• Nenhum resultado encontrado

PRODUTOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS, SIMBIÓTICOS E O MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PRODUTOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS, SIMBIÓTICOS E O MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

SIMBIÓTICOS E O MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL Sebastião Cesar Cardoso Brandão

Professor Titular

Departamento de Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa

Alimentos funcionais podem ser definidos como alimentos normais, com um ingrediente adicional que comprovadamente causa efeitos específicos e benéficos aos consumidores, inclusive na saúde, no comportamento, na performance e bem-estar, além da provisão simples dos nutrientes. Entre os muitos grupos de alimentos funcionais encontra-se o dos probióticos, prebióticos, e simbióticos.

Probióticos podem ser definidos como uma cultura de microrganismos vivos, que quando ingerido em quantidade suficiente, causam efeitos específicos e benéficos no consumidor, além da simples nutrição básica (World Health Organization, 2001). Prébioticos são ingredientes não digeríveis de alimentos que tem o potencial de beneficiar o consumidor por estimular seletivamente o crescimento de microrganismos desejáveis no trato intestinal do hospedeiro. Simbióticos são alimentos que contém prebiótico e probiótico. No caso dos simbióticos, o probiótico fornece os microrganismos e o prebiótico fornece substratos certos para que eles se multipliquem. Os efeitos clínicos são devidos a: 1) modulação da micro-ecologia do trato intestinal, 2) normalização de permeabilidade intestinal previamente anormal, 3) fortalecimento das barreiras mucosas do intestino, e 4) modulação da resposta imunológica do intestino.

Os probióticos são, portanto, um subgrupo dos alimentos funcionais, que causam efeito positivo no intestino dos consumidores. Apesar de aparentemente não ser difícil desenvolver um probiótico para ser usado em alimentos, o elevado investimento em pesquisas, para comprovar cientificamente, em vários experimentos realizados por laboratórios independentes, principalmente por médicos e nutricionistas, que o probiótico específico realmente atende as alegações de benfeitorias para a saúde humana, limita consideravelmente a sua disponibilidade no mercado. Probióticos podem ser produzidos com um, dois, ou mais microrganismos.

Os probióticos podem ser comercializado de diversas formas, incluindo na forma de nutracêuticos e de alimentos. Nutracêuticos são produtos que são comercializados na forma medicinal (pílulas, tabletes, pó etc.). Nutracêuticos, ou suplementos probióticos, são vendidos ao consumidor por aproximadamente €900 por kg de cápsulas. Os alimentos probióticos podem ser fermentados líquidos refrigerados, congelados, e em pó. Geralmente alimentos com maior número de microrganismos são comercializados na forma de pó.

O mercado mundial de probióticos totais em 2005 era composto por 56% de alimentos probióticos, 37% de suplementos alimentares, e 7% de produtos farmacêuticos. Os produtos de laticínios são os principais carreadores de probióticos (mais de 90%), principalmente o iogurte probiótico e o leite fermentado probiótico.

(2)

Embora existam centenas de estirpes de microrganismos com alegações de atividade probióticas, somente algumas poucas dominam o mercado ou foram usadas em análises clínicas múltiplas. Elas são identificadas usando métodos baseados na análise de DNA e geralmente tem seu código genético patenteado. Assim, poucas estirpes de microrganismos legalmente aceitas como probióticas contribuem para mais de 90% do mercado. Entre essas estirpes incluem-se

Lactobacillus casei (usado no Actimel e no Yakult), Lactobacillus johnsonii (usado

no LC1), Lactobacillus rhamnosus (Actifit, Gefillus, LGG, Onaka He GGI, Vifit, GR-1, LB2GR-1, 27GR-1, entre outros), Lactobacillus plantarum (299v, Lp0GR-1, Probi AB, e ProViva), Lactobacillus acidophilus (LA-1, LA-5, NCFM, Lal, DDS-1, e SBT 2062),

Lactobacillus lactis (LIA), Lactobacillus reuteri (SD212 e MM2), Lactobacillus paracasei (CRL 431), Lactobacillus fermentum (RC-14), Lactobacillus helveticus

(BO2), Bifidobacterium animalis (BB12) e Bifidobacterium bifidum. Outros microrganismos probióticos têm grande potencial de mercado, incluindo Ent.

faecium, S. cerevisiae Boulardii, bactérias propiônicas, e bactérias proteolíticas

que liberam peptídeos bioativos, como peptídeos inibidores de ACE.

