• Nenhum resultado encontrado

Posição dos Profissionais dos Departamentos Ultramarinos Franceses relativamente à reforma da PCP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Posição dos Profissionais dos Departamentos Ultramarinos Franceses relativamente à reforma da PCP"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Posição dos Profissionais dos Departamentos Ultramarinos Franceses

relativamente à reforma da PCP

Observação preliminar

Este documento, elaborado sob a égide do Comité National des Pêches Maritimes et des Elevages Marins (Comité

das Pescas Marítimas e das Criações Marinhas), é fruto do trabalho concertado dos quatro Comités Regionais

(Guiana, Guadalupe, Martinica e Reunião).

INTRODUÇÃO

No âmbito da reforma da PCP, os profissionais franceses dos Departamentos de Ultramar Franceses reuniram-se por várias vezes, a fim de estabelecerem uma posição comum de defesa dos interesses das regiões ultramarinas (francesa, numa primeira fase) aquando das próximas negociações comunitárias.

A presente nota apresenta brevemente o estado da fileira (1) e propõe pistas de reflexão pragmáticas e adaptadas para os debates futuros (2).

1. Ponto de situação da Pesca Ultramarina Francesa

Sem entrar numa análise trunfos/travões aprofundada, convém, contudo, recordar:

As interacções pesca – ambiente – outros usos

A constatação da degradação do ambiente nalgumas regiões ultramarinas francesas é partilhada, mas os profissionais participam, desde há muito, na implementação de medidas e acções respeitosas do ambiente – constituindo provas disso o estabelecimento de áreas protegidas ou o envolvimento em programas de melhoria da selectividade das artes.

O potencial de desenvolvimento das energias renováveis (ou das extracções marinhas) nas regiões ultramarinas é cada vez mais realçado.

Os trunfos da pesca nos Departamentos Ultramarinos Franceses

Os principais trunfos da pesca nos Departamentos Ultramarinos Franceses residem principalmente no potencial dos recursos (com reserva relativamente aos riscos de rarefacção dos mesmos nas zonas costeiras), a sua grande diversidade e os esforços em termos de dinamismo e adaptabilidade realizados pelo sector.

(2)

A pesca no Ultramar Francês é, principalmente, uma pesca artesanal, constituindo um verdadeiro elo social (pois representa 20 % dos efectivos dos marinheiros pescadores franceses e 35 % da frota artesanal nacional).

Para além disso, convém lembrar que essas regiões dispõem de um planalto continental restrito (excepto na Guiana) e que os conhecimentos científicos relativamente a algumas espécies ainda permanece parcelar, apesar de os profissionais estarem mobilizados no âmbito de diversos programas de recolha de dados.

O envolvimento dos profissionais na gestão das pescas e a possibilidade, para alguns, de diversificar a sua actividade com a do turismo também representam trunfos que merecem ser salientados.

Os travões actuais ao desenvolvimento

Em breve, pode-se citar:

-­‐ O estado da frota da pequena pesca – a sua antiguidade nalgumas regiões – e o fim das ajudas à construção representam um autêntico travão a qualquer política de desenvolvimento. Para além disso, a ausência ou o fraco apoio do sector bancário dificulta o acesso às ajudas de modernização. A saturação da faixa costeira, nalgumas regiões, juntamente com baixos meios de investimento dificilmente proporciona reorientações e constitui um obstáculo ao desenvolvimento da fileira.

-­‐ A problemática dos informais (pesca e comercialização ilegais)

-­‐ No que se refere às questões relativas ao mercado, a ausência ou insuficiência dos equipamentos portuários ou dos pontos de desembarque são verdadeiros empecilhos, que não facilitam a transparência e o dinamismo do mercado. Notemos também a insuficiência em termos de ferramentas de transformação e aquisição das novas tecnologias e os sobrecustos de produção relacionados com as distâncias (preço dos insumos, combustível…)

-­‐ A concorrência dos países de ACP e dos países terceiros e, nomeadamente, das importações maciças de produtos a preços muito baixos.

