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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.15.006577-9/000

Número do Númeração 0065779-

Des.(a) Moacyr Lobato Relator:

Des.(a) Moacyr Lobato Relator do Acordão:

06/08/2015 Data do Julgamento:

14/08/2015 Data da Publicação:

E M E N T A : C O N F L I T O N E G A T I V O D E C O M P E T Ê N C I A . A Ç Ã O C O M I N A T Ó R I A . D I R E I T O À S A Ú D E . F O R N E C I M E N T O D E MEDICAMENTOS E/OU INSUMOS. MENOR. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE. ARTIGOS 148 E 209 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. CONFLITO ACOLHIDO.

- A competência das varas da infância é juventude é absoluta para julgar as ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos referentes a crianças e adolescentes, como evidenciam os artigos 148 e 209 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 1.0000.15.006577-9/000 - COMARCA DE MURIAÉ - SUSCITANTE: JD JUIZADO ESPECIAL COMARCA MURIAÉ - SUSCITADO(A): JD V EXEC CR INF JUV CARTAS PRECATORIAS CR COMARCA MURIAÉ - INTERESSADO: GABRIEL DE SOUZA RIBEIRO ARÊDES REPRESENTADO(A)(S) P/ MÃE ANGÉLICA DE SOUZA RIBEIRO, MUNICIPIO MURIAE

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em ACOLHER O CONFLITO DE COMPETÊNCIA.

DES. MOACYR LOBATO RELATOR.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. MOACYR LOBATO (RELATOR)

V O T O

Trata-se de Conflito Negativo de Competência suscitado pelo ilustre Juiz de Direito, em substituição, do Juizado Especial Cível da Comarca de Muriaé contra a decisão do douto Juiz de Direito da Vara de Execuções Criminais, Infância e Juventude e Precatórios da mesma Comarca, que, nos autos envolvendo ação cominatória de fornecimento de insumos promovido por Gabriel de Souza Ribeiro Arêdes, representado por sua mãe, Angélica de Souza Ribeiro, por meio da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, determinou a remessa dos autos ao Juizado Especial da Fazenda Pública (fls. 40/42-TJ).

Distribuídos, vieram-me os autos conclusos, tendo sido determinada a intimação do Juízo Suscitado, para que prestasse informações e, após, que fosse dada vista à Procuradoria-Geral de Justiça (fl. 117-TJ).

Informações pelo Juízo Suscitado à fls. 131-TJ.

Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, opinando pelo não acolhimento do Conflito de Competência (fls. 133/134-TJ).

Passo a decidir.

A demanda objeto do conflito negativo compreende o pedido cominatório de acréscimo da quantidade referente ao fornecimento de insumos que já vem sendo feito por parte do Município de Muriaé ao

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autor, que é menor de idade.

O feito foi inicialmente distribuído ao Juízo da Execução Criminal, Infância e Juventude e Cartas Precatórias da Comarca de Muriaé, que declinou da competência ao Juizado Especial da Fazenda Pública da mesma comarca, haja vista o implemento da Lei Federal 12.153/09, que seria posterior ao ECA.

Ao receber o caderno processual, o Juízo do Juizado Especial Cível da Comarca de Muriaé destacou que a competência para análise da controvérsia caberia à Vara Especializada da Infância e da Juventude.

Esses os fatos.

Analiso.

Nos termos do artigo 227 da CR:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Por sua vez, os artigos 148 e 209 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei Federal 8.069/90), assim dispõem:

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

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(...)

IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art.

209;

(...).

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

Não se desconhece que a Lei Federal 12.153/09, de 22/12/09, com entrada em vigor 6 (seis) meses após a sua publicação, que dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, estabeleceu, no "caput" do seu artigo 2º:

Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

Todavia, o artigo 23 da mencionada norma assim dispôs:

Art. 23. Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor desta Lei, a competência dos Juizados

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Especiais da Fazenda Pública, atendendo à necessidade da organização dos serviços judiciários e administrativos.

E, no âmbito do Estado de Minas Gerais, o Tribunal de Justiça editou a Resolução 641/10, revogada pela 700/12, que dispôs, em seu artigo 8º:

Art. 8º - A competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, na Justiça do Estado de Minas Gerais, ficará limitada às causas no valor máximo de quarenta salários mínimos, relativas a:

I - multas e outras penalidades decorrentes de infrações de trânsito;

II - transferência de propriedade de veículos automotores terrestres;

III - imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN);

IV - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços (ICMS);

V - imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU);

VI - fornecimento de medicamentos e outros insumos de interesse para a saúde humana, excluídos cirurgias e transporte de pacientes.

Ocorre que, da análise dos dispositivos legais mencionados, conclui-se que, em se tratando de interesses individuais, difusos ou coletivos referentes a crianças e adolescentes, é absoluta a competência das Varas da Infância e Juventude, dada a sua

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especialidade.

Sobre o tema, o entendimento deste Sodalício:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FORNECIMENTO DE INSUMOS PARA MENOR NECESSITADO. ARTIGO 227 DA CR/88 E ARTIGOS 148 E 209 DO ECA. CONFLITO ACOLHIDO. As Varas da Infância e Juventude possuem competência absoluta para conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, ainda que o menor não esteja em situação de abandono ou risco, a teor do artigo 227 da Constituição da República, bem como dos artigos 148 e 209 do Estatuto da Criança e do Adolescente. (6ª Câmara Cível. Conflito de Competência 1.0000.15.033501-6/000. Relator Desembargador Edilson Fernandes. Julgado em 07/07/2015. Publicado em 17/07/2015).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - DIREITO À SAÚDE - MENOR IMPÚBERE - COMPETENCIA DO JUÍZO DA VARA DAINFANCIA E JUVENTUDE. - A Lei nº. 8.069/1990 resguardou a possibilidade dos Estados criarem varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, competentes para

"conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente" (art. 145 c/c 148, IV). Dessa forma, em se tratando de demanda que verse sobre direito fundamental à vida e à saúde de menor impúbere, deve ser reconhecida a competência do juízo da Vara Especializada da Infância e Juventude para dirimir o feito. (1ª Câmara Cível. Conflito de Competência 1.0000.15.015840-0/000. Relatora Desembargadora Vanessa Verdolim Hudson Andrade. Julgado em 07/07/2015. Publicado em 16/07/2015).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - AÇÃO COMINATÓRIA - FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTO A MENOR - COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE - ACOLHIMENTO DO CONFLITO. - Fundando-se a ação na proteção de interesse individual de menor, é de se aplicar o Princípio da

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Especialidade, definindo-se pela competência do juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Muriaé para processar e julgar o feito, 'ex vi' do disposto nos artigos 148, IV, e 209, do ECA. (5ª Câmara Cível. Conflito de Competência 1.0000.15.006549-8/000. Relator Desembargador Barros Levenhagen. Julgado em 18/06/2015. Publicado em 26/06/2015).

Com isso, adotando o raciocínio trazido nos arestos colacionados, na espécie, a competência para o julgamento do feito deve ser a do juízo da Vara da Infância e da Juventude.

Mediante tais considerações, ACOLHO o presente Conflito Negativo de Competência, e declaro competente o Juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Muriaé, para processar e julgar esta demanda.

Sem custas.

DES. LUÍS CARLOS GAMBOGI - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. BARROS LEVENHAGEN - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "ACOLHERAM O CONFLITO DE COMPETÊNCIA."

Referências

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