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Pioneirismo na web - a experiência do jornal alternativo Portal 21 1

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Pioneirismo na web - a experiência do jornal alternativo Portal 21

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Mariana de Sousa CASTRO

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Roseane Arcanjo PINHEIRO

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Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz, MA Nayane Cristina Rodrigues de BRITO

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Universidade Federal de Santa Catarina, SC

Resumo

A memória é fonte a respeito do que a pessoa guarda do passado. Ao narrar os depoentes interpretam o que viveram e escolhem caminhos narrativos. As lembranças do jornal Portal 21, de Imperatriz, Maranhão, nos foram rememoradas, sobretudo, pelos colaboradores do informativo. O objetivo deste artigo é descrever a trajetória do jornal alternativo Portal 21 ressaltando o pioneirismo do impresso imperatrizense com inserção no ciberespaço. Entre as estratégicas metodológicas utilizadas para esta pesquisa histórica optamos pelo método da História oral e Análise documental como técnica de pesquisa. Verificou-se que o informativo atuava em contraposição ao modelo tradicional de jornalismo publicado no município de Imperatriz, com grandes reportagens, visão crítica dos fatos e pluralidade de temas e vozes.

Destacamos ainda que o impresso foi o primeiro jornal online imperatrizense.

Palavras-chave: Memórias; Jornalismo Alternativo; Jornal Portal 21; Imperatriz-MA.

Introdução

Este artigo apresenta traços da história do jornal alternativo Portal 21, da cidade de Imperatriz, Maranhão. O impresso começou a funcionar em 2006 com uma proposta

1 Trabalho apresentado no GT História da Mídia Alternativa do 11º Encontro Nacional de História da Mídia.

2 Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

E-mail: maryscastro@gmail.com.

3Professora adjunta do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus Imperatriz. Doutora em Comunicação pela PUCRS. Mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo e coordenadora do grupo de pesquisa JOIMP – Jornalismo, Mídia e Memória. E-mail: roseane.ufma@gmail.com

4 Doutoranda em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Membra do Grupo de Investigação em Rádio, Fonografia e Áudio (Girafa) e Grupo de Pesquisa, Jornalismo, Mídia e Memória (JOIMP). Bolsista da FAPESC/SC – Brasil. E-mail: nayanebritojornalista@gmail.com

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alternativa às pautas dos demais veículos de comunicação da cidade. O jornalista Adalberto Franklin elaborou o projeto do informativo e convidou outros profissionais para colaborarem.

“A ideia era fazer grandes reportagens, abordando temas ligado ao desenvolvimento regional, economia, trabalho, meio ambiente”, relembra Marcos Franco, um dos colaboradores do jornal.

Além da versão impressa, o veículo dispunha de um site com o PDF do informativo e outras informações. Um fator que insere o Portal 21 como o primeiro jornal imperatrizense com página na web. Logo, o objetivo deste artigo é descrever a trajetória do jornal alternativo Portal 21 ressaltando o pioneirismo do impresso imperatrizense com inserção no ciberespaço. A pesquisa sobre o informativo ainda é incipiente, iniciamos o estudo em fevereiro de 2019; no início do mês de abril de 2019 tivemos os primeiros contatos com as versões impressas. Apresentamos as verificações iniciais sobre esse veículo alternativo.

Entre as estratégicas metodológicas utilizadas para esta pesquisa histórica optamos pelo método da História oral e Análise documental como técnica de pesquisa. Na perspectiva de Alberti (2013) qualquer tema pode ser estudado a partir da História oral, desde que seja contemporâneo e exista alguém para falar sobre. A autora ressalta que apesar desta abertura quanto aos estudos, o método tem suas particularidades que transcorrem as decisões como a escolha dos entrevistados, número de entrevistados e tipo de entrevista. Alternativas que devem ser verificadas a partir do objeto de estudo.

Os sujeitos da pesquisa, orientado por Montysuma (2006) podem ser designados de depoente/entrevistado/relator, na concepção de não serem meras fontes ou informantes, pois são pessoas que colaboram na verificação de uma história. A memória de alguns colaboradores que contribuíram para o funcionamento do impresso foram fontes históricas que permitiram compreender alguns fragmentos da história do jornal. Até o envio do texto para o evento entrevistamos cinco depoentes, a intenção é conversamos com outros colaborados e leitores para continuarmos escrevendo sobre a trajetória do Portal 21.

