PARECER ÚNICO Nº 239444/2013
INDEXADO AO PROCESSO: PA COPAM: SITUAÇÃO:
Licenciamento Ambiental 00071/1979/047/2012 Sugestão pelo Deferimento
FASE DO LICENCIAMENTO: Revalidação da Licença de Operação VALIDADE DA LICENÇA: 06 anos
PROCESSOS VINCULADOS CONCLUÍDOS: PA COPAM: SITUAÇÃO:
Reserva Legal 07984/2012 Averbada
EMPREENDEDOR: Cimento Tupi S/A CNPJ: 33.039.223/0006-26 EMPREENDIMENTO: Cimento Tupi S/A CNPJ: 33.039.223/0006-26
MUNICÍPIO: Carandaí – MG ZONA: Rural
COORDENADAS GEOGRÁFICA
(DATUM): SAD69 LAT/Y 20º54’ 2,95” LONG/X 43º49’ 8,36” LOCALIZADO EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO:
INTEGRAL ZONA DE AMORTECIMENTO USO SUSTENTÁVEL X NÃO NOME:
BACIA FEDERAL: Rio Grande BACIA ESTADUAL: Rio das Mortes
UPGRH: GD2 SUB-BACIA: Córrego Vargem da Pedra (curso d’água mais próximo)
CÓDIGO: ATIVIDADE OBJETO DO LICENCIAMENTO (DN COPAM 74/04): CLASSE F-05-14-2 Co-processamento de resíduos em forno de clínquer. 3 RESPONSÁVEL TÉCNICO PELA ELABORAÇÃO DO RADA: REGISTRO:
Natália Regina de Rezende 131621
RELATÓRIO DE VISTORIA: 015/2013 DATA: 12/03/2013
EQUIPE INTERDISCIPLINAR MATRÍCULA ASSINATURA Elder Martins– Analista Ambiental (Gestor) 1317569-0
Filipe Abrantes Felicíssimo – Analista Ambiental 1255686-6 Rafael Fernando Novaes Ferreira – Analista Ambiental 1148533-1 Elias Nascimento de Aquino – Analista Ambiental de Formação
Jurídica 1267876-9
De acordo: Gláucio Cristiano Cabral de Barros Nogueira
Diretor Regional de Apoio Técnico 1197093-6
De acordo: Wander José Torres de Azevedo
1. Introdução
Em 15 de dezembro de 2008, a indústria de Cimento Tupi S.A. obteve licença de
operação n° 271/ZM para o processo de co-processame nto de resíduos em forno clínquer, P.A.
nº 00071/1979/040/2008.
Em 06/09/2012 o empreendimento protocolou o FCEI (Formulário Integrado de
Caracterização do Empreendimento).
Em 22/11/2012 formalizou-se o processo de revalidação de licença ambiental para o
co-processamento de resíduos da Resicontrol soluções Ambientais Ltda. em forno clínquer da
fábrica de Pedra do Sino, Carandaí - MG, para fins de revalidação da licença de operação PA
n
o00071/1979/040/2008, certificado de LO n° 271, val ida até 15/12/2012.
Em 12/03/2013 foi realizada vistoria no empreendimento para verificação da situação
ambiental do mesmo, com fins de revalidação da licença de operação (PA n
o00071/1979/047/2012).
2. Caracterização do Empreendimento
A indústria de Cimento Tupi S.A., é uma indústria produtora de cimento (Fábrica Pedra do
Sino) situada na cidade de Carandaí – MG. Possui licença de operação (Validade até
22/09/2014) para a produção de cimento/clínquer e licença de operação para o
co-processamento de resíduos.
De acordo com o relatório de desempenho ambiental – RADA, os resíduos industriais
provenientes da Resicontrol Soluções Ambientais S.A, vem sendo co-processados pela
Cimento Tupi fábrica Pedra do Sino desde março de 2009.
O número total de empregados envolvidos na atividade de co-processamento totaliza 06
(seis) indivíduos, no qual 05 (cinco) atuam no setor de produção, 01 (um) no setor
administrativo, e nenhum terceirizado.
O regime de operação da atividade, se dá em 04 (quatro) turnos de 06 (seis) horas por
dia, durante 30 (trinta) dias por mês, e doze meses por ano.
A área total do terreno ocupada pela unidade de co-processamento, incluindo
recebimento de resíduos, correspondente a 3.365 m
2, com área útil atual de 2800 m
2e área
construída de 399 m
2.
No período de vigência da LO vincenda, o empreendimento passou por ampliação de um
novo local de alimentação de blend de resíduos, e conforme descrito nos estudos, novo galpão
foi construído em concreto, o piso e as paredes laterais foram revestidos com chapa de aço,
totalmente vedados de forma a evitar a possibilidade de contaminação do solo. Para este
processo o empreendedor informa que foram aplicadas as mesmas metodologias empregadas
no
galpão
antigo, descritas
no
PCA do
licenciamento
ambiental
de
LO
n°
00071/1979/040/2008.
Outra alteração ocorrida foi no resíduo enviado pela Resicontrol, onde este adquiriu
menor granulometria, sem alteração de suas características iniciais. Esta modificação se deve
ao fato de que para queima de resíduo no maçarico, o mesmo precisa estar seco e apresentar
menor tamanho.
Quanto à taxa de alimentação de resíduo no forno de clínquer, não houve alteração para
o valor estabelecido de 1,5 t/h, apesar de o objetivo do processo de licenciamento em questão
ter em vista a taxa de 4,5 toneladas/hora, e o estabelecido para o uso deste valor, ser a
condição de que o empreendimento deve realizar previamente um novo teste de queima que
confirme a eficiência das taxas de retenção de compostos inorgânicos no forno de clínquer. O
empreendedor optou em realizar o teste de queima para a taxa de 1,5 t/h, pretendendo realizar
o teste para 4,5 toneladas/hora no momento mais oportuno.
Assim, em 22/12/2011, foi apresentado a SUPRAM o teste de queima para 1,5t/h sob
protocolo n° 0957191/2011.
A capacidade nominal de produção de clínquer para o ano 2010 foi de 903.605
tonelada/ano, com um percentual médio de utilização da capacidade instalada de 99,93%, e
em 2011, a mesma passou para 962.047 tonelada/ano, com o percentual médio de utilização
da capacidade instalada de 94,33%.
Já a capacidade nominal instalada para a alimentação de resíduos no co-processamento
corresponde a 36.000 tonelada/ano, e o percentual médio de utilização da capacidade de
co-processamento nos últimos dois anos a 3,35%, sendo que para 2010, o percentual atingido foi
de 3,0%, e em 2011 o mesmo atingiu 3,7%.
O fluxograma abaixo apresenta processo produtivo com os pontos de alimentação dos
resíduos sólidos e líquidos, bem como o perfil de temperaturas e indicação de pontos de
amostragem de efluentes atmosféricos.