-­‐ A exposição às alterações climáticas, estando estas regiões também fortemente expostas a catástrofes naturais.

2. Estratégia(s) de defesa dos interesses das pescas dos Departamentos Ultramarinos Franceses no âmbito da reforma da PCP

Quatro departamentos do Ultramar Francês dispõem do estatuto de Região Ultraperiférica (RUP). Como tal, tendo em conta o Tratado sobre o funcionamento da UE (TFUE), beneficiam da base jurídica que reconhece a especificidade das RUP e a necessidade de adaptar as políticas comunitárias às suas respectivas realidades e restrições permanentes. Deste modo, o Artigo 349 do TFUE prevê que:

« […] o Conselho, mediante proposta da Comissão e, após consulta do Parlamento Europeu, estabeleça medidas específicas que visem, em específico, fixar as condições de aplicação dos tratados a essas regiões, incluindo as políticas comuns. […]

As medidas referidas na primeira alínea dizem, designadamente, respeito às políticas aduaneiras e comerciais, à política fiscal, às zonas francas, às políticas nas áreas da agricultura e da pesca,…».

Convém realçar que a Comissão, na sua comunicação de 17 de Outubro de 2008 sobre «As Regiões Ultraperiféricas: um trunfo para a Europa» anunciou que, na «era da mundialização e

(3)

da procura de reforço da competitividade europeia, é necessário apoiar o desenvolvimento de sectores promissores, nos quais as RUP possuem potenciais de especialização e vantagens comparativas fortes. As RUP possuem, para além disso, recursos haliêuticos ricos e relativamente preservados: os fundos marinhos são autênticos laboratórios que vivem da biodiversidade, permitindo uma política de desenvolvimento sustentável da pesca.»

Durante o primeiro fórum da Ultraperiferia Europeia em Bruxelas de 27 e 28 de Maio de 2010, também foi sublinhada a forte necessidade de políticas haliêuticas distintas para essas regiões.

De facto, até à data, maior parte das adaptações comunitárias a favor da ultraperiferia foram objecto de «stop and go» regulamentares que acabaram mais por fragilizar o sector em vez de o consolidar.

Por conseguinte, antes de evocar um catálogo das medidas susceptíveis de serem inseridas nos regulamentos que constituirão a futura PCP, será conveniente aplicar previamente os

Artigos 349 e 355-1 do TFUE.

Por esse motivo, a orientação de uma estratégia de desenvolvimento das nossas regiões ultramarinas francesas deve, na nossa opinião, ser efectuada em torno dos seguintes eixos, adaptando-os aos novos objectivos ou novas restrições:

-­‐ garantir a modernização e a renovação das ferramentas de produção,

-­‐ reforçar as capacidades de acompanhamento, gestão e controlo das actividades piscatórias, desenvolvendo um sistema de recolha e processamento das informações, isto é, no âmbito de uma governação de parcerias nova, que integre os profissionais ultramarinos. O presente ponto relativo à estratégia de defesa dos interesses da pesca ultramarina francesa no âmbito da reforma da PCP está organizado em torno dos seguintes temas: Gestão

dos recursos e governação (2.1), as ferramentas financeiras (2.2.), as questões de mercado (2.3).

2.1. Gestão dos recursos e governação

A PCP ignora amplamente os contextos específicos das RUP e, especialmente das pescarias tropicais dos Departamentos Ultramarinos Franceses. O alinhamento das RUP com uma política assente nos diagnósticos das pescas da Europa continental e as sobrecapacidades impede o aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento existentes nos Departamentos Ultramarinos Franceses.

Relativamente ao acesso aos recursos:

Face aos argumentos anteriormente mencionados, relativos às lacunas em termos de conhecimentos haliêuticos no âmbito da abordagem ecossistémica, o uso de determinados modos de gestão poderá ser desenvolvido com base em diagnósticos locais participativos (desenvolvendo, assim, o elo cientistas-pescadores).

