Seminário UIA Investimento em Moçambique

Seminário UIA

Investimento em Moçambique

Algumas Questões Legais

Maputo, Dezembro de 2012 Por: JM Caldeira

A D V O G A D O S, L D A.

1. Visto de Entrada para Investidores 2. Constituição de Empresas

3. Licenciamento

4. Contratação de Trabalhadores 5. Legislação cambial

6. Sistema Tributário Nacional 7. Tributação de Petróleo e Minas 8. Parcerias Público-privadas (PPPs) 9. Uso e Aproveitamento de Terra

10. Licenças especiais - Competências 11. Resolução de Litígios

Conteúdo

1. Visto de Entrada para Investidores

Em Moçambique não existe visto específico de entrada para o investidor estrangeiro. Os investidores podem entrar no país com recurso aos seguintes vistos:

ƒ Visto de Negócios: concedido ao investidor que se desloque ao país em conexão com a actividade que desenvolve, pelo período de 90 dias, até um máximo de 180 dias, prorrogáveis por igual período.

ƒ Visto de Trabalho/Residência: Atribuído ao investidor que pretenda fixar residência no país, habilitando-o a entrar no país para nele obter autorização de residência, e é válido para uma única entrada por um período de 30 dias, prorrogáveis por igual período.

ƒ Visto de Fronteira: Atribuído nos postos fronteiriços ou

aeroportos internacionais , são válidos por 30 dias prorrogáveis por

igual período (em principio não mais que uma única vez).

2. Constituição de Empresas

O investidor estrangeiro em Moçambique pode exercer a actividade empresarial, entre outros:

ƒ Em nome individual.

ƒ Através de uma representação da respectiva empresa estrangeira.

Constituindo um dos tipos de sociedade comercial admitidos na lei:

ƒ Sociedade por quotas.

ƒ Sociedade por quotas unipessoal.

ƒ Sociedade anónima.

Nacionalidade dos sócios - Para a constituição de sociedades no geral, não existe qualquer tipo de limitação legal no que respeita à nacionalidade dos sócios ou accionistas, não sendo obrigatório que um dos sócios ou accionistas tenha a nacionalidade moçambicana.

Excepções - Em alguns sectores, como o da construção e aviação, por exemplo, existem algumas limitações. Poderão existir igualmente limitações no caso de a sociedade pretender adquirir imóveis que tenham sido pertença do Estado, em que será exigido que a maioria do capital social seja detida por nacionais.

Tempo – Para a constituição de uma sociedade em Moçambique, com todos os documentos prontos, este processo pode levar cerca de duas semanas. A publicação dos estatutos da sociedade no Boletim da República leva cerca de 45 dias. A publicação não obsta que se avance com outros aspectos relevantes para a operacionalização da sociedade, incluindo o processo de licenciamento.

Constituição de Empresas (cont.)

Constituição de Empresas (cont.)

Representação comercial estrangeira (filial, delegação ou agência)

A abertura de representação comercial estrangeira está sujeita a autorização e licenciamento pelo Ministério da Indústria e Comércio

O processo de constituição de representações comerciais pode levar entre 1 a 3

meses, não sendo obrigatória a publicação no Boletim da República.

Constituição de Empresas (cont.)

Sociedade por quotas

ƒ Firma – “Limitada” ou “Lda.”

ƒ Mínimo 2 sócios (máximo 30).

ƒ Cabe aos sócios fixar o montante adequado para o capital social mínimo.

ƒ Diferimento da realização das entradas até metade do valor nominal.

ƒ Reserva legal não inferior a 20%.

ƒ Um ou dois administradores ou Conselho de Administração com mínimo de 3 membros.

Conselho fiscal ou fiscal único obrigatório se:

ƒ 10 ou + sócios.

ƒ Emitir obrigações.

Constituição de Empresas (cont.)

Sociedade Anónima

ƒ Adoptar uma firma – “Sociedade Anónima” ou “SA”.

ƒ Mínimo 3 sócios.

ƒ Cabe aos accionistas fixar o montante adequado para o capital social.

ƒ Subscrição da totalidade do capital social e realização de 25% do capital

ƒ Reserva legal de 5%.

ƒ Conselho de Administração com número ímpar de membros (administrador único se o capital social for < a 500.000MT - €13.500).