Fluxograma do processo produtivo com indicação das características do coprocessamento .
Quanto à produção de clínquer, as matérias primas utilizadas no processo produtivo são
basicamente calcário alto teor, calcário baixo teor, e minério de ferro, sendo que:
- O calcário alto teor é fornecido pela empresa Cimento Tupi S/A, onde o consumo
mensal máximo é de 21.606 toneladas, e o consumo mensal atual é de 15.358 toneladas.
- O calcário baixo teor é fornecido pela empresa Cimento Tupi S/A, onde o consumo
mensal máximo é de 133.757 toneladas, e o consumo mensal atual é de 125.012 toneladas.
- O minério de ferro é fornecido pelas empresas Arcelor Mittal Brasil S/A,Siderúrgica
Gagé Ltda., e MSM – Extração de Minérios Serra da Moeda, somando um consumo mensal
máximo de 2.847 toneladas, e um mensal atual de 1.704 toneladas.
O produto principal e produtos secundários da atividade cimenteira são o Clínquer,
Cimento CPII E32, Cimento CPII E40, e Cimento Mix, e sua produção apresenta as seguintes
quantificações:
- Clínquer: produção mensal máxima de 90.155 toneladas, e produção mensal atual de
83.743 toneladas.
- Cimento CPII E32: produção mensal máxima de 81.280 toneladas, e produção mensal
atual de 75.606 toneladas.
- Cimento CPII E40: produção mensal máxima de 20.092 toneladas, e produção mensal
atual de 20.092 toneladas.
- Cimento Mix: produção mensal máxima de 41.119 toneladas, e produção mensal atual
de 29.240 toneladas.
O parâmetro representativo da atividade de co-processamento de resíduos, em termos
de co-processamento em fornos de clínquer, o blend de resíduos industriais é utilizado como
substituinte energético para produção de clínquer devido ao seu elevado poder calorífico
inferior – PCI, de aproximadamente 4.000 Kcal/Kg. A quantidade de resíduos coprocessados
por tonelada de clínquer é de 419 tonelada/mês de blend de resíduos industriais para 83.743
toneladas/mês de clínquer, o que representa um média de 4% do calor específico necessário
ao consumo do forno para produção do clínquer, cujo valor gira em torno de 800 Kcal/Kg.
O combustível utilizado no processo industrial, para o aquecimento do forno no processo
produtivo de fabricação do clínquer, assim como seus fornecedores e consumo são
respectivamente:
- Óleo combustível tipo 1ª: fornecido pela Petrobrás Distribuidora S/A, onde o consumo
mensal máximo é de 2,5 toneladas/hora, e o consumo mensal atual corresponde a 1,5
toneladas/hora.
- Coque: fornecido pela Petrobrás Distribuidora S/A, onde o consumo mensal máximo
corresponder a 17,1 toneladas/hora, e o mensal atual correspondem a 13,4 toneladas/hora.
- Moinha de carvão vegetal: fornecido pelas empresas, Dow Corning Silício do Brasil Ind.
E Comércio Ltda., Siderúrgica Gagé Ltda., MGV Transporte e Comércio Ltda., Maringá S. A.
Cimento e Ferro – Liga, e Jorasa empreendimentos Ltda., onde o consumo mensal máximo
deste combustível é de 4,2 toneladas/hora, e o mensal atual corresponde à 3,4 toneladas/hora.
- Pneus: fornecido pela CLB – Comércio e Reciclagem de Borrachas Ltda, onde o
consumo mensal máximo é de 4,5 toneladas/hora, e o mensal atual corresponde à 1,4
toneladas/hora.
- Blend de Resíduos: fornecido pela Resicontrol Soluções Ambientais S.A., onde o
consumo mensal máximo é de 1,5 toneladas/hora, e o mensal atual corresponde a 1,2
toneladas/hora.
De acordo com o empreendedor, existem instalações de abastecimento de combustível
na empresa (Cimento Tupi – Fabrica do Sino), e estas se adéquam aos requisitos da resolução
CONAMA n° 273/2000, possuindo inclusive licença de operação com certificado LOC de nº
0002-ZM (P.A. n° 00071/1979/015/2003). Ressalta-se ainda, que tais instalações, são
utilizadas para o abastecimento dos veículos de mineração e de carregamento (Pás
carregadeiras), não possuindo relação direta com a atividade de co-processamento.
Quanto à evolução da taxa de co-processamento dos blend de resíduos foi licenciada
uma taxa de alimentação de 1,5 toneladas/hora, e com base nos dados de 2010 e 2011, nesse
período este processo teve uma taxa de alimentação efetiva máxima de 1,5 toneladas/hora,
uma mínima de 0,6 toneladas/horas, e a taxa de alimentação média quantificada em 1,2
toneladas/hora.
O gráfico abaixo corresponde à evolução do co-processamento dos resíduos durante os
últimos dois anos, através da quantidade de blend de resíduos consumidos por tonelada de
clínquer produzido, em relação com o consumo térmico do forno no período entre janeiro de
2010 e dezembro de 2011.
Gráfico B2 – Evolução do coprocessamento através da quantidade de blend de resíduos consumidos por tonelada de clínquer
produzido.
De acordo com o mesmo, é possível constatar que a quantidade de resíduo consumido, é
na maioria das vezes, proporcional à produção de clínquer. Neste contexto, pode-se dizer que
quando há um decréscimo na produção de clínquer, há também um decréscimo no consumo
de resíduo, e quando a produção se eleva o consumo também tem o mesmo comportamento.
Tal relação é decorrente da utilização de blend de resíduos como substituinte de combustível
no forno.
Ressaltando que, à taxa de co-processamento de blend de resíduos tem relação com
questões de limites de emissões, onde a empresa trabalha com uma taxa de alimentação de
1,5 t/h, não ultrapassando os limites de emissão. Os valores das taxas de alimentação de blend
de resíduos industriais, também praticada durante os anos 2010 e 2011, estão descritos no
gráfico B3. Pode-se deduzir que a taxa média de alimentação de resíduos varia em função das
condições de estabilidade do forno: quando o forno encontra-se estável, as taxas podem ser
mais altas, e durante períodos de instabilidade, torna-se necessário reduzir a alimentação.
Gráfico B3 – Taxa de alimentação de blend de resíduos no forno de clínquer.
Os anos de 2010 e 2011 foram selecionados por serem mais representativos do período
de co-processamento do blend de resíduos industriais. Uma vez que em 2012 teve a
interferência das obras de ampliação da unidade de fabricação de cimento que ocasionaram
uma queda significativa do co-processamento dos resíduos.
