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CONDIÇÕES ARQUITETÔNICAS DAS ESCOLAS DA REDE REGULAR DE ENSINO DE CATALÃO-GO PARA ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

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CONDIÇÕES ARQUITETÔNICAS DAS ESCOLAS DA REDE REGULAR DE ENSINO DE CATALÃO-GO PARA ACESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

Cristiane da Silva SANTOS1 Taís Almeida SANTOS2

Resumo: A acessibilidade é mais do que construir rampas, banheiros adaptados, dentre

outros, todavia é fundamental, pois estas que garantem o acesso e a permanência dos alunos com deficiência nos espaços escolares. Nesse sentido este estudo analisou as condições arquitetônicas das escolas da rede regular de ensino de Catalão-GO, para garantir o acesso e a permanência dos alunos com deficiência física. Os resultados obtidos nos permitem afirmar que as adaptações arquitetônicas das escolas são implementadas apenas na teoria, pois na realidade estas instituições não se encontram adequadas às necessidades dos alunos com deficiência, a despeito das tendências jurídico-normativas e das diretrizes educacionais.

Palavras-Chave: Inclusão Escolar. Barreiras Arquitetônicas. Alunos com Deficiência Física

e Visual.

INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

No decorrer da história da educação dos alunos com deficiência, as práticas sociais que a orientam foram marcadas por diferentes fases histórico-conceituais, começando pela exclusão social, passando pelo atendimento segregado, integração social e, recentemente, a inclusão, na qual a escola e os professores terão que se adaptar às particularidades desses alunos (MANTOAN, 1997 apud SANTOS, 2004).

Segundo Sassaki (apud FREITAS; CIDADE, 1997) a inclusão é a modificação da sociedade como pré-requisitos para que a pessoa com deficiência possa buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania. Nesta mesma perspectiva, para essas autoras a inclusão é um processo que exige transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive daquelas acometidas por alguma deficiência.

Entretanto, diante do discurso da inclusão, percebemos por meio dos meios de comunicação (TV, revistas, jornais), o relato das dificuldades das pessoas com deficiências físicas para terem acesso ao lazer, à educação, aos transportes, dentre outros, visto que estas pessoas vivem em um mundo repleto de problemas, devido a sua deficiência, esses relacionados a desemprego, discriminação, falta de atendimento educacional e de saúde, falta de transporte adequado e as barreiras arquitetônicas existentes nos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, dentre outros.

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Profa. Dra. do Curso de Educação da Universidade Federal de Goiás/ Campus Catalão. E-mail: crisfrutal@hotmail.com. Endereço: Av. Vicente Eulálio 174. CEP: 38200-000. Frutal-MG.

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3465 Considerando os problemas, causados principalmente pelas barreiras arquitetônicas, pessoas com deficiência são privadas do acesso a vários espaços, como cinema, agências bancárias, biblioteca, igreja, teatro, escola, dentre outros, pois tais locais não possuem uma porta ampla, há degraus e escadas na maioria dos espaços, além de calçadas esburacadas e com interrupções, bueiro e buracos abertos, dentre outros, que dificultam ou impedem o livre acesso das pessoas com deficiência física, que utilizam bengala, muleta, cadeira de rodas. Esses problemas ocorrem, pois a sociedade é divida entre pessoas com deficiência e sem deficiência e o mundo físico é pensado e organizado para as pessoas sem deficiência, fazendo com que o diferente inicie uma batalha contra a própria realidade a fim de enfrentar os obstáculos e/ou se adequar aos mesmos. Nesse sentido, as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência são inúmeras e estes necessitam de um planejamento de vida sempre improvisado para que de um modo ou de outro mantenham parcialmente suas atividades. (CARMO; SILVA, 1997, p. 62)

Nesse sentido, barreiras arquitetônicas são todos e quaisquer obstáculos “que limitam ou impedem a possibilidade de circulação ou utilização dos espaços físicos e equipamentos por pessoas portadoras de necessidades especiais. Estas barreiras segregam estas pessoas impondo-lhes restrições ao exercício de uma vida mais digna, autônoma e participativa” (BEZERRA, 1997 apud SANTOS, 2004, p.38).