ƒ Conselho fiscal ou fiscal único obrigatório.

Licença comercial - Para efeitos de autorização do exercício das actividades comerciais é necessário obter-se o respectivo alvará ou licença comercial. Para efeito, o alvará deve ser solicitado e emitido pelo Ministério que tutela a área ou o sector da actividade em que empresa irá operar.

Licença industrial – Para implementar alguma unidade industrial em Moçambique.

Licença de importação/exportação – Para importar ou exportar produtos

Licença de construção civil – Necessária para o exercício de actividades de obras públicas e/ou particulares

Licenciamento simplificado – Abrange agricultura, comércio, indústria, construção civil, comunicações, cultura, pesca, prestação de serviços e turismo, com as limitações da tabela anexa ao Decreto 5/2012 de 7 de Março. Só acessível a pessoa colectiva ou singular moambicana ou pessoa singular estrangeira.

Outras – Licença mineira, licença ambiental, etc.

3. Licenciamento

Obtenção de licença (alvará) industrial

ƒ Estabelecimentos industriais classificam-se em Grande, Média, Pequena e Micro dimensão.

ƒ Competência é do Ministério da Indústria e Comércio ou Governador Provincial.

ƒ Necessidade de estudo de impacto ambiental para algumas actividades.

Licenciamento (cont.)

Operam normalmente nas Obras Públicas as seguintes pessoas:

a)Empreiteiros Nacionais, ou seja, as sociedades cujo capital social seja detido em mais de 50% (cinquenta por cento) por pessoas moçambicanas;

b)Empreiteiros Estrangeiros a operarem no território nacional ao abrigo de um Projecto de Investimento autorizado pelo Centro de Promoção de Investimentos (CPI);

c)Empreiteiros Estrangeiros constituídos na República de Moçambique, ou seja, sociedades cujo capital seja detido em mais de 50% por pessoas estrangeiras, há mais de dez anos;

d)Sucursais ou filiais de Empreiteiros Estrangeiros devidamente constituídos e registados nos países de origem e que estejam a operar em Moçambique há mais de 10 anos.

Licenciamento de construção civil (cont.)

Exercício temporário da actividade nas Obras Públicas

Podem operar temporariamente nas Obras Públicas os empreiteiros estrangeiros que se encontrem em qualquer das seguintes condições:

a)Ter sido adjudicada ao empreiteiro uma obra pública por intermédio de concurso internacional (realizados no âmbito de implementação de acordos de crédito, doação ou concessão, estabelecidos ou aprovados pelo Governo);

b)Ser empreiteiro com origem num país com que hajam acordos governamentais de reciprocidade no domínio da actividade;

c)Ser empreiteiro autorizado no estrangeiro que actua na condição de subempreiteiro de um empreiteiro licenciado em Moçambique.

Licenciamento de construção civil (cont.)

4. Contratação de trabalhadores em geral

Aspectos essenciais:

ƒ Os contratos de trabalho devem ser como regra por tempo indeterminado. Podem também ser a prazo certo ou incerto;

ƒ Os trabalhadores têm direito a sindicalizar-se e à greve ;

ƒ É obrigatória a inscrição dos trabalhadores no sistema de segurança social (INSS), com excepção de estrangeiros inscritos em sistemas noutros países;

ƒ A contribuição para o INSS é de 7% do salário, sendo 4% empregador

e 3% trabalhador.

Contratação de Estrangeiros (cont.)

Comunicação ao Ministro do Trabalho Comunicação ao Ministro do Trabalho

Contratação de Trabalhadores Estrangeiros Contratação de Trabalhadores Estrangeiros

Regime de  Quotas 

Legislação de  Trabalho

Regime de  Quotas 

Legislação de  Trabalho

Regime de  Quotas

Contrato  Investimento

Regime de  Quotas

Contrato  Investimento

Trabalho  Curta  Duração Trabalho  Curta  Duração

Autorização do Ministro do Trabalho Autorização do Ministro do Trabalho

Após 

preenchimento  quota

Após 

preenchimento  quota

Trabalho 

Assistência 

Especializada

Trabalho 

Assistência 

Especializada

Contratação de Estrangeiros (cont.)

O Decreto nº 63/2011 de 07 de Dezembro alterou o quadro para a contratação de mão-de-obra estrangeira no sector Petrolífero e Mineiro.

