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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. 6ª Turma) GMACC/tlo/m

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior A C Ó R D Ã O

(Ac. 6ª Turma)

GMACC/tlo/m

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. Há a

aparente violação do art. 511, §§ 1º e 2º, da CLT, nos termos exigidos no artigo 896 da CLT. Agravo de instrumento provido para determinar o processamento do recurso de revista.

RECURSO DE REVISTA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DO MANDADO DE

CONSTATAÇÃO. Divergência

jurisprudencial inespecífica nos

termos da Súmula 296 do TST. Recurso de revista não conhecido.

NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURIDCIONAL. A

alegada violação do art. 93, IX, da Constituição Federal é genérica, pois o recorrente não aponta concretamente em qual ponto teria sido sonegada a tutela jurisdicional. Recurso de revista não conhecido.

ENQUADRAMENTO SINDICAL. O art. 511 da

CLT, que estabelece as normas de representação sindical, não prevê a

possibilidade de subdivisão da

categoria. Não há permissão para que os trabalhadores em restaurantes sejam subdivididos em trabalhadores de

restaurantes que servem comidas

específicas, comidas diferenciadas, ou serviços exclusivos. Portanto, se o sindicato representa a categoria dos

empregados que trabalham em

restaurantes, conclui-se ser o legítimo representante dos trabalhadores da recorrida, restaurante de fast food. Recurso de revista conhecido e provido.

CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS. Não está

demonstrada a violação direta e literal dos arts. 7.º, XXVI, e 8.º, III, da Constituição Federal, visto que eles

não tratam da possibilidade de

descontos relativos à contribuição

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

confederativa a todos os trabalhadores, sejam sindicalizados ou não. O acórdão regional decidiu em consonância com a OJ 17 da SDC do TST e o Precedente Normativo 119 do TST. Incidência da Súmula 333 do TST e do § 4º do art. 896 da CLT. Recurso de revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-880-42.2010.5.02.0072, em que é Recorrente

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM HOTÉIS, APART HOTÉIS, MOTÉIS, FLATS, PENSÕES, HOSPEDARIAS, POUSADAS, RESTAURANTES, CHURRASCARIAS, CANTINAS, PIZZARIAS, BARES, LANCHONETES, SORVETERIAS, CONFEITARIAS, DOCERIAS, BUFFETS, FAST-FOODS E ASSEMELHADOS DE SÃO PAULO E REGIÃO - SINTHORESP

e Recorrido BGK DO BRASIL S.A.

Em sessão de julgamento realizada em 2/5/2012, foi apresentada divergência ao voto do Exmo. Ministro-Relator, Aloysio Corrêa da Veiga, acolhida pela maioria da Sexta Turma sobre o enquadramento. Peço venia ao eminente relator para reproduzir aqui o relatório e os demais temas.

“Inconformado com o r. despacho de fls. 300/304, que denegou seguimento ao recurso de revista, agrava de instrumento o Sindicato reclamante.

Com as razões de fls. 306/358, alega ser plenamente cabível o recurso de revista.

Contraminuta apresentada às fls. 420/423.

Não houve manifestação do Ministério Público do Trabalho.

É o relatório.”

V O T O

I – AGRAVO DE INSTRUMENTO

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior 1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo de instrumento, visto que

regularmente interposto.

2 – MÉRITO

2.1 – ENQUADRAMENTO SINDICAL

O TRT de origem negou seguimento ao recurso de revista nos seguintes termos:

“DIREITO SINDICAL E QUESTÕES ANÁLOGAS /

REPRESENTACAO SISDICAL

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /

FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINCAO DO PROCESSO / EXTINCAO DO PROCESSO SEM RESOLUCAO DE MERITO / LEGITIMIDADE PARA A CAUSA.

DIREITO SIXDICAL E QUESTOES ANALOGAS /

CONTRIBUIÇÃO / TAXA ASSISTENCIAL

DIREITO SIXDICAL E QUESTQES ANÁLOGAS

CONTRIBUICAO SINDICAL

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /

LIQUIDACAO / CUM PRIMENTO / EXECUÇÃO / MULTA COMINATÓRIA / ASTREINTES

Alegação(ões):

- violação do(s) arts. 5º, II e XXXVI, 7º, XXVI, 8º, III, IV e V, e 102 da CF.

