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FERRAMENTAS AUDIOVISUAIS COMO INSTRUMENTO NO ENSINO DE FÍSICA 1

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Academic year: 2021

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FERRAMENTAS AUDIOVISUAIS COMO INSTRUMENTO NO

ENSINO DE FÍSICA

1

Adriel Fernandes Sartori a, b, c. Eugenio Maria de França Ramos b, c.

(a) Bacharelado em Física – IGCE – UNESP Campus de Rio Claro

(b) Oficina de Aprendizagem e Ensino de Física - Departamento de Educação – Instituto de Biociências – UNESP – Campus de Rio Claro

(c) Centro de Educação Continuada em Educação Matemática, Científica e Ambiental - CECEMCA - UNESP.

Resumo

Materiais audiovisuais têm sido destacados como importante ferramenta de apoio para o ensino. Elevados custos de produção e dificuldades de acesso às tecnologias tornam a confecção de vídeos por parte dos professores algo inacessível e difícil. Dessa forma, os vídeos disponíveis ao professor são instrumentos de trabalho pré- feitos e pouco flexíveis, colocando a ele a posição de mero usuário e retransmissor de conceitos. Neste trabalho apresentamos o desenvolvimento de vídeos de curta duração pelo Núcleo de Pesquisa de Imagem e Som do projeto CECEMCA2, que tem por foco de trabalho o estudo e a escolha de hardware e software de edição adequados à produção de vídeos, procurando tornar acessíveis os processos de roteirização, produção e edição de vídeo a professores, e provendo maior flexibilização para o uso de tais ferramentas audiovisuais nas escolas. Atualmente, o Núcleo vem produzindo alguns vídeos de curta duração a fim de subsidiar as atividades de formação continuada de professores de Educação Básica realizadas pelo CECEMCA junto a Rede Municipais de Ensino. Tais vídeos trazem a descrição de experimentos simples que auxiliam o professor no Ensino de Ciências. O foco de tais vídeos está na construção e na utilização de experimentos práticos e lúdicos, construídos com materiais de baixo custo. O material produzido é formatado para ser disponibilizado por meio da Rede Mundial de Computadores (Internet), utilizando para isso o ambiente virtual de ensino TelEduc. A partir dessa experiência exploratória - com a produção, roteirização e edição de pequenos vídeos didáticos - pretende-se disponibilizar tal conhecimento em Oficinas de Produção de Vídeos para que professores tenham acesso a esse conhecimento.

1. Introdução

Materiais audiovisuais têm sido destacados como importante ferramenta de apoio para o ensino. Podem ajudar o professor a apresentar algum conceito mais abstrato para seus alunos, ou mesmo a mostrar um experimento cuja montagem em sala de aula seria difícil ou inviável.

1 Financiamento: Ministério da Educação e da Cultura - MEC

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Não são poucos os filmes disponíveis no mercado que tratam de conceitos da Física. Tais filmes normalmente possuem uma mesma linha diretiva: procuram ser auto-suficientes na comunicação direta com os alunos, ou seja, auto-explicativos, desconsiderando a necessidade da presença do professor. Os filmes de média e longa metragem são comumente baseados numa longa série de idéias, onde alguns buscam desenvolver vários conteúdos de Física, como a série “O Universo Mecânico”.

Tais vídeos já trazem o modelo de aula pronto, e deixam duas alternativas ao professor: adaptar sua estrutura de aula ao material audiovisual, ou adaptar o vídeo para o conteúdo de sua disciplina. Tanto em um caso, como em outro, os vídeos são apenas um instrumento de trabalho pré- feitos e pouco flexíveis.

Essa forma de trabalho com vídeoaula pode ter sido interessante no passado, pois os professores não tinham condições de produzir os próprios vídeos, que atendessem diretamente seus interesses. Hoje em dia, com o desenvolvimento e o barateamento dos computadores pessoais, os elevados custos que se tinha na produção de vídeos já não são mais problema intransponível, não há também a necessidade de trabalhar com uma grande equipe para se produzir um vídeo. Neste trabalho pretende-se mostrar que os meios de produção estão disponíveis e acessíveis a qualquer professor que se interesse pelo assunto.

Podem-se esperar diversas vantagens educativas quando o professor passa a trabalhar com a construção do próprio material audiovisual de apoio. Por exemplo, dada a realidade cultural de determinada escola, um vídeo ali desenvolvido por um professor em trabalho pode, além de atender imediatamente suas necessidades, ser difundido e usado por outros colegas, em contextos e condições de trabalho semelhantes. Desta forma, cada escola pode ter disponível uma videoteca virtual que atenda diretamente as necessidades dos planos curriculares adotados por elas e, até mesmo, difundida pela Rede Mundial de Computadores (Internet).

Tendo então em vista a dificuldade de produção de conteúdo multimídia, o Núcleo de Pesquisa de Imagem e Som do Centro de Educação Continuada em Educação Científica, Matemática e Ambiental (CECEMCA - UNESP)3 foi constituído tomando por foco de trabalho o estudo de hardware e software adequados para a edição de vídeos, e visa tornar o processo de roteirização, produção e edição de vídeo, acessíveis a qua isquer pesquisadores e professores, provendo assim maior flexibilização no uso de ferramentas audiovisuais nas escolas. Como conteúdos tomou-se as pesquisas e estudos de materiais didáticos experimentais de baixo custo, trabalho de parte dos participantes do CECEMCA.