Destaques:

ƒ No geral, contratar estrangeiros no sector tornou-se menos burocratizado.

ƒ Os trabalhadores estrangeiros no sector podem trabalhar no País até 180 dias no ano civil sem necessidade de autorização. Isso vai tornar o sistema de rotação muito mais prático.

ƒ Aplica-se aos concessionários e aos seus subcontratados.

Operações cambiais: Actos, negócios, transacções e operações realizados entre residentes e não residentes que resultem em pagamentos ou recebimentos sobre o exterior.

Transacções correntes não estão sujeitas a autorização.

Operações de capital e outras carecem de autorização do Banco de Moçambique – A transferência de fundos do exterior sem autorização dá lugar a multa entre 40.000 MT (US$ 1.400,00) a 400.000 MT (US$ 14.000)

5. Legislação Cambial

Legislação Cambial (cont.)

Exemplos de operações cambiais:

a)A abertura e movimentação de contas de não residentes em moeda nacional, quando relacionadas com operações de capitais - carecem da autorização do Banco de Moçambique.

b)A abertura de contas de residentes em moeda estrangeira - também carecem de autorização do Banco de Moçambique.

c)Levantamento de fundos: o levantamento de fundos em ME de contas de residentes está limitada ao montante de US$ 5.000,00 e só para fins de viagem ao exterior;

d)Remessa de activos cambiais: Receitas de exportação tem que ser remetidas para o País no prazo de 90 dias, a não ser em casos previstos na lei.

Conversão para MT, podendo 50% ser retido em ME em conta em Moçambique

6. Sistema Tributário Nacional

Impostos do Sistema Tributário Impostos do Sistema Tributário

Impostos Autárquicos Impostos Autárquicos Impostos Nacionais

Impostos Nacionais Impostos Directos

Impostos Directos Impostos Indirectos Impostos Indirectos IRPC IRPC IRPS IRPS

Impostos sobre a Despesa Impostos sobre a Despesa

D. Aduaneiros D. Aduaneiros

Outros Impostos

Outros Impostos

IVA IVA ICE ICE

Sistema Tributário Nacional (cont.)

Imposto Base de Cálculo Taxa

IRPC Totalidade dos rendimentos Lucros - 32%

Dividendos - em geral taxa liberatória de 20%

Juros - em geral taxa liberatória de 20%

IRPS Valor global anual dos rendimentos Progressiva até 32%

IVA Valor das transmissões de bens e serviços e importações de bens

17%

DA Mercadorias importadas Entre 2,5% e 20%

Bens de consumo (C) - 20%

Bens intermediários (I) – 7,5%

Bens de equipamento (K) – 5%

Matérias-primas (M) – 2,5%

ICE Consumo bens de luxo e nocivos à saúde e para o meio ambiente

15% a 75%

7. Tributação de Petróleo e Minas

A Lei nº 03/2012 , a Lei nº 04/2012, de 23 de Janeiro, o Decreto nº 03/2012 e o Decreto nº 04/2012, de 24 de Fevereiro, alteraram marcadamente o quadro tributário para petróleos e minas.

Destaques:

O lucro tributável de cada contribuinte passa a ser apurado em separado com referência a cada uma das respectivas minas ou áreas de concessão, como se de entidades juridicamente independentes se tratasse.

NUITs separados, um por cada licença ou área de concessão, e contabilidades

distintas e apresentação de declarações anuais individualizadas, para cada mina ou

área de concessão.

Tributação de Petróleo e Minas (cont.)

Deixa de ser aceite a compensação recíproca dos lucros e prejuízos verificados em diferentes minas ou áreas de concessão.

ƒ Deixam de ser dedutíveis (para apuramento do lucro fiscal) as importâncias pagas a título dos impostos específicos das actividades mineira e petrolífera (respectivamente, o imposto de produção mineira e o imposto de superfície e ainda o imposto sobre a produção de petróleo).

ƒ Nos casos em que exista a co-titularidade de licenças ou concessões, é

obrigatória uma contabilidade independente relativa a cada co-titular.

8. Parcerias Público-privadas (PPPs)

A Lei nº 15/2011 de 10 de Agosto é uma lei abrangente que regula as PPPs, projectos de grande dimensão (PGDs) e concessões empresariais (CEs).

Todos os projectos que envolvem recursos naturais são CEs.