A Análise documental deu suporte enquanto técnica, pois complementou a obtenção dos dados sobre o jornal. Treze edições do informativo foram fontes para análise documental.

Os impressos fazem parte do acervo pessoal do pesquisador Edmilson Sanches, um dos

colunistas que colaborava com o veículo. Na percepção de Moreira, 2006, p. 276, a Análise

documental ultrapassa a mera visualização dos documentos, contribui para análises e

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contextualizações “[...] muito mais que localizar, identificar, organizar e avaliar textos, som e imagem, funciona como expediente eficaz para contextualizar fatos, situações, momentos”.

Memórias, narrativas e esquecimentos

A partir das imagens-lembradas há um “[...] reconhecimento inteligente, ou melhor, intelectual, de uma percepção já experimentada; nela nos refugiaríamos todas as vezes que remontamos, para buscar aí uma certa imagem, a encosta de nossa vida passada”

(BERGSON, 1999, p. 88). São essas imagens sobre o Portal 21 que os entrevistados buscaram ao narrarem sobre o impresso. Ao trabalhar com a produção de conteúdo e imagens geradas na mente dos entrevistados remete-se aos princípios de Bergson (1999) em Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Por matéria compreende-se o conjunto de imagens que nos rodeiam, e o autor apresenta reflexões quanto a relação do corpo com essas imagens em processo que conservar o passado e o presente.

Para Le Goff (2003) a memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Segundo o autor, a memória na condição de conservar certas informações, inicialmente nos remete a um conjunto de condições psíquicas, que despertou em diferentes sociedades e épocas as mnemotécnicas, ou seja, técnicas de memorização. Porém, ressalta o autor que os fenômenos da memória, sejam eles a partir de aspectos biológicos ou psicológicos são resultados de organização e existem somente “na medida em que a organização os mantém ou os constituiu” (LE GOFF, 2003, p.

421).

De acordo com o historiador a identidade está atrelada a memória, enquanto reconhecimento, identificação e lugar no mundo. “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia” (LE GOFF, 2003, p. 469). O autor acrescenta que a memória coletiva é um instrumento e um objeto de poder, nesse sentido ele aconselha que o uso da memória coletiva seja uma forma de libertação e não de servidão dos homens.

Corroborando com esta reflexão o sociólogo Maurice Halbwachs (2006) aborda em

sua obra “Memória Coletiva”, a necessidade de contextualizar as lembranças que

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reconstroem a memória. Logo, deve-se levar em consideração os contextos sociais nos quais estão envolvidas as memórias. O sociólogo compreende que durante a verificação dos fatos passados a memória individual e memória coletiva mesclam-se. Ou seja, no processo de transmissão de informações,

[...] nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós tivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos. Isso acontece porque jamais estamos sós. (HASBWACHS, 2006, p. 30)

Por sua vez, Montenegro (2010), aborda a relevância de problematizar os discursos dos depoentes, compreender os elementos que estão entre os estatutos de verdade, analisar as facetas, o perfil das narrativas, o papel que as verdades desempenham para os grupos.

Preocupado com os discursos o autor orienta “rachar as palavras” e entender os contornos das pessoas durante os depoimentos para se desvencilharem de questões que podem os comprometerem. Nas análises deve-se ainda considerar os desdobramentos econômicos, políticos e sociais em que os entrevistados estão incluídos.

Nesse sentido, é surpreendente como em algumas passagens de depoimentos de homens e mulheres das camadas pobres opera-se esse movimento de rachar as palavras, de descrever outra prática e, por extensão, alterar o significado, desconstruindo a associação que se quer natural entre o signo e a coisa. Ou, ainda, como esse movimento de desnaturalizar as palavras revela um combate, uma luta na história, um desfazer de laços e armadilhas que trazem embutido o controle constante sobre a vida e o fazer dos trabalhadores pobres e, por que não dizer, de todos nós.