Entretanto, é necessário lembrar que a arquitetura:

tem como objetivo servir ao homem de forma funcional em primeiro lugar, posteriormente agradá-lo através de sua estética, não ferindo seu primeiro objetivo. O que se observa são inversões de valores em que o estético é supervalorizado, ignorando desse modo todo um segmento da sociedade apenas porque foge aos padrões estabelecidos de normalidade. (CARMONA 1992, apud CARMO; SILVA, 1997, p. 62)

Nesta mesma linha de raciocínio, no que se refere à inclusão escolar, tanto a escola quanto a universidade têm que garantir o acesso, a permanência e a terminalidade do processo de formação do aluno com deficiência, por meio da adequação e melhoria do espaço físico das escolas quanto da preparação didático-pedagógica dos sujeitos que atuam no ambiente escolar (merendeiro, técnico-administrativo, professor, diretor, coordenador, dentre outros).

Considerando que a inclusão implica numa mudança educacional, que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturada em função dessas necessidades, que desenvolvemos este estudo no ano de 2009 visando analisar as condições arquitetônicas das escolas da rede regular de ensino, pública e privada de Catalão-GO, para garantir o acesso e a permanência dos alunos com deficiência física.

Mais especificamente buscamos: a) identificar o número de alunos matriculados na escola com deficiência física; b) verificar o ano de construção e reforma da estrutura física da escola e c) identificar e analisar quais as condições arquitetônicas das escolas de Catalão-GO para garantir o acesso e a permanência do aluno com deficiência física.

Para atingir esses objetivos esta pesquisa utilizou dois tipos de delineamentos o documental e o de campo de caráter descritivo. O universo da pesquisa compreendeu trinta escolas da rede regular de ensino, sendo quinze estaduais, dessas uma conveniada e quinze particulares. Escolhemos a rede estadual de ensino tendo em vista que é nessa rede que foi implementada a escola referência para a inclusão escolar dos alunos com deficiência, e as particulares tendo em vista o poder aquisitivo da família dos alunos.

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3466 Para a coleta de dados confeccionamos uma ficha de registro e estes foram analisados de forma qualitativa e quantitativa, articulando os resultados obtidos referentes aos espaços físicos com as leis e documentos existentes sobre a inclusão escolar.

1-Barreiras arquitetônicas: conceitos, características e legislações para o acesso e permanência do aluno com deficiência física.

A pessoa com deficiência é caracterizada como sendo aquela que está abaixo dos padrões estabelecidos pela sociedade como de “normalidade”, por motivos sensoriais, orgânicos ou mentais, e em conseqüência dos quais se vê impedida de viver plenamente. (CARMO, 1991, p 13)

As pessoas com deficiência física podem apresentar diversos comprometimentos, isso dependendo do grau, tipo e causa da deficiência. Dentre tais comprometimentos merecem ser destacados: o leve cambalear no andar, necessidade do uso de muletas ou andador para auxiliarem na execução da marcha, uso de cadeira de rodas manobradas por terceiros devido à impossibilidade do aluno, uso de cadeira de rodas motorizada que poderá ser acionada por qualquer parte do corpo onde predomina alguma função voluntária, dificuldade de linguagem, dependência para vida diária na higiene, alimentação, escrita, uso do banheiro e dificuldade em compreender e fazer atividades que necessitam de coordenação motora e equilíbrio (BRASIL, 2000).

Além disso, há a falta de sensibilidade do governo e de toda população para reivindicar e construir um mundo mais acessível às pessoas com deficiência, mais justo para todos, no qual possamos movimentar-nos e aceder à informação com liberdade, principalmente, nas questões que envolvem a eliminação das barreiras arquitetônicas presentes não só nos ambientes escolares, mas em vários espaços na sociedade. Como afirma Carmo (1991)

a maioria dessas barreiras foi criada pelo próprio homem, são obstáculos físicos, que a sociedade constrói no espaço urbano como edifícios, transportes, ruas e calçadas, escadarias e rampas, estacionamento, sanitários, sinalização, áreas de circulação e outros, que impedem ou dificultam a livre circulação das pessoas com necessidades especiais.