Destaques:

ƒ Uma participação entre 5% e 20% do capital da empresa implementadora do projecto tem que ser reservada para alienação via mercado bolsista moçambicano, em termos comerciais.

ƒ Benefícios directos extraordinários não são tributado como tal, mas têm que ser reinvestidos ou mantidos em Moçambique.

ƒ Bónus de assinatura e taxas de concessão serão pagos em determinados

circunstâncias.

9. Uso e Aproveitamento da Terra

Em Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, alienada, hipotecada ou penhorada;

O uso e aproveitamento da terra requer a aquisição do título de DUAT

Os estrangeiros podem requerer um DUAT desde que:

ƒ Tenham um projecto de investimento aprovado;

ƒ Pessoas singulares residam em Moçambique há pelo menos 5 anos;

ƒ Pessoas colectivas estejam registadas em Moçambique;

ƒ O DUAT é adquirido por pedido de autorização ao Estado e registado;

DUAT - Direito de Uso e Aproveitamento da Terra é o direito que as pessoas singulares ou colectivas e as comunidades locais adquirem sobre a terra.

DUAT - Direito de Uso e Aproveitamento da Terra é o direito que as

pessoas singulares ou colectivas e as comunidades locais adquirem

sobre a terra.

Uso e Aproveitamento da Terra (cont.)

ƒ O DUAT com base no uso económico da terra é concedido por um período de 50 anos, renovável por igual período mediante pedido;

ƒ Haverá uma autorização provisória, válida por 5 anos para nacionais e 2 anos para estrangeiros.

ƒ Os titulares do DUAT podem transmitir as infra-estruturas,

construções e benfeitorias e, nos prédios urbanos, com a

transmissão do imóvel transmite-se o DUAT do terreno.

10. Licenças especiais - Competências

ƒ A Lei de Terras determina que a competência para autorização de licenças especiais nas zonas de protecção total pertence ao Ministro da Agricultura (art. 22, nr. 1 (b) e nr. 2 (b).

ƒ Em 2000 a área do turismo foi autonomizada, tendo sido criado o Ministério do Turismo (DP nº 9/2000 de 23 e Maio);

ƒ Assim, foi estabelecida a transição da tutela sobre as áreas de conservação para fins turísticos do MINAG para o MITUR (DM nº 17/2001 de 7 de Fevereiro), passando o MITUR a exercer atribuições sobre os domínios de actividades turísticas e das áreas da conservação para fins turísticos.

ƒ Neste âmbito, o MITUR é competente para “licenciar, fiscalizar e

acompanhar a exploração das áreas de conservação sob sua gestão” (DP

nº 9/2000, art. 3, nr. 2 (b)

11. Resolução de litígios

Sistema judicial :

ƒ Tribunal Supremo;

ƒ Tribunais Superiores de Recurso;

ƒ Tribunais Provinciais; e

ƒ Tribunais Distritais

Arbitragem - Lei da Arbitragem (Lei nº 11/2009)

Resolução de quaisquer litígios com a excepção dos que dizem respeito a direitos indisponíveis ou não transaccionáveis. Não se aplica a litígios envolvendo empresas públicas.

Moçambique admite arbitragem local e internacional.

ƒ Sentenças estrangeiras têm que ser revistas e confirmadas pelo T. Supremo.

ƒ Moçambique é membro da Convenção de Nova York s/ o Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras (the “New York Convention”).

ƒ Moçambique é também membro da Convenção para a Resolução de Disputas de Investimento entre Estados e Nacionais de Outros Estado (the

“Washington Convention”).

Lei do Trabalho – Lei nº 23/2007

Veio consagrar recurso a Arbitragem Laboral prevendo-se contribuição para redução das pendências judiciais e proporcionando um melhor ambiente de negócios. Inicialmente só previa arbitragem em relação às relações colectivas de trabalho. Posteriormente alargado às relações individuais.

Contratos Administrativos:

A Lei permite Recurso a Arbitragem nos Contratos Administrativos, o que é particularmente relevante nas obras públicas e grandes fornecimentos ao Estado.

Resolução de litígios(cont.)

Av. Julius Nyerere, 3412, Maputo +258­21241400 +258­21494710 jcaldeira@salcaldeira.com www.salcaldeira.com

A D V O G A D O S, L D A.