No que se refere à aplicação do RMD em 2015 nessas regiões, sem sequer questionar o objectivo de se alcançar esse rendimento máximo, a mera fixação de um prazo parece irrealizável, bem como parece também totalmente inaplicável a interdição total das rejeições.

Para além disso, comunicamos a nossa oposição à utilização das concessões de pesca transferíveis (CPT) e possibilidades de pesca individuais (PPI) nessas regiões. A própria gestão através das quotas de captura não é, aliás, aplicada nem tem vocação para o ser automaticamente (Convém notar que, na bacia do Sudoeste do Oceano Índico, a gestão por stocks e a

(4)

determinação dos TAC é realizada ao nível da CTOI; e que o camarão, na Guiana, está submetido a um TAC).

Pelo contrário, nos casos necessários, a instauração de um plano de gestão a longo prazo – no âmbito da abordagem ecossistémica acima mencionada – poderia ser contemplada (na condição de as pescarias aceitarem, pois a elevada pluri-especificidade das frotas muito artesanais dificultaria muito as coisas).

De modo a garantir o acesso de algumas zonas à exploração exclusiva do Estado Membro, a instauração de autorização de acesso a essas ZEE deveria ser analisada, dado o caso, no respeito das regras de gestão estabelecidas pelos actuais gestores das zonas.

O estabelecimento de uma taxa devida pela totalidade dos navios (metropolitanos e dos departamentos ultramarinos franceses) de modo a suportar os custos do controlo também não é uma via contemplável.

Relativamente à gestão da frota:

Uma nova definição da capacidade de pesca deveria ter constado do próximo regulamento de base, de modo a abandonar a noção de calibrador.

Para além disso, a possibilidade de desenvolver frotas estabelecidas nessas regiões, após o diagnóstico do estado dos recursos, deveria ser incentivada, no âmbito, no entanto, de um enquadramento da frota por segmento e em função das especificidades de cada região.

Relativamente à governação:

Se os profissionais franceses entendem o interesse em reduzir o esforço de pesca com algumas espécies, este procedimento só fará sentido se for concertado com os restantes países vizinhos. Foi, nomeadamente, por esse motivo, que foi pedida a criação de fóruns regionais com os Estados exteriores à Comunidade Europeia, bem como a introdução de uma subsidiariedade de representação a favor dos Estados e profissionais locais nesses fóruns.

Na medida em que a Comissão Europeia está encarregue de negociar, em nome dos Estados Membros, com os Estados terceiros e, com vista a reforçar a integração das RUP na governação das pescarias europeias, é fortemente desejada a criação de um CCR RUP.

De facto, parece-nos primordial permitir a participação dos profissionais das RUP na elaboração das decisões de gestão dos recursos, sendo tão importante certificar-se de que o princípio de coerência da PCP é respeitado (pois as RUP estão na junção dos seus capítulos interno e externo devido à sua localização geográfica).

A criação desse conselho, aberto, por conseguinte, a outras comunidades para além das dos pescadores, facultaria a abordagem da importante questão da planificação espacial dos espaços marítimos, permitindo, ainda, a troca de experiencias com outros profissionais das RUP da União Europeia.

Relativamente à aquicultura marinha:

Promover uma aquicultura baseada, a longo prazo, nas espécies locais, privilegiando produções de baixo impacto ambiental (nomeadamente, uma dependência menor das proteínas animais marinhas selvagens, tamanho das unidades de produção…) o que implica meios de pesquisa, desenvolvimento e transferência maiores e uma reflexão sobre o desenvolvimento aquícola à escala regional.

2.2. As ferramentas financeiras que acompanham a reforma da PCP

(5)

-­‐ os atrasos de desenvolvimento não colmatados da fileira nos Departamentos Ultramarinos Franceses

-­‐ a intervenção pública marginal da União Europeia (IFOP/FEP) na fileira da pesca; -­‐ a inadaptação da PCP e os efeitos paradoxais da sua aplicação no contexto ultramarino

Ora, temos de constatar que as propostas do regulamento FEAMP não levaram em consideração as especificidades dessas regiões, excepto na manutenção da majoração da taxa de intensidade das ajudas a seu favor.