2.1. Identificação do processo de geração dos resíduos
A atividade principal do processo de geração de resíduos industriais provenientes da
Resicontrol consiste no recebimento e preparo de misturas homogêneas de resíduos sólidos,
líquidos e pastosos com a finalidade de proceder ao seu co-processamento em fornos de
produção de clínquer ou gerenciamento (armazenamento temporário, acondicionamento para
destinação final, condicionamento de terceiros, trituração, manipulação e prensagem de
tambores, manipulação e moagem de embalagens de vidro, homogeneização, etc.) visando o
encaminhamento para outras destinações licenciadas.
No processo industrial são preparados lotes de blend de resíduos a serem enviados para
o co-processamento na indústria de Cimento Tupi S.A. Na figura abaixo é representado o
fluxograma com as principais etapas do processo de preparo do blend de resíduos sólidos,
desde a origem ainda no gerador do resíduo.
Fluxograma do processo de aprovação do resíduo e preparado de blned.
O processo se inicia com a avaliação de embalagem do resíduo, caso o mesmo for
elegível, procede-se a obtenção da licença formal da CETESB para que a Resicontrol receba o
resíduo, por meio da emissão de CADRI específico para aquele resíduo. Uma vez liberado, o
resíduo é enviado para a Resicontrol, onde é devidamente amostrado e sua elegibilidade
checada por meio de análises físico-químicas. De posse dos resultados das análises, os
resíduos estão liberados para comporem os próximos lotes de blend. O blend é produzido em
regime de bateladas. Uma vez que fechado o lote, o blend é re-amostrado, para checagem e
comprovação de suas características, e uma vez aprovado pode ser enviado para as fábricas
de cimento.
A Resicontrol Soluções Ambientais S.A vem mantendo o mesmo processo de
beneficiamento dos resíduos apresentado no PCA do licenciamento, em 2008. Desde então, a
planta passou por uma série de melhorias de suas instalações (prevenção e combate a
incêndios, pavimentação, cobertura, modernização de equipamentos, etc.), sem, contudo
alterar a natureza de sua operação. A modificação que ocorreu foi o envio de blend de resíduo
com uma menor granulometria, sem alteração das características iniciais dos resíduos.
3. Utilização e Intervenção em Recursos Hídricos
O empreendimento, relativo á atividade licenciada nesse processo, não faz uso direto de
recursos hídricos. No entanto, a utilização de água para consumo humano e demais atividades
da Cimento Tupi, provenientes de captação em poço tubular ou captação em curso d’água,
encontram-se outorgadas.
O quadro abaixo descreve a relação destes processos e suas respectivas renovações.
4. Autorização para Intervenção Ambiental (AIA)
As instalações do co-processamento não se encontram em área de preservação
permanente, portanto, não sendo necessárias intervenções ambientais ou supressão de
vegetação.
5. Reserva Legal
O empreendimento possui reserva legal averbada em cartório (Processo n° 316/2008),
cuja área averbada é de 105,8615 há coberta de mata nativa.
6. Impactos Ambientais e Medidas Mitigadoras
6.1 Emissões Atmosféricas
Tendo em vista os regulamentos ambientais (DN COPAM 26/98, DN CPAM 154/2010),
na atividade de co-processamento, a emissão atmosférica dos fornos de clinquer, tem como
principais poluentes a serem monitorados o HCl, HF, CO, SO
x(c/ SO
2), NO
x(c/ NO
2), MP,
Metais Classe 1 (Ca, Hg, Tl), Metais Classe 2 (As, Co, Ni, Se, Te), Metais Classe 3 (Sb, Pb, Cr,
Cianetos, Fluoretos), HCN, Metais Classe 1 + Casse 2, Metais Classe 1 + Casse 3, Metais
Classe 2 + Casse 3, THC, Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno, Xileno.
Deste modo, como medida para mitigar o supracitado impacto, a empresa possui
instalados equipamentos de controle de poluição, tais como o eletrofiltro e a torre de
arrefecimento, e realiza trimestralmente o monitoramento dos poluentes em questão, na
chaminé do filtro eletrostático referente à torre l do forno de clínquer.
Processo de Outorga N°
Processo de Renovação N°
00179/2003
10690/2008
03616/2003
10750/2008
02256/2003
16249/2009
01508/2004
16255/2009
7. Compensações.
Levando-se em consideração que o licenciamento para a atividade em questão, não se
enquadra ao determinado pelo Art. 36 da lei n° 9.98 5, de 18 de julho de 2000, (SNUC), que as
instalações do co-processamento não se localizam em área de preservação permanente, não
faz supressão de Mata Atlântica, e não intervém em APP, não se faz necessário, portanto, o
cumprimento de compensação ambiental.
8. Avaliação do Desempenho Ambiental.
8.1. Cumprimento das Condicionantes de LO.
O empreendimento cumpriu, em tempo hábil, todas as condicionantes estabelecidas pela
licença de operação ora vincenda.
A empresa Cimento Tupi fábrica Pedra do Sino possui licença de operação para o
co-processamento dos resíduos em forno clínquer, localizada no Município de Carandaí/MG com
certificado de n° 271, conforme processo administra tivo de n° 00071/1979/040/2008,
apresentando as seguintes condicionantes:
Item 01: Execução do Programa de automonitoramento Ambiental, conforme definido no
ANEXO II; durante o período da licença.
O referido anexo estabelece que durante o período de vigência da licença, o
empreendedor deverá efetuar análises de amostras das emissões da chaminé do forno de
clínquer, observando os parâmetros listados nas tabelas 1 e 2 do anexo I da Deliberação
Normativa COPAM 026/1998, bem como os resultados de análise convencional do forno
clínquer, bimestralmente. De acordo com os laudos apresentadas pelo empreendedor, a
empresa realiza análise convencional do clínquer, e trimestralmente o monitoramento das
emissões atmosféricas (conforme solicitado nas condicionantes das LOs atuais de
co-processamento), e monitoramentos contínuos dos parâmetros de material particulado (MP),
monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx),
hidrocarbonetos totais (THC), gás oxigênio (O
2).
Ressaltar-se que em 17/12/2010, empreendedor apresentou junto a SUPRAM o pedido
de modificação da freqüência das amostragens, protocolo n° 0845409/2010. E este por sua
vez, foi respondido pelo ofício SUPRAM-ZM n° 006/20 11, que altera a freqüência das
amostragens e análises dos efluentes atmosféricos, para o processo em questão, de
bimestralmente para trimestralmente conforme o art. 5 da deliberação Normativa COPAM n°
154/2010.
Item 02: O empreendimento deverá atender a todas as exigências previstas na
deliberação normativa COPAM 26/98 e 83/05; anterior ao início do processo de
co-processamento.
A empresa está atendendo aos requisitos previstos pela legislação em vigor.
Item 03: O co-processamento de resíduos em fornos de clínquer deverá obedecer aos
padrões de emissões de poluentes atmosféricos previstos no ANEXO I da deliberação
Normativa COPAM 026/93; durante o período da licença.
A empresa busca atender aos padrões de emissões conforme explicitado pela legislação,
controlando os desvios por meio de planos de ação.
