• Nenhum resultado encontrado

VI Seminário de Iniciação Científica SóLetras ISSN INTERTEXTUALIDADE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "VI Seminário de Iniciação Científica SóLetras ISSN INTERTEXTUALIDADE"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

INTERTEXTUALIDADE

Luciana Isídio de Oliveira (G – UENP / Jac.) lu_isidio@hotmail.com Maria Aparecida Lopes CIRELLI (G – UENP / Jac.) cidalopez@hotmail.com Maria Madalena Ribeiro de Vasconcelos (G – UENP / Jac.) marimad25@hotmail.com Mércia Miranda Vasconcelos (Orientadora – UENP / Jac.)

Introdução

A intertextualidade está ligada ao “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos e é um dos grandes temas a que se tem dedicado a Linguistica textual, pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação; o reconhecimento de remissões a obras ou a textos ; trechos mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função daquela citação ou alusão em questão. É freqüente apontar-se como um dos fatores de textualidade a referência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - artes plásticas, cinema, música, propaganda etc.).

Em sentido amplo, próximo ao conceito de interdiscursividade, a Intertextualidade em sen- tido lato diz respeito ao fato de que nenhum discurso é absolutamente original. Na verdade, os discursos nascem a partir de outros discursos já existentes. Nesse processo, um resgata o outro não de forma totalmente objetiva ou imparcial, mas cada um “tomando certo partido” em relação ao que o precedeu. Nas palavras de Maingueneau (1976 apud Koch, 2003), “um discurso (...) constrói-se através de um já-dito em relação ao qual toma posição”.

À Grosso modo, pode-se definir a intertextualidade como sendo um "diálogo" entre textos, ou seja, ela ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de uma coletividade.

Dentre a intertextualidade , temos vários gêneros, como: epígrafe, citação, referência, alusão, paráfrase, paródia, pastiche e tradução.

- Epígrafe - designa os fragmentos de textos que servem de lema ou divisa de uma obra, ca- pítulo, ou poema. Pode ocorrer logo abaixo do título de um livro, ou ainda à entrada de um ca- pítulo, ou composição poética. Por vezes, não existindo vínculo entre ela e o conteúdo da obra, funciona como mero enfeite ou demonstração pueril de conhecimento (Massaud Moi- sés).

- Citação - transcrição do texto alheio, marcada por aspas.

- Paráfrase - reprodução do texto do outro com as palavras do autor, muitas vezes para torná-

(2)

lo mais claro. Ela é diferente do plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.

- Paródia - Designa toda composição literária que imita, cômica ou satiricamente, o tema ou/e a forma de uma obra séria. O intuito da paródia consiste em ridicularizar uma tendência ou um estilo.

- Pastiche - diz-se de uma obra que, imita servilmente a outra, ou mistura canhestramente tre- chos de várias procedências. De sentido pejorativo, corresponde, até certo ponto, à paródia.

- Tradução - a versão de uma língua para outra está no campo da intertextualidade porque emplica em recriação do texto traduzido.

- Referência - nota informativa de remissão em uma publicação.

- Alusão - referência vaga, de maneira indireta, a um autor ou obra.

Veja alguns exemplo de intertextualidade:

Provérbios populares Canção de Chico Buarque

“Uma boa noite de sono combate os males”

“Quem espera sempre alcança”

“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"

“Pense, antes de agir”

“Devagar se vai longe”

“Quem semeia vento, colhe tempestade”

Bom Conselho Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não

passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera

nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo

Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de

pensar

Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai

longe

Eu semeio vento na minha cidade

Vou pra rua e bebo a

(3)

tempestade (Chico Buarque, 1972)

Quadrilha Quadrilha da sujeira

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não

amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre,

Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.

Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

João joga um palitinho de sorvete na rua de Teresa que joga uma latinha de

refrigerante na rua de Raimundo que joga um saquinho plástico na rua de

Joaquim que joga uma garrafinha velha na rua de Lili.

Lili joga um pedacinho de isopor na rua de João que joga uma

embalagenzinha

de não sei o quê na rua de Teresa que joga um lencinho de papel na rua de Raimundo que joga uma tampinha de refrigerante na rua de Joaquim que joga

um papelzinho de bala na rua de J.Pinto

Fernandes que ainda nem tinha entrado na história.

Ricardo Azevedo (”Você Diz Que Sabe Muito, Borboleta Sabe Mais”, Fundação

Cargill)

O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

A pintura: o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cin- dy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do sé- culo XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos de- pois do quadro. Na foto, ela recria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e o escu- ro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Carava- ggio. Aquela, explícita e intencionalmente, cita este ao manter quase todos os elementos do qua- dro original.

(4)

O jornalismo: - a publicidade - um dos anúncios do Bom Bril em que o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Da Vinci e cujo enunciado-slogan é “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima” Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci).