Violação do (s) arts. 2º, 462, 511, §2º, 513, 'e', 606, 613, VII e VII, 614, da CLT, 339, do CPC, e 8º, parte I, da Convenção 95 da OIT, Promulgada pelo Decreto nº 41.721/57.

- divergência jurisprudencial. Constado v. Acórdão:

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

‘A reclamada argumentou que recolhe contribuições sindicais para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Fast Food de São Paulo.

Em que pese o recorrente argumentar que a reclamada atua no ramo de restaurante, é fato notório que atua no segmento de fast food, recolhendo contribuições sindicais em favor do sindicato representativo correspondente. Portanto, não é devida a contribuição sindical pleiteada.

Nesse sentido a jurisprudência:

Recurso ordinário. Recolhimento das contribuições sindicais e assistenciais. Enquadramento sindical. Com provado que a recorrida atua no seguimento do faz food, fato confirmado pelo recorrente, restando provado que todas as contribuições assistenciais e sindicais são recolhidas em favor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Refeições Rápidas (fast food), pois ao referido sindicato encontram-se vinculados os seus empregados, improcede o pedido de recolhimento em favor de outro sindicato. Honorários advocatícios. Não restaram preenchidos os requisitos da Lei 5.584/70, razão pela qual são afastados da condenação. Provimento parcial ao recurso. RELATORI(A): DELVIO BUFFULIN PROCESSO Nº: 02393-2008-072-02-00-4 ANO: 2009 TURMA: 12ª DATA DE PUBLICAÇÃO: 11/09/2009

Mantenho o decidido. Contribuições Assistenciais

Busca o Sindicato-Autor a reforma da r. sentença de origem que deu pela improcedência do pedido inicial, aduzindo que a contribuição de custeio obriga a categoria profissional como um todo, independentemente da filiação sindical. Diz, ainda, que beneficia a todos os seus integrantes, sem qualquer distinção.

Aduz que não havia oposições válidas por parte dos empregados da reclamada.

Primeiramente, há que se destacar que os empregados da ré, diante da atividade desta, são representados pelo SINDIFAST.

Além disso, outro fator obsta a pretensão do sindicato autor.

Revendo posicionamento anterior, concluo que a pretensão do autor não pode prevalecer, sob pena de ferir a Constituição da República, assecuratória da livre associação, bem assim a legislação federal que condiciona o desconto em folha de pagamento à autorização dos empregados (art.545, CLT).

Não bastasse, a matéria restou pacificada pelo Precedente Normativo nº 119, do TST (não afastado pela E. Seção Especializada, frise-se) ao qual me curvo, com as alterações

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procedidas pela Resolução 82/TST, publicada no DJU de 20/8/98.

‘Contribuições sindicais. Inobservância de preceitos constitucionais. A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX, e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.'

Esse, igualmente, o teor da Orientação Jurisprudencial nº17, da Seção de Dissídios Coletivos do Pretório Excelso, corroborado pelo Supremo Tribunal Federal que entende pela inexistência de caráter compulsório para os trabalhadores não filiados:

‘Contribuição instituída pela assembléia geral. Caráter não tributário. Não compulsoriedade. Empregados não sindicalizados. Impossibilidade do desconto. CF, art.8º, IV. A contribuição confederativa, instituída pela assembleia geral, CF, art., 8º, IV, distingue-se da contribuição sindical instituída por lei, com caráter tributário CF, art. 149, assim compulsória. A primeira é compulsória apenas para os filiados do sindicato' (STF, RE 171.623-1-R5-Carlos Mário da Silva Veloso, in ‘Comentários à CLT.Valentin Carrion, Editora Saraiva/SP, 2001,26ª Ed., p. 427).

Por outro lado, o Sindicato não comprovou nos autos os parâmetros utilizados para cálculo do valores de fls., 42/49, o que leva à conclusão de que foi aleatoriamente lançado o número de 42 empregados para cálculo do valor piso.Não comprovou, ainda, que fossem os mesmos sindicalizados, o que lhe retira a razão’'.

A pretensão não viabiliza o apelo, porquanto os arestos colacionados não abrangem todos os fundamentos adotados pelo acórdão e não abordam situação idêntica à definida pela v. decisão, revelando sua inespecificidade para o confronto de teses (Súmulas 23 e 296/TST).

Por outro lado, não se viabilizam as violações apontadas porque não demonstradas de forma literal e inequívoca.