Item 04: Disponibilizar a SUPRAM-ZM, caso solicitado, o monitoramento dos controles
contínuos das concentrações CO, O
2, NO
Xe temperatura na câmara de fumaça e CO e O
2, no
segundo estágio, permitindo o controle e verificação de perturbações na operação do forno;
durante o período da licença.
A empresa mantém em seus arquivos, os dados de monitoramentos dos controles
contínuos das concentrações de CO e O
2, no segundo estágio, para qualquer demanda de
solicitação de SUPRAM-ZM. E além dos parâmetros exigidos pela condicionante, a Cimento
Tupi também monitora continuamente SO
xe THC.
Item 05: Transporte de resíduos a serem co-processados deverá ser realizado pela
Cimento Tupi S.A. (LO n° 182 – validade: 09/05/2010 ) e CAMAFRAN Transportes Ltda. (LO n°
020 – 13/02/2011), segundo normas e legislações pertinentes; durante o período da licença.
Conforme o empreendedor, o transporte de resíduos foi realizado integralmente pela
empresa CAMAFRAN Transportes Ltda. durante todo o período de vigência da licença, e esta
por sua vez possuía certificado de LO n° 20 com val idade até 13/02/2011, e hoje possui
certificado de LO n° 087/2011, válido até 04/07/201 5.
Item 06: Realizar teste de queima dos resíduos, conforme a DN 26/1998 e apresentar os
resultados conclusivos das análises a SUPRAM-ZM para posterior liberação do início do
co-processamento; anterior ao início do processo de co-processamento.
Em atendimento a condicionante, em 22 de dezembro de 2011, a Cimento Tupi S.A –
Fabrica Pedra do Sino protocolou junto a SUPRAM-ZM (protocolo SIAM n° 0957192/2011), o
relatório dos resultados conclusivos feito para o teste de queima dos resíduos da Resicontrol
Soluções Ambientais S.A. com taxa de alimentação de 1,5 t/h, conforme DN 026/1998.
Item 07: Apresentar comprovação dos treinamentos realizados junto aos funcionários
envolvidos na operação do co-processamento, no que concerne ao processo, manuseio e
utilização de resíduos, bem como sobre procedimentos para situações emergenciais e
anormais durante o processo; até 60 dias.
A documentação para comprovação dos treinamentos realizados junto aos funcionários
envolvidos na operação do co-processamento no que dizer respeito ao processo, manuseio e
utilização de resíduos, foi apresentada a SUPRAM–ZM, onde estes documentos foram
protocolados sob número 107700/2009.
Item 09: Apresentar certificados de licença das empresas de transporte e das geradoras
de resíduos quando da renovação das respectivas licenças de operação. Obs.: Na vigência da
licença tanto as empresas de transporte quanto às geradoras de resíduos deverão estar
regularizadas ambientalmente; durante o período da licença.
Em cumprimento da condicionante em questão, no dia 20 de junho de 2011 o
empreendedor protocolou junto a SUPRAM–ZM (protocolo SIAM n° 443556/2011) a
documentação referente à Licença de Operação CETESB – Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo, n° 6005642, concedida a empresa respo nsável pela geração dos resíduos,
Resicontrol Soluções Ambientais Ltda., para condicionamento de resíduos industriais sólidos e
líquidos como atividade principal. Atualmente esta licença foi revalidada pela Licença de
Operação CETESB n° 6006773 com validade até 24 de outubro d e 2014.
Em 20 de julho de 2011 foi protocolado na SUPRAM-ZM (protocolo SIAM n°
533609/2011) os documentos relativos à Licença de Operação concedida pelo COPAM, LO N°
087/2011- SM, com validade de quatro anos, á empresa CAMAFRAN TRANSPORTE LTDA,
para o funcionamento da atividade de transporte de resíduos perigosos classe I.
8.2. Avaliação dos Sistemas de Controle Ambiental
8.2.1 Performance do Eletrofiltro
As ocorrências de desligamentos do eletrofiltro são registradas mensalmente, e o laudo
listando as principais causas e duração do desligamento, é encaminhado para SUPRAM-ZM.
As causas das ocorrências de desligamento estão relacionadas à presença de monóxido de
carbono (CO) no processo produtivo e a parada do forno por circunstâncias operacionais
desfavoráveis.
O monóxido de carbono (CO) é um gás inflamável produzido pela combustão incompleta
dos combustíveis, e no caso da produção de clínquer, este gás é proveniente, na maioria das
vezes, da queima do óleo, coque de petróleo e moinha de carvão.
Dependendo das condições de temperatura e teor de oxigênio no eletrofiltro, o CO se
torna perigoso, uma vez que este equipamento produz centelhas, gerando uma situação
propícia a explosões.
Para evitar o risco de explosão, a empresa possui um analisador contínuo de CO,
localizado após a torre de ciclones, Fe forma a garantir o limite de entrada deste gás no
eletrofiltro. Dessa forma, quando se atinge a concentração de 0,4%, ocorre o desligamento
automático do eletrofiltro, e o mesmo é religado após o estabelecimento da normalidade do
processo produtivo.
Por determinação da FEAM em licença de operação da fábrica sob condicionante n° 8,
são permitidos desligamentos no eletrofiltro por um período máximo de 15 minutos
ininterruptamente, podendo contabilizar um total de 300 (trezentos) minutos no mês. E de
acordo com os dados apresentados na tabela de ocorrência de desligamentos do eletrofiltro da
torre I para os anos 2010, 2011 e 1° semestre de 20 12 (RADA pág. 032 a 040), os somatórios
da duração em minutos dos desligamentos não extrapolam o período supracitado.
Nos casos das paradas da torre de ciclones completa, não há ocorrência de emissões
atmosféricas, pois o processo produtivo do forno de clínquer permanece inoperante,
impossibilitando a liberação de poluentes para atmosfera. O eletrofiltro permanece desligado
até que sejam realizadas manutenções corretivas e ou preventiva nos equipamentos de
produção para retomar os processos de fabricação de clínquer. Portanto não se consideraram
essas paradas no somatório mensal de tempo de desligamento.
De acordo com os estudos, os números de desligamento caíram significativamente no
período de 2006 a 2012. Desde 2008 a empresa vem realizando ajustes no processo a fim de
reduzir o numero de desligamentos dos eletrofiltros, dentre as estas se destaca, ajuste na
carga de combustível para evitar excessos, definição de faixas de trabalho para o oxigênio na
câmara de entrada do forno e antes do exaustor principal do forno, trabalhando sempre com
oxigênio mais elevado a fim de obter uma combustão completa, diminuindo o CO e evitando
desligamentos dos eletrofiltros por variações na adição de combustível.