O mercado mundial de alimentos cresce na média de 4% ao ano. Entre os alimentos que mais crescem destacam-se os que favorecem uma dieta saudável, perda de peso, e facilidade de uso. Em 89 categorias de alimentos, das sete categorias de alimentos que apresentaram crescimento de dois dígitos nas vendas nos últimos anos, seis são direcionados para a dieta ou para a saúde. O crescimento das vendas de alimentos probióticos tem sido muito superior do que das vendas dos outros alimentos, tornando-os os alimentos com mais sucesso no mercado de alimentos funcionais. O marketing destacando “as pequenas doses diárias”, em embalagens pequenas, apresentou mercado de 1.000 milhões de kg em 2005. Outro fator importante na tendência de consumo é que a população de idosos tem aumentado mais do que as outras faixas etárias. Eles têm mais problemas gastrintestinais e são mais preocupados com a manutenção da saúde. Em 2004 uma pesquisa na Alemanha mostrou que 83% da população estava interessada em alimentos que melhoram o sistema imunológico, 80% em alimentos que reduzem o risco de doenças, e 80% em alimentos que melhoram a saúde. As empresas que comercializam produtos probióticos estão globalizadas, estando presentes em dezenas de países.

A tendência de consumo de alimentos funcionais nos paises desenvolvidos tem mudado nos últimos anos. Em 2000 foi focado na saúde intestinal (benefícios digestivos, prevenção de diarréia etc.), em 2001 foi focado em imunidade (alergias), em 2003 em saúde oral (prevenção de gengivite e prevenção de caries), e em 2004 em saúde infantil (alergia). Os efeitos terapêuticos benéficos dos probióticos mais documentados são a prevenção e tratamento de diarréias (associada com antibióticos, viral, associadas com Clostridium difficile, e diarréia de viajante), e a melhoria no tratamento de alergias, inclusive da pele. Os benefícios à saúde são específicos para cada estirpe de bactéria, que tem de ser estudada individualmente. O número anual de pesquisas clínicas em humanos aumentou quatro vezes no período de 2001 a 2005, quando comparado com 1996 a 2000.

O mercado global de produtos de saúde atingiu US$210 bilhões em 2005, sendo 19% de alimentos funcionais. O crescimento da comercialização de

(3)

alimentos funcionais foi de 14,3% no período 2001-1005 (Euromonitor, 2006). O Japão, os Estados Unidos e a Europa são os maiores mercados para alimentos funcionais, com 85% do mercado mundial em 2006. O mercado de alimentos funcionais em 2006 foi de aproximadamente US$ 16 bilhões no Japão, e de US$ 36 bilhões nos EUA. O crescimento do mercado de alimentos funcionais tende a ser maior do que o mercado de alimentos e de bebidas, nos próximos anos. O valor de venda no varejo, desde 1998 até o presente, também aumentou mais de 100% para os iogurtes, bebidas e alimentos probioticos.