CONCLUSÃO

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DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.” (fls. 301/304 – doc. seq. 01)

Na minuta do agravo de instrumento de fls. 306/359 - doc. seq. 01, o sindicato autor alega que a agravada descontou e pagou as contribuições pleiteadas a outro sindicato que não representa os seus empregados. Afirma ser o real representante da categoria nos termos do art., 511, §§ 1º e 2º, da CLT, já que sempre exerceu atividade fim de refeições variadas, atividade preponderante que define a totalidade dos trabalhadores de uma mesma atividade econômica. Aduz que a categoria de

fast food é espécie do gênero alimentação preparada e que o registro

sindical é precário e controverso, uma vez que obtido por meio de mandado de segurança. Transcreve aresto para demonstrar dissenso jurisprudencial às fls. 318/320. Sustenta que a decisão violou o art. 8º, II, da Constituição Federal, pois o desmembramento da categoria não respeita a unicidade sindical prevista no mencionado dispositivo. Argumenta que pelo princípio da anterioridade o sindicato agravante é o real representante porque foi constituído anteriormente. Indica outros arestos com o fim de comprovar divergência jurisprudencial às fls. 322/327, 330/334 e 335/343 – doc. seq. 01. Aduz violação dos arts. 9º, 444 e 468 da CLT por não ser possível alteração em detrimento a direito do trabalhador.

A decisão recorrida está assim fundamentada: “Contribuições sindicais

A reclamada argumentou que recolhe contribuições sindicais para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Fast Food de São Paulo.

Em que pese o recorrente argumentar que a reclamada atua no ramo de restaurante, é fato notório que atua no segmento de fast food recolhendo contribuições sindicais em favor do sindicato representativo correspondente. Portanto, não é devida a contribuição sindical pleiteada.

Nesse sentido a jurisprudência: (...)

Mantenho o decidido.” (fls. 244 - doc. seq. 01).

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Foi negado seguimento ao recurso de revista em por não haver violação direta e literal a dispositivos legais.

Porém, verifica-se que o sindicato agravante representa os empregados em hospedarias em geral e também em restaurantes, como consignado no acórdão recorrido.

A decisão impugnada não reconhece a pretensão do sindicato em razão de a reclamada recolher as contribuições sindicais para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Fast Food de São Paulo. No entanto, as redes de fast food nada mais são do que estabelecimentos que preparam alimentos servidos de maneira rápida. Então, ao não enquadrar as atividades da reclamada entre aquelas que o sindicato representa, o juízo a quo incorreu em aparente violação do art. 511, §§ 1º e 2º, da CLT.

Dou provimento ao agravo de instrumento para

determinar o processamento do Recurso de revista.

Conforme previsão do artigo 897, § 7º, da CLT e da Resolução Administrativa do TST 928/2003, em seu artigo 3º, § 2º, e do art. 229 do RITST, proceder-se-á de imediato à análise do Recurso de Revista na primeira sessão ordinária subseqüente.

II – RECURSO DE REVISTA

O recurso é tempestivo (fls. 247 e 249, ambas do doc. seq. 01), subscrito por procurador regularmente constituído nos autos (fls. 39/40 - doc. seq. 01), e é regular o preparo (fls. 162 e 222 - doc. seq. 01).

1 – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DO MANDADO DE CONSTATAÇÃO

Conhecimento

Quanto ao tema assim decidiu o TRT de origem: “Do mandado de constatação e da suspensão do feito

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Argui o recorrente a nulidade da sentença, pois o juízo de origem indeferiu a expedição de mandado de constatação, bem como a suspensão do feito.

Não tem razão.

O juiz, alicerçado em seu poder diretivo, pode indeferir as provas que julgar desnecessárias.

No caso dos autos, considerou a juíza a existência de provas documentais e o fato da ré ser empresa mundialmente conhecida (Burger King), tornando desnecessária a expedição de mandado de constatação, fundamentando sua decisão.

Quanto à suspensão do feito, nada foi requerido (vide fls. 87, - manifestação sobre a defesa).

Rejeito a preliminar.” (fls. 243/244 – doc. seq. 01)

O sindicato interpôs recurso de revista às fls. 249/298 (doc. seq. 01). Alega que é necessária a expedição de mandado de constatação e suspensão do feito para aferir documentos colacionados pela reclamada, pois as datas constantes não condizem com o seu estado físico. Aponta divergência jurisprudencial com aresto transcrito às fls. 250/251 – doc. seq. 01.

Sem razão.