8.2.3 Análise de controle de qualidade do clínquer
De acordo com a licença de operação n° 271 para co- processamento de resíduos
industriais provenientes de Resicontrol soluções Ambientais S.A (P.A. n° 0071/1979/040/2008),
foi estabelecido na condicionante 01 à necessidade de apresentar os resultados de análise
convencional do clínquer. Segundo os laudos e informações apresentados no RADA, as
análises convencionais são realizadas diariamente na unidade fabril da Cimento Tupi,
conforme solicita a licença de operação de co-processamento.
Os laudos apresentados são de amostras de clínquer coletadas no mesmo período de
realização das amostragens de emissões atmosféricas, visando às possibilidades de
correlações futuras.
8.2.4 Emissões atmosféricas
O monitoramento das emissões atmosféricas da atividade de co-processamento é
realizado na chaminé do forno de clínquer da Cimento Tupi, e atualmente acontece
trimestralmente. Além destes monitoramentos são realizados monitoramentos contínuos dos
parâmetros MP (Material Particulado), CO, NOx, THC (Hidrocarbonetos Totais) e O
2, conforme
solicitado nas condicionantes do processo de licenciamento ambiental.
Os valores médios obtidos a partir dos valores dos monitoramentos realizados, a qual
possui relação direta com a atividade de co-processamento, para os períodos de 2010 e 2011
estão apresentados na tabela abaixo, onde se tem um comparativo do grau de atendimento
aos padrões ambientais estabelecidos pela deliberação Normativa COPAM 154/10.
Tabela E1 – Taxa média de emissão de poluentes para os anos de 2011 e 2012.
O acido clorídrico (HCl) é um integrante dos elementos regulamentados pela deliberação
normativa COPAM 154/2010, e as taxas de emissões devem ser controladas para garantir a
integridade ambiental das bacias atmosféricas.
Na tabela acima, o valor médio obtido para o poluente HCl encontra-se fora do padrão
estabelecido pela norma, e conforme informado no RADA, esta discrepância se deve a
problemas no método de medição realizado nas campanhas de 2010. Portanto, nas
campanhas de 2011 foi feito uma verificação minuciosa quanto à metodologia de análise com a
empresa responsável, MEAM, e constatou-se que no método via neutralização ácida
(CENTESB L9.231:1994) ocorre interferência de outros gases ácidos ou do acido carbônico,
oriundo da reação da alta concentração de CO
2e água, visto que estes gases são comuns do
processo de co-processamento.
Neste contexto, o método empregado na campanha de 2010 não especifica somente o
HCl e sim qualquer ácido presente na amostra, e diante deste fato esta metodologia foi
substituída pelo método de cromatografia iônica (EPA 026 A), que por sua vez, quantifica
especificamente um tipo de íon, sendo o mais indicado para o processo em questão. Com a
mudança de metodologia de análise, a média de emissão de HCl passou a ficar em torno de
0,024 Kg/h, valor este abaixo do limite especificado pela legislação.
O monóxido de Carbono (CO) é regulamentado pela Deliberação Normativa COPAM
26/98, seus valores de emissão são medidos na forma de concentração de emissão (ppm), e o
limite máximo estabelecido na DN COPAM 26/98 é de 100 ppm, exceto quando a taxa de THC
não ultrapassar um limite de 20 ppmv, pois sob esta condição, aceita-se uma taxa de CO até
500 ppm. A tabela apresentada nos estudos descreve um valor médio de concentração de CO
igual a 467,33 ppm, superior ao padrão de emissão de 100 ppm e inferior ao limite superior de
500 ppm.
Ressalta-se que o processo de fabricação de clínquer, independente da atividade de
co-processamento de resíduos, e apresenta valores de concentração de CO nos gases muitas
vezes superior a 100 ppmv. Os gases de combustão gerados no forno são utilizados para
pré-aquecer toda a matéria-prima, antes da calcinação, e qualquer presença de carbono orgânico
neste material é liberado, parte como CO – existem plantas que podem trabalhar com CO na
casa de 0,2% a 0,5%, mesmo sem co-processamento.
Atualmente, os fornos de clínquer possuem um referencial mais eficaz para indicar a
qualidade da queima do material orgânico, que é o parâmetro THC (hidrocarbonetos totais).
Essa condição já ficou evidente na DN 154/2010, que estabelece que limite de 100 ppm,
poderá ser excedido desde que os valores medidos de THC não excedam a 20 ppm, em
termos de média horária e que não seja ultrapassado o limite superior de CO de 500 ppm.
A regra 40 CFR Part 63 da EPA – NESHAP – Interim Standards for Hazardous Air
Pollutants for Hazardous Waste Conbustors – (final rule), de fevereiro de 2002, só estabelece
limites de CO para fornos de clínquer quando não houver o controle do THC.
Essa posição é referendada também em outro documento da EPA: Final Technical
Support Document for HWC MACT Standards – Volume IV: Compliance With the HWC MACT
Standards, que traz o seguinte comentário sobre o tema: “devido ao THC ser considerado um
indicador mais direto que o CO para emissões orgânicas, e devido ser possível em algumas
circunstâncias que altas emissões de THC / orgânicos possam ocorrer sem acompanhamento
das emissões de CO, fontes que escolham em atender o limite de CO precisam também
demonstrar em seu teste detalhado de desempenho que elas também atendem o limite de
THC”.
Ressalta-se, que os valores de THC medidos na fabrica para produção de clínquer estão
abaixo de 20 ppm em sua maioria, atingindo uma media de 14,188, como pode ser observado
na tabela E1, permitido assim, emissões de CO em concentrações acima de 100 ppm, se
levado em conta o que versa a DN 154/2010.
Para os monitoramentos dos poluentes ácido fluorídrico (HF), Óxidos de enxofre SO
x(expressos como SO
2), material particulado (MP), e cianeto de hidrogênio realizados,
verificou-se que todos os valores médios para estes poluentes na forma de concentração (mg/Nm
3),
estão abaixo dos padrões de emissões estabelecidos Deliberação Normativa COPAM
154/2010.
A DN COPAM 154/2010 também versa a respeito dos limites de emissões estabelecidos
para alguns metais, em concentrações (mg/Nm³), agrupadas em classes (classe I, II e III). Os
metais correspondentes a classe um são o cádmio (Cd), mercúrio (Hg) e o tálio (Tl), os de
classe dois são o Arsênio (As, Cobalto (Co), Níquel (Ni), Selênio (Se) e Telúrio (Te), os de
classe três compreende o Antimônio (Sb), Chumbo (Pb), Cromo (Cr), Cianetos (CN), Fluoretos
(F), Cobre (Cu), Manganês (Mn), Platina (Pt), Paládio (Pd), Rádio (Rh), Vanádio (V), e Estanho
(Sn).
Os valores médios encontrados para emissão destes metais, como pode ser constatado
na tabela (E1), estão dentro dos padrões de emissão estabelecidos pela norma, demonstrando
que o co-processamento de blend de resíduos, está sendo feito de forma satisfatória em
relação ás emissões de metais.