No entanto, não podemos deixar de considerar que esses obstáculos geram grandes reflexos negativos para as pessoas com deficiência física, como sociabilização restrita, sedentarismo, segregacionismo dentre outros expressos anteriormente. Enfim, pode-se compreender que a livre circulação de pessoas com deficiência é uma necessidade e um direito, pois estas são cidadãos e possuem o direito de ir e vir garantidos em leis.

No Artigo 227, I parágrafo, inciso II da Constituição da República Federativa do Brasil (1988) é descrito que é dever do Estado, da família e da sociedade assegurar a

II- criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

No segundo parágrafo do mesmo Artigo, a lei ressalta a importância das normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.

Esse mesmo discurso é expresso no Artigo 156 da Constituição do Estado de Goiás (Goiânia, 2000), que repete o conteúdo do segundo parágrafo da Constituição da República Federativa

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3467 do Brasil, salientando em seu primeiro parágrafo, inciso I que o ensino será ministrado com base nos princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. No Artigo 173 é expresso que o Estado deve manter programas de assistência às pessoas com deficiência física, sensoriais e mentais, visando assegurar a educação especial e a facilitação de acesso e uso aos bens e serviços, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

Tendo em vista a garantia em Lei do acesso e da permanência das pessoas com deficiência com base nas leis, as barreiras arquitetônicas ainda existentes nas estruturas das escolas têm sido um dos desafios a serem superados em face do processo da inclusão escolar dos alunos, apesar dos documentos que fundamentam a política de educação inclusiva no Brasil Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – 1999 e a Declaração de Salamanca – (1994) expressar em seu conteúdo discursivo as adaptações necessárias que as escolas necessitam para garantir não só a matrícula do aluno, mas seu acesso e permanência.

2- Analisando as condições arquitetônicas das escolas Estaduais e Privadas do município de Catalão

Os dados obtidos nos permitiu verificar que existem 134 alunos com deficiência matriculados nas escolas analisadas, dentre esses doze alunos são deficientes físicos. Identificamos que os alunos com deficiência física estão matriculados em onze das trinta escolas analisadas. O ano de construção dos prédios variam de 1923 à 1998 e o ano de reforma de 1988 à 2008.

No que se refere à disponibilidade de telefones para os alunos com deficiência física nas escolas estaduais e particulares de Catalão identificamos que treze escolas possuem telefones públicos e, dessas, apenas em quatro escolas estes se encontram adaptados, o que dificulta o acesso de comunicação do aluno que usa cadeira de rodas.

No entanto, segundo as Normas Brasileiras de Regulamentação (NBR) 90503, o correto é existir um telefone adaptado para cada telefone comum. Deve ser observado ainda o nível do piso e o espaço adequado para o acesso do aluno que depende de cadeira de rodas. Conforme Wells (1997, p.56) “a instalação de telefones públicos fora de cabines, deve procurar tornar-se apropriados ao uso pelos que dependem principalmente da cadeira de rodas”.

No que tange a disponibilidade de banheiros para os alunos com deficiência física nas escolas estaduais e particulares de Catalão, das trinta escolas observadas apenas seis banheiros estão adaptados. Estes possuem a porta de acesso adequada, além de barras de apoio que se encontram fixadas na lateral e no fundo, ou em pelo menos em uma das laterais. Entretanto, os espelhos e as pias foram colocados em uma altura que não permitem o acesso do aluno que utiliza cadeira de rodas, bem como as torneiras não são acionadas por alavanca. Além disso, nenhum banheiro é devidamente sinalizado, tendo em vista que o local adaptado deve ter o símbolo internacional de acesso às pessoas com deficiência.