O aresto colacionado é genérico ao afirmar que “para

a solução do litígio são necessárias análises de aspectos fáticos não esclarecidos a contento e tampouco esgotados com o interrogatório dos litigantes”. Já no caso em análise, o TRT considerou desnecessária a

expedição de mandado de constatação em razão da existência de provas documentais e do fato de a ré ser mundialmente conhecida. Aplica-se, portanto, o verbete da Súmula 296 do TST.

Não conheço.

2 – NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL Conhecimento

A decisão recorrida está assim fundamentada:

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“Da nulidade do julgamento por negativa da prestação

jurisdicional

Não prospera o recurso no particular, pois o juízo de 1ª Instância apreciou todos os pedidos formulados de forma fundamentada.

Rejeito a preliminar” (fl. 243 – doc. seq. 01)

Nas razões recursais o autor alega violação do art. 5º, LV, e 93, IX, da Constituição Federal por não ter o TRT de origem analisado profundamente as questões suscitadas e necessárias para a compreensão da lide. Indica dissenso jurisprudencial com arestos transcritos às fls. 252/253 – doc. seq. 01.

A preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, conforme preconiza a Orientação Jurisprudencial 115 da SBDI-1 do TST, tem seu conhecimento adstrito à indicação de afronta aos artigos 458 do CPC, 832 da CLT e 93, inciso IX, da Constituição Federal, razão pela qual impertinente a alegação de ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.

Por outro lado, a recorrente não relaciona, em momento algum, quais os pontos supostamente omissos constantes do julgado. A alegação de nulidade por negativa de prestação foi arguida de forma genérica, sem a indicação concreta de a qual matéria teria sido sonegada a tutela jurisdicional. Com isso, não foi observado o comando prescrito no artigo 514, inciso II, do CPC.

Não conheço.

3 - ENQUADRAMENTO SINDICAL Conhecimento

A decisão recorrida está assim fundamentada quanto à matéria:

“Contribuições sindicais

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

A reclamada argumentou que recolhe contribuições sindicais para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Fast Food de São Paulo.

Em que pese o recorrente argumentar que a reclamada atua no ramo de restaurante, é fato notório que atua no segmento de fast food recolhendo contribuições sindicais em favor do sindicato representativo correspondente. Portanto, não é devida a contribuição sindical pleiteada.

Nesse sentido a jurisprudência: (...)

Mantenho o decidido.” (fls. 244 - doc. seq. 01).

O recorrente alega violação do art. 511, § 2º, da CLT por entender que a decisão recorrida não respeitou o princípio da unicidade sindical. Afirma que não poderia haver negociação com entidade inviável, volúvel ou precária ou anuir com a pluralidade sindical. Aduz que não poderia ser criada uma sub-categoria no contexto da unicidade sindical. Sustenta que é o sindicato mais antigo da categoria. Transcreve decisões às fls. 266/283 - doc. seq. 01, com o fim de demonstrar dissenso jurisprudencial.

Com razão o recorrente.

Verifica-se que o sindicato recorrente representa os empregados em hospedarias em geral e também em restaurantes, como consignado no acórdão recorrido.

A decisão impugnada não reconheceu a pretensão do sindicato em razão de a reclamada recolher as contribuições sindicais para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Fast Food de São Paulo, sindicato que entende ser o representativo da categoria.

A representação sindical é estabelecida de acordo com a categoria profissional conforme com as atividades econômicas exercidas pela empregadora, como prevê o art. 5º, § 2º, da CLT.

As redes de fast food nada mais são do que estabelecimentos que preparam alimentos servidos de maneira rápida, atividade que deve ser enquadrada na categoria de restaurante. O fato de o serviço ser considerado rápido não faz com que o estabelecimento deixe de ser um restaurante.

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O art. 511 da CLT, que estabelece as normas de representação sindical, não prevê a possibilidade de subdivisão da categoria. Não há permissão para que os trabalhadores em restaurantes sejam subdivididos em trabalhadores de restaurantes que servem comidas específicas, comidas diferenciadas, ou serviços exclusivos.

A finalidade da norma não é tornar a representação mais fraca. Ao contrário, a categoria deve ter mais vigor para poder alcançar melhores condições de trabalho, o que não seria alcançado com a subdivisão de trabalhadores com identidade de interesses.

Portanto, se o sindicato representa a categoria dos empregados que trabalham em restaurantes, conclui-se ser o legítimo representante dos trabalhadores da recorrida, restaurante de fast food. Ao não reconhecer o sindicato recorrente como representante da categoria dos trabalhadores na recorrida, o juízo a quo incorreu em violação do art. 511, § 2º, da CLT.