Os óxidos de nitrogênio (NO
x), expressos na forma de NO
2, tem seus limites máximos
estabelecidos nas deliberações Normativas COPAM 026/1998 e 154/2010, com limites
máximos de 560mg/Nm³ e 730 mg/Nm³, respectivamente. Aludindo aos dados apresentados na
tabela E1 para este poluente, se constata que a media para os valores de emissão encontra-se
no padrão segundo DN COPAM 154/2010.
Segundo o RADA, as elevadas emissões óxidos de nitrogênio (NO
x)não estão ligadas
diretamente a atividade de co-processamento de resíduos industriais, mas sim as elevadas
temperaturas e atmosfera oxidante requerida para a fabricação do clínquer.
Nos fornos de clínquer, as emissões de NO
xsão formados durante o combustão dos
combustíveis, principalmente pela oxidação do nitrogênio molecular presente no ar de
combustão (NO
xtérmico), e pela oxidação de compostos de nitrogênio presentes no
combustível( NO
xdos combustíveis).
Em alguns casos, a matéria-prima também pode conter compostos de nitrogênio, que
podem resultar na formação de NOx numa composição similar a dos combustíveis, entretanto,
devido ás altíssimas temperaturas envolvidas no processo de clinquetização, a formação de
NOx térmico é predominante em sistemas de fornos de clínquer, em geral 90% deste composto
formado é térmico.
Além dos isocinéticos realizados na torre I, são também realizados monitoramentos
contínuos dos parâmetros MP, CO, NO
x, THC, O
2, e todos os dados relacionados ao
monitoramento contínuo estão disponíveis na Cimento Tupi no setor de meio ambiente caso
venha a ser solicitado.
8.2.5 Outros Monitoramentos
A Cimento tupi, Fábrica Pedra do Sino, executa o monitoramento da qualidade do ar nas
circunvizinhanças do empreendimento, em três pontos distintos com localização no bairro Tupi,
loteamento Jardim de Minas e escola Pereira Lima. Para o monitoramento são utilizados
amostradores de grande volume – PM10 que monitoram o percentual de partículas inaláveis
presentes no ar.
Segundo CONAMA 03/90 o limite máximo de emissão permitido para partículas inaláveis
e de 150 microgramas por metro cúbico (µg/m³) por metro cúbico de ar, para uma
concentração média de 24 horas por amostragem, e de acordo com os dados apresentados em
nenhum dos meses este valor foi atingido.
Para o ano de 2010 a concentração média aritmética de partículas inaláveis foi de 15,08
microgramas por metro cúbico (µg/m³) no bairro Tupi, de 18,72 µg/m³ no Bairro Jardim de
Minas, e de 22,27 µg/m³ na escola Estadual Pereira Lima, e para 2011 as concentrações
medias foram, 15,38 µg/m³, 21,95 µg/m³, 23,71 µg/m³ nos mesmos pontos, respectivamente.
De acordo com a resolução CONAMA 03/90 o limite máximo permitido de emissões de
partículas inaláveis para concentrações anuais é de 50 µg/m³ (padrão primário).
Os monitoramentos dos níveis de pressão sonora (NPS) são realizados nas
circunvizinhanças do empreendimento, em três pontos distintos, o primeiro está localizado
próximo a lagoa da fábrica, e os outros dois no distrito de Pedra do Sino. Para este
monitoramento o empreendimento utiliza um dosímetro, equipamento utilizado para monitorar o
nível de dBA (decibéis na escala A).
De acordo com a legislação o limite máximo do nível de preção sonora para o período
diurno é de 70 dBA e para o período noturno 60 dBA. No RADA em nenhum dos períodos
monitorados, estes valores foram atingidos, com exceção de em 2010 no ponto referente à
lagoa da fábrica, onde se registrou um valor médio de 64 dBA, devido a movimentação da
rodovia no período da análise.
8.2.6 Atualização de tecnologia – Controle Ambiental
O empreendedor instalou o sistema de abatimento de emissões de NOx pelo método
SNCR, com a injeção de águas amoniacais ou uréia. O sistema é composto por um tanque de
53 m³ para recebimento e recalque de águas amoniacais ou uréia, dique de contenção,
bombas de recalque, misturador, filtros, hidrômetros, bicos injetores e sistema de injeção
automática. O sistema foi arquitetado tanto para receber materiais a granel e assim preparar as
soluções nas concentrações adequadas, quanto para receber soluções líquidas prontas.
Outra atualização ocorrida foi à troca do maçarico no forno de clínquer no período de
validade da licença, onde foi instalado um maçarico com tecnologia Low NOx, em 2010, como
medida para diminuir as emissões de NO
x.
8.2.8 - Eficiência Energética
Para a realização da fabricação do clínquer, produto principal para a fabricação de
cimento, é necessário que sejam utilizados combustíveis para a geração de calor necessário
ao consumo térmico do forno. A Cimento Tupi fábrica Pedra do Sino utiliza como combustível
coque de petróleo, moinha de carvão, óleo e pneumáticos inservíveis para geração de calor
necessário ao forno, visto que, para a produção de 1 kg de clínquer são necessários
aproximadamente o consumo térmico de 820 Kcal.
Com base nos dados informados, os gráficos abaixo apresentam o consumo térmico total
obtido pelo forno para os anos de 2010 e 2011 distribuídos mensalmente, e o percentual de
substituição energética pelo co-processamento de blend de resíduos.
Gráfico D9: Representação do percentual de substituição energética gerada pelo coprocessamento de blend de resíduos.
8.2.7 Avaliação da carga poluidora
Para a avaliação da carga poluidora bruta do co-processamento dos resíduos industriais
em forno de clínquer da Cimento Tupi Fábrica Pedra do Sino nos anos de 2010 e 2011, foram
selecionados três indicadores representativos. Conforme solicitado no termo de referência
empreendimento optou por: 1 - Material particulado por toneladas de resíduos co-processados
por mês; 2 - Óxidos de nitrogênio por toneladas de resíduos co-processados por mês; 3 -
Somatório de metais classe I, II e III por toneladas de resíduos co-processados por mês.
De acordo com o RADA, os valores de quantidade de material particulado por tonelada
de blend de resíduos co-processados, não parecem apresentar uma relação constante nos
resultados, sugerindo que não há correlação entre a taxa de alimentação de resíduos e os
valores de emissão de material particulado. O índice de correlação R² encontrado pelos
estudos foi igual a 0,101, muito distante de 01 (correlação perfeita), aludindo a baixa relação
entre a quantidade de resíduos alimentada e emissão de MP nos gases liberados pelo
processo.
Para as taxas de emissão de NO
xpor toneladas de resíduos co-processados, o fato de
que o valor mais alto de taxa de emissões em dezembro coincidir com o valor mais baixo de
co-processamento de resíduos, e o baixo índice de correlação (R²=0,282), sugerem a
inexistência de uma relação direta entre as emissões de NOx e a quantidade de resíduos
co-processado.