Parece-nos primordial que o futuro fundo dedicado à pesca permita assegurar a modernização da fileira (nomeadamente em termos de infra-estruturas) e a renovação (e modernização) das ferramentas de produção, levando, obviamente, em conta a realidade de cada uma das bacias marítimas das RUP e as disponibilidades dos recursos.

Para tal, pretende-se:

-­‐ O restabelecimento da ajuda à construção de navios

-­‐ A manutenção das ajudas aos investimentos (tipo FEP) a bordo dos navios com uma alteração, nomeadamente, de alguns critérios, no que refere à substituição dos motores (ver: período de 5 anos excessivamente longo, tendo em conta as condições de utilização dos motores que degradam os mesmos muito mais rapidamente).

-­‐ O restabelecimento dos financiamentos públicos para os DCP colectivos

-­‐ A harmonização, em termos de coerência, das políticas e dos instrumentos comunitários (FED, FEP, APP, APE…) usados por bacia

2.3. As questões relacionadas com o mercado

Estas questões estão estreitamente relacionadas com as do capítulo externo da PCP e dos acordos de pesca com os Estados terceiros. Deste modo, deveriam ser empreendidos estudos de incidência dos Acordos de Parceria Económica Caraíbas sobre a fileira da pesca das Antilhas francesas.

A PCP deve prever adaptações que permitam garantir o co-desenvolvimento sustentável das fileiras das pescas regionais através de:

-­‐ A orientação dos objectivos dos APE virada para uma exploração concertada e sustentável dos recursos nos territórios respectivos e não apenas para uma concorrência económica e comercial (que teria inevitavelmente as consequências opostas);

-­‐ Um reforço das relações entre os produtores dos departamentos franceses e os dos países de ACP por uma defesa concertada dos seus interesses respectivos;

-­‐ Um apoio à promoção da produção «local»: estabelecimento de um rótulo que permita diferençar a origem dos produtos, melhorando, desta forma, a sua rastreabilidade;

-­‐ As ajudas à criação de organizações de produtores e de estrutura interprofissional deveriam ser concedidas sem degressividade nem limite temporal, de modo a levar em consideração as limitações da ultraperiferia.

Os profissionais franceses constataram a manutenção do regime POSEI e o alargamento do seu alcance e solicitaram a sua extensão aos dois departamentos que não beneficiam actualmente do referido regime.

Referências

Documentos relacionados

Para tanto, serão estimados três modelos: um modelo que identifica a aquisição individual de calorias, por meio da aquisição agregada domiciliar, seguido por um modelo que relaciona

E caso você tenha interesse em se aprofundar ainda mais sobre as técnicas de “ESTUDO DE RUÍDO” , clique aqui e se inscreva no meu curso RUÍDO 100 MEDO, onde me aprofundarei

1 JUNIOR; ANDRADE; SILVEIRA; BALDISSERA; KORBES; NAVARRO Exercício físico resistido e síndrome metabólica: uma revisão sistemática 2013 2 MENDES; SOUSA; REIS; BARATA

para o processo de investigação, uma vez que é com base nos diários de campo.. que os investigadores conseguem analisar e refletir sobre os dados recolhidos, permitindo

Para Azevedo (2013), o planejamento dos gastos das entidades públicas é de suma importância para que se obtenha a implantação das políticas públicas, mas apenas

Por meio destes jogos, o professor ainda pode diagnosticar melhor suas fragilidades (ou potencialidades). E, ainda, o próprio aluno pode aumentar a sua percepção quanto

Para a análise do Heat Map, em cada período foi feito a contagem da quantidade de vezes de como as correlações foram classificadas, por exemplo, a correlação entre a entropia e

O objetivo desse trabalho ´e a construc¸ ˜ao de um dispositivo embarcado que pode ser acoplado entre a fonte de alimentac¸ ˜ao e a carga de teste (monof ´asica) capaz de calcular