Conheço do recurso de revista. Mérito

Conhecido o recurso de revista por violação do artigo 511, § 2º, da CLT, o seu provimento é consectário lógico.

Portanto, dou provimento ao recurso de revista para julgar procedente o pedido “a” da inicial e declarar o enquadramento sindical dos trabalhadores da ré ao autor; e julgar procedente o pedido “f” da exordial para condenar a reclamada ao pagamento das contribuições sindicais de 2009. Não há multa legal a ser aplicada, uma vez que não incidente em caso se cobrança judicial, apenas em caso de recolhimento espontâneo.

4 – CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS Conhecimento

O TRT de origem negou provimento ao recurso ordinário do sindicato pelos seguintes fundamentos:

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

“Contribuições Assistenciais

Busca o Sindicato-Autor a reforma da r. sentença de origem que deu pela improcedência do pedido inicial, aduzindo que a contribuição de custeio obriga a categoria profissional como um todo, independentemente da filiação sindical. Diz, ainda, que beneficia a todos os seus integrantes, sem qualquer distinção.

Aduz que não havia oposições válidas por parte dos empregados da reclamada.

Primeiramente, há que se destacar que os empregados da ré, diante da atividade desta, são representados pelo SINDIFAST.

Além disso, outro fator obsta a pretensão do sindicato autor.

Revendo posicionamento anterior, concluo que a pretensão do autor não pode prevalecer, sob pena de ferir a Constituição da República, assecuratória da livre associação, bem assim a legislação federal que condiciona o desconto em folha de pagamento à autorização dos empregados(art.545,CLT).

Não bastasse, a matéria restou pacificada pelo Precedente Normativo nº 119, do TST (não Prece en , afastado pela E. Seção Especializada, frise-se) ao qual me curvo, com as alterações procedidas pela Resolução 82/TST, publicada no DJU de20/8/98:

‘Contribuições sindicais. Inobservância de preceitos constitucionais. A Constituição da República, em seus arts. 5º,

XX, 8º, V, assegura o direito de livre associação e. sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a titulo de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.’

Esse, igualmente, o teor da Orientação Jurisprudencial nº 17, da Seção de Dissídios Coletivos do Pretório Excelso, corroborado pelo Supremo Tribunal Federal que entende pela inexistência de caráter compulsório para os trabalhadores não filiados:

‘Contribuição instituída pela assembleia geral. Caráter

não tributário. Não compulsoriedade. Empregados não

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior sindicalizados. Impossibilidade do desconto. CF, art. 8º, IV.

A contribuição confederativa, instituída pela assembléia geral – CF, art. 8º, IV - distingue-se da contribuição sindical, instituída por lei, com caráter tributário - CF art. 149 assim compulsória. A primeira é compulsória apenas para os filiados do sindicato’ (STF, RE 171.623-1-R5 - Carlos Mário da Silva Veloso, in ‘Comentários à CLT’, Valentin Carrion, Editora Saraiva/SP, 2001, 26ª ed., p.427).

Por outro lado, o Sindicato não comprovou nos autos os parâmetros utilizados para cálculo do valores de fls. 42/49, o que leva à conclusão de que foi aleatoriamente lançado o número de 42 empregados para cálculo do valor piso. Não comprovou, ainda, que fossem os mesmos sindicalizados, o que lhe retira a razão.

O precedente normativo n.º 21 do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região não pode ser adotado, vez que incompatível com o 119 do C. TST .

Diante do exposto, mantenho a sentença, com os fundamentos

supra.” (fls. 244/246 - doc. seq. 01).

Nas razões recursais argumenta que obteve seu registro sindical em 24/5/2000 e a sua representatividade foi confirmada no Mandado de Segurança 199.34.00.038207-9. Afirma que representa os trabalhadores do setor há mais de meio século com sentença transitada em julgado. Sustenta ser nula a pretensão do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Fast-Food em se tornar representante da categoria. Aduz que a recorrida sempre recolheu as contribuições a sindicato diverso. Ressalta que o contrato social da recorrida é a exploração de lanchonete, o que demonstra que a atividade desenvolvida é pertence ao sindicato recorrente. Afirma que a contribuição assistencial deve ser suportada por todos os integrantes da categoria profissional, pois os direitos conquistados beneficiam a todos. Entendimento contrário viola os arts. 513, “e”, 614 e 616 da CLT, 5º, XX e XXXVI, 7º, XXVI, e 8º, III e V, da Constituição Federal. Indica dissenso jurisprudencial com arestos transcritos à fl. 261/265 – doc. seq. 01.