O mercado mundial total para ingredientes, suplementos, e alimentos probióticos foi de US$ 14,9 bilhões em 2007, devendo passar para US$ 15,9 bilhões em 2008, e alcançar US$ 19,6 bilhões em 2013. Isso representa um aumento anual médio de 4,3% (BCC Research, 2008). O mercado total pode ser subdividido em alimentos probióticos, que deve alcançar US$ 13,6 bilhões em 2008 e US$ 17 bilhões em 2013. Desse total o segmento de iogurtes representa 36,6%. Outros alimentos probióticos emergentes incluem queijos, barras nutritivas, cereais para breakfast, e formulados infantis. O segundo maior segmento global, o de suplementos probióticos (cápsulas, tabletes, e pó), comercializou US$ 1,2 bilhão em 2007 (BCC Research, 2008). Esse valor deve subir para US$ 1,3 bilhão em 2008, e atingir US$ 1,7 bilhão em 2013, com aumento médio de 5,8%. Desse total, o suplemento probiótico em cápsulas representa aproximadamente 75%. O mercado de ingredientes probióticos deverá comercializar US$ 798 milhões em 2008 e aumentará para US$ 917 milhões em 2013, com aumento médio de 2,8%. Entre todos os probióticos, os que contêm lactobacilos representaram 61,9% das vendas em 2007. O número de empresas que produzem e comercializam os probióticos também deve aumentar muito. Espera-se também um rápido aumento de produtos probióticos, prebióticos e simbióticos em outros segmentos de alimentos, além dos lácteos.

O mercado de alimentos probióticos na América do Norte foi de US$ 293 milhões em 2006, devendo chegar a US$509 milhões em 2011, com aumento de 74%. O Canadá contribui pouco para esse mercado (Food Navigator 10/03/2007). Em relação à Europa e o Japão, o mercado norte americano de alimentos probióticos ainda está em fase inicial de expansão. As vendas totais de probióticos nos EUA foram de US$ 760 milhões em 2005 e espera-se uma evolução de 7,1%, alcançando US$1,1 bilhão em 2010. O mercado de probióticos nos EUA está em franca expansão, com cerca de 60 empresas focadas em suplementos dietéticos (pílulas, tabletes etc.). O consumo de suplementos probióticos (nutracêuticos) não tem apresentado o mesmo desenvolvimento do que o mercado de alimentos probióticos. Os EUA, ao contrário dos outros países, tem o mercado de suplementos probióticos muito maior do que o do de alimentos probióticos. Isso faz com que o mercado de alimentos probióticos tenha grande potencial de desenvolvimento. Diversos alimentos probióticos, principalmente o iogurte, e outros emergentes como chocolate, barras, cereais, doces, sucos, sorvetes, bebidas, entre outros, já estão sendo comercializados nos EUA. Probióticos na forma de suplementos poderá representar cerca de 30% do mercado total em 2010. Uma boa parte do comércio dos probióticos deverá estar na forma de alimentos, principalmente em iogurte, kefir, e bebidas fermentadas.

(4)

Na União Européia as vendas totais de alimentos funcionais foram de € 8 bilhões em 2005 (aumento de 46,9% sobre 2002), devendo chegar a €10 bilhões em 2010. Já o mercado de probióticos totais foi de €1,4 bilhão em 2005, devendo atingir €2,1 bilhões em 2010. A Europa tem tradição em alimentos com culturas vivas e com probióticos, com crescimento forte no segmento de bebidas probióticas. Os países do norte da Europa e os paises escandinavos, que têm longa tradição de consumo de produtos lácteos fermentados, são os maiores consumidores. A Alemanha ficou com 29% do mercado europeu de probióticos em 2005, a França com 21%, a Finlândia e o Reino Unido com 9% cada um, a Holanda com 7%, a Espanha com 6%, e os outros países com 19%. As vendas de probióticos no Reino Unido totalizaram £$ 135 milhões em 2003 (BBC News, 01/11/2004). Vendas totais de probióticos na Itália devem atingir US$396 milhões em 2011, com aumento de 28% sobre o atual.

O Japão é o país com maior diversidade de alimentos probióticos, com consumidores muito interessados em alimentos que ajudem na prevenção de saúde. Alimentos probióticos que já vem sendo comercializado no mercado japonês incluem iogurte que previne cáries, bebidas contra alergias, leite com BB356 e lactoferrina, entre outros. Uma diferença que o mercado japonês apresenta é a maior facilidade da compreensão do Foshu, que é mais permissiva do que na Europa e nos EUA, onde as autoridades são mais cautelosas, até agora, quanto às alegações funcionais.