Merece ser destacado que além dos banheiros das 24 escolas não serem adaptados, as portas de entrada e o espaço de circulação não permitem a passagem de cadeiras de rodas, o que significa que se o aluno precisar ir ao banheiro dependerá de alguém para carregá-lo para fazer suas necessidades básicas. Conforme as NBR 9050 deve existir pelo menos um banheiro

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Esta norma fixa os padrões e critérios que visam a propiciar às pessoas com deficiência condições adequadas e seguras de acessibilidade autônoma a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos, além de se aplicar tanto a novos projetos quanto a adequações em caráter provisório ou permanente.

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3468 adaptado em cada pavimento da escola e as portas devem ter 0.80m de largura. Nas escolas que apresentavam mais de um pavimento foram encontrados banheiros apenas no primeiro piso.

No que diz respeito a disponibilidade de bebedouros para os alunos com deficiência física nas escolas estaduais e particulares de Catalão verificamos que das trinta escolas que possuem bebedouros, em treze estes estão adaptados, visto que estão localizados em locais sem objetos que impeçam o acesso dos alunos com deficiência e tem o jato para cima e para frente e a altura entre 66 e 76 cm, conforme preconiza a NBR 9050.

Os outros dezessete estão totalmente fora dos padrões de adequação para o acesso ao bebedouro pelo aluno deficiente físico, pois dificulta o alcance e o manejo dos dispositivos do aluno que usa cadeira de rodas e do que possui alguma limitação física.

É preciso ressaltar que os documentos apresentados no decorrer do texto a Declaração de Salamanca (1994) e os PCN's (1999), trazem as medidas de adaptações que devem ter nas escolas para receber o aluno com deficiência, salientando a necessidade dos mobiliários específicos dentre eles, o bebedouro que se torna uma adaptação simples permitindo o acesso e permanência efetiva do aluno com deficiência no âmbito escolar, privilegiando não só sua formação educacional, mas seu bem-estar e saúde.

No se refere ao acesso à escola observamos as adaptações adequadas para que o aluno com deficiência física possa ter o acesso à entrada da escola, como o meio fio, a calçada, o portão e o piso da entrada do espaço.

Observamos que vinte e uma das escolas analisadas estão dentro das adaptações possibilitando ao aluno com deficiência sua locomoção e acesso as instalações do espaço, mas em três das escolas adaptadas, consideramos as adaptações inadequadas pelo fato de apresentarem uma rampa muito inclinada, dificultando a locomoção até de alunos sem deficiência. A NBR 9050 salienta que as rampas externas devem prever inclinação máxima de dois por cento.

No que diz respeito ao piso e aos portões de entrada, todas apresentam adaptações regulares, possibilitando o acesso satisfatório do aluno com deficiência à entrada da escola. As outras nove escolas analisadas estão com o acesso inadequado na entrada principal tendo em vista que esse acesso é menor que o indicado na NBR 9050, o meio fio possui degraus altos e os pisos apresentam saliências e trincas que impossibilitam o manejo da cadeira de rodas, principalmente a motorizada.

Conforme a NBR 9050 as áreas de circulação devem ter superfície regular, firme e antiderrapante, e quando houver escadas, degraus ou rampas manter obrigatoriamente a instalação de corrimãos nos dois lados, além disso, a mesma indica que deve haver toldo cobrindo a entrada em que transitam pessoas em cadeira de rodas, o que não encontramos em nenhuma das escolas analisadas.

Com relação ao acesso às salas de aula verificamos que treze das trinta escolas estão dentro das principais adaptações de acesso ao aluno e as outras dezessete não estão adaptadas por não possuírem a estrutura necessária que garanta o acesso e a permanência independente do aluno no local.

Realizamos algumas observações em relação às adaptações necessárias para o acesso adequado às salas de aula pelo aluno com deficiência física, tais como: o piso, corrimão, porta adequada e espaço.