Acresce que não é o caso de aplicação da Súmula 666 do STF, uma vez que se discute contribuição assistencial, prevista no art. 513, ‘e”, da CLT, devida por todos os integrantes da categoria profissional e não contribuição confederativa, hipótese preconizada pelo

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

verbete sumular. Assim, se o Supremo não incluiu a contribuição assistencial no rol da contribuições devidas somente por associados, o Precedente Normativo 119 não está de acordo com o entendimento do STF. Indica divergência jurisprudencial com aresto transcrito às fls. 287/288 – doc. seq. 01. Defende que o desconto da contribuição não viola o princípio da liberdade sindical prevista na art. 8º, III, da Constituição Federal. Alega que não há ilegalidade no desconto da contribuição ante o que dispõem os arts. 7º, VI, da Constituição Federal e 462 da CLT, além da Convenção 84 da OIT. Assim, a reclamada apenas poderia se eximir de recolher caso os empregados exercessem o direito de oposição. Indica arestos para comprovar o dissenso jurisprudencial às fls. 293/294 - doc. seq. 01.

Sem razão.

Os arts. 7.º, XXVI, e 8.º, III, da Constituição Federal não tratam da possibilidade de serem efetuados descontos relativos à contribuição confederativa a todos os trabalhadores, sejam eles sindicalizados ou não. Acrescente-se que o Regional não afastou a legitimidade da entidade sindical para proceder à defesa dos interesses da categoria, além de não ter discutido sobre o reconhecimento da validade de normas coletivas, mas sobre a legalidade de proceder-se aos descontos de contribuições nelas previstas de forma indistinta, não estando demonstrada, portanto, a violação da literalidade dos referidos dispositivos constitucionais. Por outro lado, o desconto indiscriminado da contribuição confederativa fere o princípio da liberdade sindical, assegurado nos arts. 5.º, XX, e 8.º, V, da Lei Maior, devendo ser cobrada apenas dos filiados ao sindicato ou quando houver prévio assentimento deles. Portanto, os dispositivos constitucionais apontados pela reclamada estariam violados em sua literalidade caso ela comprovasse a existência de prova no sentido de o sindicato do reclamante ter determinado a aplicação da cláusula, além da existência de autorização para proceder a tais descontos.

O acórdão recorrido encontra-se em consonância com a OJ 17 da SDC do TST e o Precedente Normativo 119 do TST, que orientam, respectivamente:

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior

“17. CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS.

INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS

As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.”

119. “Contribuições sindicais - inobservância de preceitos constitucionais - Nova redação dada pela SDC em Sessão de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998 - DJ 20.08.1998. A Constituição da República,

em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.” Nessa linha, há também a Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal, que consagra:

“A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.”

Dessa forma, o conhecimento da revista, por divergência jurisprudencial (aresto de fl. 882/883), encontra óbice no § 4.º do art. 896 da CLT e no entendimento da Súmula 333 do TST, visto que a discussão da matéria encontra-se superada por iterativa e notória jurisprudência desta Corte.

Não conheço.

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Firmado por assinatura eletrônica em 16/05/2012 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal

Superior do Trabalho: I) por maioria, vencido o Excelentíssimo Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, relator, dar provimento ao agravo de instrumento para, destrancado o recurso, determinar seja submetido a julgamento na primeira sessão subsequente à publicação da certidão de julgamento do presente agravo, reautuando-o como recurso de revista, observando-se daí em diante o procedimento relativo a este; II) por unanimidade, conhecer do recurso de revista quanto ao tema “enquadramento sindical”, por divergência violação do art. 511, § 2º, da CLT, e, no mérito, dar-lhe provimento para julgar procedente o pedido “a” da inicial e declarar o enquadramento sindical dos trabalhadores da ré ao autor; e julgar procedente o pedido “f” da exordial para condenar a reclamada ao pagamento das contribuições sindicais de 2009. Não há multa legal a ser aplicada, uma vez que não incidente em caso se cobrança judicial, apenas em caso de recolhimento espontâneo.

Brasília, 16 de Maio de 2012.

Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº 11.419/2006) AUGUSTO CÉSAR LEITE DE CARVALHO

Ministro Relator

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