(MONTENEGRO, 2010, p. 32)

Ao narrar as pessoas interpretam o que viveram, escolhem caminhos narrativos e as vezes não tratam os assuntos de modo direto. Conforme assinala Portelli (1997) os depoentes ajuízam valores sobre o que podem ou não abordar, porque também analisam os pesquisadores. Nesse sentido cabe admitir na narrativa dos sujeitos a possibilidade de existir posturas que sejam de defesa. Assim, é fundamental entender a perspectiva de onde os entrevistados falam para não os denominar de mentirosos.

Uma abordagem presente no texto de Janaína Amado (2005) quanto a veracidade e

imaginação em História oral. O relato do “grande mentiroso”, apresentado a princípio pela

pesquisadora como incoerente aos fatos pesquisados, em um segundo momento foi analisado

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como uma “memória herdada” de gerações. O relato de Fernandes quanto a Revolta do Formoso, ocorrida no Estado de Goiás, durante as décadas de 1950 e 1960, considero mentiroso, continha dimensões simbólicas “[...] que denunciou a presença de hábitos, esquemas inconscientes de percepção, representação e ação tão incorporados à sua pessoa, que já faziam parte dele, inscritos em seu corpo, mente, fala, gestos, riso” (AMADO, 2005, p.133).

Na análise da narrativa dos depoentes deve-se também considerar as memórias apagadas, os motivos existentes para os “buracos” na memória. Os gregos da época arcaica divinizaram a memória, a denominando de a deusa Mnemosine, e Letes era a divindade feminina oposta, portanto, o esquecimento. O “Lete” também era o rio do esquecimento para os gregos, suas águas eram ingeridas simbolicamente como uma forma de libertação e renascimentos (Weinrich, 2001). Weinrich (2001) acredita que o esquecimento cumpre um papel importante para as pessoas, portanto, não deve ser apreendido somente como algo ruim.

O autor apresenta uma abordagem teórica-metodológica do esquecimento ao longo da história da humanidade.

Traços da história do Portal 21

O jornal alternativo Portal 21 teve a primeira edição publicada em maio de 2006, na segunda maior cidade do Maranhão, Imperatriz. O impresso surgiu por iniciativa do editor e jornalista Adalberto Franklin (in memorian), que na primeira edição apresenta o editorial de título A política do Portal 21, da qual destacamos o seguinte trecho:

O Portal 21 buscará, no entanto, através de todos os esforços possíveis, ser coerente à sua proposta, informando e promovendo o debate sadio e denunciando aquilo que julgue prejudicial aos princípios da liberdade, da justiça, dos anseios sociais e do justo desenvolvimento da região pré- amazônica e do país. (FRANKLIN, 2006. Jornal Portal 21, ed. 1, p.2)

Com o projeto em mãos Adalberto Franklin convidou outros dois profissionais da imprensa, Marcos Franco e Domingos César para colaborarem na elaboração das matérias.

A partir da memória desses jornalistas foi possível verificar algumas informações sobre o

início e funcionamento do impresso.

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Domingos César recorda que conheceu o projeto do impresso em uma mesa de bar, e de imediato confirmou participação: “Eu já estava de saco cheio de mexer com polícia, tudo o que eu queria era um jornal daquele, diferente [...] A proposta do jornal era totalmente diferente dos jornais que temos hoje aqui. Era muito bom”. O colaborador além de escrever as matérias também vendia assinaturas do jornal, esteve presente do início até o fechamento do jornal.

Marcos Franco também aceitou o convite para colaborar com a produção de textos:

“Ele convidou para contribuir com o projeto desde o início. O que queríamos era um jornal impresso e online com grandes reportagens regionais. Um espaço de debate, argumentos, ideias, opiniões”. O jornalista ressalta o trabalho do jornal com pautas diferentes das factuais, com um debate ampliado sobre os problemas regionais a partir de reportagens mais densas.

De periodicidade semanal, inicialmente o jornal Portal 21 era formado por uma equipe editorial de três pessoas, além de quatro correspondentes de outros estados e três colaboradores fixos voluntários. Com tiragem de dois mil exemplares impressos, formato germânico (tablóide), 16 páginas e dois cadernos, sendo capa e contra capa de cada caderno em cores.

Figura 1 – Capa da primeira edição do Jornal Portal 21.

Fonte: Edição impressa do jornal Portal 21.