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3469 Merecem destaque as escolas adaptadas pelo fato de estarem com porta adequada, como expõe a NBR 9050 a largura das portas de no mínimo 0,80m, piso plano, espaço amplo e ausência de degraus. Não encontramos adaptação nas escolas, apenas no que se refere aos corrimãos, que não se tornam necessário à medida que as salas de aula não apresentam rampas e degraus.

Entretanto, identificamos que a maioria das escolas não estão adaptadas e nem buscam a adaptação, apesar de ser garantido em lei, como a Declaração de Salamanca (1994) a qual salienta a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos. O argumento utilizado pelos diretores para a falta de adaptação é o fato de não existirem alunos com deficiência física nas escolas, todavia é um discurso contraditório, pois verificamos na nossa pesquisa, que sete dessas escolas sem adaptação possuem alunos com deficiência física matriculados.

Para o acesso à biblioteca constatamos que das trinta escolas 27 possuem biblioteca, dessas, sete escolas apresentam suas bibliotecas acessíveis aos alunos com deficiência, pois permitem a admissão e a circulação desses alunos em seu interior.

Essa adequação foi analisada considerando largura da porta, piso e espaço plano existente que permite a manobra e locomoção da cadeira de rodas tranqüilamente. Conforme a NBR 9050, o correto é haver pisos planos, superfície firme, regular, estável e antiderrapante, além das áreas para circulação de cadeira de rodas, estarem livres de barreiras ou obstáculos. Afirma também, como já caracterizada a largura ideal da porta, sendo igual ou superior a 0,80 m. Tendo em vista a garantia em lei e documentos referentes à educação inclusiva do acesso e permanência dos alunos com deficiência nas escolas regulares é inaceitável vinte das escolas analisadas estarem com suas bibliotecas fora das adaptações adequadas para receberem o aluno com deficiência, visto que é um local de grande assistência educacional ao aluno, pois permite a realização de pesquisas, leituras e informações para o seu conhecimento assegurando uma educação de qualidade para si próprio.

Em relação à análise de acesso à direção, verificamos que quatorze escolas estão adaptadas e dezesseis escolas não apresentam adaptação frente ao aluno com deficiência física.

Nas escolas adaptadas verificamos a adequação em toda estrutura referente às portas, piso e espaço, permitindo a locomoção independente dos alunos com deficiência física. Já nas outras dezesseis escolas, a adaptação inadequada mais encontrada foi em relação às portas, degraus e espaço no interior da sala de direção da escola, impossibilitando o acesso e a circulação do aluno com cadeira de rodas ou próteses.

Vale ressaltar que não encontramos adaptação em nenhuma escola no que se refere aos corrimãos, que se tornam necessários à medida que as salas da direção apresentem rampas e degraus.

Com referência aos dados registrados a partir da análise, identificamos que quatorze das trinta escolas analisadas estão aptas a receberem o aluno com deficiência, no que diz respeito à

circulação no interior da escola, permitindo a locomoção independente do aluno em

diversos espaços pelo fato de apresentarem rampas ou piso planos, e não haver objetos que atrapalhem a locomoção do aluno com cadeira de rodas, além de apresentarem um espaço amplo que facilita o acesso e a circulação nos diversos espaços das escolas.

No espaço interior da escola observamos o piso, se havia escadas ou degraus, rampas e se o espaço era amplo ou não. Com relação à NBR 9050, como exposto anteriormente, é correto as

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3470 áreas de circulação terem superfície regular, firme e antiderrapante, e quando houver escadas, degraus ou rampas manter obrigatoriamente a instalação de corrimãos nos dois lados.

Através da realização do nosso estudo percebemos ainda a importância de estacionamentos

privativos para os alunos com deficiência, pois permitem a estas pessoas estacionarem seus

carros próximo onde estudam, facilitando assim o seu acesso. Entretanto, apenas três escolas possuem estacionamento, entretanto nenhum apresenta adequação e sinalização apropriada ao aluno com deficiência, dificultando o estacionamento próximo ao local onde estudam e a dificuldade na locomoção independente.