Também consta nos estudos, que os valores de quantidade de metais classe I, II e III por
toneladas de resíduos co-processados, apresentam oscilações nos resultados, e sua taxa de
geração no processo de fabricação de clínquer apresenta valores bastante baixos. O que
indica não haver influência entre o co-processamento de resíduos e as emissões do somatório
das classes de metais normatizados.
8.2.9 Gerenciamento de Riscos
Não ocorreu registro de situações de emergência nas unidades de co-processamento de
resíduos da Cimento Tupi nos últimos dois anos, principalmente com conseqüências externas
ao empreendimento sobre os meios físicos, biológico e antrópico.
A empresa possui plano de ação emergencial (PAE) aplicado ao combate a incêndio
contemplando todo local da unidade fabril a adjacências da empresa, inclusive o setor de
co-processamento de blend de resíduos da Resicontrol Soluções Ambientais S.A.
8.2.10 Medidas de Melhoria Contínua
A empresa é certificada pela norma ISSO 9001, e possui um sistema de gestão da
qualidade implantado e operando, abrangendo a questão ambiental através de indicadores de
desempenho com o objetivo de verificar os impactos sobre a comunidade local e promover a
interação com essa mesma comunidade. A cimento Tupi tem como indicadores, o número de
interações com a comunidade, o monitoramento ambiental das fontes estacionárias de
emissão, o monitoramento ambiental da qualidade do ar na comunidade, o monitoramento do
lançamento de efluentes líquido da fabrica.
9. Controle Processual
O empreendimento, CIMENTO TUPI S/A., requereu, validamente, através de seu
representante legal, Merck Marra Júnior, procuração às fls. 007 à 008, a presente Revalidação
de Licença de Operação, para a atividade co-processamento de resíduos em forno de clinquer
de sua unidade localizada no município de Carandaí/MG.
O empreendimento está localizado em zona rural, razão pela qual fica obrigado à
averbação de reserva legal, conforme determina a lei (Lei 12.651/12 e Lei Estadual 14.309/02,
art. 16, §2º), questão esta, que já se encontra devidamente regularizada, como comprova a
Certidão do Cartório de Registro de Imóveis de fls. 002 à 004.
Não foi declarado pelo empreendedor e nem constatado quando da realização da vistoria
técnica no local do empreendimento, nenhuma nova supressão de vegetação ou necessidade
de regularização da permanência e/ou intervenção em Área de Preservação Permanente –
APP.
O empreendimento declarou que a água utilizada para esta atividade é proveniente das
outorgas da atividade de fabricação de cimento, as quais já se encontram devidamente
deferidas.
O empreendedor apresentou o relatório de avaliação de desempenho ambiental – RADA,
contemplando o cumprimento das condicionantes fixadas na licença de operação primitiva,
conforme relatado nos estudos apresentados pelo empreendedor e seu responsável técnico.
Na análise dos documentos constantes dos autos, verificou-se, ainda, que o
empreendedor providenciou o adimplemento 30% dos custos de análise do Licenciamento
Ambienta em questão, com a sua respectiva baixa no SIAM, de modo que o valor restante, em
havendo, deverá ser quitado via planilha, tendo em vista que ficam “o julgamento e a emissão
da licença condicionados à quitação integral das parcelas”.
Também consta dos autos o adimplemento dos emolumentos referentes ao FOBI nº
716539/2012.
No que tange às publicações em periódico de grande circulação, referentes tanto ao
requerimento do licenciamento quanto à publicação oficial, eis que tais documentos se
encontram regularizados, pelo que se percebe da documentação anexada aos autos (fls. 305 à
308), tendo observado, para tanto, os exatos termos da DN COPAM n.º 13/95.
Noutro giro, a validade do prazo desta licença há de se respeitar a dos empreendimentos
listados na Deliberação Normativa COPAM n.º 74/04 de Classe 03, qual seja, 04 (quatro) anos
acrescidos de mais 02 (dois) anos num total de 06 (seis) anos, tudo conforme o previsto pelo
inciso III, art. 1º da Deliberação Normativa COPAM n.º 17, de 17 de dezembro de 1996.
No que se refere à atividade do licenciamento em si, eis que toda a documentação
compreendida no presente encontra-se em conformidade com o exigido para o seu
requerimento. De fato, é o que se constata pela análise entre as peças listadas no FOBI e as
que aqui foram instruídas.
Desta forma, o processo encontra-se formalizado e devidamente instruído com a
documentação exigível, conforme os parâmetros Jurídicos estabelecidos por esta
Superintendência Regional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata
– SURAM/ZM.
10. Conclusão
A equipe interdisciplinar da Supram Zona da Mata sugere o deferimento da Revalidação
da Licença de Operação, para o empreendimento Cimento Tupi S/A para a atividade de
“Co-processamento de resíduos em forno de clínquer”, no município de Carandaí, MG, pelo prazo
de 06 anos, vinculada ao cumprimento das condicionantes e programas propostos.
As orientações descritas em estudos, e as recomendações técnicas e jurídicas descritas
neste parecer, através das condicionantes listadas em Anexo, devem ser apreciadas pela
Unidade Regional Colegiada do Copam Zona da Mata.
Oportuno advertir ao empreendedor que o descumprimento de todas ou quaisquer
condicionantes previstas ao final deste parecer único (Anexo I) e qualquer alteração,
modificação e ampliação sem a devida e prévia comunicação a Supram Zona da Mata, tornam
o empreendimento em questão passível de autuação.
Cabe esclarecer que a Superintendência Regional de Regularização Ambiental da Zona
da Mata, não possui responsabilidade técnica e jurídica sobre os estudos ambientais
apresentados nesta licença, sendo a elaboração, instalação e operação, assim como a
comprovação quanto a eficiência destes de inteira responsabilidade da(s) empresa(s)
responsável(is) e/ou seu(s) responsável(is) técnico(s).
Ressalta-se que a Licença Ambiental em apreço não dispensa nem substitui a obtenção,
pelo requerente, de outras licenças legalmente exigíveis. Opina-se que a observação acima
conste do certificado de licenciamento a ser emitido.
11. Anexos
Anexo I. Condicionantes para Revalidação da Licença de Operação (REVLO) da
Cimento Tupi S/A.
Anexo II. Programa de Automonitoramento da Revalidação da Licença de Operação
(REVLO) da Cimento Tupi S/A.
ANEXO I
Condicionantes para Revalidação da Licença de Operação (REVLO) da Cimento
Tupi S/A.
Empreendedor: Cimento Tupi S/A
Empreendimento: Cimento Tupi S/A
CNPJ: 33.039.223/0006-26
Município: Carandaí – MG
Atividade: Co-processamento de resíduos em forno de clínquer.