Uma vez que essas técnicas estejam desenvolvidas e aprimoradas, pretende-se superar a fase de produção de vídeos, ampliando a disponibilização destes conhecimentos a outros professores de Educação Básica, oferecendo- lhes o conhecimento necessário para o desenvolvimento de vídeos.

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O CECEMCA é um projeto de Centro de Educação Continuada de Professores da Educação Básica, que junto com 18 outros Centros vinculados a Universidades Brasileiras e a Secretaria de Educação Básica do MEC, forma atualmente a Rede Nacional de Formação Continuada.

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2. A produção dos vídeos e o Ensino de Física

Quando o professor trabalha com vídeo, seja desenvolvendo conteúdo ou acompanhando a montagem de um experimento que já foi feito, ele tem contato direto com os materiais e o experimento em si. Diferentes pesquisas tem apontado para a importância da experimentação no ensino (Araújo e Abib, 2003) e até mesmo que o professor participe diretamente do processo de construção de tais materiais (Ferreira, 1978; Figueiredo Neto, 1998 e Ramos, 1990).

A justificativa para ter sido escolhido o trabalho com vídeos em detrimento do trabalho com programas de simulação em computador, é a riqueza de detalhes, a facilidade de produção e a visualização por parte do professor do manuseio dos equipamentos e protótipos didáticos. Com isso o professor pode sentir os problemas decorrentes da falta de prática e habilidade na montagem ou dificuldades inerentes ao desenvolvimento da atividade. Os problemas e imprevistos são excluídos quando se trabalha com simulação em computador, mas são interessantes, na medida que colocam o professor mais perto da realidade do trabalho de um pesquisador e do próprio debate conceitual da Física ali implícita.

Como atividades experimentais do Núcleo, têm sido produzidos alguns vídeos de curta duração, que apresentam um experimento prático e dão sua explicação física. O trabalho com o processo de desenvolvimento de vídeo, por meio do qual pode se familiarizar com as diversas ferramentas disponíveis no mercado e com os métodos de edição e montagem conhecidos.

Os processos de produção abordados pelo Núcleo são: roteirização, captura de vídeo e edição, logo em seguida faz-se a divulgação dos vídeos.

O processo de roteirização se dá em reunião prévia, na qual se decide o experimento ou material de ensino que será tratado, e as abordagens possíveis.

Para a captura do vídeo, o grupo utiliza uma câmera digital com alta capacidade de armazenamento de imagem e som, evitando assim os custos com fitas e filmes, e posteriormente com mais aparelhagem para edição, já que o vídeo é gravado no formato digital e pode ser facilmente editado no próprio computador. Entretanto, no caso do uso de fitas pode-se considerar a utilização de um microcomputador com placa de captura de vídeo, para a transformação do filme original em arquivo digital editável.

Na edição, optou-se por usar o software Adobe Premiere Pro, pois possui uma vasta opção de ferramentas disponíveis para o tratamento do vídeo. A figura 1 mostra uma das telas de um vídeo, com o uso de recursos do software mencionado. A figura 2 mostra a interface do software.

Durante o processo de pesquisa em produção de vídeos, analisamos também as diversas tecnologias, das quais algumas são selecionadas, em função do seu custo e aplicabilidade, inclusive facilidade de uso. Esses cuidados devem-se ao princípio de trabalho do Núcleo, qual seja, apresentar futuramente a professores ferramentas de construção e edição de vídeos didáticos.

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figura 1

Vídeo produzido com efeitos de sobreposição de imagens e letreiros

figura 2

Editor de vídeos Adobe Premiere

Na edição dos vídeos é usado um computador do tipo PC, com a seguinte configuração:

• Processador Pentium 4, 3.2 GHz

• Memória RAM de 2.0 Gb

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Como se pode ver, essas configurações não estão muito longe das configurações padrões de um computador caseiro. Considerando, apenas para fim de comparações, um computador atual com configurações equivalentes (Processador Intel Pentium Dual Core 2.8Ghz com 2Gb de memória RAM e HD de 160GB) está a venda no mercado comum por aproximadamente R$ 2.800,004

Além de hardware, o software utilizado é o Adobe Premiere Pro (variações de preços: R$1.197,32 - R$2.315,23)5, que roda em plataforma Windows XP (variações de preços: R$208,73 - R$650,91)6. Vale lembrar ainda que o próprio Windows XP já traz em seus aplicativos o software de edição Windows Movie Maker que, apesar de ter funções limitadas, não traz custos adicionais para o professor ou escola e pode suprir boa parte das necessidades de edição.