Intertextualidade explícita

Ocorre quando há citação da fonte do intertexto (por exemplo, em discursos relatados, cita- ções entre aspas, com ou sem indicação da fonte referências).

Exemplo de intertextualidade explícita:

Paixão segundo Nando Reis:

“Faz muito tempo, mas eu me lembro, você implicava comigo. Mas hoje eu penso que tanto tempo me deixou muito mais calmo. O meu comportamento egoísta, o seu temperamento difícil. Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata. Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino. Viver é uma arte, é um ofício. Só que é preciso cuidado. Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício. O teu amor pode estar do seu lado. O amor é o calor que aque-

(5)

ce a alma. O amor tem sabor pra quem bebe a sua água. Eu hoje mesmo quase não lembro que já estive sozinho. Que um dia eu seria seu marido, seu príncipe encantado. Ter filhos, nosso apar- tamento, fim de semana no sítio. Ir ao cinema todo domingo só com você do meu lado. O amor é o calor que aquece a alma”.

Para Nando Reis, paixão significa estar do seu lado. Para a Pfizer, paixão é o que faz a gente pesquisar a cura para os males que afetam a qualidade de vida dos homens e das mulheres. E a gente faz isso todos os dias. Com paixão.

Outros exemplos de intertextualidade explícita se encontra no trecho abaixo – citações:

“Intertextualidade, segundo Fiorin no artigo “Interdiscursividade e Intertextualidade”, não foi um termo criado por Bakhtin, e sim pela estudiosa Júlia Kristeva, responsável por difundir as teo- rias bakhtinianas no ocidente. Isso ocorreu devido a uma incoerência na tradução francesa em

“Estética da criação verbal”, de Bakhtin, sobre as relações dialógicas entre textos e dentro dos textos. Mas, é a partir da noção de dialogismo desse autor, que se define o conceito de intertex- tualidade como relações dialógicas entre textos, “o termo intertextualidade fica reservado apenas para os casos em que a relação discursiva é materializada em textos ou entre materialidades lin- güísticas” (FIORIN, 2005, p. 181).

Segundo Koch & Elias (2006, p. 92), a intertextualidade pode ser explícita ou implícita, a primeira ocorre quando há a citação da fonte do intertexto, como nome de autor, de obra, intérpre- te (no caso do intertexto ser uma música), a segunda cabe ao leitor recuperar na memória a fonte,

“como nas alusões, na paródia, em certos tipos de paráfrases e ironias”. Assim, cabe ao leitor re- conhecer o intertexto e a razão pela qual ele foi utilizado para a construção do sentido de determi- nado texto.”

Intertextualidade implícita

A intertextualidade implícita não alude a fonte nenhuma, deixando a cargo do leitor recupe- rá-la na memória para construir o sentido do texto (por exemplo, alusões, paródias, ironias). Por não ter indicação da fonte, requer do leitor os conhecimentos necessários para recuperá-la, assim como para detectar a possível intenção do produtor do texto ao retomar o que foi dito por outrem.

Exemplo de intertextualidade implícita:

(6)
(7)

CONCLUSÃO:

A Intertextualidade é uma forma motivadora de leitura, partindo de conhecimentos comuns dos leitores a outros mais elaborados, fazendo com que esses ativem os diversos conhecimentos que possuem, confrontem com os apresentados no texto e percebam que fatores os impedem de compreendê-lo. Dessa forma poderão buscar informações em outras fontes, suprindo lacunas de compreensão e se tornando, gradativamente, um leitor consciente, reflexivo e crítico da realidade circundante.

Referências :

(8)

KOCH, Ingedore Villaça. ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2.

ed. São Paulo: Contexto, 2006.

SAVIOLI, Francisco Platão. Ângulo - Português 4 Gramática e Texto. ed, Ave Maria, 2002 http://vagalume.com.br.

http://www.brasilescola.com/redacao

Referências

Documentos relacionados

Instalar o software ePolicy Orchestrator no servidor de restauro Restaurar o software McAfee ePO em ambiente de cluster Restaurar ligações do Processador de Agentes

b) Direcção Regional do Comércio, Indústria e Energia - para a área de actuação dos investimentos em eficiência energética e investimentos em certificação dos sistemas de gestão

Exercício cujo sentido foi a ‘rotinização’ da critica aos princípios políticos liberais e democráticos de organização social que favoreceu o assentamento de uma

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Neste sentido, fiéis ao método escolhido, procuramos identificar os vínculos existentes entre os desafios históricos do Ensino Médio e a presença/ausência da

Será adotado o procedimento de coleta de intenções de investimento dos potenciais investidores nas Debêntures, a ser organizado pelos Coordenadores, nos termos do artigo 23,