Código DN 74/04: F-05-14-2
Processo: 00071/1979/047/2012
Validade: 06 anos
Item
Descrição da Condicionante
Prazo*
01
Executar o Programa de Automonitoramento, conforme definido
no Anexo II.
Durante a vigência de
Revalidação da Licença
de Operação
02
O co-processamento de resíduos em fornos clínquer deverá
obedecer aos padrões de emissões de poluentes atmosféricos
previstos no Anexo I da Deliberação Normativa COPAM nº
154/2010.
Durante a vigência da
licença
03
Disponibilizar a SUPRAM-ZM, o monitoramento através de
controles contínuos das concentrações de CO, O
2, NO
xe
temperatura na câmara de fumaça e CO e O2, no segundo
estágio, permitindo o controle e verificação de perturbação na
operação do forno.
Durante a vigência da
licença.
04
O transporte dos resíduos a serem co-processados deverá ser
realizado por empresa devidamente licenciada.
Durante a vigência da
licença.
05
Apresentar certificados de licença das empresas de transporte
e das geradoras de resíduos quando da renovação das
respectivas licenças de operação.
Obs.: Na vigência da licença tanto das empresas de transporte
quanto as geradoras de resíduos deverão estar regularizadas
ambientalmente.
Durante a vigência da
licença.
06
Apresentar
comprovação
dos
treinamentos
junto
aos
funcionários envolvidos na operação de coprocessamento no
que concerne ao processo, manuseio e utilização de resíduos,
bem como sobre procedimentos para situações de emergência
e anormais durante o processo, caso ocorra substituição de
algum dos indivíduos já envolvidos neste processo ou
atualização dos treinamentos.
Durante a vigência da
licença.
* Salvo especificações, os prazos são contados a partir da data de publicação da Licença na
Imprensa Oficial do Estado.
Obs. Eventuais pedidos de alteração nos prazos de cumprimento das condicionantes
estabelecidas nos anexos deste parecer poderão ser resolvidos junto à própria Supram,
mediante análise técnica e jurídica, desde que não altere o seu mérito/conteúdo.
ANEXO II
Programa de Automonitoramento da Revalidação da Licença de Operação (REVLO) da
Cimento Tupi S/A.
Empreendedor: Cimento Tupi S/A
Empreendimento: Cimento Tupi S/A
CNPJ: 33.039.223/0006-26
Município: Carandaí – MG
Atividade: Co-processamento de resíduos em forno de clínquer.
Código DN 74/04: F-05-14-2
Processo: 00071/1979/047/2012
Validade: 06 anos
Referencia: Programa de Automonitoramento da Revalidação da
Licença de Operação
1. Efluentes Atmosféricos
Local de amostragem
Parâmetro
Freqüência de Análise
Chaminé do forno de
clínquer
Parâmetros listados nas
tabelas 1 e 2 do anexo I da
Deliberação Normativa
COPAM 154/2010, bem como
os resultados de análise
convencional do forno de
Clínquer.
Trimestralmente
Relatórios: Enviar semestralmente a Supram-ZM os resultados das análises efetuadas,
acompanhados pelas respectivas planilhas de campo e de laboratório, bem como a dos
certificados de calibração do equipamento de amostragem. O relatório deverá conter a
identificação, registro profissional, anotação de responsabilidade técnica e a assinatura do
responsável pelas amostragens. Deverão também ser informados os dados operacionais. Os
resultados apresentados nos laudos analíticos deverão ser expressos nas mesmas unidades
dos padrões de emissão previstos na legislação.
Na ocorrência de qualquer anormalidade nos resultados nas análises realizadas durante o ano,
o órgão ambiental deverá ser imediatamente informado.
Método de amostragem: Normas ABNT, CETESB ou Environmental Protection Agency –
EPA.
Tabela 1 - Padrões de Emissão
Parâmetro
Concentrações
HCl
1,8 k/h ou 99% de remoção de HCl para resíduos que contenham mais
de 0,5% de Cloreto
HF
5 mg/Nm3
CO
100 ppm, corrigido a 11% de O2, exceto quando o THC for inferior a 20
ppmv, desde que não seja ultrapassado o limite superior de 500 ppm,
corrigido a 11% de O2.
SO2
proveniente da matéria-prima. Nesses casos, o limite máximo se
baseará no valor de SOx, calculado da seguinte forma:
Para um teor de até 0,2% de SO3 na farinha: 400 mg/Nm3, expresso
como SO2;
Para um teor entre 0,2% e 0,4% de SO3 na farinha, conforme a fórmula
abaixo:
400 mg/Nm3 +(%SO3-0,2) . 4000 mg/Nm3, expresso como SO2;
Para um teor acima de 0,4% de SO3 na farinha: 1.200 mg/Nm3,
expresso como SO2 .
NOx - medido como
NO2
450 mg/Nm3 corrigido a 11% de O2 - Para fontes novas 730 mg/Nm3
corrigido a 11% de O2 - Para fontes existentes (DE - 2000/76/EC)
Material Particulado
Total (novas)
50 mg/Nm3 corrigido a 11% de O2.
Material Particulado
Total
(fontes
existentes)
70 mg/Nm3, corrigido a 11% de O2. Para áreas não saturadas em
material particulado e localizadas em regiões não urbanizadas, este
padrão pode ser no máximo de 180 mg/Nm3, a 11% de O2, a critério
do Órgão de Controle Ambiental.
THC
20 ppmv a 7%, medido como propano
Tolueno,
Etilbenzeno, Xileno
100 mg/Nm
3, para fluxo de massa maior ou igual a 100 g/h (verificar TA
Luft).
Benzeno,
20 mg/Nm
3
, para fluxo de massa maior ou igual a 100 g/h (verificar TA
Luft).
Tabela 2 - Padrões de emissão para material particulado inorgânico
Parâmetros
Concentrações
Classe 1 - Cádmio, Mercúrio,
Tálio
0,28 mg/Nm
3para fluxo de massa igual ou maior a 1
g/h. Para fluxos menores o padrão não se aplica.
Classe 2 - Arsênio, Cobalto,
Níquel, Selênio, Telúrio
1,4 mg/Nm
3para fluxo de massa igual ou maior a 5
g/h. Para fluxos menores o padrão não se aplica.
Classe
3
-
Antimônio,
Chumbo, Cromo, Cianetos,
Fluoretos, Cobre, Manganês,
Platina,
Paládio,
Ródio,
Vanádio, Estanho
7 mg/Nm
3para fluxo de massa igual ou maior a 25 g/h.
Para fluxos menores o padrão não se aplica.
Classe 1 + Classe 2
1,4 mg/Nm
3
. O somatório Classe 1 deve ser inferior a
0,28 mg/Nm3
Classe 1+ Classe 3
7 mg/Nm
3
. O somatório classe 1 deve ser inferior a
0,28 mg/Nm3
Classe 2 + Classe 3
7 mg/Nm
3