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De acordo com destaque na capa do impresso, o jornal tinha circulação semanal nos estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Distrito Federal, ao valor unitário de R$ 1,00 nas bancas, conforme Figura 1. Além disso, era disponibilizada a opção de assinatura mensal. A distribuição e entrega de assinaturas eram responsabilidades do próprio editor-chefe e colaboradores.

A maioria dos textos eram produzidos por Adalberto Franklin e Domingos César. Um dos cômodos da residência de Adalberto era utilizado como redação. “Como era só nós dois, era fácil de reunir. Não tinha um dia específico. Quando o jornal circulava, a gente já sentava para definir quem ia fazer o quê”, lembra Domingos César quanto a produção do informativo.

Ao apresentar a política do impresso na sua primeira edição, com destaque aos termos liberdade, justiça e anseios sociais, e ainda considerando a estrutura voluntária dos colaboradores e o conteúdo publicado, percebemos preocupação por parte do editor de esclarecer pontos que coadunam com as características do modelo de jornalismo alternativo, traçados por Kucinski (2003, p.36), quando nos diz que este tem “[...] disposição contestatória, pela sua propensão ao ativismo [...] e, em certa medida moral, pela afinidade com os motivos ideológicos”.

Em relação aos temas abordados, a proposta do Porta 21 buscava alcançar uma pluralidade de vozes e discutir assuntos que comumente não eram apresentados com destaque nos jornais impressos da região. O Gráfico 1 apresenta as editorias e quantas vezes elas foram manchetes no informativo, com destaque para as pautas em Regionais (8), Política (6) e Cultura (6).

Gráfico 1 – Editais e a quantidade de vezes com manchetes no jornal.

Fonte: Elaboração das autoras.

01 23 45 67

8 8

6 6

4 4

3 2

1 1 1 1

Quantas vezes foi manchete

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A cultura (6), questões regionais (6) e política (8) estão entre as temáticas predominantes na capa. Esses são dados quantitativos sinalizadores do perfil de um impresso que não apelava para o sensacionalismo e sim para discutir problemáticas sociais, regionais, culturais e ambientais.

Num ambiente de dominação onde a prática jornalística é alvo de omissões, distorções e manipulação deliberadas, os meios alternativos têm a possibilidade de discutir o pouco que se informa, mas também o que não se informa, quem informa e como faz. (BELTRÁN & FOZ apud VELOSO, 2014, p.40)

O diferencial do impresso também reverberava no perfil do público, conforme comenta Marcos Franco: “Como se tratava de um jornal denso, de opinião e reportagens, o público era majoritariamente de leitores com pelo menos nível escolar médio”. Domingos César destaca que vendia muitas assinaturas para empresários, de modo geral, eram leitores interessados nas pautas de interesse do informativo. “Eu diria que era um público mais apurado”, avalia o jornalista.

O pioneirismo do Portal 21 na web

O surgimento do jornalismo digital no Brasil data do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, com a relativa popularização da internet. Na maioria das vezes, as versões dos jornais impressos eram disponibilizadas integralmente na web, com pouca ou nenhuma alteração na forma de narrativa jornalística (MIELNICZUK, 2007).

Nesse período, o acesso à internet no Maranhão era extremamente precário, situação que perdura até os dias atuais. Mais de dez anos após o surgimento do jornal Portal 21, o estado amarga a marca de maior índice de domicílios sem acesso à internet do Brasil, onde somente 56,1% dos domicílios maranhenses têm acesso à rede. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD 2017)

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https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html

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É nesse contexto que surge o Portal 21, primeiro jornal online de Imperatriz, município no interior do Maranhão. Com versão impressa e online, constatamos que além da prática de disponibilizar a versão integral da versão impressa, o portal era atualizado diariamente com notícias locais, regionais e nacionais.

Dessa maneira, o informativo difere do único jornal da cidade com alguma presença online naquele período, O Progresso. O jornal O Progresso é o mais antigo jornal de Imperatriz com circulação diária, fundado em maio de 1970 e em atuação até os dias de hoje.

Foi por volta do ano 2000 que ele passou a ser disponibilizado online, dividido em seções, correspondentes às suas editorias. Este era disponibilizado sem produção de material específico para a web ou conteúdo adicional e anos depois, passou a ser disponibilizado em PDF, é o que relembra o proprietário do impresso, Sérgio Godinho.

