", que se autonomeara verdadeira guardiã dos princípios da "revolução", e que se tornaria, paulatinamente, um grupo de pressão muito eficaz (capaz, por exemplo, de reabrir a temporada de punições com o Ato Institucional nº 2, em 27 de outubro de 1965) e, posteriormente, institucionalizar-se-ia como as famosas "comunidade de segurança" e "comunidade de informações“ (FICO, 2004, p. 33).

O Ato Institucional nº 5 foi o amadurecimento de um processo que se iniciara muito antes, e não uma decorrência dos episódios de 1968, diferentemente da tese que sustenta a metáfora do "golpe dentro do golpe", segundo a qual o AI-5 iniciou uma fase completamente distinta da anterior (FICO, 2004, p. 34).

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É fundamental destacar que, se o anseio punitivo que caracterizava a linha dura não surgiu repentinamente em 1968, como reação à opção de parte da esquerda pela chamada "luta armada", de fato, a partir do AI-5, as diversas instâncias repressivas já existentes passaram a agir segundo o ethos da comunidade de segurança e de informações ou com ela entraram em conflito. No primeiro caso, está a censura de diversões públicas; no segundo, a propaganda política (FICO, 2004, p. 37).

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A contestação dessa leitura corrente sobre a "moderação" de

Castelo não é apenas mais uma disputa de memória, pois,

felizmente, hoje, ampara-se em pesquisas profissionalmente

conduzidas (FICO, 2004, p. 33).

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Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados.

[...]

A gota d'água para a promulgação do AI-5 foi o pronunciamento do deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, na Câmara, nos dias 2 e 3 de setembro, lançando um apelo para que o povo não participasse dos desfiles militares do 7 de Setembro e para que as moças, "ardentes de liberdade", se recusassem a sair com oficiais. Na mesma ocasião outro deputado do MDB, Hermano Alves, escreveu uma série de artigos no Correio da Manhã considerados provocações. O ministro do Exército, Costa e Silva, atendendo ao apelo de seus colegas militares e do Conselho de Segurança Nacional, declarou que esses pronunciamentos eram "ofensas e provocações irresponsáveis e intoleráveis". O governo solicitou então ao Congresso a cassação dos dois deputados.

[...]

Fonte:

Maria Celina D'Araujo, em:

CPDOC/FGV

O AI-5 não só se impunha como um instrumento de intolerância em um momento de intensa polarização ideológica, como referendava uma concepção de modelo econômico em que o crescimento seria feito com "sangue, suor e lágrimas".

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CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido;

[...]

CONSIDERANDO, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la;

Texto inicial do Ato Institucional nº 5

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CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição.

CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária;

Texto inicial do Ato Institucional nº 5

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Arthur da Costa e Silva, general responsável pelo AI-5.

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Art. 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a

intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição. Parágrafo único - Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.

Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o

Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

Alguns artigos do Ato Institucional nº 5 Alguns artigos do Ato

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Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:

I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;

III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política; IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:

a) liberdade vigiada;

b) proibição de freqüentar determinados lugares; c) domicílio determinado,

Alguns artigos do Ato Institucional nº 5

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Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos,

contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.

Art. 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de

acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.

Alguns artigos do Ato Institucional nº 5

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FONTE:

ATO INSTITUCIONAL Nº 5, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1968:

http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=5&tipo_no

rma=AIT&data=19681213&link=s

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REFERÊNCIAS:

FICO, Carlos. Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. Rev.

Bras. Hist. [online]. 2004, vol.24, n.47, pp. 29-60.

D'ARAUJO, Maria Celina. Fatos & Imagens > O AI-5. Disponível em:

<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AI5>. Acesso em: 14 mar.

2014.

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EDITORIAL:

Seção de Biblioteca e Editoração do TRE/RN

Centro de Memória

Idealização do projeto: Ana Paula Vasconcelos do Amaral

e Silva Araújo e Keidy Narelly Costa Matias.

Pesquisa e organização dos slides: Keidy Narelly Costa

Matias – estagiária do TRE/RN, mestranda em História e graduanda em História (bacharelado) pela UFRN.

Referências

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