O dispositivo de captura pode ser qualquer câmera filmadora. Por uma questão de simplicidade de trabalho, com a redução da conversão de filmes em arquivos, dá-se preferência às que já gravam em formato digital, o que dispensa a necessidade de instalação de placa de captura de vídeo no computador, permitindo transferir vídeos diretamente para a edição. Uma câmera razoável dessas pode ser comprada no mercado a partir de R$ 1.600,007. Considerando então o computador PC (R$ 2.800,00), o sistema Windows XP (R$ 650,00), o software para edição escolhido, Adobe Premiere (R$ 2.300,00) e a câmera de captura (R$ 1.600,00), todo sistema necessário para produção e edição de vídeo tem o custo total de no máximo R$ 7.350,00, e trata-se de material durável com baixa manutenção.

Este valor ainda é inacessível para a maioria dos professores de Educação Básica da Rede Pública, entretanto, pode-se pensar no futuro que a atuação do CECEMCA junto a Redes de Ensino permitirá construir pequenos Núcleos de Produção de Vídeo, para os quais o valor apontado torna-se viável e exeqüível. Pequenos grupos de pesquisa vinculados a Universidades também podem ser considerados acessíveis para esse tipo de trabalho.

3. Aplicações

Como exemplo de produto atual do grupo, pode-se citar o vídeo que trata da construção e lançamento de foguetes didáticos, no qual constam, nessa seqüência, a mostra de materiais, descrição do processo de montagem passo a passo, descrição do lançamento, seguidos de uma breve explicação física para o fenômeno observado. Tais vídeos visam subsidiar o docente na sua prática diária em sala de aula no ensino de Física. Têm como características principais, a construção e o uso de experimentos práticos e lúdicos, bem como a explicação do fenômeno observado de maneira simples e objetiva.

Esses vídeos estão atualmente sendo colocados a disposição na Internet em um curso de formação continuada de professores por meio da plataforma de Educação a Distância (EaD) TelEduc. A equipe então acompanha o desenvolvimento do curso em busca de dados sobre a utilização e eventuais dúvidas dos professores. Enquanto na teoria se discute, por

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Pesquisa de preços em loja de informática de Rio Claro - SP 5

Pesquisa em: http://www.precomania.com 6

Pesquisa em: http://www.precomania.com 7

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exemplo, o funcionamento de uma bússola, no TelEduc está disponível um vídeo de três minutos que ensina como fazer uma bússola com materiais de baixo custo, ampliando o conteúdo de trabalho didático. Tal vídeo pode ser acessado por meio de execução on-line (streaming) ou por meio de transferência de arquivo (download), tendo tamanho aproximado de 2 Mbytes. A figura 3 mostra a tela do ambiente TelEduc, do curso de Formação de Tutores mencionado.

figura 3

Ambiente TelEduc

Dessa forma, os vídeos, na medida em que são produzidos, são colocados no ar no ambiente TelEduc e ficam disponíveis aos professores que acessam o ambiente que podem então produzir o experimento na cidade em que se encontram, apenas a partir dos vídeos.

4. Considerações Finais

A aplicação de vídeos didáticos voltados diretamente para os interesses do professor e dos alunos tende a apresentar bons resultados, pois os vídeos são feitos sob a medida das necessidades do educador, auxiliando e facilitando a compreensão do assunto abordado.

O trabalho aqui descrito, embora preliminar e exploratório, aponta para possibilidades interessantes para o Ensino de Física, seja considerando a formação continuada de professores, seja na discussão conceitual com alunos do Ensino Básico. Pretende-se com a continuação deste trabalho realizar o aprofundamento tanto bibliográfico como instrumental sobre o assunto, partindo da estrutura já existente no CECEMCA e ampliar as atividades de pesquisa e desenvolvimento.

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5. Referências

ARAUJO, M. S. T. de e ABIB, M. L. V. dos S. Atividades experimentais no ensino de

física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Rev. Bras. Ens. Fis., São Paulo, v. 25,

n. 2, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442003000200007>. Acesso em 16 Nov 2006

FERREIRA, N. C. Proposta de laboratório para a escola brasileira – um ensaio sobre a

instrumentalização no Ensino Médio de Física. Dissertação de Mestrado em Ensino de

Ciências (modalidade Física), São Paulo: FE e IF USP, 1978.

FIGUEIREDO NETO, A. F. A Física, O Lúdico e a Ciência no 1º Grau, Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências (modalidade Física), São Paulo: FE e IF USP, 1988.

PIRES, M. A. e VEIT, E. A. Tecnologias de informação e comunicação para ampliar e

motivar o aprendizado de Física no ensino médio. Rev. Bras. Ens. Fis., São Paulo, v. 28,

n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442006000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 Nov 2006

PRETTO, N. D. L. , Uma escola sem/com futuro: educação e multimídia - Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico (Papirus, Campinas, 1996).

RAMOS, E. M. de F. Brinquedos e jogos no Ensino de Física, Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências (modalidade Física), São Paulo: FE e IF USP, 1990.

ROHLING, J. H. et al. Produção de Filmes Didáticos de Curta Metragem e CD-ROMs

para o Ensino de Física. Rev. Bras. Ens. Fis., São Paulo, v. 24, n. 2, 2002. Disponível

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442002000200013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 Out 2006. doi: 10.1590/S0102-47442002000200013.>

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