Nesse mesmo período, identificamos também a contribuição online do Portal Imirante lançado em 2000, de propriedade do Grupo Mirante de Comunicação. No entanto, apesar de conter notícias relacionadas ao cotidiano de Imperatriz, não tinha uma equipe específica atuando no município.

O portal foi uma iniciativa lançada na capital, São Luís e, somente no ano de abril 2013 passou a ter produção especificamente produzida e divulgada no município, por meio da página Imirante Imperatriz. Naquele período o Imirante Imperatriz era mantido por uma equipe de seis pessoas, os jornalistas João Rodrigues, Tátyna Viana, Safira Pinho, Alan Milhomem e Angra Nascimento (NASCIMENTO, 2019).

Desenvolvido pelo webmaster Bruno Pereira Gomes, o domínio do website www.portal21.net foi registrado dia 10 de janeiro de 2006. A primeira edição impressa data de 30 de janeiro de 2006 e não temos precisão da data de sua disponibilização online, no entanto, apesar da disponibilização da primeira edição, identificamos que no dia 31 de janeiro o website, mesmo no ar, ainda passava por alterações, tais como a inserção da ferramenta de upload de imagens, banners, campos de configurações do sistema e correções de erros.

A versão online do jornal Portal 21 era disponibilizada por meio do website:

www.portal21.net, endereço virtual já extinto e do qual, até a finalização deste artigo, não

obtivemos acesso aos arquivos. Para a manutenção do website, o Portal 21 contava com três

colabores, Adalberto Franklin (editor-chefe), Bruno Gomes (webmaster) e Eduardo Franklin

(webdesigner).

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Apesar de não termos tido acesso aos registros do website, identificamos que esse, além de apresentar a íntegra do jornal em formato PDF disponível para download, era atualizado diariamente com notícias regionais e nacionais, como podemos visualizar nas Figuras 2 e 3:

Figura 2 – Banner de divulgação do site do jornal Portal 21 publicado no jornal impresso.

Fonte: Edição impressa do jornal Portal 21.

Figura 3 – Banner do site publicado no jornal impresso, com print da tela inicial.

Fonte: Edição impressa do jornal Portal 21.

Em termos quantitativos, o webmaster Bruno Gomes informa que foram

publicadas 824 notícias no site, a partir de produção própria, colaborações e réplicas de outros

jornais com os devidos créditos. No jornal e no site banners estimulavam a participação do

leitor por meio de e-mail, que além de enviar comentários sobre o conteúdo já divulgado,

sugeriam temas e enviavam suas contribuições, conforme identifica a Figura 4.

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Figura 4 – Contribuições e críticas enviadas online pelos leitores e publicadas na edição nº 3.

Fonte: Edição impressa do jornal Portal 21.

Ao longo do impresso, como também no site, percebemos o caráter colaborativo de atores diversos, não apenas do município de Imperatriz, mas também de estados como Goiás e Distrito Federal. No banco de dados do site, foi identificado o registro de onze usuários com acesso ao sistema de atualização.

Dessa maneira, podemos compreender o jornal Portal 21 enquanto uma experiência de jornalismo alternativo colaborativo, a partir das características apontadas pela pesquisadora Cicilia Peruzzo.

Pode também tratar especificamente de política, economia, questões locais, questões juvenis, crítica aos meios de comunicação etc. Seu caráter colaborativo pode ocorrer a partir de duas perspectivas. A primeira, pelo senso de ajuda, partilha e colaboração instituído e praticado, em geral, por voluntários que levam adiante alguma proposta editorial diferenciada [...]

A segunda perspectiva se refere a processos interativos nas mídias digitais, na lógica da Web 2.0, através de websites colaborativos, nos quais os membros e militantes usuários da internet podem contribuir com conteúdos produzidos por eles mesmos e inseridos no sistema on-line. (PERUZZO, 2009. p.141)

Faz-se necessário destacar ainda que o jornal aponta para uma necessidade de abordar

temas relacionados à tecnologia, com uma página inteira dedicada ao tema, sob o nome de

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Informática, algo ainda incomum aos jornais impressos, o que aponta para a compreensão de convergência e necessidade de dominar outras linguagens e espaços.