O mercado de probióticos na China deve aumentar 10 vezes nos próximos oito anos. O aumento entre 2004 e 2006 foi de 25% ao ano. O mercado chinês é caracterizado por grande número de pessoas intolerantes à lactose, o que, por um lado reduz o número de consumidores de produtos com alta concentração de lactose, e por outro lado favorece o consumo de produtos lácteos fermentados, especialmente probióticos.

O mercado de prebióticos também está crescendo rapidamente. Os prebióticos são geralmente associados com cereais, bolos, barras de cereais, alimentos infantis, e com alguns produtos lácteos. Diversos prebióticos, como por exemplo os oligossacarídeos, favorecem o crescimento de bifidobacterias no trato intestinal humano. Entre esses incluem-se a inulina (com vendas de 35,2 mil ton. em 2005), os fruto-oligossacarídeos (19,7 mil ton. em 2005), o isomaltooligossacarídeos (41,5 mil ton. em 2005), a maltodextrina resistente (11,2 mil ton. em 2005), a polidextrose (36 mil ton. em 2005), a lactulose (5,6 mil ton. em 2005), o amido resistente (5,6 mil ton. em 2005), entre outros (12,2 mil ton. em 2005). O mercado de prebióticos na Europa foi de €0,9 bilhão em 2005, devendo atingir 1,3 bilhão em 2010 (RTS Resource Ltda, 2006).

Na América Latina as vendas de iogurte probiótico têm aumentado muito, cerca de 40% ao ano, especialmente no Brasil. Entretanto o consumo per capita de iogurte no Brasil ainda é muito baixo quando comparado com outros países, podendo aumentar até 2,5 para alcançar o consumo da Argentina, e 5 vezes para alcançar o consumo da França. Mudanças na estratégia e nos investimentos das empresas que comercializam lácteos probióticos estão previstas a curto prazo no Brasil e na América Latina.

Alguns exemplos recentes de novos produtos probióticos no mercado internacional incluem um preparado em pó contendo estirpe de bactérias

(5)

probióticas (BB-12 e LGG), para ser adicionado diretamente no alimento antes do uso. No mercado italiano foi lançado recentemente um queijo com probiótico (Ciambello), com bactéria BB-12. Estudos de viabilidade in vitro demonstraram que queijo Petit Suisse pode ser usado como carreador de probióticos, especialmente na forma simbiótica, com múltiplos microrganismos e fruto-oligossacarídeos. Também recentemente foi lançado no mercado internacional um chocolate probiótico. Estudos da USP indicam que mousse achocolatado pode ser um bom veículo para um alimento simbiótico, contendo Lactobacillus paracasei e inulina. Também foi lançado no mercado do Reino Unido suco de laranja com BB-12. O mercado de alimentos probióticos e prebióticos está em franca expansão no

(6)

Referências

Documentos relacionados

Segundo a glicemia em jejum, houve redução significativa em cinco artigos (Kassian e colaboradores, 2018; Asemi e colaboradores, 2015; Tajadadi-Ebrahimi e colaboradores,

Em um primeiro momento, a pesquisadora entrou em contato com a Instituição e dela obteve a autorização para a realização deste estudo, assim como obteve informações sobre os

Análise mercadológica para estabelecimento de patrocínios e adoção, por empresas e instituições públicas e privadas, de áreas ou atrativos do Parque Nacional da Tijuca,

Os prontuários e fichas HIPERDIA dos adolescentes encontrados passaram por análise dos fatores de risco associados à HAS (valores de pressão arterial sistólica

Conclui-se, portanto, que o lançamento de editais para remuneração de pareceristas, com recursos da Lei Aldir Blanc, ainda que não recomendável, à luz do espírito da lei,

Como só existem 4 leds, um deles (D5) deverá ser usado para indicar qual o valor que se está a observar (desligado - δ, ligado - x), e os demais para mostrar o valor (em binário). •

Esta situação leva à seguinte conclusão (a qual, no entender do órgão jurisdicional de reenvio, é incompatível com a jurisprudência do Tribunal de Justiça):

“A criação do Programa de Auto-Regulamentação do Setor de Relacionamento (Probare) e suas respectivas certificações - Selo de Ética e Maturidade - além de contribuir para uma