Conforme a NBR 9050 as vagas para estacionamentos devem ter um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20m de largura, ter reservadas vagas preferenciais para estacionamento de veículos pertencentes à pessoa com deficiência física, devendo ser identificado através do símbolo internacional de acesso, pintado no solo e de sinalização vertical de forma que essa identificação seja visível a distância, e as vagas serem as mais próximas das portas de acesso, rampas, garantindo que o caminho a ser percorrido pelo deficiente físico em cadeira de rodas ou muletas seja o menor possível e livre de obstáculos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo primordial deste estudo foi analisar as condições arquitetônicas das escolas da rede regular de ensino estadual e privada de Catalão-GO, para garantir o acesso e a permanência dos alunos com deficiência física.

Verificamos por meio de uma ficha de registro que as escolas não se encontram realmente adaptadas às necessidades desses alunos. Dezesseis das trinta escolas analisadas não estão adaptadas e apresentam adaptações inadequadas, construídas apenas para o cumprimento da lei sem considerar realmente a necessidade da pessoa com deficiência.

Tendo em vista os resultados obtidos no estudo as escolas que se encontram mais preparadas arquitetonicamente para receberem o aluno com deficiência são as da rede estadual de ensino, mesmo com o descuido das obras e reformas que não garantem totalmente o acesso. Já nas escolas particulares, percebemos que as adaptações são praticamente inexistentes na maioria delas, apresentando portas, salas, banheiros, dentre outros espaços, totalmente irregulares tendo em vista as normas que auxiliam a pessoa com deficiência.

Ao analisarmos a Constituição de 1988, a lei do Estado de Goiás, a Declaração de Salamanca e o PCN, verificamos que infelizmente as escolas não se encontram adequadas de acordo com o que estes documentos expressam sobre o dever e obrigatoriedade da eliminação de barreiras para o acesso das pessoas com deficiência, tendo em vista a necessidade de promover a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos.

Entretanto, considerando ainda o que aponta esses documentos, a facilitação do acesso e a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos não são suficientes para superar as restrições do sistema educacional ou compensar as limitações reais dos alunos com deficiência, tendo em vista a necessidade de adequar também aos materiais e a prática pedagógica, mas nas atuais circunstâncias, entende-se que as adaptações nos espaços fazem-se necessárias para uma primeira superação rumo ao paradigma da inclusão.

Diante dos aspectos acima delineados, nossa preocupação reside no fato de que as adaptações arquitetônicas estão sendo implementadas no ensino regular apenas nos discursos, não se

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3471 encontrando as escolas adaptadas às necessidades dos alunos com deficiência, a despeito das tendências jurídico-normativas e das diretrizes educacionais.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050:1994 – Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências e edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbanos/ Associação Brasileira de Normas Técnicas.—Rio de Janeiro: ABNT, 1997.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Deficiente (CORDE), e da Secretaria de Educação Especial/MEC (SESP).

Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre necessidades educativas especiais.

Brasília, 1994.

BRASIL. MEC.SEF.SEESP. Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Especial. Brasília, 1999.

CARMO, A. A. SOUZA; SILVA, R. V. de. Educação Física e a Pessoa Portadora de

Deficiência: contribuição a Produção do Conhecimento. Uberlândia: Impresso, 1997 338p.

CARMO, A. A. Deficiência física: a sociedade brasileira cria, recupera e discrimina. Brasília: Secretaria dos Desportos, 1991. 230p.

CIDADE, R. E. A.; FREITAS, P. S. Noções sobre Educação Física e Esporte para pessoas

portadoras de deficiência: uma abordagem para professores de 1º e 2º graus. Uberlândia:

Breda, 1997.

SANTOS, C. S. Políticas públicas de Educação para alunos portadores de necessidades

educativas especiais no ensino regular de Minas Gerais: inclusão ou exclusão educacional.

2004. 137f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2004.

WELLS, H. T.L. Portadores de deficiências físicas: acessibilidade e utilização dos equipamentos escolares. Brasília: Programa de Educação Básica para o nordeste, 1997.

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