Considerações finais

Desde a proposta da Política do Jornal Portal 21, apresentada no editorial da primeira edição é perceptível o esforço para cumprir o papel de contraposição ao modelo tradicional de jornalismo publicado no município de Imperatriz naquele período, com grandes reportagens, visão crítica dos fatos e pluralidade de temas e vozes.

Destacamos também o pioneirismo do jornal no que diz respeito à tecnologia, uma vez que identificamos a partir desta pesquisa que Portal 21 foi o primeiro jornal online de Imperatriz, com conteúdo que diversifica daquele produzido especificamente para o impresso e, ainda, apresentava uma editoria específica para o tema de Informática.

Avaliamos que tanto o impresso quanto o site tiveram um curto período de atuação, por cerca de quatro meses. A partir de acesso aos exemplares da biblioteca particular do pesquisador Edmilson Sanches, alcançamos a marca de 13 exemplares impressos, de 30 de janeiro de 2006 ao dia 01 de maio de 2006. A partir de cruzamento de dados, identificamos que o site continuou a ser atualizado por cerca de um mês após, com última atualização feita dia 31 de maio do mesmo ano.

A trajetória do Portal 21 começa a ser escrita com base nos documentos, as edições dos jornais impressos, e sobretudo, por meio das narrativas dos entrevistados que guardam lembranças a respeito do jornal. A memória dos colaboradores do informativo tem sido fontes históricas que nos permitem compreender os sentidos do passado e do presente do jornalismo imperatrizense.

É necessário apreender as entrelinhas dos textos narrados e as subjetividades

narrativas. São perspectivas e facetas a partir dos relatos, algo que exige o maneje

adequadamente das informações. Portanto, o trabalho ainda está em fase de pesquisa e

apresentamos os resultados iniciais das verificações das entrevistas e edições impressas do

jornal.

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REFERÊNCIAS

AMADO, Janaína. “O grande mentiroso: tradição, veracidade e imaginação em história oral”. In:

Revista de História, Universidade Estadual Paulista, vol. 14, São Paulo: UNESP, 1995. HISTÓRIA ORAL, VOL. 8, número 1. Jan-Jun de 2005.

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

BERGSON, Henri. Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo.

Martins Fontes, 1990.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários. Nos tempos da Imprensa Alternativa. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão. 5. Ed. Campinas – SP: Editora da UNICAMP, 2003.

MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web. Universidade

Federal da Bahia, 2007.

<www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicacoes.pdf> Acesso em 19 de abril de 2019.

MONTENEGRO, Antonio Torres. História, metodologia, memória. São Paulo: Contexto, 2010.

MONTYSUMA, Marcos. Um encontro com as fontes em História Oral. In: Estudos IberoAmericanos. PUCRS, v.XXXII, n. 1, p.177-125, junho de 2006. Porto Alegre: EDIPUCR.

PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Aproximações entre a comunicação popular e comunitária e a imprensa alternativa no Brasil na era do ciberespaço. Revista Galáxia, São Paulo, n. 17, p. 131- 146, jun. 2009

PORTELLI, Alessandro. Forma e significado na História Oral. A pesquisa como um experimento em igualdade. In: Revista Projeto História, nº 14, fev. 1997. EDUC. São Paulo.

VELOSO, M. S. F. Imprensa e contra-hegemonia: 20 anos do Jornal Pessoal (1987-2007). Belém:

Paka-Tatu, 2014.

WEINRINCH, Harald. Lete: arte e crítica do esquecimento. Tradução Lya Luft. Rio de Janeiro:

Editora Civilização Brasileira, 2001.

Entrevistas

COUTO, Marcos Franco. 5 abr. 2019. Entrevistadora: Mariana de Sousa Castro, 2019.

GODINHO, Sérgio Naguz. 23 abr. 2019. Entrevistadora: Mariana de Sousa Castro, 2019.

GOMES, Bruno Pereira. 21 abr. 2019. Entrevistadora: Mariana de Sousa Castro, 2019.

NASCIMENTO, Angra. 23 abr. 2019. Entrevistadora: Mariana de Sousa Castro, 2019.

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RIBEIRO, Domingos Isaías César. 27 mar. 2019. Entrevistadoras: Mariana de Sousa Castro e

Nayane Cristina Rodrigues de Brito, 2019.

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